Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Plínio Bortolotti

‘Três anos atrás, neste mesmo período, iniciei a atividade de ombudsman com uma coluna sob o título ‘A pedreira que vou enfrentar’, fazendo uma espécie de carta de intenções sobre o modo que pretendia conduzir o meu trabalho. Relendo o texto, posso dizer, com segurança, que mantive a linha a que me propus, ainda que a pedreira continue me desafiando e desafiará os próximos ombudsmans, pois este é um trabalho infindo.

Agradecimentos

Naquela primeira coluna fiz uma ressalva. Disse que não me sentiria obrigado a concordar com todas as opiniões e argumentos dos leitores, mas que eles poderiam esperar de mim, sempre, respostas prontas e educadas e encaminhamento para todas as queixas, comentários e sugestões. O alerta se mostrou desnecessário. Nenhum leitor cobrou concordância com suas idéias; em todos encontrei interlocutores dispostos ao debate, ainda que se mantivessem as divergências. Tanto nas respostas individuais como na coluna publicada aos domingos mantive a diretriz de dizer tudo o que achava que deveria ser dito, observando a forma mais respeitosa possível. Na coluna, também procurei levantar assuntos mais gerais sobre os dilemas que o jornalismo enfrenta hoje e como isso afeta os jornais, os leitores e os jornalistas. Os leitores foram parceiros constantes e muito ajudaram, pelo que lhes sou muito grato.

À Redação do jornal cabe o difícil papel de conviver diretamente com a crítica do ombudsman. Sei que não é fácil ter o trabalho sob escrutínio diário, muitas vezes com comentários que podem parecer injustos ou descabidos. Agradeço a cada um dos companheiros, especialmente àqueles com os quais mantive polêmicas e pude debater assuntos relativos ao fazer jornalístico. O diálogo, por vezes, foi áspero, divergente, duro, mas sempre respeitoso. Creio que ganhamos todos nós. Aos demais setores do jornal, todos sempre muito gentis e solícitos com o ombudsman, o meu reconhecimento.

Preciso dizer também algumas palavras sobre o presidente do O Povo, Demócrito Dummar, responsável direto por esses três mandatos que concluo hoje, pois a ele cabe indicar o titular do cargo. Sei que elogio a um superior hierárquico pode parecer bajulação, mas prefiro correr o risco de ser mal interpretado por alguns a ser injusto. Os anos como ombudsman deram-me a certeza de que é preciso muita firmeza de propósitos, capacidade de diálogo, tolerância à crítica e abertura ao escrutínio público para que um meio de comunicação conviva com um ombudsman; por isso tão poucos mantêm um funcionário com o objetivo exclusivo de criticar o próprio meio em que trabalha. O ombudsman só tem a possibilidade de vingar quando tem garantias da mais alta autoridade de uma empresa, pois necessita de um ambiente de independência e tranqüilidade para trabalhar, o que é muito raro conseguir. O maior mérito do presidente do O Povo em relação ao ombudsman foi a discrição: talvez tenha sido o período em que trabalhei no jornal em que menos tenha falado com ele. E posso garantir que, em nenhum momento, o meu trabalho foi questionado.

Como um balanço

Tive a oportunidade de implementar algumas inovações no exercício do cargo. Pus uma página na internet para explicar a função e para divulgar as atividades do ombudsman. Entre outras informações, a página traz a relação de todos os jornalistas que exerceram o cargo, que veio a público em 1994, com suas respectivas colunas, digitalizadas a partir de 2001. Internamente, implantei uma lista de e-mails, que podia ser usada por todos, propiciando debates bastante produtivos. Isso deu aos jornalistas a oportunidade de responder diretamente às críticas, sem que o texto fosse editado pelo ombudsman. Em 2007 iniciei participação semanal no programa Rádio Serviço, na rádio O Povo/CBN. Estive em debates em rádios, TVs, seminários e salas de aula. Essas iniciativas facilitaram o contato com a Redação e com o leitor, ampliado o alcance da função.

