GOVERNO LULA
Quem vai brifar Lula sobre TV?, 12/04/07
‘Nelson Hoineff, presidente do Instituto de Estudos da Televisão, abriu uma diferente linha de debate sobre a televisão pública anunciada pelo governo, em artigo no GLOBO (9/4, página 7).
Hoineff desde logo reconhece que é essencial porém fácil entender a diferença entre TV estatal (‘um simples meio de difusão das ações do governo’) e TV pública. O problema mais complicado – afirma Hoineff – é entender o que o governo chama de ‘pública’.
Como prova da visão confusa do governo, cita palavras do presidente Lula na posse de novos ministros em 5/4: ‘O que nós queremos é dar oportunidade para que um jovem, que queira aprender português, possa ter aula de português às 9h da manhã, às 11h. Que as pessoas possam assistir a uma peça de teatro pela televisão a uma hora da tarde, ao meio-dia. Que a gente possa ensinar espanhol, ler inglês, que a gente possa ensinar matemática.’
Boa televisão pública não é escola, rebate Hoineff, é, antes de tudo, televisão. E não substitui professores ou reproduz concertos. ‘É a que revela as potencialidades e a grandeza do veículo em níveis que não podem
ser explorados pela TV comercial. (…) A que dialoga com a diversidade da produção audiovisual, manifesta pela produção independente. A que não reproduz pobremente os modelos existentes. (…) A boa televisão pública é a que lança o olhar sobre o novo.
O perigo aparece mesmo, segundo Hoineff, quando o presidente Lula diz que a TV pública ‘é para apresentar a informação como ela é, sem pintar de cor-de-rosa. Mas sem pichar’
O governo anunciou que está preparando o projeto da TV pública e vai apresentá-lo dentro de 30 dias. Mas é evidente que pelo menos até ninguém havia explicado direito a Lula o que está sendo urdido em outras salas do Palácio do Planalto. Com certeza, nem Franklin Martins nem Eugenio Bucci foram consultados sobre aquela incrível explicação apresentada na posse de ministros, sobre a qual Hoineff fez um diagnóstico talvez cáustico demais, mas certamente preciso: ‘Como programador de televisão pública, Lula é visivelmente um bom metalúrgico’. Quem terá sido: Hélio Costa, Luiz Gushiken, Luiz Dulci, Gilberto Carvalho?
Tudo parece indicar que Franklin Martins está agora no comando da costura dessa definição com noticiário não-pintado de rosa nem piche. Ele tem na cabeça a BBC como modelo de televisão pública, bela folha corrida de jornalista, e já mostrou compromisso com a ética e a correta informação.
Bucci, da Radiobrás, também demonstrou esse compromisso e disposição de lutar por ele. Em todo o seu trabalho como jornalista, a defesa da televisão pública teve muitos pontos de semelhança com as idéias de Hoineff.
Mas há muito mais gente metida no assunto e, nesses 30 dias de preparação do projeto, o pau deve estar comendo em muitas salas do Planalto.
Quando voltar a falar do assunto, Lula seguramente terá idéias renovadas sobre a programação da TV pública que deseja. E não será difícil identificar os vencedores da batalha.
(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
MAINARDI vs. FRANKLIN
Ivanisa Telteroit, esposa de Franklin Martins, comenta coluna de Diogo Mainardi, 16/04/07
‘Em sua coluna desta semana em Veja, Diogo Mainardi realiza seu quinto ataque em menos de um ano e meio contra o secretário-geral de Comunicação Social do governo, Franklin Martins, centrando o texto em uma conversa telefônica entre ele e a esposa do jornalista. ‘Ele tem um lado literário e coluna dele um tom de galhofa. Não acho que haja um viés ideológico, uma tentativa deliberada de destruir e atacar pessoas. Acho que ele atua num campo da ficção, de criação de personagens’, avaliou Ivanisa Telteroit Martins, esposa de Franklin, sobre o comportamento de Mainardi.
Antes de ‘A esposa de Franklin Martins’, sua coluna desta semana, Mainardi já havia citado Ivanisa em outras três ocasiões, utilizando o cargo que ela ocupava como assessora parlamentar como fruto da influência política de seu marido. A psicanalista, que possui mais de duas décadas de carreira no funcionalismo público, recebeu manifestação de apoio de diversos membros da liderança do governo no Senado, que se comprometeram a testemunhar em seu favor.
Por telefone
A conversa telefônica entre ela e Mainardi ocorreu na noite de 18/03, véspera da publicação da edição de Veja que trouxe a coluna ‘Minha pastinha implacável’. O texto foi publicado em resposta ao convite feito por Lula a Franklin para que aceitasse o cargo de ministro, que foi encarado por Mainardi como comprovação das relações escusas entre o jornalista e o governo petista.
Esperando, com razão, que a coluna fosse sobre seu marido, Ivanisa ligou para Mainardi para oferecer mais dados ao articulista. ‘Ele sustenta a informação dele no depoimento de 15 jornalistas em off, então eu achei que a melhor fonte seria a própria pessoa que ele está atacando’, afirmou. Mainardi alegou que o texto já havia sido enviado e que ele não poderia fazer mais nada a respeito. Os dois seguiram conversando e o articulista obteu aí munição para seu último texto.
‘Na primeira coluna eu era uma virgula, na segunda um parágrafo, na terceira virei dois parágrafos e negrito e na quarta eu perdi meu nome, me tornei a mulher do ministro. Na medida que a gente se falava, ele começou a perceber que eu não era uma ficção, que eu existia. É muito difícil alguém que constrói um personagem durante um ano se deparar com a pessoa real. Ele passou por um desmonte de sua própria ficção’, considera a psicanalista.
7º round
O histórico do conflito entre Mainardi e Martins remonta ao Tribunal Macartista Mainardiano, mencionado na coluna ‘Observatório da Imprensa’ na edição de 05/12/05 de Veja, onde o colunista acusa diversos jornalistas, inclusive Franklin, de ligações com o PT. Em resposta, Martins afirmou ao Comunique-se que ‘Ele tem todo o direito de falar o que quiser. Acho que jornalista não é notícia’.
Em 19/04/06, no texto ‘Jornalistas são brasileiros’, Mainardi foi além, acusando alguns jornalistas de frouxidão moral e Franklin Martins de exercer tráfego de influência para colocar tanto sua esposa quanto seu irmão em cargos importantes. Foi a primeira menção a Ivanisa. Em resposta, Franklin enviou para a Abril e para o Comunique-se seu ‘Desafio a um difamador’, onde afirmava que se Mainardi apresentasse um único senador que confirmasse que foi pressionado pelo jornalista, ele abandonaria sua carreira, mas que, caso não conseguisse, seria o colunista que deveria abandonar a sua.
