Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Estado de S. Paulo

POLÍTICA
Eugênia Lopes

Radialista lidera a disputa em Salvador

‘A pouco menos de nove meses das eleições municipais de 5 de outubro, um fenômeno eleitoral desponta no cenário da política baiana: o radialista e apresentador de programa popular de televisão Raimundo Varela, do PRB do vice-presidente José Alencar. Varela aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de Salvador.

À frente de nomes de peso, como o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB), o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), os petistas Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro, e o atual prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), candidato à reeleição, Raimundo Varela não tem tradição política, nunca ocupou cargo eletivo e migrou, em setembro do ano passado, do PTC para o PRB. Passou a contar, então, com o respaldo da Igreja Universal, dona da Rede Record, onde Varela tem um programa diário de TV, e de José Alencar para a sua candidatura.

‘Ele tem um programa diário no rádio e na televisão e, portanto, é normal que o nome dele apareça em primeiro lugar nas pesquisas’, diz Walter Pinheiro, pré-candidato do PT à Prefeitura de Salvador. ‘Mas não acredito que sua candidatura se sustente quando acabar essa exposição diária na mídia’, completa. ‘Acho que é um fenômeno transitório’, afirma o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que abdicou de sua candidatura à prefeitura em favor de ACM Neto. ‘É uma pessoa muito conhecida em Salvador. Tem programa de rádio há quase 30 anos e vamos trabalhar para elegê-lo’, diz o presidente do PRB da Bahia, Valdir Trindade.

O programa de Varela na TV Itapoan, repetidora da Record, tem o mesmo formato que o de Wagner Montes (PDT), também em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura do Rio. No Balanço Geral, o apresentador baiano, que não é da Igreja Universal, segue o mesmo script da maioria das atrações populares: distribui remédios, consegue cirurgias e faz denúncias contra tudo e todos. Pela legislação eleitoral, seus programas terão de sair do ar, caso realmente se candidate nas eleições de 2008. Ele ficará sem um palco diário para fazer sua campanha calcada na ajuda à população necessitada.

Aos 60 anos, Raimundo Varela já fez transplante de rim e esta semana ficou internado em São Paulo para curar-se de uma forte gripe. Em nota oficial, a direção da TV Itapoan informa que o apresentador ‘retorna às atividades’ esta semana.

CENÁRIO INÉDITO

A candidatura de Varela sobressai em um cenário político inédito na Bahia: é a primeira eleição no Estado, nos últimos 50 anos, sem a presença do senador Antonio Carlos Magalhães, que morreu em julho do ano passado.

Depois de perder em 2006 para o PT uma hegemonia de 16 anos no governo da Bahia, o DEM prepara-se agora para tentar recuperar terreno e voltar a comandar a Prefeitura de Salvador, a mais importante do Estado. Escolheu para a empreitada o herdeiro político do senador, o deputado ACM Neto.

A Prefeitura de Salvador ficou nas mãos do DEM durante oito anos, entre 1996 e 2004, com o hoje tucano Antonio Imbassahy. Em 2004, o grupo de ACM perdeu a disputa para João Henrique, hoje no PMDB e que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para a prefeitura.

O DEM aposta na divisão dos partidos de esquerda para conseguir chegar ao segundo turno. Além do PT, o PSB e o PC do B também têm pré-candidatos nas eleições municipais. Com essa pulverização de candidaturas, as chances de segundo turno são maiores. ‘O correto é tentar compor uma frente que seja a mais próxima possível da que está no governo do Estado’, diz Walter Pinheiro.

Nas mãos do petista Jaques Wagner, o governo baiano tem entre seus aliados o PMDB do prefeito João Henrique. ‘Se fizermos um bloco do PT com o PMDB é difícil perdermos as eleições’, observa Pinheiro. ‘Agora se cada um resolver sair candidato, pode até ser que dê o Raimundo Varela nas eleições de Salvador’, prevê o petista.’

 

MULTA
O Estado de S. Paulo

Desembargador multa Requião em R$ 50 mil

‘O desembargador Edgard Lippmann Júnior aplicou multa de R$ 50 mil ao governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), por ofensas à Justiça. Também mandou que a Rádio e Televisão Educativa do Paraná veicule a cada 15 minutos, no dia 22, nota de desagravo da Associação dos Juízes Federais. Lippmann havia proibido Requião de atacar desafetos pela RTVE. Na terça-feira, a TV veiculou imagens de Requião com a tarja ‘censurado pelo desembargador Lippmann’.’

 

FRANÇA
Guy Trebay

Carla pode surpreender no palácio

‘Perdição dos homens, destruidora de corações em série, acompanhante de roqueiro, figurante fotogênica, herdeira arrogante, armação para pesquisas de popularidade. Carla Bruni, a mulher que deve se tornar primeira-dama da França, tem sido chamada de muitas coisas ultimamente. A última coisa que alguém imaginaria é que ela é um bom partido.

