Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Propaganda de Marta Suplicy gera polêmica

Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 14 de outubro de 2008


 


CAMPANHA
Eliane Cantanhêde


O que é isso, companheira?


‘BRASÍLIA – O que a psicóloga e sexóloga Marta Suplicy pensa da propaganda eleitoral da candidata Marta Suplicy? Esta é a pergunta que não quer calar, depois que a sua campanha na TV recomeçou no domingo com uma provocação venenosa, carregada de insinuações e de preconceito: Gilberto Kassab, do DEM, é casado? Tem filhos?


Marta é uma mulher de vanguarda, tem uma história conectada às boas causas: à defesa das mulheres, dos homossexuais, das minorias.


Pode, muito bem, sofrer uma derrota e continuar em frente, de cabeça erguida, na vida e na política. O que não pode é, em razão do desespero eleitoral, jogar fora sua imagem e seu passado para permitir e avalizar uma agressão absurda, inacreditável, muito mais própria de Maluf do que de Marta.


Em tese, campanhas se fazem com propostas, contrapontos, convencimento. Na prática, são duras, às vezes agressivas. Mas não devem chegar a extremos que remetem a um outro de péssima lembrança: Collor usando Lurian contra Lula em 1989. Nem os próprios aliados podem aceitar esse tipo de coisa.


Lembrar a participação de Kassab no governo Maluf? Correto. Bater na tecla de que ele continuou com Pitta? Perfeito. Mas descambar para a baixaria de questionar subliminarmente a sexualidade do adversário? Faça-me o favor! E logo Marta Suplicy?! O risco é sair da campanha menor do que entrou.


Há derrotas e derrotas. Os 17 pontos de diferença de Kassab para Marta indicam que ela vai perder nas urnas. Mas perde mais com a propaganda do ‘é casado, tem filhos?’. Muito mais, inclusive, do que com o ‘relaxa e goza’, que foi um escorregão, um desses excessos a que qualquer um está sujeito.


O ‘é casado, tem filhos?’ não foi escorregão, é estratégia. Preconceituosa e burra. Não ganha eleitores à direita e perde apoios, votos e simpatia à esquerda. Além de desagregar a militância e transformar o adversário em vítima.’


 


 


Painel do Leitor


Eleições


‘‘Mais uma vez o PT mostra sua cara nesta campanha ridícula e odiosa, atacando a vida pessoal do prefeito Gilberto Kassab. E vindo de uma ‘psicóloga’ fica mais vergonhoso ainda.


Onde está aquela ética que o PT tanto apregoava quando era oposição? Foi-se na lama com os mensaleiros, sanguessugas, dossiês, dólares na cueca etc…’


WAGNER J. CALLEGARI (Limeira, SP)


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‘Rompi publicamente com Marta Suplicy em 2003, após testemunhar o seu descaso diante das necessidades políticas da comunidade homossexual, que votou nela em peso.


O ápice de sua gestão foi de agressividade explícita: a então prefeita fez baixar as grades da prefeitura, e sua Guarda Civil barrou a passagem de um grupo de militantes homossexuais que pedia uma audiência.


Agora essa senhora deixou cair de vez a máscara. A antiga feminista esqueceu tudo o que dizia.


Será que o excesso de botox lhe virou a cabeça a ponto de achar que é um crime ser solteiro e não ter filhos, como ela ‘acusa’ o seu adversário político? O tempo é o senhor da razão: acuada em sua carreira política periclitante, dona Marta mostrou que seu progressismo não passa de um rótulo demagogo e exibiu o seu lado mais legítimo: o moralismo oportunista.’


JOÃO SILVÉRIO TREVISAN , escritor (São Paulo, SP)


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‘Com o que então a ilustre sexóloga e defensora de minorias resolveu partir para o ataque pessoal? Ô, Marta, que coisa feia!’


BOLÍVAR LAMOUNIER , cientista político (São Paulo, SP)


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‘Sou carioca, morador no Rio de Janeiro e não vou ter de decidir entre Kassab e Marta.


Mas, se eu fosse paulistano, certamente não me importaria com a vida privada de Kassab, que só a ele diz respeito, já que ela nunca interferiu na sua vida de homem público.


Que insinuações sórdidas são essas? Será que Marta quer dar a entender que existe algum problema com o comportamento sexual de Kassab?


Logo ela, a mulher liberada, que se fez na vida à custa da defesa da livre opção sexual das pessoas. Que vergonha!’


RONALDO GOMES FERRAZ (Rio de Janeiro, RJ)


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‘Lula, que faz campanha ostensiva em favor de Marta Suplicy, foi vítima, na campanha presidencial de 1989, de uma das mais execráveis tentativas de difamação da história política brasileira, quando teve sua privacidade exposta num depoimento de sua ex-namorada, Miriam Cordeiro, no programa político de Fernando Collor.


A própria candidata à Prefeitura de São Paulo, quando do seu divórcio do senador Eduardo Suplicy e posterior casamento com Luis Favre, foi vítima desse tipo de patifaria.


É lamentável que o seu partido, o PT, se sirva desse expediente abominável, que foi severamente repudiado no passado, para tentar atingir Gilberto Kassab.


O Brasil inteiro, pela importância da cidade de São Paulo e pelo envolvimento pessoal do presidente da República, está de olho na campanha paulista. E é medonho o que se vê.’


TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO (Belo Horizonte, MG)’


 


 


Ranier Bragon, Ana Flor, Flávio Ferreira e Afonso Benites


Marta diz que ignorava, mas aprova anúncio contra Kassab


‘A CANDIDATA do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, 63, defendeu ontem em sabatina realizada pela Folha a peça de sua propaganda eleitoral que aborda temas da vida privada de seu adversário, o prefeito Gilberto Kassab (DEM). Apesar disso, afirmou que não ficou sabendo com antecedência do comercial e que a responsabilidade por seus programas é do marqueteiro João Santana. ‘Acho importante que as pessoas conheçam todo esse DNA do Gilberto Kassab’, afirmou ela sobre a propaganda que pergunta ao eleitor, entre outras coisas, se ele sabe se Kassab é casado ou tem filhos. Marta respondeu a questões da platéia, de internautas e dos jornalistas Ricardo Melo (secretário-assistente de Redação), Vera Guimarães Martins (secretária-assistente de Redação), Fernando de Barros e Silva (editor do caderno Brasil) e Gilberto Dimenstein (colunista).


Embora irritada ao relatar casos de invasão de sua privacidade, Marta Suplicy insistiu na tese de que a informação sobre o estado civil de seu rival é relevante para o eleitor.


‘É tudo político [saber se o candidato é casado ou tem filhos]. É político, gente. A vida é política’, disse Marta. O assunto foi tema de quase um terço da sabatina, que teve a duração de uma hora e meia.


‘Quando você tem candidato a um cargo de tão grande responsabilidade, é importante saber da trajetória e da biografia. Tenho uma vida absolutamente transparente, as pessoas sabem de onde vim, o que fiz, o que faço, e acho importante que as pessoas conheçam todo esse DNA do Gilberto Kassab’, disse Marta.


A ex-prefeita (ela comandou a cidade entre 2001 e 2004) negou que a pergunta de sua propaganda tivesse intenções ocultas. ‘Acho muito importante saber a trajetória, o DNA de uma candidatura, e a biografia do candidato. Não de forma sexista, como vocês fazem comigo’, afirmou ela.


Questionada se não considerava que houve insinuação de homossexualismo na propaganda, respondeu que não, e devolveu: ‘Por quê? Você acha?’ Ao ouvir o argumento de que quem pôs a propaganda no ar foi a campanha dela, disse: ‘Foi uma pergunta como qualquer outra’.


Marta também negou preconceito: ‘Talvez seja a pessoa que na última década foi mais perseguida com preconceito. Sou contra preconceito, da minha boca vocês não vão escutar nenhum preconceito. (…) Acho que estão interpretando além da conta’, afirmou, justificando a propaganda: ‘É um direito, é o mínimo que a gente tem de saber. (…) Vocês perguntam até o que a pessoa come, aí não pode fazer pergunta se é casado?’