O desafio não foi aceito, mas Mainardi voltou à carga na edição seguinte, de 26/04/06. Em ‘Franklin, o ‘conceituado’, escreveu ‘Eu sei que Franklin Martins jamais pediu algo a um senador. (…) Foi-lhe oferecido. Ele simplesmente aceitou’. No mesmo texto afirmou que Martins participou da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, no caso que derrubou o ex-ministro Antonio Palocci.
Em resposta a essa coluna e principalmente, segundo o próprio, pela recusa da Abril de publicar seu desafio nas páginas de Veja, Martins entrou com processos criminais contra Mainardi e a editora, que seguem na justiça. Pouco tempo depois, o jornalista foi demitido da Rede Globo e, em mais de uma entrevista, afirmou que acredita haver ligações entre as colunas de Mainardi e seu desligamento da emissora, o que é negado pela Globo.
Já este ano veio ‘Minha pastinha implacável’ e, finalmente ‘A esposa de Franklin Martins’, onde Mainardi afirma ser o responsável por Franklin ter saído da Globo e, conseqüentemente, por sua nomeação como ministro.
Franklin Martins não foi encontrado para comentar o último texto de Mainardi.
Abaixo, segue a íntegra de ‘A esposa de Franklin Martins’.
Ninguém mais quer derrubar o Lula. Eu quero. Eu o derrubaria todas as semanas. Em vez de perder tempo comigo, leia atentamente a reportagem sobre Jader Barbalho. Se dependesse de mim, o caso derrubaria o presidente agora mesmo. O que falta para pedir a abertura de uma CPI da Bandeirantes? O que falta para responsabilizar Lula pelo rolo de 80 milhões de reais?
Deve ser bom derrubar um presidente. Deve ser bom derrubar qualquer político. Apesar de meu fervor golpista, só tenho o poder de nomeá-los. Eu nomeei Franklin Martins. Ele virou ministro porque foi afastado da Rede Globo. E ele foi afastado da Rede Globo porque mostrei que sua mulher era assistente parlamentar do então líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.
Outro dia a mulher de Franklin Martins me telefonou. Eram 10 da noite. Falamos por mais de uma hora. Muito educadamente, ela me apresentou seu curriculum vitae e perguntou que cargo eu autorizaria que ela ocupasse a partir de agora, com a ida de Franklin Martins para o ministério de Lula. Respondi que ela poderia ocupar qualquer cargo no funcionalismo público, menos um cargo comissionado, como o que tinha no gabinete de Aloizio Mercadante. Ela achou ruim. Muito ruim. Para lá de ruim. Ponderou que, sem um cargo de comando, à altura de sua capacidade profissional, acabaria limpando as botas dos apadrinhados dos políticos. Repliquei que ela teria de se contentar em limpar as botas dos apadrinhados dos políticos enquanto seu marido fosse ministro. É isso: sou um fracasso na hora de derrubar o presidente, mas posso decidir o emprego do ministro e da mulher do ministro. Já tenho um futuro como lobista. No melhor dos casos, serei parceiro de Lulinha. No pior, de Vavá, o irmão de Lula.
A popularidade de Lula impediu até hoje que ele fosse derrubado. Eu refletia a respeito do assunto enquanto lia Os Homens que Mataram o Facínora, livro que narra a história dos soldados que perseguiram, assassinaram e degolaram Lampião. O fato de refletir a respeito de Lula durante a leitura de um ensaio sobre cangaceiros pode indicar uma certa obsessão de minha parte. É verdade. Ocupei-me de Lula por tanto tempo que o caso já se tornou patológico. Vejo sua imagem estampada em todos os lugares. Vejo-a na mancha de café do sofá da sala. Vejo-a no bolor do queijo parmesão. Vejo-a na marca de suor da camisa do porteiro. É meu sudário blasfemo.
Sociedades arcaicas tendem a cultuar o banditismo. Foi assim na Inglaterra do século XIV. Foi assim na Itália do século XVI. A gente ainda está estacionado nessa fase. Por isso os cangaceiros entraram para o imaginário nordestino. Por isso Lula foi reeleito. Mas um dia tudo muda. Como eu sei? A marca de suor na camisa do porteiro mostrava uma cabeça degolada.’
TV CULTURA
Markun é consenso no Conselho da Cultura, 13/04/07
‘O nome de Paulo Markun foi o único que conseguiu unir todas as correntes presentes dentro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, e deve ser o escolhido para suceder a Marcos Mendonça na presidência da instituição. O período de três anos do mandato atual está próximo ao fim e os conselheiros devem aprovar o nome de Markun na reunião do dia 07/05.
Entre conselheiros natos, vitalícios, eletivos e um representante dos funcionários, o Conselho Curador da Fundação reúne 47 nomes das mais diversas áreas. As 20 vagas de membros natos são reservadas a nomes que ocupam cargos como a reitoria da USP, a Secretaria Estadual de Cultura e a presidência da Fapesp. Como a grande maioria desses nomes é escolhida pelo governador de São Paulo, abre-se brecha para interferência política nas decisões dos rumos da Padre Anchieta, que, em tese, deveria ser completamente independente do Estado.
Outra brecha é causada pela dependência financeira da Cultura, que recebe verbas do governo paulista. Por lei, o governo é obrigado a repassar recursos para a fundação, mas não está estabelecido quanto, o que rende ao político da vez um instrumento de pressão sobre a emissora. ‘Na lei que criou a TV Cultura é bem claro que a instituição tem uma independência intelectual, política e administrativa. Agora essa independência só será total quando ela for também financeira, quando o dinheiro vier como uma obrigatoriedade’, avalia Jorge da Cunha Lima, presidente do Conselho Curador da Padre Anchieta.
Ele avalia que, apesar da influência do governo paulista ser inevitável, o Conselho da fundação é de fato independente e, desde que Paulo Maluf demitiu por decreto todos os conselheiros e teve sua decisão anulada pela justiça, nenhum outro governador foi tão ousado. Apesar disso, reconhece que nos últimos dois anos a interferência política aumentou: ‘Tem havido indicações regulares e indicações impositivas e isso a gente precisa evitar’, afirmou.
Neste contexto de conflitos entre tendências dentro do Conselho, o nome de Markun foi o único que obteve apoio de todos os setores. ‘Como se chegou a um nome que é da casa e que possui prestígio jornalístico foi mais fácil’, atestou o presidente do Conselho. Ele avalia que, mesmo a candidatura de Markun sendo a única, e por isso consenso, dificilmente ele terá unanimidade dos votos. Nunca um presidente da Padre Anchieta foi eleito de forma unânime.
Apesar de falho, Lima considera o modelo de gestão da fundação como o mais livre dentre as TVs públicas do País e o defende como base para a criação da TV pública que o Executivo nacional pretende criar. Ele aponta um conselho com gestão independente e recursos advindos da sociedade e do governo de forma estável como pontos fundamentais para a liberdade do órgão que será criado.
