Todos os dias, as redações de veículos de comunicação no Brasil recebem milhares de releases de diferentes paragens. Os assuntos são os mais variados possíveis: um novo programa de inclusão social; um método milagroso de dieta que promete reduzir as gordurinhas em semanas; a contratação de um jogador de renome para o time de futebol da cidade etc. Pauta, há aos montes. Notícia, nem tanto.
O mais importante para quem deseja agendar a mídia é saber como comunicar. Insólitos textos, cheios de adjetivos, não vão encontrar respaldo. A imprensa não quer saber quão maravilhoso é o desembargador A ou quão ilustre é o deputado B. A imprensa deseja replicar, sim, assuntos de interesse da maioria, buscando a isenção sobre suas veiculações, isto é, sem acatar juízos de valor muito comumente compartilhados pelos releases.
Dizem que para um jornalista ser um bom assessor ele precisa passar por veículo de comunicação. Na prática, a experiência é saudável, mas não decisiva. A arte do valor-notícia é passível de aprendizado. Criar canais de relacionamento, afinidades, de modo a possibilitar uma confiança recíproca com as redações ajuda nesse sentido. Além disso, é claro, conhecer o ritmo de trabalho da imprensa; seus horários de fechamento, políticas editoriais, periodicidade das publicações etc. Quem atentar a esses detalhes vai ter mais chances de se dar bem em uma assessoria.
Os formatos do release
Os padrões textuais em veículos impressos, por exemplo, retraíram drasticamente nas últimas décadas. Na atualidade, o texto deve ser enxuto, objetivo, com linguagem jornalística, não laudatória. Desse modo, qual o tamanho ideal do release? 1.200 caracteres? 2.400 caracteres? Os autores não chegam a uma unanimidade sobre o tema.
No processo de seleção, creio que se sobrepõe o valor da informação, isso se ela chegar ao jornalista. Inequivocamente, o release precisa despertar o interesse da redação. Textos muitos longos são excluídos imediatamente. A relevância é engolida pelo tempo, não raro. O assessor tem a função de mostrar, de uma forma atrativa, que o tema é importante. Recursos não faltam. Falta é criatividade.
Os 140 caracteres do Twitter bastam para publicar na imprensa? Se a chamada for positiva, por que não? Que tal um lide – explicando o essencial – e depois a indicação de fontes para a composição da matéria? Se duvidar, há releases sem texto, por meio de fotos, imagens e vídeos. WhatsApp é outra ferramenta muito usual. O jornalista quer boas pautas. Saiba vendê-las.
A bem da verdade, não há fórmula mágica para publicar na imprensa. As variáveis dominam as constantes. É natural que assim seja quando se lida com seres humanos. Cumpre aos assessores de imprensa, profissionais dedicados a isso, encontrar maneiras de seduzir os veículos e encontrar um denominador comum entre interesse jornalístico e interesse das empresas que representam. Sob a égide da ética, obviamente. Para conquistar espaço, basta tentativa e erro, até que o erro vire acerto.
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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Jornalismo