Se você está lendo este texto, é porque lê jornal. É um bom hábito, porque a leitura diária dos periódicos, impressos ou virtuais, nos mantém em dia com o que vai pelo mundo e nos dá informações úteis para o trabalho, os negócios, o lazer. Se for lido com atenção e seletivamente, o jornal tem grande influência na formação do conhecimento profissional, técnico, científico e também literário.
É tão importante essa leitura diária que a maioria das pessoas a faz no café da manhã, complementando a alimentação do corpo com a ilustração do espírito. Faz parte da preparação matinal para um novo dia de trabalho.
Entretanto, há pessoas que não lêem jornal! Talvez seja a grande maioria, por incrível que pareça. Não são os analfabetos. Aliás, como disse Mário Quintana, os piores analfabetos são os que aprenderam a ler, mas não o fazem. Creio que a maioria não lê jornais ou livros por falta de tempo, embora reconhecendo a premente necessidade de sua leitura. A correria da vida moderna faz com que obrigações se sobreponham às preferências pessoais.
Movimentos inúteis
O aproveitamento do tempo, geralmente, nos é imposto pelas rotinas do dia-a-dia que submetem a nossa vontade de organizar e controlar as nossas atividades. Há muitos anos, perdido no dinamismo desse vórtice incontrolável que desarrumava todos os meus esquemas de controle, recebi de alguns amigos dervixes um bom conselho, que me permitiu assumir o comando dos meus movimentos. Eu estava estudando os seus conhecimento e práticas, o que demandava tempo para realizar tarefas, fazer exercícios físicos e mentais, e interpretar textos sobre sua cultura. Era uma sobrecarga considerável. Quando expus minha dificuldade, eles me disseram:
‘Você divide o seu dia em três períodos iguais: oito horas para dormir, oito horas para ganhar a vida, e oito horas para a vida mecânica.’ Vida mecânica era: comer, beber, tomar banho, vestir, passear, namorar etc. Continuando: ‘Você pode dividir o seu dia em quatro períodos: seis horas para dormir, seis horas para ganhar a vida, seis horas para vida mecânica e sobram seis horas para dedicar à sua evolução pessoal.’
Para reduzir duas horas de sono, devemos permanecer em plena atividade até não poder mais. Então entramos logo em sono profundo, que é o sono reparador. Descartamos o pré-sono, uma perda de tempo.
Para ganhar a vida com menos duas horas de trabalho profissional, é preciso aperfeiçoar o que fazemos e alterar as seqüências das tarefas, ganhando mais velocidade e aproveitando melhor as folgas. Logo percebemos que não é difícil e descartamos um monte de movimentos inúteis.
A fórmula dervixe
Diminuir duas horas na vida mecânica é mais fácil do que parece. Basta prestar atenção aos nossos hábitos para reconhecermos quanto tempo se desperdiça com pequenas vaidades, pieguices e luxos desnecessários.
As seis horas que sobram serão mais do que suficientes para qualquer acréscimo que desejarmos fazer em nossas ocupações. Não tanto por ser um período novo bastante longo e livre, mas também porque, ao fazer aquelas alterações, desenvolvemos grande capacidade de atenção, de concentração e uma esperteza extraordinária.
Vale tentar, caro leitor. Se você não precisa de tantas horas livres, se é só para ler jornais ou freqüentar um curso de estudos, pode modificar a fórmula dervixe. Em vez de 4×6, pode fazer, por exemplo, (3×7) +3, ou outra combinação mais conveniente para você.
O que não tem sentido é permanecer reclamando da falta de tempo sem tomar nenhuma atitude para resolver o problema.
E sem ler jornal…
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Aposentado, contador e administrador, Valinhos, SP