Paulo Markun foi procurado pela redação para comentar as declarações de Jorge da Cunha Lima, mas ele está viajando e não pôde ser localizado.’
MERCADO EDITORIAL
O Povo do Rio vende parte do jornal e inicia reformulação, 12/04/07
‘O Jornal O Povo do Rio, da Panorama Baixada Comunicação, vendeu 49% de suas ações para o empresário Waldemar César Ramos. De acordo com Alberto Ahmed, presidente do jornal, o objetivo seria ‘dar um upgrade’ no veículo. ‘Já estamos implementando mudanças na redação, na distribuição e também teremos contratações e ampliações. Vamos voltar a produzir reportagens na madrugada’, declarou Ahmed.
Mudanças
Anteriormente um jornal que privilegiava fotos de cadáveres e a busca pelas situações mais bizarras possíveis, O Povo do Rio teve a primeira reformulação em 2006. De acordo com Cláudia Morais, editora-chefe, a tendência é que o jornal se afaste cada vez mais da antiga linha editorial.
‘Nosso carro-chefe continua sendo polícia, mas com outra abordagem. Vamos aumentar o número de cadernos e investir muito na prestação de serviços e em matérias sobre educação, economia doméstica e comunidades. Nossa proposta será aumentar o número de páginas’, contou a jornalista.’
JORNALISMO & TECNOLOGIA
Novidades que chegam com a tecnologia, 11/04/07
‘A edição desta semana da versão impressa deste Jornalistas&Cia destaca duas novidades que são puro fruto do avanço da tecnologia e da criatividade.
Uma dessas novidades vem do meio rádio, o que sem dúvida é auspicioso e motivo de alegria para os aficionados do meio. Pode até parecer traição, mas é na verdade uma evolução, possível graças à revolução tecnológica dos tempos atuais.
Revelado o santo, vamos ao milagre. O Jornal da CBN, que vai ao ar diariamente pela Rádio CBN, das 6h às 9h30, agora também pode ser ‘assistido’ de 2ª a 6ª feira pela TV CBN no site da emissora (http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/). Duas câmeras instaladas no estúdio acompanham a narração do âncora Heródoto Barbeiro, ampliando as opções de quem já ouve o jornal pela internet.
Heródoto informa haver por parte da CBN uma aposta cada vez mais firme na internet como propagador do rádio e não como concorrente dele: ‘A internet é uma estrada por onde trafegam sons, imagens, arquivos, interatividade. Se já transmitimos o jornal lá, por que não permitir que o público veja o que acontece no estúdio? Nós, do rádio, temos que fazer uma guerra de guerrilha para garantir o nosso espaço e por isso precisamos ocupar todas as brechas que surgem’.
O apresentador esclarece que, embora chamem de tevê essa iniciativa, eles não estão fazendo televisão, mas rádio com imagem, pois esta é subsidiária. E vão ampliar em breve a experiência, primeiro com uma câmera focada no locutor que lê o Repórter CBN (noticiário resumido a cada meia hora) e, em seguida, com webcams nos computadores dos comentaristas que entram ao vivo, como Miriam Leitão, que fala sobre Economia, e Lúcia Hippólito, de Política. ‘No futuro, vamos chegar também aos celulares, apesar da concorrência da tevê digital. Temos que globalizar cada vez mais a nossa programação, dando ao público a opção de ouvir a rádio no carro, no celular, no computador, onde ele puder nos acessar’.
Diante da velocidade com que a tecnologia avança, pôr imagem em transmissões de rádio pode até não ser uma coisa tão revolucionária assim. Porém, o que a CBN fez foi colocar o ovo em pé, abrindo caminho para que várias outras emissoras façam o mesmo, já que esse é realmente um serviço a mais que se presta aos ouvintes e ao público em geral.
Mas há uma outra novidade que acabamos de descobrir que é ainda mais inusitada, como os leitores deste Comunique-se poderão constatar.
Como diria um primo caboclo lá do interior, da cidade de Jaú, escuta só o cheiro.
O Second Life, uma espécie de jogo online em que as pessoas criam personagens (avatares) para viverem situações do dia-a-dia num universo virtual e que já tem 5,2 milhões de adeptos em todo o mundo (pouco mais de 300 mil no Brasil, com idade média de 33 anos, 53% homens), ganhará uma interface em português a partir do próximo dia 23/4 e, com ela, uma edição virtual da revista Vip (Abril).
Isso mesmo, a revista Vip vai ter uma edição ‘real’ nesse universo irreal.
Uma empresa brasileira, a Kaizen, licenciou no País o uso da marca Second Life e acertou com a revista a criação de uma redação naquele universo, a ser lançada com a entrada oficial da marca no Brasil. Será a primeira revista a ter uma redação no Second Life.
Edson Rossi, diretor de Redação de Vip, informa que ela será como a Vip em papel, mas visualizada no tamanho da tela do computador, e que a edição de estréia terá capa com uma musa do Second Life, uma avatar famosa, e o respectivo ensaio sensual (‘Sem nu, claro!’), o Talk Show (a seção Entrevista, da Vip papel) com um personagem local, um avatar interessante, mais o conteúdo restante da Vip impressa.
‘No médio prazo, a idéia é que 100% da Vip Second Life seja feita lá’, diz Edson. ‘O objetivo nº 1 não é fazer dinheiro, mas marca. E ser não só a primeira, mas também a melhor publicação daquele universo. Com outra vantagem: lá, nossa redação virtual ficará de frente para o mar’, brinca.
E antes que alguém encare isso apenas como uma divertida doideira, ele lembra que esse universo virtual movimenta dinheiro real (hoje já são US$ 1,5 milhão por dia), pois os avatares precisam comprar coisas para ‘viver’, e que, segundo a Kaizen, os jogadores brasileiros deverão chegar a 2 milhões até dezembro.
Quem viver verá!
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
INTERNET
Futuro da Web? Façam suas apostas!, 12/04/07
‘O British Council realizou nesta segunda-feira o evento ‘Tendências da Comunicação Online’ no Rio de Janeiro. Entre os palestrantes, dois colunistas deste Comunique-se – eu e Cássio Politi, nosso ombudsman.
A noite foi divertidíssima. Falamos mal das faculdades de Jornalismo, alertei que nenhum calouro pode acreditar que já é regra alguém sustentar a família criando um blog, e a noite por pouco não foi engolida por um assunto mais-que-necessário, porém enfadonho, que é a obrigatoriedade do diploma… Pano rápido, por favor! 😉
O tom geral das palestras, é óbvio, foi o futuro próximo, o que pela frente na internet. Yami Trequesser, amiga de longa data (ela ‘surgiu’ para o mercado no ‘Aqui!’, o noticioso do Cadê?, há quase dez anos) citou cinco ‘mini-tecnologias’
que vão mexer com o usuário que produz conteúdo para a web, e está chamando a atenção das agências de publicidade na Europa. Asbrúbal Figueiró, do site da BBC Brasil, contou os prazeres – e agruras – de como lidar com um site onde o real time não é retórica e a criação de vídeos, uma obrigação.