Apesar de defendê-la, a petista assegurou que não sabia da existência da peça nem viu sua veiculação. Tomou ciência, diz, por relato de terceiros.


‘A condução da campanha de televisão o marqueteiro faz, isso não compete a mim. (…) A decisão está na mão do marqueteiro, como o Kassab disse que a dele também [estaria na mão do marqueteiro]. Se você quiser saber o que achei, eu não vi, não li. As pessoas me contaram, eu li, soube, não vi a campanha’, afirmou.


Questionada por uma pessoa da platéia se também não assumirá atos de secretários, caso seja eleita, a candidata respondeu que, nessa situação, a responsabilidade seria dela.


Kassab-Pitta


Segundo linha traçada por sua campanha para o segundo turno, Marta novamente explorou o fato de Kassab ter sido secretário de Planejamento de Celso Pitta (1996-2000) e ter apoiado Paulo Maluf (PP).


‘Se você for hoje aos bares, tá todo mundo de olhos abertos, esbugalhados: ‘Como, ele era do Pitta nesse nível?’ As pessoas não tinham essa percepção, não sabiam disso.’


A tentativa petista é colar em Kassab o rótulo de representante do atraso.


‘O que determina o caráter de uma pessoa é o que ela escolhe. O Kassab disse que na ditadura era criança. Ele já tinha 20 anos [nos anos 80]. Aí poderia ter escolhido qualquer partido, mas escolheu o PFL [hoje DEM]. Por que será que ele escolheu o PFL? O PFL tem uma história. É o partido dos coronéis do Nordeste, do atraso, é o partido que está em extinção’, afirmou, dizendo que São Paulo não pode, agora, dar um ‘respiro’ à legenda.


Ao acusar o adversário de tentar se ‘fantasiar’ de tucano, Marta Suplicy afirmou que a vitória do democrata no próximo dia 26 representaria uma nova ‘eleição’ de Celso Pitta.


‘Você tem a maior capital do país, a maior cidade da América Latina, a quarta cidade do mundo, e nós estamos quase cometendo o erro que cometemos com o Pitta há 12 anos’, disse, acrescentando: ‘A população não conhece Kassab. É o atraso. Além de ser o atraso, é o desconhecido, isso é o mais sério. Porque Pitta foi eleito justamente assim’.


Assim como no debate e em sua propaganda de ontem na TV, Marta afirmou que Kassab foi ‘o líder do movimento ‘reage Pitta’, na ocasião em que o ex-prefeito estava ameaçado de impeachment.


No final, a petista fez uma análise segundo a qual parte da população da cidade nutriria uma confiança errada no governador José Serra (PSDB), de quem Kassab herdou a prefeitura em 2006.


‘O Serra vai querer ser candidato a presidente e vai embora [do Estado]. Quem eleger Kassab vai estar dando um cheque em branco para quem não conhece. Ele [Kassab] vai administrar com o voto dele, porque agora administra com o voto do outro [Serra]. Vai ter autonomia e vai ser como eu disse no debate: de um lado, vamos ter um prefeito real, do outro, o prefeito da propaganda’, afirmou a candidata.’


 


 


Catia Seabra, José Alberto Bombig e Fernando Barros De Mello


Kassab vê ‘equívoco’ em anúncio e pede ‘reflexão’ a Marta


‘O prefeito Gilberto Kassab (DEM) chamou ontem de equivocada a estratégia de campanha da petista Marta Suplicy -de abordagem de sua vida pessoal- e recomendou que a candidata reflita ‘bastante’ antes de falar dos outros.


Visivelmente irritado com o tom adotado pela campanha da rival, Kassab disse que não é a vida pessoal que está em jogo. ‘O importante é o caráter das pessoas. A avaliação que a opinião pública faz das pessoas, das suas famílias. O estado civil -se é solteiro, casado, se tem filho- isso é questão de foro íntimo de cada um. Portanto, estou muito tranqüilo. É um grande equívoco da campanha [dela].’


Questionado se recorreria a Delúbio Soares -como fez no debate da TV Bandeirantes- caso fosse associado ao malufismo, Kassab respondeu:


‘Primeiro, não sou ligado ao Maluf e ao Pitta. Depois, foi apenas uma lembrança a ela, de seu braço direito, a Mônica Valente, que é mulher do Delúbio, que é sócio do Marcos Valério. Só quis fazer essa lembrança: que as pessoas têm que refletir bastante antes de falar’.


Ao falar sobre os próximos debates, insistiu: ‘Espero que a candidata Marta faça uma reflexão e perceba que a população quer conhecer as propostas dela e relembrar como foi sua gestão, como quer relembrar o que tem sido minha gestão e conhecer as minhas propostas’.


Desde domingo a campanha de Kassab apresentou oito pedidos de direito de resposta contra Marta, referentes a quatro diferentes inserções. Duas -em rádio e TV- são relativas à propaganda em que se faz uma série de perguntas sobre Kassab, inclusive se ele enriqueceu na política e se é casado e tem filhos. Outros dois se referem à propaganda em que uma mulher é traída pelo marido e um empresário pelo sócio.


O vice-governador Alberto Goldman disse que ‘o desespero de Marta não justifica uma baixaria como essa.’


Alckmin


Após ter feito duras críticas a Kassab em sua campanha, o tucano Geraldo Alckmin oficializa hoje seu apoio ao prefeito. Até ontem à noite, os últimos detalhes eram acertados, mas os dois devem tomar um café próximo ao mosteiro de São Bento, no centro, e depois fazem uma caminhada. Ambos devem dizer que os interesses da cidade estão acima das diferenças do primeiro turno.


O apoio é o gesto mais incisivo de Alckmin até o momento, para se aproximar do governador José Serra e de seu grupo, que desde o início defendeu a candidatura Kassab. É também um aceno que tem no horizonte a sucessão estadual em 2010.’


 


 


José Alberto Bombig


Para o PT, peça de TV sobre Kassab cumpriu objetivo


‘A despeito das críticas sobre as propagandas de TV da campanha de Marta Suplicy, a equipe da petista avalia que as peças publicitárias cumpriram seu objetivo: ‘carimbar’ Gilberto Kassab (DEM) como um candidato ‘duas caras’ e de ‘passado obscuro’.


Conforme a Folha apurou, o objetivo dessas peças é repetir o sucesso da estratégia vitoriosa do marqueteiro de Marta, João Santana, em 2006, quando ele ‘colou’ em Geraldo Alckmin (PSDB), então adversário de Lula, a imagem de ‘privatista’ (favorável à privatizações de estatais).


No final da tarde, a candidata divulgou uma nota afirmando repudiar ‘veementemente as insinuações que alguns veículos têm feito a respeito do comercial’ e ressaltando a ‘história de Marta, protagonista das principais lutas em defesa dos direitos da mulher e das liberdades individuais’.


Reservadamente, no entanto, a discussão ontem no núcleo da campanha era sobre a continuidade ou não da propaganda, que questiona, entre outras coisas, o estado civil do atual prefeito de São Paulo.


Parte do grupo ligado diretamente à ex-prefeita defendia que as peças fossem retiradas do ar, pelo menos até a divulgassem das próximas pesquisas de intenção de voto, quando, então, eventuais resultados poderiam ser mensurados.


No PT paulistano, a única ala radicalmente contrária à propaganda era a ligada ao deputado federal José Eduardo Cardozo, que nunca manteve relações estreitas com os chamados ‘martistas’.


No limite


Para os martistas, o texto dos comerciais chegou até o limite da invasão de privacidade, mas não transigiu a linha que separa o embate político do pessoal.


Na análise desse grupo, Marta buscou apenas o voto do eleitor de Geraldo Alckmin (PSDB). Derrotado no primeiro turno, ele falou sobre valores familiares em certos momentos da campanha, sobretudo na fase final.’


 


 


Paulo Sampaio


Comitê LGBT que apóia Marta diz que publicidade é homofóbica e desagrega


‘O ‘Comitê LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) Marta Prefeita’ divulgou ontem um manifesto de repúdio à propaganda eleitoral da candidata petista à Prefeitura de São Paulo, na qual um locutor pergunta se o eleitor procurou saber se o candidato Gilberto Kassab (DEM) é casado e se tem filhos. (O prefeito é solteiro, sem filhos.)


Considerada homofóbica, a propaganda acertou em cheio o orgulho dos militantes homossexuais do próprio PT.


Assinado por três militantes gays do PT, o documento aponta cinco razões para considerar ‘esse tipo de linha de campanha errado e inaceitável’.


De acordo com o texto, a propaganda viola o direito à privacidade e à intimidade; reforça o preconceito e a homofobia; é uma crítica moralista e preconceituosa, que reitera a heteronormatividade; está em desacordo com a trajetória política de Marta, que é pioneira na defesa do direito de mulheres e homossexuais; e usa um argumento que ‘desagrega’, afasta e divide a base militante.


‘Ficamos perplexos. Eu acho que quem teve essa idéia infeliz dialogou com o senso comum, cometeu um equívoco eleitoral. Então os gays casados, ou lésbicas, não podem ser bons políticos?’, diz Julian Rodrigues, do Setorial Nacional LGBT do PT.


O secretário da International Lesbian and Gay Association para a América Latina e Caribe, Beto de Jesus, que também é petista, considera a propaganda ‘um desastre’. ‘A primeira coisa que eu fiz hoje foi ligar para a direção do partido e dizer que aquilo não podia estar acontecendo, foi intolerável.’


Beto diz que a direção do partido não tinha se dado conta. Julian acredita que ‘a Marta não está envolvida com isso’. ‘É coisa da coordenação da campanha, do marketing’, diz.


‘É a velha tática ‘lulista-mensalônica’, do ‘Eu não sabia’, reage o coordenador da Diversidade Tucana, Wagner Gui Tronolone, que diz ter um bom relacionamento com os militantes gays do PT, ‘mas o embate eleitoral nos colocou em posições diferentes’.


Tronolone acredita que, ‘na prática, a gestão do Kassab é muito mais progressista que a da Marta’. ‘Quando o [Paulo] Maluf a atacou na campanha de 2000, por defender questões LTB, o comitê gay petista foi desmontado’, afirma.


‘Imagine! Foi dentro do PT que começou a luta partidária LGBT. Se hoje existe diversidade tucana, no DEM, no PMDB, é fruto da luta de anos dos gays petistas’, diz Beto.


No fim do manifesto, os signatários solicitam ao PT que retire ‘imediatamente esses questionamentos preconceituosos do ar’.’


 


 


Mônica Bergamo


A solteirice de Kassab


‘A propaganda de Marta Suplicy (PT-SP) questionando se seu adversário Gilberto Kassab (DEM-SP) ‘é casado’ e se ‘tem filhos’ se tornou a grande polêmica do reinício do horário eleitoral gratuito. Na platéia do debate da Band, no domingo, a coluna perguntou a aliados da petista e do democrata qual a importância do estado civil do prefeito.


‘Não tenho a mínima idéia. Melhor perguntar para alguém da campanha da Marta, porque isso aí é pesado’, diz o presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP). ‘Todo mundo sabe que ele é solteiro’, responde o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), aliado do prefeito. ‘Se ele tivesse filhos, aí, sim, teria que se explicar.’ Sentada ao lado de Quércia na platéia, Alda Marco Antônio (PMDB-SP), candidata a vice de Kassab, se esforçava em ressaltar o lado positivo: ‘Sobra mais tempo para a política quando o cara é solteiro.’


‘É uma apelação que não condiz com uma dama, uma velha senhora’, diz o presidente da SP Turismo, Caio de Carvalho (PSDB-SP). Para o deputado José Aristodemo Pinotti (DEM-SP), o comercial é ‘provinciano e preconceituoso’ e ‘ser solteiro e não ter filhos não é defeito; é opção’.


‘Ninguém está perguntando se a Marta separou do marido para ficar com o marido atual’, diz o presidente da Assembléia Legislativa, Vaz de Lima (PSDB-SP).


Terceiro vereador mais votado da eleição, Netinho de Paula (PC do B-SP) diz que se encontrou com Marta na terça passada e ‘deu toques para humanizar mais a campanha, que eles acataram.’ Perguntado sobre o comercial, o cantor diz que ‘isso não foi idéia minha, não! Você está sendo sangue ruim comigo’.


O deputado Jilmar Tatto (PT-SP) diz que a pergunta é importante para ‘dividir e apresentar biografias. Ela [Marta] não tem nada a esconder e o Kassab, espero que também não.’ Mas qual a relevância de saber se ele é casado? ‘Os eleitores têm interesse. Quando vou à periferia, me perguntam onde eu moro, se sou casado, tudo isso.’


Já o ex-marido de Marta, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), falou sobre o tema com um leve sorriso. ‘Não fui consultado a respeito disso, mas não creio que tenha sido iniciativa da Marta. Todos nós sabemos que ela seria a última pessoa a fazer sanção a alguém por ser solteiro, casado, divorciado ou desquitado’, disse.’


 


 


TELES
Leonardo Souza


Greenhalgh fez lobby para Dantas na venda da BrT à Oi


‘Diálogos captados na Operação Satiagraha da Polícia Federal revelam que o ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) participou ativamente, como representante dos interesses do Opportunity, da negociação com o governo e os fundos de pensão na venda da Brasil Telecom para a Oi (Telemar).


Numa das pontas, ele repassava informações atualizadas sobre o andamento do negócio no lado dos fundos para Humberto Braz -braço direito do banqueiro Daniel Dantas-, preso pela PF na Satiagraha, acusado de tentar subornar um delegado. Na outra, recebia ordens de Dantas para pressionar o governo e os fundos a aceitarem os termos do Opportunity.


Nas gravações feitas com autorização judicial, às quais a Folha teve acesso, Greenhalgh refere-se à fonte de suas informações como ‘Brasília’ ou ‘capital’, sem citar nomes. Ele recebeu instruções também de João Vaccari Neto, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ligado a petistas como o ex-ministro Luiz Gushiken e Ricardo Berzoini (PT-SP), presidente do partido.


‘Senhor, presta atenção. A ordem da capital é meter o pau nesse assunto sábado, domingo, segunda e assinar na terça-feira’, disse Greenhalgh a Braz no dia 18 de abril, sexta-feira. Greenhalgh havia recebido essa informação, em uma outra ligação minutos antes, de um homem não identificado pela PF, mas que os investigadores suspeitam tratar-se de alguém relacionado ao governo ou aos fundos de pensão.


O acordo começou a ser assinado na madrugada de quinta para sexta (25/04). No relatório da Satiagraha, a PF acusou Greenhalgh da prática de ‘lobby’ e ‘tráfico de influência’ no governo, em benefício do Opportunity, para o fechamento do acordo.


O teor das conversas grampeadas contradiz a versão dada por Greenhalgh para explicar seu contrato com o Opportunity. Em nota divulgada em agosto, ele disse que seu trabalho fora ‘analisar processos’ nas ‘esferas cível e criminal’, como advogado do grupo.


No auge das negociações, Greenhalgh chegou a ir à sede da Previ (Banco do Brasil), sem hora marcada, para conversar pessoalmente com o presidente do fundo, Sérgio Rosa. A Previ confirmou que ele estava lá ‘como representante dos interesses do Fundo Opportunity, para discutir assuntos relacionados à proposta da compra da BrT pela Oi/Telemar’.


Os dias que antecederam o fechamento dos negócios foram tensos, segundo as conversas captadas pela PF. Na véspera da assinatura do acordo (24/04), Dantas liga para Braz: ‘Eu recebi a informação que não sai hoje, tá? A temperatura… Não tá andando, tá? […] Acho que agora a gente tem que levantar a temperatura com o Gomes [Greenhalgh] lá para a temperatura máxima […]’, diz o banqueiro, numa ordem para que Greenhalgh fosse acionado. ‘Gomes’ era como o grupo de Dantas se referia ao petista.


No dia em que a transação foi concluída, Greenhalgh ligou para Vaccari, agradecendo a cooperação. Vaccari disse que havia falado com o ‘cara’ e que ‘passaram a noite rubricando os documentos’. Segundo a PF, o sujeito oculto da frase eram os dirigentes dos fundos.


Greenhalgh diz a Vaccari que já sabia da notícia e acrescenta que foram, ao todo, 121 contratos assinados por 70 pessoas.