Mal se passaram três meses de seu divórcio de Cécilia e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, virou protagonista de um romance tão comentado que até a nobre imprensa francesa faz fofoca sobre o caso no mesmo linguajar dos tablóides: ‘Vejam os amantes passeando nas pirâmides e na Eurodisney! Acompanhem os sauditas lutando com os modos liberais dos franceses! Os funcionários indianos conseguirão inventar um protocolo para acomodar uma primeira-companheira-de-cama? O público francês aceitará uma mulher que pratica a poliandria, tem um filho com um filósofo que, por sua vez, é filho de um homem com quem ela havia namorado, e esteve romanticamente ligada a Eric Clapton e Mick Jagger? Um namoro e um casamento em tempo recorde vão reerguer os índices de aprovação de Sarkozy?’

Como a profissão de modelo freqüentemente é associada a incapacidade mental, poucos pararam para pensar que, em termos puramente curriculares, Carla pode estar mais preparada do que muita gente para uma temporada no Palácio do Eliseu. Para começar, ela é filha de Maria Borrini, uma pianista concertista, e enteada de um magnata dos pneus e compositor clássico italiano, Alberto Bruni Tedeschi. Ela é rica e estudada (sua família se mudou para a França nos anos 70 a fim de escapar de uma onda de seqüestros na Itália) e fala três línguas.

SUCESSO COMO CANTORA

Depois de encerrar, por causa da idade, a carreira como uma das modelos mais bem pagas dos anos 90, com campanhas para Dior e Chanel e cerca de 250 capas de revista, ela virou cantora – uma transição menos surpreendente quando se pensa em sua herança e suas antigas relações. Seu primeiro álbum com canções sentimentais acompanhadas principalmente por um violão foi lançado em 2003 e foi um grande sucesso.

Quelqu’un m’a dit (Alguém me disse) vendeu mais de 1 milhão de cópias na França, outras 300 mil no exterior e, em 2004, rendeu a Carla o equivalente francês do Grammy de melhor cantora. O fato de ela ter tido sucesso com o segundo álbum, No Promises, também foi uma façanha, disse Joe Levy, o recém-nomeado editor da revista Blender. ‘É pretensioso e sensual ao mesmo tempo’, disse Levy, acrescentando, retoricamente: ‘Será totalmente adequado uma mulher que encarna essas virtudes casar-se com o presidente da França?’

Evidentemente, muitas pessoas não pensam assim, embora os sentimentos da ex-mulher de Sarkozy devam ser deixados para a imaginação. Em várias biografias recém-lançadas, ela ataca o ex-marido como um sovina instável, mas não se dignou a comentar sobre sua sucessora. Carla, porém, pode se mostrar adequada ao antigo papel de Cécilia. Ela também não é nenhuma incompetente numa briga de gatas.

Três meses depois de encontrar o presidente num jantar, a mulher que disse a uma revista que era mesmo ‘uma gata’ e uma domadora de homens foi vista usando um anel de noivado de diamante cor-de-rosa (feito para ela por Victoire de Castellane, designer de jóias da Dior) e já havia transformado um salão do Palácio do Eliseu no que a imprensa francesa mencionou depreciativamente como ‘salão de música pop’.

‘Carla trabalha rápido’, disse uma editora de moda francesa familiarizada com a carreira de modelo da atual cantora. Essa opinião é certamente partilhada por Justine Lévy, a irmã romancista do filósofo Bernard-Henri Lévy, que estava casada com o filósofo Raphael Enthoven quando Carla se apaixonou por ele, depois de ter tido um caso, conforme se comentou, com o pai dele, Jean-Paul.

Um romance que Justine escreveu posteriormente sobre esse quadro confuso tinha uma personagem baseada na ex-modelo, uma mulher ‘bela e biônica, com o olhar de uma assassina’ e conhecida como ‘Exterminadora’ no livro.

Essas coisas podem não ser positivas na arena política. No entanto, alguns perguntam se Carla é menos palatável que sua reservada antecessora só porque tem sido fotografada com nada além das calcinhas. ‘Quem está levando a melhor aqui?’, perguntou Paul Cavaco, diretor de criação da revista Allure, um tarimbado conhecedor do universo da moda. ‘Será que Carla se encaixaria nos jantares oficiais? Por que não? Ela é inteligente, conversadora, rica, conhece literatura e arte e assuntos correntes. É uma pessoa calorosa, e o fato de ser uma beleza reconhecida a prejudicaria por quê?’

Beleza não foi nenhum inconveniente para Cécilia, de quem Sarkozy se divorciou em outubro e com quem teve seu filho de 10 anos, Louis. De fato, exceto pela diferença em suas idades (a ex-primeira-dama é uma década mais velha), as duas mulheres são, de muitas maneiras, bem mais parecidas do que diferentes, partilhando antecedentes musicais (o bisavô materno de Cécilia foi um compositor espanhol), laços estreitos com a moda (ela foi modelo de Schiaparelli, e uma das testemunhas de seu casamento com Sarkozy foi Bernard Arnault, o presidente da LVMH Moet Hennessy) e uma interpretação decididamente relaxada do pacto matrimonial.