Cássio fez festa da galera ao desvendar o estranho mundo dos leitores que comentam matérias – eu, você, ele, todos nós. E eu decidi encarnar o Nostradamus e ver o futuro… Resta saber se sofro de miopia, mas vamos lá. Às apostas!
– A palavra é tudo, mas o vídeo não era o must?
Para sentir o peso da importância da palavra como ‘sinalizadora’ de conteúdo na Rede – seja texto, foto, vídeo, ilustração e tudo mais – a BusinessWeek dedicou um especial de peso ao assunto ‘Web Semântica’. Mas, peraí, o vídeo não era o Eldorado da web? E a TV digital, não ia revolucionar nossas vidas? E o video iPod? E a Apple TV? E isso? E aquilo? Muita calma: pode até ter lugar para os dois no panteão da Informação na internet, mas a briga está apenas começando.
– A Arquitetura da Informação morreu
Hoje, não há boa estrutura de sites que sustente a tonelada de informações que a maioria das páginas contém. Éramos felizes quando bastava um pouco de raciocínio e um fluxograma redondinho. Depois, os arquitetos da informação entraram em cena para encarar o pior: como ajudar o usuário a encontrar as informações que procura sem se perder para sempre em um site. Em 2007, já não basta – agora é a hora de repensar o que precisa fazer papel de ‘ponta de iceberg’ nas primeiras páginas dos sites e mostrar apenas o que o usuário quer ver… Missão impossível? Nem tanto: basta checar o que a Disney americana fez em seu novo site, recém-lançado, ou como a Nestlé brasileira está divulgando as marcas de seus produtos no nestlé.com.br.
– A vingança dos portais
Lembra-se de quando os portais queriam dominar a web, lá pelos idos de 1997/1998? A América Online bem que tentou, mas era muita pretensão achar que os usuários da Rede iriam escolher este ou aquele site como o ‘cais’ para começar a navegar, toda vez, pela web. A não ser que ele mudasse de idéia… E não é que ele mudou? Hoje, os sites mais acessados da internet são os portais MSN, Yahoo e… AOL! Isso, sem falar no Google, que corre por fora, mas desencadeou o retorno dos que não foram. Vem mais por aí…
Exercício de futurologia? Sem dúvida alguma. Mas é bom arriscar de vez em quando – vai que eu acerto? 😉
E você, não arrisca uma previsão? Como você vê a web daqui a cinco, seis anos?
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
Antonio Brasil
ABC News cria telejornal exclusivo para internet, 9/04/07
‘Deve ser o começo do fim dos telejornais como conhecemos. Os telejornais exclusivos para a TV parecem que estão com seus dias contados.
A rede de TV americana ABC anunciou que já está transmitindo um jornal de 15 minutos ao vivo com conteúdo original para a Internet ancorado pelo seu principal jornalista, Charles Gibson, substituto do falecido Peter Jennings. Pelo jeito, a tão anunciada e esperada migração dos telejornais para a Internet já começou.
Sinto que vejo o futuro hoje. E já não era sem tempo. Os telejornais como conhecemos estão cada vez mais chatos, perdem audiência e anunciantes. Viraram programa de velho que desconhece a Internet.
Há muitos anos apostamos na migração da TV e dos telejornais para a Internet. Aqui na UERJ, desde 2001, abandonamos as TVs ‘ditas’ universitárias e produzimos telejornais ao vivo com conteúdo original criado por alunos especialmente para a Internet. Desenvolvemos novas linguagens e ferramentas para o jornalismo do futuro. Esse também foi o nosso tema de pesquisa de pós-doutorado nos EUA. Já naquela época acreditamos na migração dos telejornais para a rede.
Agora, o principal jornal da ABC, o World News Tonight with Charles Gibson já pode ser assistido em versão digital em qualquer lugar do mundo – inclusive no Brasil – no site da ABC News (ver aqui e clique em Daily webcast) diariamente às 3:00 p.m., ET, horário da costa leste americana ou 17h, Brasília).
Trata-se de uma proposta ousada e radical. A concorrência e a crítica observam com atenção. Ao contrário das propostas anteriores, inclusive a do nosso velho JN da Globo, o telejornal da ABC para a internet tem conteúdo e formatos originais. Além disso, conseguiu o mais difícil: o direito de furar o principal telejornal da rede. No momento, desenvolve novas tecnologias e forma uma equipe de jornalistas que vão interagir entre a Internet e a TV para produzir os novos telejornais da emissora.
TV digital de verdade
Aos poucos, a redação digital, aquela mesa isolada ou aquela salinha com alguns poucos profissionais está avançando e tomando conta da redação principal. Aqueles jovens e outros não tão jovens que adoravam computadores e acreditavam no poder da Internet estão assumindo os postos de direção nos departamentos de jornalismo das redes americanas. Nada mais natural. Sinal evidente dos novos tempos. Assim como a TV, aos poucos, superou o rádio, o jornalismo digital assume caráter hegemônico e avança contra o meio televisivo.
A TV digital de verdade está na Internet. A TV digital que está sendo implantada no Brasil visa agradar radiodifusores poderosos. Não passa de mais do mesmo com imagem melhorada.
A ABC News está indicando um novo caminho para a televisão aberta. O telejornal transmitido na Internet, além de buscar um público que há muitos anos abandonou a TV, também pretende ser um laboratório para linguagens e conteúdos que serão utilizados pelos jornais da rede.
A ABC News também anunciou a promoção de Jason Samuels. Ele era responsável pelo conteúdo jornalístico do site da emissora e agora será encarregado de todo o conteúdo digital do principal telejornal da ABC, o World News Tonight. Samuels vai supervisionar as transmissões digitais dos repórteres e correspondentes estrangeiros via banda larga para o novo telejornalismo digital da ABC e promover uma integração ainda maior com o site principal da rede, o ABCNews.com. ‘Trata-se de um novo jornal para uma nova geração de usuários digitais’, afirmou Samuels no noticiário da emissora. Uma proposta inovadora para uma TV que perde audiência para a Internet e até mesmo para os videogames. E pelo jeito, a ousadia da ABC parece estar dando certo. No último mês de março, pela primeira vez desde 1996 a rede americana conseguiu superar o até então ‘imbatível’ Nightly News da NBC.
Nada como haver competição entre os telejornais de um país. Nos EUA não há monopólio de audiência em um único telejornal noturno.
Aos poucos, passo a passo, a Internet invade os telejornais.