Sem mencionar o nome de Dantas, Greenhalgh diz ainda que o banqueiro lhe pediu ajuda para recuperar sua imagem. ‘[Dantas teria dito:] ‘Não sou o f.d.p. que todo mundo imagina’. Foi legal, foi um gesto de humildade também. Porque ele era muito, muito arrogante’.


O fechamento do negócio vai render a Dantas mais de US$ 1 bilhão. Não se sabe ao certo quanto Greenhalgh ganhou.’


 


 


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Trabalho foi feito dentro da lei, diz petista


‘Por meio de sua assessoria, o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) disse que seu trabalho para o Opportunity foi feito inteiramente dentro da legalidade. Ele preferiu não responder a perguntas da Folha sobre seus contatos com fundos de pensão estatais e também no governo.


A Previ (Banco do Brasil) informou que ‘Luiz Eduardo Greenhalgh esteve na Previ em meados de abril, como representante dos interesses do Fundo Opportunity, para discutir assuntos relacionados à proposta da compra da BrT pela Oi/Telemar’. Já Funcef (Caixa) e Petros (Petrobras) disseram que seus dirigentes não trataram da fusão com Greenhalgh.


Segundo o Opportunity, Greenhalgh prestou serviço de advocacia, ‘atuando em negociações empresariais’: ‘O Opportunity tinha conhecimento de que ele tratava com quem era de direito, por exemplo, o presidente da Previ, sr. Sérgio Rosa’.


O Opportunity destacou que o inquérito está sob segredo de Justiça. Segundo a assessoria do grupo, a interceptação de conversas entre Daniel Dantas e Humberto Braz ‘se passa após a decisão de vender a Brasil Telecom para a Telemar, quando ainda estavam sendo acertados’ detalhes do contrato’.


‘Surgiram evidências de que alguns advogados criavam empecilhos propositalmente para atrapalhar a concretização do negócio. (…) Para evitar que essa manobra fosse adiante, Daniel Dantas afirma que o dr. Greenhalgh e os envolvidos deveriam ser informados.’


A assessoria da Bancoop diz que não cuida de questões pessoais do presidente João Vaccari Neto. Procurado desde quinta, ele não ligou até o fim desta edição.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Ao redor do mundo


‘Da Folha Online aos telejornais, a Bovespa saltou ‘quase 15 mil pontos’. Foi depois do ‘esforço global’.


Nos sites de ‘New York Times’ e outros, o crédito pelo salto de Wall Street também foi para os ‘países ao redor do mundo’. Já em Paris, a manchete do ‘Le Monde’ creditou ao governo francês e mais ninguém.


O ‘Financial Times’ ressaltou que ‘foi o melhor dia de Wall Street desde a recuperação do ‘crash’ de 29’.


Nas fotos, operadores ao redor do mundo exibiam sorriso aberto e agradeciam aos céus, como no ‘NYT’.


Depois da ‘estatização parcial’ dos bancos, sugerida no receituário do economista Nouriel Roubini e afinal implementada pelos EUA e Europa, o passo seguinte prevê ‘pacotes massivos de estímulo governamental direto’, com prioridade para ‘obras públicas, gastos em infra-estrutura e benefícios aos desempregados’.


Mas aqui a campanha é por corte nas obras do PAC.


BRICS, O RETORNO?


Sites financeiros como o Portfolio e o Seeking Alpha já passam a postar enunciados tipo ‘Brasil é o melhor Bric’ e ‘O fim do mercado Bric’. No primeiro, os argumentos são a estabilidade política, o consumo interno, as reservas. No segundo, os mesmos argumentos, mas para concluir que, ‘olhando à frente’, Brasil, Rússia, Índia e China não vão mais andar no mesmo passo. E ‘a sensação é que o Brasil se mantenha como grande investimento’ dos Brics.


ESPÉCIE DE REVOLUÇÃO


Chris Dodd, democrata que preside a subcomissão do Senado voltada ao hemisfério e quase foi vice de Barack Obama, escreveu o artigo ‘Novo presidente deve abraçar uma nova agenda’, no ‘Miami Herald’. Abre dizendo que a ‘América Latina vive uma espécie de revolução’, em que ‘ditadores militares são coisa do passado’. Aliás, ‘chegou a hora de reconhecer que não é nosso quintal.’


Sugere quatro passos para a ‘nova agenda’, a começar da parceria com o Brasil e do ‘encorajamento para Lula, cujos esforços têm ajudado milhões, tomar a liderança na propagação de modelos de crescimento’ pela região.


MOTORES NOVOS


O ministro Miguel Jorge ocupou ontem os jornais indianos, por uma reunião preparatória para o novo encontro do Ibsa (Índia, Brasil, África do Sul), em meio a declarações mais empolgadas de indianos como Kamal Nath, que é o favorito nas eleições do início do ano que vem. Diz Nath, no ‘Business Daily’, que os três seriam ‘os novos motores do mundo’ pós-crise.


E Robert Zoellick, do Banco Mundial, volta a cobrar no texto ‘Modernizando o multilateralistmo e os mercados’, que publicou ontem no indiano ‘Financial Express’, um novo grupo para o lugar do G7, incluindo ‘Brasil, China, Índia, México, Rússia, Arábia Saudita e África do Sul’.


SUL-SUL-SUL


Também por sites africanos já ecoa o encontro do Ibsa, com a avaliação do chanceler indiano de que o comércio entre as ‘três economias do Sul de seus hemisférios’ está crescendo ‘em todas as três direções’ e elevando a meta para US$ 15 bilhões em 2010.


POR DOHA


Mas o indiano ‘Economic Times’ tratou de registrar que Lula, ontem no ‘Café com o Presidente’, às vésperas da nova viagem ao país, afirmou que ‘seu principal objetivo na Índia é convencer o primeiro-ministro de que Doha é vital’ e Nova Déli tem que ceder.


A REALIDADE?


Walter Salles deu entrevista ao ‘Hard Talk’, da BBC, e ouviu questionamentos como o de que seus filmes ‘projetam um estereótipo que ignora a realidade do sucesso econômico do Brasil’


CASO REABERTO


Ian Blair, o chefe da polícia de Londres, renunciou com uma desculpa qualquer. Mas ontem a cobertura inglesa, do ‘Guardian’ aos tablóides, ressaltou que um membro da polícia admitiu ter alterado provas sobre o assassinato de Jean Charles de Menezes.


‘UMA VIDA BELA’


Em Nova York, o ‘NYT’ relatou o ‘fim violento’ da ‘vida bela’ de um religioso brasileiro. José Ricardo de Souza era de igreja católica independente e, depois de ‘ajudar sem-teto de Buenos Aires ao Brooklyn’, terminou morto em Brighton Beach.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Só recessão atrasa a TV digital, diz Abert


‘A crise econômica mundial assustou as redes, mas, até agora, não oferece risco ao processo de implantação de TV digital no país. É o que afirma a Abert (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão), que representa Globo, SBT e Record.


‘Até o momento, ninguém reviu o planejamento de implantação de TV digital. A análise é de que o cronograma será cumprido’, afirma Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Abert. A previsão do governo federal é de que emissoras, fabricantes e telespectadores movimentem R$ 100 bilhões com TV digital em dez anos.


A alta do dólar preocupa as redes, porque os equipamentos são importados. Mas Slaviero lembra que mesmo em 2002, quando o dólar chegou a quase R$ 4,00, as TVs não deixaram de renovar seus parques. ‘As emissoras não podem deixar de investir’, argumenta.


Segundo Slaviero, apenas uma recessão global atrapalhará os planos das emissoras, porque isso reduzirá o consumo e os investimentos publicitários.


O cronograma da TV digital será seguido à risca, de acordo com a Abert, pelo menos até o final do primeiro semestre de 2009, uma vez que os equipamentos que serão instalados até lá já foram encomendados.


Até o final de 2008, a TV digital chegará a Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Belém. Em meados do ano que vem, deverá estrear em grandes cidades, como Campinas.


FUSO 1


A Globo já trabalha com um plano B caso a Abert não consiga, nos bastidores de Brasília, desobrigar as redes de TV a seguirem a classificação indicativa nos Estados em que não haverá horário de verão.


