O governo tailandês proibiu o acesso ao YouTube na semana passada depois que o Google, proprietário do popular sítio de compartilhamento de vídeos, recusou-se a retirar um clipe que gozava o rei Bhumibol Adulyadej. Segundo o ministro das Comunicações, Sitthichai Pookaiyaudom, o bloqueio do sítio na Tailândia ocorreu depois da tentativa frustrada de tirar a gravação, considerada ofensiva, do ar.
‘Como o Google rejeitou nosso diversos pedidos para remover o clipe, nós tivemos que bloquear o sítio inteiro no país’, afirmou. ‘Quando eles decidirem tirar o vídeo, nós retiraremos a proibição’. O YouTube declarou que não considerou o clipe ofensivo e por isso ele não seria removido.
O clipe em questão tem 44 segundos e ridiculariza Adulyadej, mais antigo monarca em exercício do mundo. O internauta chamado ‘paddidda’, que o postou, foi atacado verbalmente pela maioria dos comentários feitos pelos usuários do YouTube sobre o vídeo.
‘O rei é a figura mais venerada deste país; ele é intocável’, explica Metha Sakaowrat, presidente do Clube de Imprensa de Tecnologia da Informação, grupo que reúne repórteres de tecnologia na Tailândia. O vídeo mostra imagens alteradas do rei. Para os tailandeses, a parte mais ofensiva da brincadeira é a justaposição de pés femininos – a parte mais baixa do corpo – em cima da cabeça do monarca.
Depois do golpe
Sítios de internet sofrem com medidas repressivas desde o golpe militar que tirou do poder o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, no ano passado. Páginas consideradas ofensivas ao rei ou ao Exército, assim como sítios que defendem Shinawatra, têm sido censuradas no país. Há duas semanas, um sítio proibido pelo governo começou a circular um abaixo-assinado contra o principal assessor do rei, o general Prem Tinsulanonda, acusado por ativistas antigolpe de incentivar a deposição do primeiro-ministro.
Oficialmente, os líderes do golpe e o governo indicado pelos militares negam a repressão à liberdade de expressão. Entretanto, criticar ou ofender a monarquia é crime na Tailândia – e pode levar a 15 anos de prisão. Informações de Nopporn Wong-Anan [Reuters, 4/4/07].