Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os bilhões perdidos da Votorantim

Na sexta-feira (10/10), atraído por uma magnética manchete publicada na Folha Online, estupefato fiquei com a leitura de uma surpreendente nota econômica dando conta que, em face da atual e inédita crise financeira mundial, o empresário Antonio Ermírio de Morais revelou que perdera bilhões de reais em especulação financeira.


Ao findar minha leitura cliquei em ‘comunicar erros’ e digitei a seguinte mensagem:




‘Isto sim, é que é um genuíno e legítimo `acontecimento econômico e cultural!´ (ou seja, próprio da nossa `cultura econômica´). Vizinha a Sorocaba, a cidade de Votorantim, que deveria ser um verdadeiro modelo `cartão de visitas´ que representasse naquele microcosmo as idéias e propostas do culto e mega-empresário Antonio Ermírio de Moraes, ao contrário, é uma das regiões, próximas à nossa capital, mais feias, mais poluídas e com um grande número de seres humanos morando em habitações indignas para operários, nativos trabalhadores que têm prestado relevantes e mal remunerados serviços ao conglomerado industrial e cartelista do bilionário cidadão brasileiro, há varias gerações. O erro que eu peço vossa permissão para comunicar é que a grande imprensa brasileira, (incluindo vosso prestigioso jornal, no qual Antonio Ermírio é colunista), tem desde sempre se referido a ele com excessiva reverência, como se o honorável mogul tupiniquim e tudo que o associa estivesse `vitaliciamente´ imunizado, inatingível, imaculado, mas sem a tola presunção, obviamente, de atrever-me a desprezar o inquestionável mérito de suas brilhantes conquistas e grandiosamente bem sucedidas realizações empresariais. Mas presumo que Deus não é humano nem é dinheiro concentrado, nem tampouco especulação virtual ou palpável, muito menos está ‘encarnado’ na real moeda com sua antiga e inabalável royal power presumption. Portanto, creio que para Ele, átomo cósmico, só existe uma verdade, e esta, infelizmente, ainda não nos foi revelada.’


‘Cultura jornalística’


Recebi minutos depois um e-mail de Camila Marques Braga, da redação da Folha-UOL, gentilmente sugerindo que encaminhasse meus comentários a um ‘caderno’ mais apropriado, com o link do eletrônico endereço anexado.


Achei razoável e resolvi voltar ao artigo para lê-lo mais atentamente, quando para minha surpresa o texto não estava mais lá ‘postado’. Iniciei, então, uma labiríntica busca atrás do ‘artigo perdido’. Pensei com meus botões: ou o auspicioso texto caiu no triângulo das Bermudas, ou digitalizado desmaterializou-se ou provavelmente fora tragado pelo buraco negro comum das redações. Mas, out of the blue, de repente o artigo ressurgiu das cinzas digitais. Encontrei-o camuflado e disfarçado, e com muito menos destaque, coitado, com seu título e conteúdo alterados. Resolvi novamente clicar no ‘comunicar erros’ e enviei o seguinte comentário, transcrito abaixo:




‘Hoje, dia 10 de outubro de 2008, há dez minutos li e comentei uma notícia publicada na Folha-UOL, com a seguinte manchete: `O empresário Antonio Ermírio de Morais revela que a Votorantim perdeu 2 bilhões e duzentos milhões de reais em especulação financeira´. Essa manchete, em questão de minutos, foi misteriosa e instantaneamente alterada e recebeu o seguinte novo título, com destaque editorial bastante inferior: `Votorantim gasta 2 bilhões para eliminar exposição cambial´.


Isso só veio legitimar e corroborar o e-mail que enviei há minutos à redação da Folha-UOL. Mais um acontecimento jornalístico e cultural de primeira! (ou seja, próprio de nossa `cultura jornalística´).’


Para este ‘post’, ainda não obtive retorno, anche di nessuno

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