Enquanto isso, aqui no Brasil, o ministério das comunicações anuncia nesta segunda a concessão dos canais digitais para alguns poucos radiodifusores. Os mesmos de sempre. E investimos milhões – só a migração das TVs educativas estatais custará cerca de R$ 240 milhões – para promover uma TV digital que já nasce velha, condenada à morte prematura.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’
MERCADO DE TRABALHO
Lembrete aos incautos, 10/04/07
‘‘Por trás do texto espirituoso há um assunto sério. Na nossa profissão não há estabilidade, segurança. A certeza de hoje é a dúvida de amanhã. No jornalismo a rotatividade é maior que a de um puteiro à beira do Araguaia. Certa vez eu recebi uma mensagem do SindJor, pedindo colaboração para custear o sepultamento de um colega do primeiro time, de quem eu era fã. Pensei: ‘pô, se o fulano morreu nessa situação, então eu estou realmente encrencado’. Passei por vários momentos difíceis, dos quais eu não quero lembrar. Quem me acudiu foram os verdadeiros amigos. Com a família não conto, nunca contei. Melhor assim. Aprendi que, de uma forma ou de outra, quando a gente menos espera, o perrengue passa. Daí poderemos conferir no futuro, quando estivermos cinza, a velha máxima: ‘os maus tempos passaram; foram os melhores anos de nossas vidas’.
O comentário acima é do meu amigo Fábio José de Mello. Foi postado sob uma crônica de minha autoria publicada na seção literária deste portal. O título: O que um novo-pobre precisa saber. O Fábio tem razão: o humor é um meio de chamar a atenção para coisas que nos incomodam. A pobreza é uma delas. Por mais que determinadas correntes filosóficas e religiosas lhe apontem a virtude, não a desejamos para os nossos filhos. É certo que há duas maneiras de confrontá-la: sob o signo do desespero revoltoso e sob a tranqüilidade possível, dentro de certos limites. Nos tempos das vacas magras, prefiro trazê-la junto a mim como a melhor das professoras: em seis meses de pobreza, pode-se aprender o que não se aprende em oitenta anos de vida- desde que haja disposição para tirar o melhor do pior.
Refiro-me à pobreza material. Dentro dos meus próprios valores (não sei quais são os do leitor), penso que esta tem jeito. A outra também, mas é mais grave e mais difícil de superar. Pobreza de caráter é como um câncer desembestado. Mais do que isso: é epidêmico. Chego a dizer que, em todo o mundo, há mais pobres de caráter que de recursos materiais. Dou-lhe duas evidências. A primeira, de que há mais gente inconfiável do que verdadeiramente honrada: se o número de pessoas confiáveis fosse maior, não diríamos que contamos os nossos amigos em apenas alguns dedos de uma só mão. A segunda é uma inferência matemática: a pobreza moral está contida na fraqueza do pobre e do rico. Note-se que não sou dado a exaltar a pobreza material como a suprema virtude dos doces excluídos. Trata-se de uma verdade cristã que não me satisfaz. É como diz o meu pai: nem todo rico é mau-caráter; nem todo pobre é virtuoso. Depreende-se, aliás, dessa afirmação, a má-vontade para com os bem-sucedidos: dizer que ‘nem todo rico é mau-caráter’ é o mesmo que dizer ‘quase todo rico é mau-caráter’- o que é uma verdade ou uma mentira relativa. Da mesma forma que dizer que ‘quase todo pobre é um rico que não tem dinheiro para ser mau-caráter’. Porque o foco é este: quanto mais se tem, mais se quer e menos se divide. A riqueza material aprisiona a maioria daqueles que se lhe deixam tocar. Repito: a maioria. Jamais defenderia essa impropriedade que se chama luta de classes. Porque o problema não reside simplesmente em quem tem e em quem não tem, mas em como educar os que têm e os que não têm.
Em suma: precisamos educar os ricos e os pobres. Precisamos educar os analfabetos e os eruditos. Este é um mundo mal educado. Por conseguinte, eivado de futilidade e de egoísmo, para cima e para baixo.
Faço este arremedo de reflexão para compartilhar as minhas preocupações. O Fábio José de Mello tem razão ao citar o caso do jornalista importante que, infelizmente, não teve onde cair morto. Diante de uma situação como essa, quero sugerir uma contribuição ao nosso meio: mais do que pensarmos em emprego e em melhores salários- fatores importantes mas que, de modo geral, dependem de contingências e por isso mesmo nos fogem ao controle-, deveríamos ser ‘disponíveis’ em nossas relações profissionais. De que forma? Olhando para o conjunto e identificando os problemas. Buscando ajudar os que, nesta etapa da vida, estão comendo o pão que o diabo amassou, mastigou e cuspiu. Chamam isso de solidariedade, palavra que, de tão gasta, passou a soar piegas e sem sentido. De qualquer modo, tenho para mim que os seres educados têm de ser, necessariamente, solidários. Pois a verdadeira educação pressupõe a companhia da verdade. E nada mais verdadeiro do que a aceitação do real, aquele que nos mostra que há dias ensolarados e outros chuvosos, assim como há a noite e há o dia. Para todos.
Neste eterno devir, aprende-se com o sorriso e com o choro. Aprende-se com a própria experiência e com as vicissitudes dos outros. O que esperar de um mundo que enterra um Mozart como indigente? Se a morte não existe, Mozart deve estar agora a vomitar nas nossas homenagens. Da mesma forma que os grandes desta nossa profissão, esses que estão esquecidos e mal pagos, haverão de assombrar a consciência futura desse sem-número de burocratas moderninhos que administram o dia-a-dia como se fossem, se não o sol, a própria galáxia. A esses desalmados faço um lembrete naturalista: toda estrela nasce, envelhece e morre. Às vezes, morre mais rápido do que a gente imagina. Morre antes da morte. E pode servir de exemplo para o que não deve ser feito. Ou para o que deve.
Se há algo a aprender com a pobreza e com a derrota é isto: ambas são democráticas, felizmente. Hão de servir para alguma coisa.
Ainda há tempo, senhores…
(*) Jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, escreveu quatro livros, um deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’
CRÔNICA ESPORTIVA
Eu não gosto de Chico Buarque, 10/04/07
‘Olá, amigos. O título desta coluna deve ter chocado muitos, e este era o objetivo mesmo. Para grande parte das pessoas, gostar de Chico Buarque é algo obrigatório. Não se entende como alguém pode não gostar da obra do compositor dos olhos azuis, mas o fato é que ela pouco me diz.
Do mesmo jeito, muitos jornalistas se apegam a um chavão e tecem seus comentários, análises e críticas baseados nestes chavões, nessas verdades absolutas, sem mudar jamais. Ou até mudando, mas apenas para se aterem a outro chavão. As frases feitas e as idéias eternas perduram e se tornam verdades imutáveis no meio do jornalismo esportivo. Delas não é permitido discordar, sob a pena de ser taxado de ‘sonhador’ ou coisa pior.
Duvido, por exemplo, que não receba olhares atravessados um jornalista que diga que admira determinada qualidade de Eurico Miranda, ou do falecido Caixa D’Água. Eles as têm, mas parece que é proibido reconhecer isso.