FUSO 2


No Nordeste, MS e MT, a Globo exibirá a chamada ‘grade fuso’, em que o ‘Jornal Nacional’ entra, ao vivo, antes da novela das sete. No AM, AC, RO e RR, a previsão é de que o ‘JN’ passe antes da novela das seis. Às quartas, a novela das oito seria exibida às 21h50, depois do futebol (a partir das 19h55).


BOLA MURCHA


Com 26,2 pontos na Grande São Paulo, Venezuela x Brasil, domingo, foi o pior ibope de um jogo da seleção em eliminatórias da Copa do Mundo.


ESPECIAL


A Globo exibirá no final de ano um especial sobre a infância de dom Pedro 2º. ‘O Natal do Menino Imperador’ mostrará Pedro 2º aos 9 anos, órfão, culto e curioso. Sem nunca ter subido em árvore nem empinado pipa, ele se torna amigo de um garoto escravo.


TROFÉU 1


Além de Irene Ravache, Pedro Cardoso (melhor ator), ‘Por Toda a Minha Vida – Nara Leão’ (programa de artes) e ‘Paraíso Tropical’ (telenovela) completam o time de finalistas da Globo ao Emmy Internacional deste ano. Em 2007, a Globo teve um finalista a mais.


TROFÉU 2


O Brasil ainda concorre com ‘Mandrake’ (HBO, drama) e ‘A Tragédia do Vôo 1907’ (Discovery, documentário).’


 


 


Folha de S. Paulo


‘Nova geração pernambucana’ vai à MTV


‘China ficou conhecido como o frontman do Sheik Tosado, grupo pernambucano de frevo-rock-hardcore formado no fim dos anos 90 e comparado, na época, aos Raimundos.


Depois do fim do banda, China partiu em carreira solo. Seu EP de estréia, ‘Um Só’ (2004), coincide com o lançamento de ‘Nadadenovo’, primeiro disco do Mombojó, em um esboço de uma segunda geração de artistas pernambucanos maturados depois do surgimento do mangue beat.


O cantor e a banda falam hoje à noite sobre suas carreiras, no semanal ‘Minha MTV’, apresentado pela VJ Luisa Micheletti no canal.


China e Mombojó formam, juntos, o Del Rey -o sucesso do grupo e de suas interpretações do repertório de Roberto Carlos dos anos 60 e 70 são assuntos do programa.


Já a morte de Rafael Torres, um dos integrantes do Mombojó, no ano passado, e a saída de outro membro, Marcelo Campello, ficaram de fora desta entrevista.


A MTV supre a ausência da apresentação do Mombojó no programa em seu site (www.mtv.com.br/sessoes), com trecho de um show em estúdio da banda, além de outros, de projetos paralelos de membros da Nação Zumbi: Maquinado (do guitarrista Lúcio Maia) e 3namassa, do baixista Dengue e do baterista Pupillo.


CHINA E MOMBOJÓ


Quando: hoje, à 0h30


Onde: na MTV


Classificação indicativa: livre’


 


 


PUBLICIDADE
Mônica Bergamo


Colou?


‘A Coca-Cola apresentou ao Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) sua defesa no caso da bebida i9. Ela é acusada por um consumidor de fazer publicidade enganosa ao anunciar o produto como um ‘hidrotônico’, categoria inexistente na classificação da Anvisa. A Coca contesta a existência do autor da denúncia, chamado no processo apenas de ‘Dr. Júnior’. A empresa diz que o CPF informado por ele não existe e verificou, na representação, quatro trechos idênticos ao de manifestações apresentadas anteriormente pela Pepsi contra a Coca.


PROCURA-SE


A Coca-Cola vai pedir que o Conar convoque o ‘Dr. Júnior’ a apresentar seus documentos, para provar que existe mesmo. A Pepsi diz que as alegações não têm fundamento e não se manifesta sobre o caso.’


 


 


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605 MILHÕES


‘A Rede Globo conseguiu renovar suas cinco cotas de patrocínio de futebol para o ano que vem. Vivo, Itaú, Casas Bahia, AmBev e Volkswagen, que já são parceiros da emissora, assinaram. Cada cota custou 121 milhões de reais.’


 


 


DE VOLTA
Mônica Bergamo


Rehab


‘Treze meses após capotar seu Cherokee e passar por uma reabilitação para se livrar do álcool, da cocaína e da heroína, o ex-jogador Casagrande reestréia na Globo. Ele dará entrevista a Serginho Groisman e volta a fazer comentários no SporTV neste mês.’


 


 


CINEMA
Cristina Fibe


O senhor da guerra


‘Errol Morris, 60, é obcecado por assassinatos e casos mórbidos. Ex-investigador de polícia, há 30 anos o americano usa o cinema para aprofundar o estudo de personagens psicopatas e/ou bizarros.


Não é difícil entender, portanto, por que Morris não ficou parado diante das imagens de abusos cometidos por militares dos EUA contra iraquianos na prisão de Abu Ghraib, que se espalharam pela web em 2004.


‘Bodes expiatórios’ dos altos escalões, os soldados falam à câmera de Morris na tentativa de justificar as imagens.


O resultado é o cortante ‘Procedimento Operacional Padrão’ -nome que se dá, na Justiça americana, às práticas ‘aceitáveis’ em interrogatórios-, exibido na Mostra Internacional de SP e que deve estrear nos cinemas no próximo dia 31.


Com ele, Morris, que já ganhara um Oscar, em 2004, por ‘Sob a Névoa da Guerra’, foi premiado com o Urso de Prata em Berlim.


Dos EUA, o diretor contou à Folha que seu próximo filme será uma comédia ficcional e que deve transformar seu blog em livro (morris.blogs.nytimes.com).


FOLHA – Como você convenceu os militares a falar com naturalidade?


ERROL MORRIS – Isso é parte do que faço desde o começo como cineasta. Me disseram, anos atrás, que minhas entrevistas eram muito diferentes das outras. Acho que há uma série de razões para isso. Não preparo perguntas e respostas, não é como se o que eu tentasse encorajar fosse uma resposta a uma questão específica. Estou muito mais interessado em um jorro de consciência, narração.


Sim, ocasionalmente se ouve a minha voz fazendo uma pergunta. Mas a idéia principal é não ter um entrevistador ou um narrador.


FOLHA – Eles deram as entrevistas após serem julgados nos EUA?


MORRIS – Sim, bem depois, porque muitas daquelas pessoas estavam na prisão [nos EUA, condenadas por tortura], e eu não tinha acesso a elas.


FOLHA – Por que você escolheu não entrevistar as vítimas?


MORRIS – Tentei, na verdade.


Mas não consegui achar as pessoas das fotos. Pareceu-me inútil entrevistar qualquer prisioneiro de Abu Ghraib. É tudo direcionado pelas fotos, e as pessoas a entrevistar eram ‘Gus’, o sujeito na coleira, na famosa foto de Lynndie England, e o homem com o capuz, [preso] na caixa com os fios [elétricos]. Não consegui achá-los.


FOLHA – E o que foi feito para encontrá-los?


MORRIS – Pagamos pessoas em Bagdá, tentamos investigar, tentamos, é claro, apelar aos militares, mas não adiantou. Se tivesse achado aqueles dois prisioneiros eu os teria colocado no filme… O problema é que o Iraque está em um estado de caos, não está claro se os prisioneiros gostariam de falar, mesmo se fossem encontrados. De fato, e essa é uma história diferente, houve um impostor que se apresentou como aquele que ficou preso com um capuz. Ele ficou preso em Abu Ghraib, mas não era aquele homem.


FOLHA – Você se arrepende de não ter conseguido colocar o ponto de vista das vítimas no filme?


MORRIS – Não, de jeito nenhum. Eu gostaria de tê-lo. Se me arrependo? Não. Não há dúvidas na minha cabeça de que Abu Ghraib foi um lugar ruim e de que as pessoas foram torturadas lá. Isso não é uma questão.


FOLHA – E por que você volta a usar reencenações neste filme?


