Em sua coluna de domingo [8/4/07], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, trouxe uma informação importante para os repórteres sobre o ponto de vista dos leitores. ‘O que os jornalistas chamam de ‘leads narrativos’ funcionam como tortura para os leitores, que querem ir direto ao fato’, diz ela.
Leads clássicos – que respondem às seis perguntas básicas ‘quem, quando, onde, como, por quê, o quê’ – são mais freqüentes em matérias informativas, que trazem as notícias quentes. Já os leads narrativos costumam trazer uma nova perspectiva sobre o assunto, especialmente quando os leitores já ouviram ou leram sobre o caso no rádio, TV ou internet. Eles surgiram nos anos 70, com o objetivo de atrair os leitores. Na época, pesquisas mostravam que os leitores queriam um elemento humano e os repórteres gostavam do estilo literário. Hoje, este estilo não agrada tanto ao público, que reclama de ter que ler vários parágrafos para saber exatamente sobre o que a matéria está tratando.
Quando Deborah escreveu em sua coluna do dia 11/3 sobre o tamanho ideal dos textos jornalísticos, ela recebeu muitas opiniões de leitores sobre o tema – a maior parte deles pedindo que os artigos fossem curtos e outros reclamando que alguns repórteres do Post insistiam em não ir direto ao assunto. Alguns alegam que a questão não é o tamanho da matéria, mas o tempo que se leva para descobrir sobre o que ela é. ‘O lead narrativo funcionou no período pré-internet. Hoje, as pessoas têm muitas fontes de informação. Então é melhor ir direto ao ponto. Se você não atrair o leitor logo nas primeiras frases, você não vai conseguir mais sua atenção’, escreveu a leitora Ann Schappi.
Respeito ao tempo
Para Deborah, isto é fácil de dizer, mas não de ser feito. Muitos repórteres gostam de escrever uma boa narrativa. Ao analisar as edições da semana passada, a ombudsman notou que a capa e a seção metropolitana continham 25 leads clássicos e 19 narrativos. A seção de estilo tem mais leads narrativos, enquanto a de economia apresenta uma mistura dos dois. Já na seção de esportes, os narrativos dominam – até porque os leitores já sabem o resultado final dos jogos na noite anterior.
Quando Deborah era editora, sua regra era: o leitor tem de saber qual é o assunto até o quarto parágrafo. ‘Não importa como é escrito, um lead deve atrair a atenção do leitor. Se ele não o faz, não cumpriu seu objetivo. O Post deve respeitar o tempo dos leitores ao deixar claro rapidamente sobre o que é a matéria’, conclui.