Outra: Romário, que há dois meses era descrito como um ex-jogador em atividade, hoje vira uma figura imprescindível e já é possível ouvir gente defendendo a sua presença em uma convocação para a seleção brasileira. A onda do ‘Gol 1.000’ criou a idéia de que Romário fez gols em todos os jogos, em todos os goleiros e por todos os times pelos quais passou. O que não é, em absoluto, verdade.
Há inúmeras verdades imutáveis no jornalismo esportivo, e no próprio esporte. Alguém tem coragem de dizer que achava Ayrton Senna uma pessoa antipática? Ou que Guga, longe das câmeras, não é exatamente o bom moço que os aparelhos de TV mostram? Certamente não, pois trata-se de duas das maiores figuras do esporte nacional, e questionar as suas imagens é algo que não passa pela cabeça de quase ninguém. Felizmente, existe esse ‘quase’.
É importante que o jornalismo esportivo seja um meio de questionamento, e não um reservatório de lugares comuns, onde todos devem rezar na mesma cartilha. A ‘patrulha ideológica’ não deveria existir no nosso meio, mas percebam que existe. Certamente muitos se revoltaram, ou se surpreenderam com o título da coluna, e mais certamente ainda alguns correram para a área de comentários para mostrar o tamanho do absurdo que o colunista teria ousado escrever.
Penso que o olhar crítico e desconfiado é uma das maiores virtudes de um jornalista. Quem consegue questionar a si mesmo sobre um pensamento tido como inquestionável certamente fará um jornalismo de muito melhor qualidade.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
DIRETÓRIO ACADÊMICO
Valores e princípios não são coisas genéricas, 13/04/07
‘O XIS DA QUESTÃO – É impossível entender a finalidade cívica de qualquer lei ou norma objetiva, se nela não enxergarmos os valores e princípios que lhe dão sentido e razão de ser. Assim, as normas práticas de qualquer boa política de comunicação social não podem ser pensadas apenas pelo critério da eficácia e da objetividade. Elas devem ter razões de ser, o que significa dizer, têm de estar conectadas a valores.
1. Razões de Tiné e Thomaz
O texto anterior da coluna recebeu dois qualificados comentários, um de Flávio Tiné, outro de Thomaz Magalhães, discordando da sugestão aqui dada a Franklin Martins, a de que o plano de comunicação do governo bem poderia começar com a seguinte determinação do ministro aos seus milhares de subordinados: ‘Estão proibidas ações de comunicação que prejudiquem, dificultem ou contrariem os objetivos fundamentais da República’. E lembrava eu que são três os objetivos fundamentais da Républica Federativa do Brasil: 1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária; 2) Garantir o desenvolvimento nacional; 3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
O experiente, brilhante e sério Flávio Tiné discordou porque, a seu ver, as sugestões eram genéricas. Careciam de objetividade e não tinham conteúdo prático. E Thomaz Magalhães reforçava a argumentação de Tiné, considerando genérico o artigo 3º da Constituição (aquele que estabelece os objetivos fundamentais da República). Para Thomaz, seria mais adequado colocar em placas preceitos constitucionais que tratam dos direitos à informação e à liberdade de expressão, de pensamento, de criação.
Quem me lê sabe que me oponho radicalmente a atitudes de polemizar que tenham como principal finalidade a destruição dos argumentos do outro. Assim, acho da maior importância que as divergências sejam fundamentadas em argumentos, respeitando-se as idéias divergentes. E assim fizeram o meu amigo Tiné e Thomaz Magalhães, a quem, pelo que me lembre, não tenho o prazer de conhecer. Por isso, em respeito aos seus argumentos, começo este texto valorizando-os.
Mas peço licença aos dois para lembrar que constitui risco intelectual de boa monta acreditar que, na organização social da vida, sejam coisas separadas ou seperáveis os princípios genéricos e as suas derivações práticas.
Assim como os artigos objetivos da legislação penal para os crimes contra a vida têm no seu âmago, como núcleo central implícito, o valor maior do direito à vida, também a legislação mais objetivo dos direitos fundamentais tem como núcleo central, inseparavável, os princípios maiores estabelecidos pelo artigos 1, 2 e 3 da Constituição.
Ou seja: não há lei sem causa, nem norma justa sem um valor que a justifique. E assim como o valor é o núcleo inteligente da norma, e dela inseparável, a causa geradora da lei na lei permanece, dando-lhe sentido e razão de ser.
O tal do ‘risco intelectual de boa monta’, a que me refiro atrás, está, extamente, na possibilidade de não se entender a finalidade cívica da lei objetiva, por não enxergarmos nela os valor e princípios que lhe dão sentido e razão de ser.
As normas práticas de qualquer boa política de comunicação social de um governo respeitável e respeitador não podem ser pensadas apenas pelo critério da eficácia, tendo em vista objetivos práticos. Elas devem ter razões de ser, o que significa dizer, têm de estar conectadas a valores e/ou princípios, que nelas permanecem como núcleo inteligente. Por isso, escrevi e repito:
O plano de comunicação do governo bem poderia começar com a seguinte determinação do ministro Franklin Martins aos seus milhares de subordinados: ‘Estão proibidas ações de comunicação que prejudiquem, dificultem ou contrariem os objetivos fundamentais da República’.
2. Os valores na realidade objetiva
A noção da relação indissociável entre o valor e a norma, entre a causa e a lei, deveria ser melhor estudada por todos nós. Porque sem esse ferramental filosófico (herdado de Kant e de outros que, depois dele, aperfeiçoaram a sua teoria de causalidade), não há como entender a realidade que passa diante dos nossos olhos, quando andamos, por exemplo, em metrópoles inchadas de problemas como São Paulo ou o Rio de Janeiro.
Conto uma experiência. Domingo passado resolvi aproveitar um horário de ruas vazias para petrambular de carro por vários bairros de São Paulo. Queria ver a cidade em plena aplicação da lei municipal que pretende acabar com a poluição visual dos outdoors.
Pode ser, até, que o prefeito Kassab tenha razões de estética urbana para a sua tão obstinada e demagógica luta contra a propaganda agressivamente visual nos espaços públicos. Mas, nos quase 70 quilômetros que rodei por São Paulo, na manhã de domingo passado, o que mais me chamou a atenção foi um outro tipo de aleijão urbano, o dos moradores de rua. Um aleijão social que fica ainda mais exposto sem os agressão visual dos outdoors e com as ruas vazias de carros.
