A proibição de que 22 diretores de meios de comunicação saiam da Venezuela, entre os quais os responsáveis por El Nacional, Tal Cual eLa Patilla, faz parte do rosário de agressões contra a liberdade de expressão e de intimidações contra os jornalistas, adotado pelo regime de Nicolás Maduro como uma de suas principais estratégias.
As constantes ameaças do presidente e seus colaboradores contra jornalistas e meios que se atrevam a criticar os desvios de um regime que está mergulhando a Venezuela na miséria tornam pouco crível que a decisão adotada por um tribunal de Caracas seja fruto de reflexão independente de um poder Executivo que invadiu todas as esferas da vida pública venezuelana, o mesmo que decide a prisão injustificada e indefinida de opositores ou o racionamento de alimentos.
A decisão atenta contra as diretrizes da Corte Interamericana de Direitos Humanos, que estabelece que não comete delito quem reproduz informação de terceiros. Os meios de comunicação perseguidos reproduziram uma informação do diário ABC que vinculava Diosdado Cabello, presidente da Assembleia, com o tráfico de drogas. Como se não bastasse, os 22 acusados nem sequer foram chamados diante do juiz, prescindindo de qualquer vislumbre de direito de defesa.
Maduro sabe de sobra que matando o mensageiro não se elimina a mensagem. A Venezuela vive uma situação desastrosa. Perseguir os jornalistas não é a solução.