Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cardeal questiona prioridades da mídia

O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, reclamou da insistência da mídia em abordar questões sobre a visão do Vaticano sobre sexo enquanto ‘mantém o silêncio’ sobre os trabalhos de caridade feitos por milhares de organizações católicas em todo o mundo. Bertone também acusa a imprensa de tirar as declarações do papa Bento 16 de contexto, como no discurso em Regensburg, na Alemanha, em setembro de 2006, que enfureceu a comunidade islâmica.

‘Nós enfrentamos um problema gravíssimo. As mensagens da igreja são submetidas a manipulação e falsificação por parte da mídia ocidental’, afirmou o cardeal em entrevista ao francês Le Figaro, publicada no sábado (31/3). ‘Eu vejo que alguns jornalistas têm fixação por tópicos morais, como aborto e união homossexual, que certamente são questões importantes mas não constituem o pensamento e o trabalho da igreja. Por que este silêncio ensurdecedor?’, completou, questionando a falta de cobertura sobre as ações de caridade.

Diálogo distorcido

Sobre o polêmico caso do discurso de Regensburg – onde o papa citou um imperador bizantino sobre a ligação dos muçulmanos com a violência –, Bertone afirmou que os jornalistas transformaram uma discussão sobre o papel de Deus na sociedade em um discurso sobre o Islã. ‘Os pensamentos do papa Bento foram claramente distorcidos [neste episódio]’, defendeu, ressaltando que tirar frases de contexto é algo extremamente desonesto. Segundo o cardeal, o pontífice, nascido na Alemanha, deixou claro em Regensburg que queria estimular uma ‘confrontação saudável’ com o Islã e que diversos muçulmanos apoiaram seu convite ao diálogo.

Bertone, que foi um dos maiores críticos da igreja ao best seller O Código Da Vinci, do americano Dan Brown, aproveitou a entrevista ao veículo francês para criticar também o documentário The Lost Tomb of Jesus, segundo o qual arqueólogos teriam encontrado o túmulo de Jesus e indicações de que Maria Madalena teria sido sua mulher. ‘Isso é uma estratégia contra a igreja e a figura divina de Cristo’, afirmou. ‘Estas campanhas tentam enfraquecer a fé dos cristãos e a confiança que eles têm na igreja’. Informações da Reuters [31/3/07].