Três militares americanos foram indiciados na semana passada pela morte, em 2003, do jornalista espanhol José Couso. O sargento Shawn Gibson, o capitão Philip Wolford e o tenente coronel Philip DeCamp foram acusados de homicídio e ‘crime contra a comunidade internacional’ – definido pela lei espanhola como um ataque indiscriminado ou excessivo contra civis durante conflitos.
Couso foi morto quando o tanque onde estavam os militares abriu fogo contra o Hotel Palestina, em Bagdá, que abrigava diversos jornalistas. Ele trabalhava como cinegrafista para a emissora Telecinco. O ucraniano Taras Portsyuk, cinegrafista da Reuters, também foi morto no ataque, em abril de 2003.
Após o incidente, o então secretário de Estado americano Colin Powell afirmou que os soldados responderam a fogo hostil vindo do hotel e que uma revisão do ocorrido concluiu que o uso de força foi justificado.
Intimidação
Segundo o indiciamento, DeCamp ordenou o ataque, Wolford o autorizou e Gibson o executou. ‘As pessoas indiciadas estavam cientes de que o Hotel Palestina era ocupado por civis e que não havia ameaça comprovada (como atiradores) contra elas. Desta forma, os tiros do tanque, que causaram a morte do senhor Couso, constituiriam um ataque, retaliação, ameaça violenta ou ato com a intenção de assustar jornalistas’, afirmava o documento acusatório.
O juiz Santiago Pedraz já tentou por diversas vezes enviar mandados de prisão aos três homens, mas os EUA deixaram claro que não os entregarão. Ainda assim, os indiciados correm o risco de prisão por um mandado internacional caso viajem a qualquer país que tenha tratado de extradição com a Espanha. Pela lei espanhola, um crime cometido contra um cidadão espanhol em território estrangeiro pode ser julgado na Espanha se não houver investigação no país onde ocorreu. Informações da AP [27/4/07].