Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cristina K. foge das perguntas

A presidente da Argentina Cristina Kirchner está vez mais enrolada com o chamado ‘escândalo da maleta’, cujo pior desdobramento pode ser a acusação formal de ser a beneficiária de pelo menos 800 mil dólares ilegalmente enviados pela estatal venezuelana de petróleo PDVSA para sua campanha presidencial. Também por isso, Cristina tem razões de sobra para se afastar da imprensa. Quanto menos inquirida pela mídia, melhor para ela, que passou maus bocados na crise com os produtores rurais argentinos e viu sua popularidade despencar a níveis alarmantes.


Como não tem disposição para conceder entrevistas, os estrategistas da imagem presidencial aconselharam Cristina a presidir duas, três, às vezes quatro solenidades oficiais diárias – o que lhe garante espaços nos meios de comunicação. Afinal, a cobertura das atividades da Presidência da República é uma pauta obrigatória em qualquer lugar do mundo.


Repeteco


Mas agora a presidente resolveu inovar: desde o mês passado, a cada viagem que faz ao interior do país, leva junto um artigo assinado, de sua autoria, para ser publicado na imprensa local. A tática deu resultado, pois os textos de Cristina em geral ganham as manchetes dos jornais das províncias. E depois repercutem nos grandes diários nacionais sediados em Buenos Aires.


A estratégia da presidente é ‘federalizar a comunicação’, conforme apurou a repórter Mariana Verón, do La Nación, com fontes da Casa Rosada. As mesmas fontes garantem que é a própria Cristina quem escreve os textos. De todo modo, a repórter percebeu que as peças em geral reproduzem textualmente trechos de discursos proferidos nos locais que visita. Mas será que os leitores se dão conta disso?