Na edição de 22 de agosto, o Jornal Nacional, o telejornal mais assistido do Brasil, divulgou e-mail do deputado José Dirceu, em que ele criticava Arnaldo Jabor, por seus comentários contra ele. Dirceu disse que Jabor se referiu a ele como culpado por tudo o que está acontecendo.
O Jornal Nacional ficou do lado de Arnaldo Jabor e disse que este compartilha dos mesmos princípios éticos da casa. E que os pilares que fundamentam a ética no momento da divulgação do e-mail são os mesmos que o telejornal busca no seu dia-a-dia. Todos nós sabemos dos erros do Jornal Nacional, entre eles a tão lembrada edição do debate Collor x Lula em 1989, mas no jornalismo o objetivo é sempre buscar errar menos e acertar mais. E este foi o caso, com a divulgação do e-mail de Dirceu.
O público, o cidadão – que é o principal interessado no jornalismo ético – muitas vezes é impiedoso na crítica, e não há razão para que não o seja e é muito bom que assim proceda. A coisa mais importante para um jornalista e uma empresa de comunicação é a credibilidade. Para conquistar esse bem tão precioso do jornalismo leva-se muito tempo, muitos não conseguem alcançá-lo, mas para perdê-lo basta apenas um pequeno deslize.
Seriedade e objetividade
Recentemente o Jornal Nacional divulgou um cruzamento de dados feito pelo deputado Rodrigo Maia em que ele acusava, munido de uma lista de saques, petistas e assessores de terem sacado dinheiro no Banco Rural, principal banco nas denúncias do mensalão [ver remissão abaixo]. Muitos nomes que constavam da lista eram homônimos. E foi aí que o Jornal Nacional errou. Absorveu apressadamente as informações, que depois colocariam em foco o próprio acusador, Rodrigo Maia, que também teve assessores sacando dinheiro em contas do banco.
Outro episódio, agora com o jornal Folha de S. Paulo, coloca em evidência o desrespeito ao princípio do jornalismo de sempre dar espaço aos dois lados – infelizmente, não foi apenas a Folha que agiu desta maneira. No auge da crise o jornal publicou nota de José Dirceu rebatendo as acusações que sofria, e ainda sofre. Detalhe: a nota foi publicada com péssima qualidade de leitura e em local sem destaque [ver remissões abaixo]. A Folha alega que a nota chegou tarde e não deu tempo de ser bem trabalhada. Ótimo, então o jornal de maior circulação do país não se preocupa em fazer pelo menos uma boa edição de uma simples nota?
Apesar de tudo isso, a imprensa brasileira está cobrindo com seriedade e objetividade todo o escândalo político, e crescerá e aprenderá junto com o Brasil sem a menor dúvida.
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Estudante de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi