Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mídia e Exército estreitam relações

A relação nada amistosa entre o Exército americano e a mídia parece ter atingido um grau mais agradável com os esforços da nova liderança do Pentágono e dos comandantes em Bagdá. O general David H. Petraeus, principal comandante americano no Iraque, e seus subordinados estão trabalhando duro para tentar convencer a opinião pública sobre a estratégia utilizada no Iraque e as justificativas para a continuidade das tropas no país. O almirante Mike Mullen, novo chefe do Estado-Maior Conjunto, tem feito sua parte ao estimular o interesse dos repórteres sobre a cobertura de guerra no Pentágono, em viagens nos EUA e no exterior, incluindo o Oriente Médio. Em surpreendente declaração, o secretário de Defesa, Robert M. Gates, afirmou que ‘a imprensa não é o inimigo’.

No início do conflito no Iraque, décadas de hostilidade entre o Exército e as organizações de mídia que existiam desde a guerra do Vietnã foram esquecidas, mas apenas por um breve período. Na ocasião, centenas de jornalistas dividiam tendas, refeições e riscos com soldados em programas de correspondentes ‘embedded’, que colocavam os repórteres dentro de unidades de combate para acompanhar a rotina dos militares. No entanto, o sucesso inicial da invasão deu lugar à narrativa de mortes e frustrações. Fatos como o aumento da violência da insurgência em 2003, o escândalo de torturas e maus tratos de prisioneiros iraquianos por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib em 2004 e a revelação de que o Exército havia pagado repórteres iraquianos por matérias positivas na mídia local diminuíram a credibilidade dos militares.

Por outro lado, familiares de membros do Exército reclamavam de que não havia destaque para as boas notícias no Iraque e que o foco da imprensa era sempre na violência, deixando de lado o progresso da guerra. Em outubro, o general Ricardo S. Sanchez, primeiro comandante da ocupação iraquiana, condenou a cobertura. ‘O que está claro para mim é que a mídia está perpetuando a política corrosiva partidária que está destruindo nosso país e matando nossos soldados’, declarou.

Turning point

Nos últimos meses, no entanto, a cobertura mudou de tom e o ponto de vista de alguns militares em relação à mídia também. ‘A imprensa está, em geral, fazendo um bom trabalho ao divulgar a situação no Iraque’, opinou o major Rodger Lemons. Um estudo realizado no ano passado pelo Project for Excellence in Journalism, do Pew Research Center, afirmava que mais da metade da cobertura do Iraque em 2007 foi pessimista. O aumento das tropas, ordenado pelo presidente George W. Bush, começou a ter resultados e a melhoria na segurança recebeu destaque.

Em novembro, os pesquisadores do Pew Research Center viram que o quadro começou a mudar para um cenário mais positivo. ‘Está claro que muitas matérias têm agora um teor mais positivo; isto está relacionado com o que está acontecendo lá’, afirmou o tenente-coronel James Hutton, porta-voz do Exército americano. ‘Estou satisfeito que a maior parte dos jornalistas no Iraque queira fazer uma cobertura precisa e responsável’. Informações de Thom Skanker [The New York Times, 7/1/08].