A primeira coluna do ano [6/1/08] da ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, teve como tema as críticas – em especial, as mal-educadas – que os leitores fazem aos jornalistas. ‘Desde que os jornais surgiram, os leitores reclamam que os repórteres focam sempre na parte negativa dos fatos. Os jornalistas tendem a responder que isto é que é notícia’, resume ela.
Em nome de uma relação civilizada, Deborah distribui conselhos a ambas as partes. Aos jornalistas, ela lembra que é preciso aceitar as críticas e relevar os excessos. Para os leitores mais abusados, a ombudsman pede que, diante de erros jornalísticos, não pensem que o repórter ou o jornal agiu de má fé. ‘A maior parte das transgressões ocorre por erro humano ou ignorância’ sobre determinado assunto, ressalta.
Grosserias sem críticas
‘Porém, o que fazer quando os leitores são malcriados em seus e-mails e comentários online?’, indaga Deborah. Por acreditar em liberdade de expressão e por ser atacada freqüentemente, a ombudsman não chegou facilmente a uma conclusão. Ela acredita, entretanto, que os jornalistas devem parar de se lamuriar. ‘Se os comentários são simplesmente abusivos, e não críticos, ignore-os’, diz. Deborah acredita que a remoção rápida de comentários ofensivos no sítio do diário é estritamente necessária. Segundo Jim Brady, editor-executivo do sítio do Post, os comentários aos artigos online passarão a ser monitorados também à noite e nos fins de semana para que este controle seja completo.
Alguns jornalistas lêem os comentários online; outros os evitam. ‘Eu não me importo com os comentários abusivos. Como qualquer outra pessoa, eu acho os mais extremos desnecessários e deselegantes, mas faz parte da troca com os leitores’, comenta o colunista Marc Fisher. ‘Nunca consegui entender por que alguns colegas tratam os comentários online como se eles fossem representativos da reação total dos leitores. Comentários online são como telefonemas em um programa ao vivo de rádio. Eles tendem a ser de pessoas com os pontos de vista mais extremos’, compara.
Já o repórter Jonathan Weisman nunca lê comentários do sítio, mas faz questão de ler e-mails de leitores. ‘Se são educados, eu respondo quando posso’, conta. Certa vez, irritado, ele respondeu de maneira grosseira a um comentário abusivo. A resposta foi reproduzida na rede e ele recebeu uma repreensão do editor-executivo do jornal. ‘Errei, foi um erro bobo’, reflete. Aprendeu a lição.