Onde era melhor estar para ser o primeiro a saber o resultado das eleições presidenciais francesas? Com certeza, não na França. Uma lei do país – bastante criticada em tempos de internet – proíbe que qualquer resultado seja divulgado antes do fim da votação.
A este ponto, no domingo (22/4), não era segredo no exterior que a socialista Ségolène Royal e o candidato de direita Nicolas Sarkozy estariam no segundo turno, marcado para 6/5. Estimativas começaram a se espalhar por sítios estrangeiros duas horas antes do fim do horário de votação, quando milhares de eleitores ainda aguardavam sua vez nas filas.
As projeções dos resultados foram liberadas para os jornalistas cedo, mas, pela lei, quem as publicasse em território francês poderia ser multado em pouco mais de US$ 100 mil. Assim, belgas, suíços e ingleses souberam que a disputa havia ido ao segundo turno antes dos franceses.
Protesto online
Na semana passada, blogueiros do país reclamaram da proibição e ameaçaram publicar os resultados de qualquer maneira. Sentindo o surgimento de uma possível revolta online, coordenadores da eleição escreveram aos blogueiros e a administradores de servidores de internet para lembrá-los da punição. ‘A lei foi respeitada na França’, concluiu Alain Fichelle, chefe da comissão eleitoral. Na segunda-feira (23/4), inspetores da comissão chegaram a fazer uma busca para determinar se algum sítio francês teria postado links para páginas estrangeiras – o que também poderia levar a multas.
Fichelle reconheceu que, com a revolução digital, a regra de divulgação de resultados, datada de 1977, tornou-se um problema. Ele afirmou, entretanto, que cabe à comissão decidir se deve haver mudança. Informações de Jamey Keaten [AP, 23/4/07].