A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras protestou, na quarta-feira [16/1/08], contra a prisão de dois jornalistas, por forças de segurança do Hamas, na Faixa de Gaza. Omar Al-Ghul e Munir Abu Rizq são funcionários do jornal Al-Hayat Al-Jadida, pró-Fatah. Al-Ghul foi detido em 14/12, e Rizq foi preso nesta terça-feira (15/1).
Al-Ghul, colunista do jornal e assessor do primeiro-ministro Salam Fayyad, teve seu computador e outros documentos apreendidos quando foi detido em sua casa em Tal al-Hawa, oeste de Gaza, no mês passado. Esta semana, Rizq, chefe da sucursal em Gaza, foi levado imediatamente à antiga base dos serviços de inteligência. Um dia antes, Mou´in Abu Rizq, seu irmão e também funcionário do jornal, havia sido interrogado durante duas horas pelas forças de segurança do Hamas. Depois do episódio, o Al-Hayat Al-Jadida decidiu fechar a sucursal em protesto aos abusos e ameaças impostos a sua equipe.
Mordaça
‘Nos últimos seis meses, a mídia na região da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, tem sido progressivamente amordaçada’, declarou a RSF, pedindo a soltura dos dois profissionais de imprensa. ‘Jornalistas críticos ao partido islâmico estão sendo perseguidos. Os funcionários do Al-Hayat Al-Jadida não devem ser usados como bodes expiatórios na luta entre dois partidos pelo poder’.
Segundo Taher Al-Nunu, porta-voz do Hamas, a detenção dos dois homens não teve relação com sua atividade jornalística – ele não informou, entretanto, qual a acusação enfrentada pelos jornalistas. O jornalista do Al-Hayat Al-Jadida Hassan Duhan afirmou à RSF que seus colegas não podem receber visitas da família ou de um advogado. Ele acredita que as prisões estão diretamente relacionadas à publicação de artigos no jornal sobre atos de violência em Gaza protagonizados pela Força Executiva, milícia do Hamas. O Al-Hayat Al-Jadida foi criado em 1995, e tem tiragem de três mil exemplares.