MORRIS – Talvez seja uma escolha pobre de palavras, talvez eu nunca devesse ter usado o termo reencenação. Porque não estou reencenando nada… Voltemos ao exemplo de England e a coleira. A reencenação foca na coleira, para que você possa pensar nela. […] É um instrumento impressionista pedindo que você pense naquilo.


FOLHA – Você acredita no que te contaram? Por exemplo, quando England diz que não puxou a coleira, acredita nela?


MORRIS – Sim! Acredito. E se ela estava ou não puxando a coleira é irrelevante. Não faz nada menos pior.


FOLHA – Como foi a distribuição do filme nos EUA? Você enfrentou alguma censura?


MORRIS – O filme está sendo lançado em formato DVD, e muito mais pessoas vão assisti-lo. Acho que esse filme vai estar conosco por muito mais tempo do que as pessoas gostariam.


Censura? Não. Acho que o que é tão assustador nos EUA é que a mídia exerce uma autocensura. É um tempo muito louco na América.


FOLHA – No que você está trabalhando agora?


MORRIS – Tenho trabalhado em vários comerciais e comecei outro filme…


FOLHA – Sobre o quê?


MORRIS – É minha tentativa de fazer uma comédia em vez de uma tragédia.


FOLHA – Mas é um documentário?


MORRIS – Na verdade, não, um híbrido. É uma história real mas, desta vez, estará do outro lado da linha.


FOLHA – Sem investigação?


MORRIS – Terá um elemento investigativo. E é sobre uma ilha no meio do Pacífico norte.


FOLHA – Isso é tudo o que pode contar?


MORRIS – É… Não acho que deva falar sobre isso demais, senão não conseguirei realmente fazer o filme. E dá azar.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 14 de outubro de 2008


 


CAMPANHA
Guilherme Meirelles, Gabriel Manzano Filho, Vera Rosa e Roldão Arruda


PT decide tirar do ar pergunta que faz ataque à vida pessoal de Kassab


‘O comando da campanha de Marta Suplicy (PT) vai tirar do ar o comercial de TV que trata da vida privada do prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição. Diante dos protestos de eleitores que viram preconceito na propaganda de Marta, perguntando se Kassab é casado e tem filhos, a equipe petista avaliou ontem que é melhor recuar para evitar mais desgaste.


A propaganda dividiu o partido, provocou protestos de eleitores e mais um problema para a campanha petista, que já vive situação difícil. Em conversas reservadas, dirigentes do PT definiram a nova estratégia como ‘um tiro no pé’.


Na opinião do cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, questionar a vida pessoal do oponente, perguntando se é casado e se tem filhos, foi um erro que deverá marcar a carreira política de Marta e não terá nenhum efeito eleitoral. Para ele, pode acontecer até o contrário: ela perder votos em setores da classe média, como os que apoiaram Soninha, do PPS.


O primeiro sinal de que o comercial causou fissuras no PT partiu do Comitê Pró-Marta Prefeita formado por gays, lésbicas, bissexuais e travestis. Em nota distribuída ontem pela manhã, o comitê classificou a propaganda de preconceituosa e moralista. Também pediu ‘com veemência’ que o comercial não seja mais exibido.


Para Julian Rodrigues, que faz parte do comitê e também da coordenação setorial LGBT do PT nacional, Marta não pode apelar para um discurso ‘obscurantista e conservador’ na disputa. ‘O que ocorreu é incompreensível’, afirmou.


Almeida, autor de dois lançamentos bem-sucedidos, A Cabeça do Brasileiro e A Cabeça do Eleitor, comparou a tentativa de explorar a vida pessoal de Kassab com o episódio de 1989, quando o então candidato à Presidência Fernando Collor revelou que seu rival Luiz Inácio Lula da Silva tinha uma filha fora do casamento – Lurian, fruto de sua ligação com Miriam Cordeiro. ‘Ali o efeito eleitoral, se existiu, foi pequeno e talvez tenha se devido mais à maneira como a TV Globo editou a notícia.’


Como ele, também o professor Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas, entende que o gesto pode se voltar contra o PT, ‘pois com ele o partido rasgou a sua história’. ‘Hoje não há mais o efeito Lurian’, diz o professor.


Mesmo tendo decidido retirar a propaganda do ar, o PT considerou a reação descabida. O coordenador-geral da campanha de Marta, deputado Carlos Zarattini (SP), distribuiu no fim da tarde uma nota na qual atribui tudo a ‘insinuações’ feitas por ‘alguns veículos’.


Para Zarattini, a equipe de marketing, ao perguntar sobre o estado civil de Kassab, ‘em meio a uma série de outros questionamentos, apenas defendeu o legítimo direito de o eleitor conhecer, em todos os aspectos possíveis, a história de quem se apresenta para governar a maior cidade do País’.


Ele também disse, em sua nota, que as insinuações ‘absurdas e cínicas’ sobre invasão de privacidade do outro candidato são inaceitáveis. ‘Basta lembrarmos da história de Marta, protagonista das principais lutas em defesa dos direitos da mulher e das liberdades individuais’, destacou.


DOSAGEM


As reações negativas estão levando o PT a reavaliar o tom da campanha daqui para a frente. Em reunião realizada ontem, integrantes dos partidos que apóiam a coligação de Marta reafirmaram que é preciso demarcar trajetórias e biografias. O difícil será definir a dose de agressividade.


A idéia é nacionalizar a disputa, pegar carona na popularidade do presidente Lula e exibir as ‘forças políticas’ que apóiam os dois candidatos. ‘O tom vai ser duro e a linha de confronto vai continuar’, garantiu o vereador eleito Jamil Murad (PC do B), que participou da reunião.


A estratégia, porém, prevê a substituição dos ataques pessoais pela ênfase no duelo político. ‘Vamos mostrar que do lado de Marta estão as forças políticas que puseram o Brasil na rota do desenvolvimento e, de outro, as que atolaram o País’, disse Murad.’


 


Clarissa Oliveira


Marta nega a insinuação de homossexualismo


‘Um dia depois de veicular uma propaganda em que levanta questionamentos sobre a vida pessoal do prefeito Gilberto Kassab (DEM), a petista Marta Suplicy negou ontem que tenha procurado fazer qualquer tipo de insinuação sobre o rival. Sob o argumento de que já teve sua própria privacidade invadida, Marta afirmou que mesmo questões como casamento e filhos são aspectos da biografia de um candidato sobre os quais a população tem o ‘direito’ de ser informada.


Em sabatina do jornal Folha de S. Paulo, Marta foi diretamente questionada se acredita que ‘não há insinuação de homossexualismo’ na propaganda, que questiona se Kassab é casado e tem filhos. Em resposta, afirmou: ‘Não, por quê? Não acho. É uma pergunta como qualquer outra’. O eleitor, prosseguiu a petista, corre o risco de assinar ‘um cheque em branco’ para um candidato que não conhece, a exemplo do que ocorreu com o ex-prefeito Celso Pitta.


‘As pessoas têm o direito de conhecer todo esse DNA do prefeito Gilberto Kassab’, disse, mencionando, por exemplo, o fato de o rival ter integrado a equipe de Pitta. Indagada sobre o fato de associar a disputa política a temas como filhos e casamento, Marta revidou: ‘Tudo é político, a vida é política’.


Apesar de dizer que os eleitores têm o direito de conhecer a biografia de Kassab, Marta irritou-se quando o assunto passou a ser sua própria vida pessoal. Questionada na sabatina sobre um trecho de seu livro Minha Vida de Prefeita, em que comenta seu divórcio do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ela devolveu: ‘O que eu queria colocar a público, não pela Folha, eu escrevi e ponto’. Sem esconder a insatisfação, ela continuou: ‘Não vou me estender na minha vida privada a não ser até onde quero ir’.


Marta buscou eximir-se da responsabilidade pela propaganda. Após a sabatina, em visita a Santana, zona norte, ela argumentou que o conteúdo é definido apenas pelo marqueteiro João Santana. ‘Sou responsável por minhas palavras, pelo que eu digo. E o marqueteiro, pela campanha publicitária. Sou menos ainda responsável por insinuações que jornalistas estão fazendo.’


