As TVs estão espremendo, até à última gota, o terrificante espetáculo por elas mesmas criados, com a morte da menina Eloá. Nenhum jornalista chegou ao pódio dos monitores para analisar seu papel, sua participação, sua presença para a deflagração das balas que tiraram a vida inocente.
Foi a TV, sim, quem disparou o revólver do criminoso. A polícia, permitam-me, falhou miseravelmente. Falhou ao permitir o retorno da segunda menina ao apartamento, falhou em suas técnicas de negociação. Mas foi a TV quem patrocinou a realização daquele reality show, hediondo e imoral. Se o carrasco não tivesse se sentido como prima donna daquele circo de crueldade, se não tivesse dado entrevistas ao vivo, se não houvesse sido chamado de apenas um jovem apaixonado, trabalhador e calmo, certamente não teria prolongado até o limite do insustentável aquele funesto acontecimento.
Precisa a polícia brasileira aprimorar seus métodos táticos para enfrentar situações como aquela; precisa a TV admitir-se como terceiro ator, deplorável, indecoroso e sujo, de tudo o que aconteceu.
***
***
Já que vocês observam a imprensa – de forma brilhante –, nada mais correto do que direcionar a vocês minha reclamação, que sei que outros também compartilham. É muito desagradável, irritante e sem propósito o que muitos repórteres fazem: ficam ‘traduzindo’ a fala de alguém que está dando uma entrevista ao vivo, e em português. Este horror faz com que nós, e o repórter, não acompanhemos o que é dito enquanto ele fica repetindo o que já foi falado e que nós já escutamos. Se eles estivessem explicando algum termo específico, que o fizessem nos intervalos; mas não é isso, eles apenas repetem, mesmo, o que acabou de ser dito. É um fato a observar. Parabéns pelo nível e competência do programa. (Olenka de Moura, dona-de-casa, São José do Rio Preto, SP)
***
Tenho observado que emissoras insistem em jogar para a rede nacional programas locais de debate esportivo, como o Terceiro Tempo e o Bola na Rede. Adaptando o que disse um jornalista de Minas Gerais, ‘são horas de futebol paulista, minutos de futebol carioca e segundos de futebol de outros estados’. A verdade é que os comentaristas não acompanham e nem sabem nada do futebol de outras praças. Após o jogo do último domingo, que levou o Cruzeiro para a vice-liderança do campeonato, os comentaristas falaram pouquíssimo do assunto e foram exibidos alguns segundos de imagens do clássico. Se os programas se propõem a fazer algo em nível nacional, devem abrir espaço compatível. É frustrante constatar que a preferência é falar do futebol de São Paulo – mesmo de time de segunda divisão. Alguns criticam a Rede Globo, mas ela já percebeu, há muito tempo, que esse formato de ‘mesa redonda esportiva’ é local; em rede nacional é um fiasco. (Alex Souza, servidor público, Belo Horizonte, MG)
***
Constrangedor o comentário do jornalista Mauro Chaves sobre a greve da Polícia Civil no Jornal da Gazeta. Preferiu dar a versão do governador José Serra sobre os baixos salários (‘O governo federal pode pagar bem à Polícia Federal porque não tem que atender à responsabilidade fiscal’), ignorando que o salário de São Paulo, o estado mais rico da União, é o mais baixo do país. (Alvaro Antunes Amado, engenheiro civil, São Vicente, SP)
***
Em uma página do Ministério das Comunicações é dito que as autorizações para o funcionamento de emissoras de rádio são concedidas para o engrandecimento de seus municípios, prestando informações, levando entretenimento, divulgação da cultura local, informe de utilidade pública, debates e muito mais. Empresários se comprometem cumprir à risca todas as determinações. Logo em seguida, esquecem de tudo. Utilizam tais rádios somente no período politiqueiro e arrendam toda a sua programação para as grandes redes em outras cidades, faturando tufos de dinheiro e deixando o povo na saudade, tendo que aceitar programações que não se identificam, em nada, com seus municípios. (Juarez Câmara Lima, radialista, Camocim, CE)
***
Sou morador da cidade de Belém, capital do estado do Pará, e durante o processo eleitoral assisti a uma verdadeira guerra política entre os dois principais grupos de comunicação aqui da região, através de seus jornais impressos O Liberal (Organizações Rômulo Maiorana) e o Diário do Pará (pertencente ao grupo da família Barbalho). Meu questionamento: como fica a responsabilidade social com o consumidor da notícia, o cidadão? Peço que avaliem e divulguem o que está acontecendo com os veículos de comunicação aqui na Região Norte (principalmente no Pará). (João Luiz de Almeida, funcionário publico, Belém, PA)
***
Gostaria de que realçar meu descontentamento com muitos jornais, mesmos os que hoje estão na era da internet. Tal descontentamento se prende ao fato de que muitos jornais, principalmente aqui no Paraná, não são ditos abertos como se proclamam, não existe aquela coluna direta para postagem da opinião do leitor, apenas um e-mail de contato ou uma enquete sugerida, sujeita muitas vezes ao gosto ideológico do momento do editorial. Isso poderá muito bem ser visto em três dos principais jornais da capital paranaense: Gazeta do Povo, Estado do Paraná e Tribuna do Paraná. Protesto comparando como o jornal O Globo, do Rio de Janeiro, no qual todas as matérias estão sujeitas a comentários, o que não ocorre aqui. Não sei que avanço tecnológico eles dizem ter avançado na sua propaganda. (Eyrimar Bortot, professor da rede estadual, Curitiba, PA)
******
Jornalista, professor do curso de Comunicação Social da UFRN, Natal, RN