Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

WhatsApp a serviço das redações

Criado há cinco anos, o WhatsApp, aplicativo que permite a troca de mensagens e falar pelo celular sem custo, já conquistou 600 milhões de usuários ativos mensais e começa a ser utilizado por redações como a do Extra, no Rio de Janeiro.

Fábio Gusmão, editor digital do Extra, teve a ideia de usar o WhatsApp na redação em março de 2013, ao observar o comportamento das pes­soas na rua, na maneira como estavam utilizando seus smartphones. “Descobri que elas passavam boa parte do seu tempo conectadas usan­do o WhatsApp. Eu já tinha o aplicati­vo, mas não era um heavy user. Passei a estudar e entrevistar as pessoas que usavam para saber como utilizavam os recursos do WhatsApp. Percebi, naquele momento, que existia uma grande possibilidade do uso do aplica­tivo na produção de conteúdo, assim como para ajudar na distribuição do conteúdo do jornal”, conta Gusmão.

A iniciativa foi um sucesso. “Em 48 horas nós adicionamos 338 pessoas do Brasil inteiro. Naquele momento, não existia nenhum exemplo no mundo de uso do aplicativo”, comenta Gusmão, acrescentando que até hoje faz pesquisas e adiciona números de jornais, TVs e rádios do mundo inteiro. “Só encontrei alguns exemplos do uso do WhatsApp em veículos de comuni­cação após o lançamento do nosso e, até hoje, não vejo ninguém que o use como nós, pois em 2013 já enviávamos notícias para os leitores”, diz com satisfação.

Para Gusmão, o uso do WhatsApp no Extra revolucionou a maneira de operar, de entender o leitor e de saber como ele desejava estar mais próximo. “O leitor fica lisonjeado de participar, de poder colaborar e saber que tem o nosso número de celular. O aplicativo vira um detalhe. Nós saímos do pata­mar onipotente de ter seguidores (Twitter) e fãs (Facebook) para ficar de forma horizontal com eles. Estamos de igual para igual”, garante.

Outra consequência foi a criação de uma rede com cerca de 40 mil pesso­as cadastradas atualmente. No início do projeto foram criados grupos, mas isso mostrou não ser eficiente. Depois, numa ação específica para o Rock in Rio em 2013, foi feita nova tentativa de criar grupos e reunir pessoas em torno da marca. E dessa vez deu certo. “Mais do que criar conteúdo, ajudamos as pessoas a criarem um novo círculo de amizades dentro da filosofia do que era o festival. E mais: vestimos toda a equipe com a camisa trazendo o nosso WhatsApp estampado, de forma a aproximar os repórteres e fotógrafos das pessoas. Foi um suces­so e vamos repetir no próximo festi­val”, adianta Gusmão.

Ele explica que as pessoas partici­pam enviando denúncias, fatos que testemunham nas ruas ou mesmo nas redes sociais. “Dessa forma con­tamos com um exército de 40 mil pessoas, espalhadas pelo Brasil e o pelo mundo, nos ajudando a enxer­gar o que fisicamente seria impossí­vel para nós e conseguimos publicar conteúdo exclusivo de diversas pro­cedências”, acrescenta.

O uso do WhatsApp pelo Extra já rendeu vários furos. Além de útil na apuração de matérias, transformou-se num termômetro do que acontece nas ruas e nas redes sociais: qualquer ciclo viral que as pessoas vejam no Twitter e no Facebook, por exemplo, tem iní­cio dias antes no WhatsApp. A desco­berta foi preciosa na tomada de deci­sões do que publicar, no que colocar energia e priorizar.

Folha lançou canal em março de 2014

A Folha de S.Paulo foi outro jornal que acompanhou o crescimento do uso do WhatsApp no Brasil e viu que havia ali uma oportunidade para receber e distribuir conte­údo. Roberto Dias, secretário-assistente de Redação Digital da Folha de S.Paulo, explica que esse canal de comunica­ção com o leitor foi lançado em março de 2014, e a ferramenta está sob a admi­nistração da equipe de mídias sociais.

Desde que foi lançado, o canal está recebendo suges­tões de pautas, textos, fotos e vídeos, sendo que o fluxo deverá aumentar ainda mais quando forem implementados novos recursos de administra­ção. “Passamos a receber informações interessantes dos leitores de maneira mais ágil do que antes e conseguimos formar uma rede de participantes, sem grupos específi­cos”, explica Roberto Dias. Ele acredita que o WhatsApp é uma tecnologia que está cada vez mais se incorporando ao jornalismo, tanto para apura­ção de conteúdo, quanto na sua distribuição.

A Folha de S.Paulo conse­gue aproveitar boa parte das informações que recebe pelo WhatsApp. Um exemplo é a matéria publicada no dia 23/4/2014, com o título “Onça pula muros e invade cidade de casa de Mato Grosso”. Leitor da Folha, um médico ortopedista flagrou a cena e enviou fotos para o serviço de WhatsApp do jornal.

Outros canais de comunica­ção do leitor com a Folha de S.Paulo são o “Envie sua Notícia”, “Fale com a Folha”, “Paute a Folha”, “Folha Emergência”, “Painel do Leitor” e “Folhaleaks”.

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Milton Correia, do Jornal ANJ