Ela também voltou a acusar Kassab de esconder sua biografia, dessa vez citando que seu partido é o antigo PFL. ‘Gilberto Kassab escondeu sim sua trajetória com penas de tucano’, disse, em referência ao fato de o prefeito ter como aliado o governador José Serra (PSDB).’


 


 


Dora Kramer


Adeus às estribeiras


‘A situação do PT em São Paulo era difícil. Praticamente impossível para Marta Suplicy virar o jogo sobre Gilberto Kassab, segundo avaliação do próprio Palácio do Planalto, expressa na formal participação do presidente Luiz Inácio da Silva.


De todo modo, o partido e a candidata tinham duas semanas para administrar a desvantagem da melhor maneira possível e tentar sair da disputa, senão com uma vitória quantitativa, ao menos com seu capital político razoavelmente preservado no maior colégio eleitoral do País para enfrentar a dura luta pela sucessão de Lula.


Os primeiros acordes da campanha dessa última fase deram a impressão de que os petistas faziam uma aposta arriscada no discurso ideológico, quando meio ministério desembarcou em São Paulo atacando o adversário na linha esquerda contra direita. Uma coisa meio antiga, incongruente frente às parcerias do PT no exercício do poder federal, mas uma tentativa até compreensível, pois fora adotada e bem-sucedida na reeleição de Lula em 2006.


Mas o segundo movimento da orquestra petista mostrou muito mais que isso: relevou um partido disposto a contratar uma derrota moral. Diante da dificuldade de ganhar, escolheu pôr tudo a perder, gastando até a última o patrimônio de dignidade construído na oposição e paulatinamente solapado em seis anos de poder.


Marta Suplicy e aliados se defendem da repercussão negativa às peças de propaganda que insinuam a existência de fatos obscuros na conduta do prefeito Gilberto Kassab, lembrando que ela e o partido já foram vítimas das mesmas armas em eleições passadas.


Que o PT perdeu de vez a tramontana na presente disputa, isso ficou claro no domingo quando entrou no ar a propaganda com perguntas – ‘é casado?’ ‘tem filhos?’ – cheias de múltiplos sentidos.


O surpreendente, e ainda carente de explicação sob o ponto de vista do marketing político, é o partido não enxergar o potencial de autodesmoralização contido nesse tipo de estratagema.


Ainda que fosse só um revide a agressões sofridas no passado já seria injustificável. Não sendo, pior ainda. Se o PT refere-se ao uso de depoimento da mãe da filha do então candidato Lula na campanha de 1989 pelo adversário Fernando Collor e ao repúdio de parte do eleitorado ao novo casamento de Marta com Luis Favre, em 2003, equivoca-se na comparação dos episódios.


Há duas décadas, Miriam Cordeiro foi usada e deixou-se usar de forma abjeta, mas clara. Recebeu um dinheiro para expor a si, filha e ao ex-companheiro diante do País revelando com todas as letras particularidades da relação. Na época, não se perdeu tempo questionando se verdadeiro ou falso o conteúdo da fala. Chocou para registro em história, o uso da arma, um retrato da vilania do autor.


Quanto à separação de Marta do senador Eduardo Suplicy, não resta dúvida: marcou para todo o sempre suas relações com o eleitorado. Mas foi uma escolha da então prefeita, que obviamente exerceu seu inalienável direito de casar e descasar com quem quiser, quantas vezes bem entender. Só não pode subtrair das pessoas o direito de gostar ou não.


Aqui, no caso de Gilberto Kassab não se trata de uma ação exposta por ele ao juízo público. Aliás, nem se trata de uma questão, como no episódio arquitetado por Fernando Collor. A campanha petista agora recorreu à pior das torpezas que é a insinuação.


Alega que o eleitor precisa conhecer o candidato. É verdade. Então, se o sentido era o esclarecer, caberia à campanha petista falar claro, como fez Collor em sua sordidez e Marta ao não submeter sua felicidade às estruturas morais do alheio.


A propaganda não informa qual o dado da vida do prefeito está sendo subtraído do eleitor. Pergunta se tem filhos ou se é casado apenas para levantar a suspeita de que um homem solteiro aos quarenta e tantos anos talvez seja homossexual.


É disso que se trata. Marta finge que não sabe a respeito do que fala sua campanha porque a posição preconceituosa e enrustida não cabe bem em quem fez a vida militando do lado oposto.


Este, em tese, seria seu álibi para negar a mensagem subjacente. Na prática, porém, a intenção está lá exposta em toda a sua dimensão. Mais não fosse, porque Kassab já era solteiro quando não tinha mais que um dígito nas pesquisas, mas isso só passou a ser uma insinuação de possível ‘defeito’ quando a ultrapassagem fez o PT perder, junto com as esperanças, as estribeiras.


Dura realidade


O tom agressivo das campanhas do segundo turno não é uma prerrogativa do PT paulista. Toma conta do cenário no Rio e dá sinais de vida também em Salvador.


Com isso, os marqueteiros revogam a própria lei-maior, segundo a qual os ataques, quanto mais baixos, mais malefícios rendem ao autor. Agora, quando bate o desespero, está se vendo como tudo na vida é relativo, até a paz e o amor.’


 


 


BOLÍVIA
João Paulo Charleaux


Evo lidera marcha e faz lista negra de jornalistas


‘O presidente boliviano, Evo Morales, liderou ontem o início de uma marcha que pretende percorrer os 200 quilômetros que separam a cidade de Caracollo, no Departamento (Estado) de Oruro, até a sede administrativa, La Paz. Ao longo de uma semana, a marcha deve reunir pelo caminho cerca de 30 mil indígenas, mineiros e sindicalistas que apóiam a convocação de um referendo constitucional promovido pelo governo.


Ao mesmo tempo, a presidência da república divulgava em sua página na internet uma lista com 37 meios de comunicação acusados de manter negócios ilícitos com políticos opositores no convulsionado Departamento de Pando – epicentro dos choques mais violentos entre o governo e a oposição, onde 18 camponeses foram mortos em setembro. O governador de Pando, Leopoldo Fernández, está preso e um estado de sítio vigora desde o mês passado no departamento.


O jornalista boliviano Jorge Melgar Quette, do Canal 18 de Riberalta, uma das emissoras mencionadas no documento da presidência, foi levado de sua casa por um grupo de 20 militares na madrugada de ontem, segundo sua família.


O brasileiro Alexandre Lima, que publica um jornal na internet na cidade de Brasiléia (AC), na fronteira com a Bolívia, avisou ao Exército, à Polícia Federal e à Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) que militares bolivianos estariam andando pelas ruas de Pando com sua foto nas mãos.


‘Nós descobrimos que há efetivamente ligações viciadas entre jornalistas e o governo do departamento. Muitos são funcionários do governo, mesmo sendo empregados de jornais privados’, disse ao Estado o interventor do governo de Pando, contra-almirante Landelino Bandera. Ele não soube precisar se o brasileiro era um dos procurados. As novas ações de Evo ocorrem depois de um diálogo sem sucesso entre o governo central e os oposicionistas na cidade de Cochabamba. As divergências concentram-se, entre outros pontos, na autonomia regional, no repasse de impostos, no limite das propriedades rurais e na reeleição presidencial.’


 


 


COMUNISMO
AFP, EFE E Reuters


Kundera colaborou com repressão checa


‘O Instituto Checo de Estudo de Regimes Totalitários publicou ontem um relatório da polícia comunista checa que denuncia a colaboração do escritor Milan Kundera, autor do livro A insustentável leveza do ser, colaborou com a polícia comunista da Checoslováquia, em 1950. Kundera teria denunciado um o piloto Miroslav Dvoracek, que tinha intenção de desertar, mas acabou preso e condenado a 22 anos de trabalhos forçados em uma mina de urânio.


‘Hoje, às 16 horas, um estudante, Milan Kundera, nascido em 1º de abril de 1929 em Brno, apresentou-se a este departamento para informar que uma estudante deveria se reunir ao anoitecer com um tal de Miroslav Dvoracek. Este, ao que parece, desertou do serviço militar e esteve, na primavera do ano passado, na Alemanha, onde entrou ilegalmente’, diz o informe da polícia extraído dos arquivos do Ministério do Interior.


