Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Polícia investiga morte de jornalista

A polícia do Zimbábue afirmou, na semana passada, que abriu inquérito para investigar a morte do jornalista independente Edward Chikombo. Ex-cinegrafista da televisão estatal, Chikombo foi encontrado em 31/3 no distrito de Darwindale, após dois dias desaparecido. Há sinais de que ele teria sido espancado e morrido em conseqüência dos ferimentos, mas não foram fornecidos mais detalhes sobre o crime.


Há rumores de que o jornalista possa ter vendido imagens dos ferimentos de ativistas de oposição espancados por forças de segurança no mês passado, mas não há confirmação oficial disso. Se ficar provado que a morte de Chikombo teve motivação política, seria o primeiro assassinato de um jornalista no país em anos de repressão constante à mídia independente.


 


Repórter é espancado na prisão, diz advogado


Um outro jornalista independente, Gift Phiri, foi libertado sob fiança na quinta-feira (5/4) depois de uma semana detido. Segundo seu advogado, Rangu Nyamurundu, Phiri foi espancado e torturado por policiais. O jornalista foi hospitalizado para exames médicos após deixar a prisão. Ele é acusado, com base em leis de imprensa, de escrever informações falsas e de trabalhar sem licença do governo para o jornal The Zimbabwean, com sede no Reino Unido, e para um serviço de notícias online editado por exilados zimbabuanos. Phiri está com julgamento marcado para 25/4, e pode pegar até dois anos de prisão.


Segundo o jornal estatal Herald, o jornalista foi indiciado por assinar um artigo no Zimbabwean afirmando que generais do Exército teriam ordenado que o presidente Robert Mugabe deixe o poder para abrir caminho a um governo militar. Ele também teria escrito sobre a existência de um ‘esquadrão do terror’, comandado pelo partido de situação e responsável pela tortura de ativistas de oposição.


No mês passado, o Zimbabwean noticiou que a vice-presidente, Joyce Mujuru, teria deixado seu posto em meio a uma revolta no partido de Mugabe. O governo negou a alegação. Ainda segundo o jornal, o marido de Joyce, o general aposentado Solomon Mujuru, poderia liderar um golpe para tirar Mugabe do poder. No passado, sugestões de desavenças entre soldados e de uma possível tomada militar do governo irritaram o presidente e militares de alta patente.


Após o Ato de Acesso a Informação e Proteção de Privacidade, em 2003, diversos jornalistas independentes – incluindo repórteres zimbabuanos trabalhando para organizações de mídia estrangeiras – foram presos ou espancados por militantes do partido do governo. Informações de Angus Shaw [AP, 6/4/07].


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Governo anuncia rádio contra propaganda ocidental


O governo do Zimbábue anunciou a criação de mais uma estação de rádio – a quinta sob administração estatal – para combater o que chama de propaganda ocidental contra o presidente Robert Mugabe. ‘Estamos sendo bombardeados pelas transmissões da mídia ocidental para nosso povo’, afirmou o ministro da Informação, Sikhanyiso Ndlovu, segundo a agência e notícias Ziana.


Segundo o diário estatal Herald, a estação de ondas curtas deverá ser inaugurada antes de 18 de abril, quando o país comemora seu 27º aniversário de independência. ‘Vai haver um desenvolvimento revolucionário na mídia. Nós poderemos contar nossa própria história’, completou Ndlovu.


O custo do novo empreendimento do governo zimbabuano deverá ser de US$ 39,6 milhões, segundo nota da AFP [6/4/07]. Com as crescentes críticas por parte de países ocidentais a suas políticas repressivas contra a oposição, Mugabe tem se voltado a países do oriente para estabelecer alianças. O anúncio da criação da rádio contra a propaganda ocidental foi feito logo após o ministro da Informação discutir com o embaixador do Irã, Rasoul Momeni, um acordo para reformar os estúdios de transmissão pública em Bulawayo, segunda maior cidade do Zimbábue. O Irã já financiou melhorias nos estúdios da capital, Harare.