Durante os meus mandatos, posso assegurar, recebi muito mais elogios do que críticas dos leitores, mas me apresso a dizer que isso é comum a todos os ombudsmans. De modo geral, o leitor tem o ombudsman como uma voz em sua defesa, uma pessoa a quem ele pode se apegar e do qual, com certeza, obterá alguma resposta. O ombudsman também atua como um intermediário entre o leitor e a Redação, pois esta lhe parece inacessível. Atender, responder, explicar, intermediar e, quando estiver ao seu alcance, resolver, são, a meu ver, as principais tarefas de um ombudsman. Entre os erros e acertos, acredito que estive à altura desse trabalho. Nunca transigi quando a crítica foi necessária, independentemente do setor a que tivesse de ser dirigida.

Portanto, posso afirmar, sem soberba, mas também sem modéstia: fiz o melhor que pude, concluí a corrida e guardei o compromisso assumido com os leitores, com este jornal e com o jornalismo.

Volto agora à Redação. Como disse por várias vezes, estarei sujeito a muitos dos erros que critiquei aqui, para os quais, se os cometer, espero o apontamento do novo ombudsman.

O novo ombudsman

Com passagem pelo jornal Mutirão, representante no Ceará do bravo jornalismo alternativo, que desafiou a censura militar da década de 1970 e manteve acesa a chama da liberdade imprensa no Brasil, Paulo Verlaine terá condições de dar novo ânimo à função de ombudsman, tendo como suporte a sua longa trajetória no O Povo. No período em que tive a oportunidade de trabalhar ao lado dele na editoria Brasil/Internacional pude acompanhar o seu conhecimento amplo sobre todos os temas do noticiário e seu interesse e curiosidade por conhecê-los profundamente. Se esses são atributos essenciais ao jornalista, certamente lhe serão bastante úteis em seu trabalho como ombudsman. Com isso, tenho certeza, os leitores ganharão um novo e competente olhar sobre os assuntos da contemporaneidade, principalmente aqueles que afetam diretamente o fazer jornalístico.

Números

Abaixo poderá ser visto a quantidade de atendimentos que fiz no último trimestre do ano e uma tabela consolidada do ano 2007. Durante os três anos de mandato escrevi aproximadamente mil comentários internos – cada um deles com cerca de 10 itens por edição – e 147 colunas, incluindo esta.

Atendimentos do ombudsman nos meses de out. nov. e dez. de 2007

Total de atendimentos: 432

E-mail 220

Telefone 206

Fax –

Cartas 02

Pessoalmente 04

Atendimentos por assunto

Erros apontados: 52

Críticas: 124

Problemas administrativos: 141

Elogios: 14

O POVO.com.br: 9

Comentários/ sugestões de pauta: 92

Erros corrigidos

Brasil: 5

Buchicho: 4

Ceará: 4

Economia: 6

Fortaleza: 38

Gol: 7

Mundo: 1

Opinião: 9

Página 2: 8

Política: 15

Primeira Página: 14

Vida & Arte: 10

Viagem & Lazer: 1

Total de erros corrigidos: 122

Atendimentos do ombudsman Nos meses de janeiro a dezembro de 2007

Total de atendimentos: 1.685

E-mail 1.037

Telefone 606

Fax –

Cartas 25

Pessoalmente 17

Atendimentos por assunto

Erros apontados: 180

Críticas: 657

Problemas administrativos: 319

Elogios: 81

O POVO.com.br: 78

Comentários/ sugestões de pauta: 370

Erros corrigidos

Brasil: 19

Buchicho: 19

Ceará: 19

Ciência & Saúde: 1

Clubinho: 1

Economia: 47

Fortaleza: 153

Gol: 34

Guia Vida & Arte: 9

Jonrla do Leitor: 8

Mundo: 30

Opinião: 35

Página 2: 53

People: 5

Política: 62

Primeira Página: 56

Veículos: 1

Vida & Arte: 52

Viagem & Lazer: 8

Total de erros corrigidos: 612′