Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Apoio a jornalista causa problemas a diplomata

Dominick Chilcott, alto comissário britânico no Sri Lanka, foi ‘convidado’ a ter uma conversa com o secretário de Defesa do país, Gotabhaya Rajapakse, após expressar apoio a uma jornalista que se sentiu ameaçada pelo governo. Segundo um porta-voz do Alto Comissariado Britânico, Chilcott foi avisado que deveria comparecer ao gabinete do secretário na quinta-feira (19/4). ‘Eles conversaram sobre o papel da mídia’, afirmou o porta-voz, ressaltando que o conteúdo detalhado da reunião era confidencial.


O ‘convite’ ao alto comissário ocorreu após Chilcott visitar a editora do Daily Mirror de Colombo, Champika Liyanaarachchi. A jornalista havia afirmado publicamente que recebeu uma ameaça de morte de Rajapakse. Diplomatas avaliaram a visita do comissário a Champika como um sinal de preocupação da Grã-Bretanha com os ataques contra a liberdade de expressão no Sri Lanka, país-membro do Commonwealth.


Interferência externa


O gesto de apoio veio poucas horas depois de o governo do Sri Lanka acusar diplomatas – sem citar nomes – de tentar interferir nos assuntos internos da ilha e alertar que eles poderiam ser expulsos caso continuassem a fazê-lo.


No sítio do Ministério da Defesa, Rajapakse negou que tenha ameaçado a jornalista. ‘Enquanto admite que teve uma conversa telefônica com a editora, o secretário da Defesa afirmou que se tratou apenas de uma troca franca de idéias sobre dois artigos controversos publicados no jornal em questão. […] Desta forma, ele declarou que não fez nenhuma ameaça à editora, expressando apenas seus pontos de vista, e ficou surpreso em ver como a mídia exagerou os fatos’, dizia o texto.


O Sri Lanka é considerado por organizações de mídia um dos mais perigosos países para a prática jornalística. Grupos de direitos humanos afirmam que críticos das políticas governamentais são instantaneamente considerados traidores e inimigos do Estado. Ainda que não haja censura formal, autoridades locais tentam impedir que jornalistas viajem a áreas tomadas por membros do movimento separatista Tigres Tamil, que luta pela independência há três décadas em um conflito que já deixou mais de 60 mil mortos. Informações da AFP [19/4/07].