Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Relacionamento com a imprensa, surgimento e consolidação

Embora alguns autores apontem Sam Adams, Amos Kendall, Abraham Lincoln, e até Phineas Barnun – um empresário de caráter duvidoso – como precursores das relações públicas no Estados Unidos, o marco pioneiro da atividade é atribuído ao jornalista nova-iorquino Ivy Lee.

Tal título é concedido a Lee em conseqüência de seu trabalho junto ao magnata norte-americano John D. Rockefeller Jr na primeira década do século 20. Rockefeller, empresário torpe e sem carisma, possuía problemas com a sua imagem perante a opinião pública e mesmo diante das esferas governamentais. A situação tornou-se crítica a ponto do empresário precisar de seguranças particulares para se locomover.

Ivy Lee desenvolveu um interessante trabalho com a imprensa, por meio da pavimentação de um relacionamento, e com a comunidade, através da Fundação Rockefeller. A fundação desenvolvia ações sócio-culturais e na área de saúde. As obras beneficiavam a população por meio de museus, hospitais, centros de pesquisa e distribuição de bolsas de estudos. A campanha bem-sucedida resultou na reabilitação da imagem do magnata e é considerada o marco da fundação da atividade de relações públicas no mundo.

O crescimento das instituições

Nas décadas que se seguiram, sobretudo nos anos 1920 e 1930, em meio a crises e à ressaca da I Guerra Mundial, as técnicas oferecidas pelo amplo repertório das relações públicas arrefeceram as turbulências impingidas aos norte-americanos. A partir de então, o seu desenvolvimento foi notável, com destaque para a montagem de assessorias e setores similares, visando à realização de atividades de relações públicas.

Também na Grã Bretanha, desde 1926, o órgão governamental Empire Marketing Board – na labuta por divulgar e valorizar produtos fabricados no próprio país – empregou técnicas de relações públicas.

Com tamanha euforia em torno da atividade, o surgimento de escolas específicas de relações públicas tornou-se um evento natural. A pioneira, segundo Cleusa Cesca e Wilson Cesca (2000, p. 15) foi a Universidade de Boston, em 1947, denominada posteriormente pela alcunha de Escola de Comunicação Pública.

Foram criadas: a Public Relations Society of America (PRSA), em 1948; a Associação de Relações Públicas da França, chamada La Maison de Verre (A Casa de Vidro), em 1949; a Associação Germânica de Relações Públicas (DPRG), na então Alemanha Ocidental, em 1950; a Association Française de Relations Publiques (AFRP), em 1951; e a Associazione Italiana de Relazione Pubbliche (AIRP), em 1954, dentre outras instituições importantes.

América Latina

Na América Latina, as relações públicas alcançaram notoriedade com a realização da primeira Conferência Interamericana de Associações de Relações Públicas (FIARP) em 1960, no México. Outras conferências foram organizadas. Em 1962, no Chile, a FIARP aprovou os seus estatutos. A entidade cresceu e converteu-se na Confederação Interamericana de Relações Públicas (CONFIARP). Sua importância pode ser constatada pelo seguinte fato: o dia de sua criação, 26 de setembro, foi instituído como o dia interamericano das relações públicas.

Em solo brasileiro, o marco inicial das relações públicas deu-se em 30 de janeiro de 1914 com a instalação do departamento de relações públicas da The Light and Power Co. Ltda., a atual Eletropaulo. O responsável pelo setor, o engenheiro alagoano Eduardo Pinheiro Lobo, é considerado o pai da atividade no Brasil.

Contudo, somente em 21 de julho de 1954 foi criada a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), reunindo 27 pessoas envolvidas com a atividade. Mais tarde, com a criação do primeiro curso superior de relações públicas do país, ofertado pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo no ano de 1967, as relações públicas prosseguiram rumo à sua consolidação no Brasil.

A regulamentação das relações públicas no Brasil se deu por meio da Lei número 5.377, de 11 de dezembro de 1967. Não demorou muito para que o conselho de classe da categoria fosse criado. A criação ocorreu em 1969, por meio de um Decreto-Lei. Posteriormente, em 1971, também por Decreto-Lei, deu-se a regulamentação do órgão.

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Bibliografia recomendada

FREITAS, Ricardo Ferreira e SANTOS, Luciane Lucas dos (org.). Desafios contemporâneos em comunicação: perspectivas de relações públicas. São Paulo: Summus, 2003 (Col. Novas buscas em comunicação; v. 65).

CESCA, Cleusa Gimenez & CESCA, Wilson. Estratégias empresariais diante do novo consumidor: relações públicas e aspectos jurídicos. São Paulo: Summus editorial, 2000.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling (org.). Obtendo resultados com relações públicas. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002 (Biblioteca de administração e negócios).

PERUZZO, Cicília Krohling. Relações públicas no modo de produção capitalista. 2. edição. São Paulo: Summus, 1986 (novas buscas em comunicação; v. 9).

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Mestrando do programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador do Grupo de Pesquisa COMULTI – UFAL/ COS/ CNPq