Quem considerou de mau gosto certas jogadas dos marqueteiros nas campanhas municipais recentemente concluídas no Brasil, deveria prestar mais atenção ao que se desenrola na política americana, a menos de uma semana da conclusão do processo de escolha do presidente da nação mais poderosa do planeta.
A coleção de baixezas parece não ter limites e envolve interesses multibilionários.
Um grupo de apoiadores do republicano John McCain gastou alguns milhões de dólares para imprimir e distribuir cópias de um vídeo contra o candidato democrata Barack Obama, que foram encartadas em cinco jornais de grande circulação. E o comando da campanha republicana acusa publicamente o jornal Los Angeles Times de omitir o conteúdo de outro vídeo que, segundo dizem, demonstraria o envolvimento de Obama com um controverso acadêmico e ativista palestino.
Rashidi Khalidi, professor da Universidade de Chicago, é apresentado pelos republicanos como um radical islamita e anti-semita. E antes que possa provar que não é nada disso, sua má-fama se espalha pelo país.
Fora de controle
Ao mesmo tempo em que as insinuações ganham repercussão na grande imprensa, os adeptos de um lado e de outro postam milhares de vídeos no site Youtube, radicalizando a disputa e colocando ainda mais lenha na fogueira.
Jornalistas engajados nas campanhas entram explicitamente em cena dando validade a boatos e destacando detalhes de notícias que favorecem um ou outro candidato.
O mais notório desses franco-atiradores da imprensa é o polêmico editor de um jornal da internet, Martin Drudge, aquele que descobriu o caso da estagiária Monica Lewinski com o ex-presidente Bill Clinton.
Segundo o Estado de S.Paulo, o Drudge Report reproduz desde quarta-feira (29/10) um vídeo de uma emissora da Flórida dando conta de que a venda de armas cresceu 30% no estado, por causa de boatos de que, se eleito, Barack Obama vai aumentar as restrições ao comércio de armas de fogo.
Com a consolidação da internet como o grande meio de comunicação do nosso tempo, a divulgação de boatos e a manipulação de informações sai do controle da chamada grande imprensa. E importantes decisões coletivas podem ser tomadas com base na desinformação.