A Era Obama iniciada com tanto entusiasmo na quarta-feira (5/11) não conseguiu emplacar uma manchete de primeira página em nenhum dos três jornalões, quatro dias depois, no primeiro domingo dos novos tempos. Em compensação, as quatro revistas semanais de informação serviram-se muito bem das fotos do novo presidente americano em suas capas. Em matéria de informação, retrospecto e análises não foram além do esperado. Embora Veja tenha se saído um pouco melhor, nenhuma conseguiu produzir uma daquelas ‘edições históricas’ que pedem, imploram, para serem guardadas.
Mais uma vez fica claro que a imprensa cria expectativas, mas não sabe como atendê-las. Ou não tem fôlego para isso.
A Era Obama (título da Época) é muito mais do que a chegada do primeiro negro à Casa Branca. E isso não é pouco. A promessa de mudar empolgou não apenas os EUA, mas o mundo inteiro, exatos 40 anos depois das decepções de 1968.
Mudança agora significa fim dos preconceitos, fim dos fanatismos, fim do radicalismo e fim do revanchismo. Mudança agora é mudança mesmo, ponto final em estruturas, sistemas, fórmulas e idéias que persistem desde o início da Segunda Guerra Mundial.
Acompanhamento atento
Esta nova etapa da revolução americana – e quiçá mundial – consagra o voto como o único meio capaz de operar transformações profundas e duradouras. Yes, we can, sim, podemos, foi o mote de Obama. Agora todos podem tudo – através da democracia genuína, por meio de eleições limpas e contínuas. Este pode ser um bravo mundo novo, desde que a imprensa não tenha vergonha de valorizar os simbolismos.
A crise financeira é grave, vai demorar, precisa ser atentamente acompanhada pela imprensa para que não se cometam os desatinos anteriores. Mas isso não significa que a imprensa deva desperdiçar um dos grandes momentos da história política mundial fingindo que tudo continua na mesma. Ao comemorar as mudanças, a própria imprensa estará mudando.