Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

México: alerta em forma de vídeo sangrento

Um vídeo mostrando a decapitação de um suposto atirador de um cartel de drogas do México foi postado na semana passada no YouTube. Junto com as imagens, havia um apelo para que o mexicanos matem mais membros da gangue. ‘Faça algo pelo seu país, mate um Zeta!’, dizia a mensagem na abertura do clipe de cinco minutos de duração. Acredita-se que os Zetas sejam ex-soldados do Exército que atuam como atiradores no cartel do Golfo.

As gangues rivais do Golfo e do estado de Sinaloa brigam entre si pelas rotas do tráfico no México, em um conflito que já deixou mais de dois mil mortos pelo país. Em uma tentativa de conter o crescente banho de sangue, o presidente Felipe Calderón chegou a enviar milhares de soldados para vários estados para tentar acabar com as quadrilhas.

Recado

Outros vídeos atribuídos às gangues já foram postados no YouTube. Nesta última filmagem, é mostrado um homem de cueca amarrado em uma cadeira com um ‘Z’ marcado em seu peito e a frase ‘Bem vindo, mate homens e crianças. Continue Ostion’. Não se sabe quem é Ostion. Em uma das pernas do homem há escrito o nome Lazcano – em possível referência a Heriberto Lazcano, que seria líder dos Zetas.

Um interrogador, que não é mostrado no vídeo, pergunta ao homem sobre o assassinato de cinco policiais em Acapulco, ocorrido em fevereiro. Ele leva socos até dizer que participou do crime, e depois é estrangulado e decapitado. O vídeo termina com a mensagem ‘Lazcano, você é o próximo’.

Dois dias depois do aparecimento da violenta gravação, o YouTube a removeu da página. Segundo a agência de notícias mexicana Notimex, a polícia do estado de Guerrero, onde fica Acapulco, estaria investigando o vídeo.

Crimes filmados

Narcotraficantes mexicanos começaram, nos últimos meses, a filmar assassinatos e decapitações como alertas para inimigos – prática comum entre insurgentes iraquianos. Nos vídeos iraquianos, os agressores costumam usar facas para cortar a cabeça das vítimas; nesta gravação mexicana, o homem é estrangulado com uma corda e em seguida é mostrada a imagem do corpo já sem cabeça.

Os assassinatos em Acapulco estão entre os mais ousados ataques a policiais e soldados desde a ofensiva de Calderón. Testemunhas afirmaram que os crimes, cometidos por mais de 12 homens, foram filmados pelos agressores – mas a polícia diz nunca ter encontrado esta gravação. Autoridades federais investigam se os policiais mortos tinham ligação com os narcotraficantes. Informações de Natalia Parra [The Guardian, 3/4/07].