Kundera desmentiu a notícia. ‘Essa coisa me pegou totalmente desprevenido. Eu não sabia nada disso e nada disso aconteceu’, afirmou o escritor, que tinha 21 anos na época.


Depois de ter sido um fervoroso comunista nos anos 60, Kundera se voltou para as fileiras reformistas. Depois da repressão da Primavera de Praga, em agosto de 1968, as autoridades o proibiram de qualquer atividade pública. Em 1975, o escritor emigrou para a França e, desde então, construiu sua reputação literária internacional.’


 


 


PRÊMIO
Fernando Dantas


Paul Krugman, crítico feroz de Bush, ganha o Nobel de Economia


‘O Sveriges Riskbank, o banco central da Suécia, anunciou ontem que o economista americano Paul Krugman ganhou o prêmio Nobel de Economia de 2008, por suas contribuições em teoria do comércio internacional e geografia econômica. Professor da Universidade Princeton, ele embolsará sozinho o prêmio equivalente a US$ 1,4 milhão.


Não foram, porém, os seus achados teóricos que fizeram de Krugman um dos raros ganhadores do Nobel de Economia que já eram celebridades antes de receber a mais alta das condecorações acadêmicas. Na verdade, foi como colunista do The New York Times (em cujo site também mantém um blog de grande popularidade) e como autor de livros de economia para o público não-especializado que ele se tornou mundialmente conhecido como um dos mais ferinos e brilhantes críticos do governo Bush e dos economistas conservadores que dominaram a política econômica nas últimas décadas.


Krugman, 55 anos, faz parte do grupo relativamente pequeno de analistas que não se deixou levar pela euforia com o boom econômico dos últimos anos, e apontou insistentemente para os sérios desequilíbrios globais que desembocaram na atual turbulência global. Recentemente, foi um dos mais duros críticos do secretário do Tesouro americano, Henry ‘Hank’ Paulson, e de seu pacote de saneamento bancário por meio da aquisição de ‘ativos tóxicos’ (ver reportagem abaixo).


Dono de um texto de fazer inveja aos melhores jornalistas, com uma impressionante capacidade de explicar questões econômicas complexas para o grande público, e provido de um senso de ironia refinadíssimo, Krugman já rivalizava, antes mesmo de receber a premiação de ontem, com o outro grande crítico dos excessos do liberalismo, o também laureado pelo Nobel Joseph Stiglitz.


NOVA TEORIA DE COMÉRCIO


O Nobel de Krugman deve-se aos seus trabalhos sobre a ‘nova teoria de comércio’ e ‘a nova geografia econômica’. Independentemente de orientação ideológica, os economistas são unânimes em afirmar o merecimento do seu Nobel pelas contribuições acadêmicas produzidas naquelas áreas. ‘Há um grande consenso na profissão de que Paul Krugman deveria ganhar o prêmio Nobel pelo seu trabalho prévio em comércio internacional’, diz Kenneth Rogoff, da Universidade de Colúmbia, ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).


Krugman conseguiu explicar por que existe um comércio internacional tão intenso entre países muito parecidos em dotações de recursos, como as nações ricas em geral. Na visão clássica de comércio internacional, de David Ricardo, conhecida como ‘teoria das vantagens comparativas’, o comércio entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido é bem explicado. Como esses países são diferentemente dotados de recursos, com abundância de capital nos ricos e abundância de matérias-primas e mão-de-obra barata nos pobres, o comércio internacional deixa todos em melhor situação, ao fazer com que cada um produza aquilo que tem condições de fazer melhor: matérias-primas e produtos de baixo valor agregado, nos países subdesenvolvidos, e produtos mais sofisticados nos desenvolvidos. Isso não explica, porém, por que os países ricos têm entre si um comércio tão volumoso – na realidade, ainda representa a maior parte do comércio internacional


O achado de Krugman foi o de mostrar que uma combinação entre desejo de variedade, por parte dos consumidores, e economias de escala, por parte dos produtores, combinam-se para tornar viável o comércio entre nações desenvolvidas.


Assim, diversos países ricos são sede de empresas de automóveis de luxo, que só se tornam viáveis economicamente se comercializados globalmente. Ao mesmo tempo, preferências variadas entre os consumidores fazem com que os Mercedes alemães, Toyotas japoneses ou Volvos suecos sejam comercializados simultaneamente em vários países.


Maria Cristina Terra, professora da Universidade de Sergy-Pontoise, em Paris, e da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas no Rio, observa que a visão clássica de comércio internacional descarta, na grande maioria dos casos, todo tipo de política comercial e política industrial.


Com Krugman, foi possível mostrar que há situações em que barreiras comerciais ou subsídios à exportação produzem reais benefícios ao país que usa esses instrumentos.


O economista Luiz Gonzaga Belluzzo nota que Krugman combateu na década de 90 o uso da sua teoria como base para críticas à liberação comercial e à globalização, mas recentemente ele voltou atrás, ao afirmar que os trabalhadores dos Estados Unidos podem ser prejudicados pela ascensão da China.


FRASES


‘O Brasil está até agora se beneficiando das dificuldades internacionais. É um exportador de commodities e não é grande importador de petróleo. Se fizéssemos uma lista dos países que se beneficiam dessa situação, ela incluiria Arábia Saudita, Rússia e Brasil’


‘Há uma frase antiga: o trabalho de um banqueiro central é fugir da festa com a poncheira quando a festa está no auge. Greenspan ia de pessoa em pessoa dizendo ?aqui está seu ponche?’


‘Um banqueiro de 1930 teria reconhecido a crise. Estamos repetindo 1930, mas, desta vez, o Fed está ajudando os bancos’’


 


 


PUBLICIDADE
O Estado de S. Paulo


Publicitários divididos na crise


‘Os publicitários não têm se entendido em relação à crise.Nizan Guanaes, do grupo ABC, traçou, na semana passada, cenário pessimista para a publicidade, com previsão de corte de investimento. Já Fábio Fernandes, presidente da F/Nazca S&S, mostra-se contrário a essa tese: ontem, publicou anúncio em jornais dizendo que a crise pode se transformar em momento de oportunidade.’


 


 


FOTOGRAFIA
AP


Fotografia perde William Claxton


‘Morreu sábado, aos 80 anos, em Los Angeles um dos fotógrafos mais celebrados da era de ouro do jazz, William Claxton. Foi um dos gigantes, ao lado de Herman Leonard. A partir dos anos 50, Claxton tornou-se mestre em clicar músicos e celebridades, tentando enxergar ‘o drama de suas vidas’. Fez registros clássicos de Chet Baker e Miles Davis. As fotos que fez de Steve McQueen são fascinantes, porque revelam a obsessão pela máquina e pela velocidade. Poucos fotógrafos registraram o ‘por trás da fama’ com tanta acuidade. Ele estabeleceu o cânone do que viria a ser a foto clássica de jazzistas, que definia como ‘jazz para os olhos’.’


 


 


TELEVISÃO
Wall Street Journal


CBS no YouTube


‘Em uma parceria com a CBS, o YouTube irá exibir os principais programas da emissora, o que permitirá aumentar sua receita publicitária. O Google, dono do portal de vídeos, anunciou que um site terá programação do canal fechado, inclusive com episódios completos, de 20 a 40 minutos, de séries como 90210, Dexter e Californication.


Publicidades serão inseridas antes, durante e após os vídeos. Inicialmente a CBS irá comercializar esses espaços e o YouTube irá ganhar uma porcentagem do lucro. O portal de vídeos sempre resistiu a veicular publicidade nesse formato, pois temia que isso espantasse os espectadores que assistiam aos seus vídeos curtos, de 10 minutos de duração.


Sites que já exibem vídeos de longa duração, como ABC.com, da Walt Disney, e o Hulu, que é uma parceria entre Fox, NBC e Universal, comercializam (com sucesso) publicidade nesse formato.


O YouTube se esforça para se tornar mais rentável. Há duas semanas, criou um novo serviço, chamado ‘click to buy’. A novidade aparece em videoclipes de artistas das gravadoras (e parceiras) EMI e Universal. Clicando no anúncio, o internauta pode comprar o MP3 da canção no iTunes e na Amazon.’


 


 


 


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