São milhares, não sei quantos, sob viadutos, alpendres, sacadas ou árvores de copa fechada. E esse é um outdoor bem mais grave, bem maior e bem mais antiestético, que deveria ser vigorosamente eliminado das ruas de São Paulo – não porque a miséria exposta de quem nem onde morar escandaliza e assusta os turistas, mas porque essa miséria, exposta como está, nos envergonha. Ou nos deveria envergonhar. Não porque a cidade fica mais feia. Se essa fosse a razão, a solução seria fácil. Mas porque a exclusão social que tão fortemente marca o cenário vivo paulistano é um vilipêndio ao artigo 3º da Constituição, exatamente aquele que diz – e me permitam nova repetição:
São objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
1) Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
2) Garantir o desenvolvimento nacional;
3) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Assim como o sr. Gilberto Kasab ameaça com multas, e as aplica, a quem não retira os outdoors no prazo estabelecido pela lei, também ele deveria ser punido por cada dia que passa sem nada fazer para mudar a marginalização social da cidade em que é o governante-mor.
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NOTA DE RODAPÉ – Em tempo: este é um texto que tem a Ética como tema central, embora a palavra nem seja citada.
(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Decepção é isso!, 12/04/07
‘As pernas tremiam
e o coração pedia
para eu ficar em Siracuse
(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)
Decepção é isso!
O considerado Moisés Pregal, do Rio, vagueava seu olhar fotográfico nas páginas da edição online d’O Dia quando encontrou este título capaz de deixar qualquer um vesgo de perplexidade:
Corpos de três homens são encontrados boiando na Rodovia Manilha-Magé.
Corpos a boiar na rodovia!!! Taí uma imagem rara até nos pesadelos mais sinistros e tremebundos; nem mesmo na obra de Zé do Caixão encontrar-se-á algo parecido. Então Moisés, que já viu tantas e horribilíssimas criaturas na câmara-escura onde revela sua arte, tomou coragem e mergulhou no texto cujo lead assim esganiçava-se:
Rio – Soldados do 2º Grupamento Florestal do Corpo de Bombeiros, de Magé, resgataram na manhã deste domingo os corpos de três homens que estavam boiando no Rio Guapimirim, às margens da Rodovia Manilha-Magé, sob o viaduto de Guapimirim.
Decepcionado, o remetente debochou:
Pensando bem, boiar na estrada até que é mole; quero ver é afundar…
Janistraquis também ficou desapontado com o pífio desfecho daquilo que poderia ser uma história incrível, fantástica, extraordinária:
‘Considerado, sofri aquela sensação que hoje desanima os homens do meu tempo; a gente mete a mão para apalpar tremenda e provocante covanca e encontra uma glabra e tímida totonha…’
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E a cueca?
Janistraquis veio informar:
‘Considerado, depois de longos debates em plenário, a Câmara proibiu o uso de chapéu de couro e bombachas; as cuecas, porém, ainda estão liberadas.’
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Pênaltis
Sabem aquela história segundo a qual o pênalti é coisa tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube? Pois a decisão de ontem entre Vasco e Botafogo, que repetiu a tragédia vascaína na final da Taça Guanabara contra o Flamengo, deixou claro: Eurico Miranda bateria na bola muito melhor do que o craque argentino Dudar, por exemplo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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É fichinha
O considerado Marcio Antonio Campos, editor do Caderno do Estudante/Vestibular do jornal paranaense Gazeta do Povo, despacha de sua Redação em Curitiba:
Não pude deixar de notar uma bizarrice na capa do Estadão de ontem, 10 de abril, edição nacional (será que deu tempo de consertar na edição local?), sobre o jogo do Palmeiras contra o Guaratinguetá:
Sufoco! Palmeiras empata de virada
Campos, que ainda recomenda a leitura do mais-que-centenário jornal aos jovens leitores de seu Caderno, não reconhece grande façanha no, digamos, esforço de reportagem do vibrante matutino paulistano:
Afinal, depois que a Agência Estado conseguiu promover brigadeiro a coronel, empatar um jogo ‘de virada’ é fichinha.
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Sem preconceito
Marta quer a Copa, disse a chamadinha de capa do UOL. Então o considerado Mário Lúcio Marinho, veterano jornalista mineiro/paulistano, fez esta singela perguntinha: E por que não a cozinha?
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A rosa de Talis
Leia no Blogstraquis a íntegra de Primeira Visagem, poema cujo fragmento encima esta coluna e compõe o novo livro do poeta, Os Herdeiros da Rosa. Um exemplar, com bela dedicatória, acaba de pousar sobre a mesa de trabalho do colunista. Muito obrigado, mestre!
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Abram o olho!
Carta de leitor à Folha de S. Paulo em 6/4/07:
‘Ouvi de um amigo que ‘os militares se contentam com pouco’. O que aconteceu nessa crise confirma tal assertiva. Bastou Lula jogar seu ‘jogo de sedução sindicalista’ para os militares se julgarem atendidos (alguns militares, fique claro). Mas atendidos em quê? O presidente, ‘dando máquinas a ré’ na atitude estapafúrdia de dar ordem para não prender os amotinados, estava, tão-só, cometendo ato ilegal, acobertando criminosos, prevaricando.
Que se retire dos quartéis o cancro da insubordinação. Esse é o pouco que os militares exigem, em honra dos que dedicaram e dedicam suas vidas, para garantir Forças Armadas fortes, bem treinadas, coesas, capazes de garantir até o atual governo, legalmente constituído, enquanto ele não se desviar dos preceitos do Estado de Direito.’
MARCELO HECKSHER, coronel-aviador (Brasília, DF)
Janistraquis tem absoluta certeza de que esta cominação o coronel não redigiu sozinho.
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Adivinhe quem é
Janistraquis observou atentamente os últimos acontecimentos político-aeroespaciais e chegou à seguinte conclusão:
‘Neste país de m…, a incompetência tem nome, sobrenome e ocupa cargo de ministro.’
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Amigos da beldade
A coluna Holofote, de Veja, entrevistou a bela sílfide Ellen Jabour, que as revistas de fuxico garantem ser namorada de Fábio Assunção, o politicamente correto Daniel da novela Paraíso Tropical. Não como os meus amigos, declarou a moça:
Amo os bichos. Aliás, parei de comê-los porque os amo, e não como quem eu amo. Não como os meus amigos.
Veja – Seus amigos?
Ellen – É. Não como carne vermelha nem de frango há quinze anos. Peixe, parei de comer depois que abracei um enquanto eu mergulhava. Não dá para abraçar um amigo e depois comê-lo, né?
Emocionado e com a consciência em frangalhos, Janistraquis balbuciou:
‘Considerado, como fico nessa? Já comi e continuo a comer todos os amigos da Ellen Jabour…’
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Viva Palomino!
Desde que o considerado Ademar Avelino, de Porto Alegre, assinante da ESPN Brasil, criticou a ‘clarividência’ de um narrador da emissora (veja na coluna de 15/3/07, intitulada Maconha Tremebunda), Janistraquis se postou ao pé da TV, no intuito de observar melhor o profissional e checar a queixa do telespectador. Depois de alguns jogos, meu secretário apresentou relatório:
‘Considerado, acho que o nosso Ademar exagerou nas críticas; posso garantir que João Palomino e Paulo Calçade formam uma dupla muito competente e honesta, das melhores que temos nas transmissões esportivas.’
O colunista já sabia disso, porque acompanha os dois há muitos anos, além do Paulo Vinicius Coelho, o PVC, outro companheiro de Palomino nalgumas transmissões. PVC também integra o quarteto do melhor programa esportivo da televisão, Loucos Por Futebol, da mesma emissora. Ali, todos deitam e rolam, principalmente Celso Unzelte, misto de enciclopédia ambulante e humorista de grande excelência.
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Confusão
Janistraquis, que anda mais distraído do que o diretor da Abin e cada vez mais entrevado e cego, se chegou de cabeça baixa, a puxar de uma perna, com um recorte de jornal preso aos dedos deformados pelo ácido úrico, recorte no qual clamava o título:
Freira diz que foi curada após rezar para papa João Paulo 2º.
‘Considerado, você acredita que, em vez de curada eu li currada?!?!’, exclamou com meaculposo ganido.
Respondi que acreditava, sim; afinal, eu mesmo, que sempre me orgulhei de ser bem dotado do ponto de vista da concentração da atividade mental, sempre me atrapalho ao escrever as palavras obsta, orla, carália, etc. E olhem que nunca morei na perigosa Rua Bulhões de Carvalho, bem ali na divisa entre Copacabana e Ipanema.
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Nota dez
Escreveu Sérgio Augusto, este que é o melhor jornalista cultural do Brasil:
É com você mesmo que estou falando. Você, que se envergonha de ser brasileiro, que lamenta não ter nascido na Europa ou nos EUA, mesmo sabendo que o rabino Henry Sobel nasceu em Lisboa e criou-se em Nova York. Fico a imaginar a sensação de desalento que de você se apossou, nos últimos dias, ao tomar conhecimento de que dois filhos do presidente Lula encheram a cara e aprontaram na noite brasiliense (…)
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo intitulado Lambanças no Velho Mundo, originalmente escrito para o caderno Aliás, do Estadão.
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Errei, sim!
‘ANCIÃ MISTERIOSA — Lido em discretíssimo, quase envergonhado ‘pirulito’ da Folha de S. Paulo: Paralítica de 92 anos mata adolescente, dizia o título. O texto esgueirava-se assim: — ‘A mulher matou ontem um ladrão de 13 ou 14 anos, segundo a polícia, depois que ele invadiu sua casa. Enquanto o adolescente vasculhava um quarto, a paralítica alcançou um revólver que tinha guardado’. Impressionados com a disposição da anciã, Janistraquis e eu queríamos cumprimentá-la, porém a Folha sonegou o nome dela. E o endereço. E a cidade. E o país. ‘CEP, então, nem pensar’, conformou-se meu secretário.’ (dezembro de 1993)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).
(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’
COMUNIQUE-SE
BandNews FM: faltou cultura de redação ao Comunique-se, 16/04/07
‘Era para ser um dos principais assuntos da semana. Mas a saída de Marcelo d’Angelo da direção da rádio BandNews FM ficou restrita a uma simples notinha no canal Vaivém.
Quando Vasco, Corinthians, Cruzeiro ou Bahia troca de técnico, o Lance! dá ao assunto atenção semelhante à que o Valor Econômico dispensa à troca do comando da Embraer, Bovespa, Coca-Cola ou TAM. Já o Comunique-se não dá importância à cobertura dos grandes veículos. Falta a cultura de redação para acompanhar o efetivo vaivém do mercado. Por que d’Angelo saiu? Por que seu cargo foi extinto? Haverá mudanças daqui em diante? São perguntas que um veículo especializado deve responder. Ou pelo menos saber a quem perguntar.
Com pouco tempo de vida, a BandNews FM já ganhou em várias cidades (São Paulo e Rio de Janeiro, inclusive) notoriedade e audiência suficientes para figurar no rol de grandes veículos. O Portal só ficou sabendo da troca de direção graças ao Meio & Mensagem. É como se o técnico do São Paulo deixasse o clube e o Lance! publicasse apenas uma notinha, ainda por cima citando outro veículo como fonte.
Comentários
Uma leitora se incomodou com isso tudo. ‘Eu penso que se o Comunique-se não dá, pelo que tudo me indica, um crédito desse tipo, quem mais dá?’. Dois leitores responderam com contra-argumentos. Um lembrou que o Portal tem o hábito de citar a fonte. O outro o considerou um veículo sério. Sim, o Comunique-se cita a fonte e trabalha com seriedade.
A questão aqui não é a ética, mas a qualidade do noticiário. Falta à redação uma rotina para saber o que acontece nas TVs, jornais, revistas, rádios, sites e assessorias. Falta ir às ruas, falta cultivar fontes nas redações. Tratei de checar se há restrição de verba para reportagens nas ruas no dia-a-dia. Não há restrição alguma.
Uma verdade
Um colega jornalista fez uma observação pessoalmente a este ombudsman: ‘O Comunique-se deveria trazer novidades como aquelas do Daniel Castro’. Para quem não sabe, Daniel Castro é o colunista da Folha de S.Paulo especializado em TV. Toda hora traz informações inéditas sobre os bastidores do telejornalismo. É isso que se espera do noticiário: ir além.
Por exemplo, a reportagem sobre os direitos de transmissão do Campeonato Estadual do Rio (13/04) foi toda feita com base em informações de terceiros: Veja, Folha e assessorias de imprensa. Nenhuma fonte da Globo ou da Record falou com o Comunique-se.
Basta querer
Afirmar que a redação não sabe fazer o ‘algo mais’ seria uma injustiça. Basta observar que, na semana passada mesmo, a possível ascensão de Paulo Markun à presidência do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta foi veiculada a partir do acesso de um repórter do Comunique-se a suas fontes na TV Cultura. Basta transformar essa exceção em regra.
Firefox novamente
Um leitor postou um comentário, na semana passada, alertando para uma falha técnica. O usuário de Firefox acessava o Portal e não conseguia fechar o pop-up (splash), ficando com a navegação prejudicada. Eis a resposta da área responsável: ‘O erro já foi corrigido. Em nossas próximas veiculações de splash, já funcionará o Firefox’.
Cassio Politi é jornalista. Trabalha com Internet desde 1997. Esteve em projetos pioneiros em jornalismo na Web, como sites da Zip.Net, e no site UOL News, do Portal UOL. Ministra cursos de extensão sobre Jornalismo On-Line e Videorreportagem desde 2001. Deu aulas em 25 estados brasileiros para mais de 2 mil jornalistas. Em janeiro de 2007, tornou-se o primeiro ombudsman do Comunique-se, empresa na qual também ocupa o cargo de diretor de Cursos e Seminários.’
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