TRADUÇÃO DE ALEXANDRE MOSCHELLA’

 

MARKETING
Marili Ribeiro e Alberto Komatsu

Disputa pelo carnaval começa antes da avenida

‘Os diretores das escolas de samba sabem que têm nas quadras um trunfo para negociar patrocínios, quase tão atraente quanto os festejados desfiles na avenida. A grande afluência de público aos ensaios, movida a alegria, é mais do que favorável aos bons negócios.

A Vai-Vai, de São Paulo, contabiliza até 8 mil pessoas passando pela escola a cada fim de semana nessa época pré-carnavalesca. A Beija Flor, do Rio, por sua vez, estima mais de 5 mil pessoas se aglomerando a cada ensaio para ver o rebolado das passistas.

Atrás desse público, que aumenta a cada ano, já estão as grandes cervejarias . Elas travaram, com certa discrição, mais uma de suas guerrilhas por espaço. A Petrópolis, dona das marcas Itaipava e Crystal, negociou com várias escolas. Só no Rio, ficou com sete entre as do grupo especial, o mais prestigiado. Na adesão às suas marcas está a Viradouro, justamente a escola onde a garota-propaganda da AmBev, a atriz global Juliana (Bar da Boa) Paes, é a rainha da bateria.

O gerente de eventos da AmBev no Rio, Felipe Ambra, não vê inconveniente nesse fato. Mas faz questão de informar que a marca Antarctica, dona do marketing do Bar da Boa, resolveu não ficar de fora e marcou presença este ano no carnaval. Coisa que, até o ano passado, não fazia. Fechou contrato de patrocínio com outras sete importantes escolas cariocas.

Se a indústria cervejeira disputa as quadras, até por ser um lugar natural para a prática de seus negócios, outras empresas, em especial as que fabricam produtos que aparecem nos enredos das escolas, ou as pequenas empresas que estão no entorno das quadras, também estão investindo em ações de carnaval.

Na Vai-Vai, o diretor Renato Maluf conta na quadra com o patrocínio da Raiola Alimentos, da indústria de peças para bicicleta Galo e da Faculdade Zumbi dos Palmares. Isso, sem falar na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), de Antônio Ermírio de Morais, que também deu uma força à escola, já que o tema do desfile é ‘Acorda Brasil’, uma das peças teatrais de autoria do empresário.

Na mesma linha, a também paulistana Águia de Ouro tem apoio da multinacional Unilever, já que a escola vai reverenciar o sorvete na avenida. ‘Fizeram até leques com o tema da escola, que a gente distribui nos ensaios’, diz o presidente da escola, Sidney Carriulo.

BANNERS

Outra boa forma de as escolas valorizarem sua receita tem sido procurar os pequenos anunciantes. Foi o que fez a paulistana Camisa Verde e Branco, cujo tema do desfile são os cabelos, o que fez a escola buscar patrocínios de empresas voltadas ao segmento. ‘Temos banners espalhados pela quadra da técnica de alongamento Great Lengths, das escovas Fidalga, da clínica de beleza Hágora e da indústria de equipamentos para salão de beleza Pandora’, conta orgulhosa a diretora de Marketing, Virginia Ramos.

Mas, se em São Paulo a fase dos investimentos em quadras está em alta, no Rio já houve tempos melhores, como lembram os saudosistas da visita da top model Gisele Bündchen aos ensaios da Mangueira. Tudo armado pelo marketing da AmBev, que conseguiu grande exposição na mídia.

A verdade é que o negócio do carnaval expande fronteiras para além dos disputados desfiles, dos manjados camarotes e blocos e – por que não – dá início a uma onda em direção às quadras.

Mesmo sem contar com o glamour dos tempos de Gisele, algumas escolas do Rio festejam té mesmo a estréia de anunciantes em suas quadras. É o caso da Ticket Restaurante. Em sua primeira investida na época de folia, escolheu a Vila Isabel para dar ajuda financeira no desfile e também para os ensaios. De acordo com diretor de Marketing da Ticket, Reynaldo Naves, pesaram na escolha da Vila os projetos sociais desenvolvidos pela escola.

Já a Beija-Flor e a Viradouro contam com a tradicional parceria no modelo de exclusividade para a venda de cerveja, no caso a Itaipava, e ainda embolsam uma contribuição mensal – pelo ano todo -, cujo valor não é revelado.

A presença da Ticket na Vila Isabel vai além de espalhar banners com sua logomarca na quadra. A empresa assumiu também um camarote, com o qual quer fazer um agrado a clientes e funcionários. A ação nos ensaios e o apoio ao desfile correspondem a 10% da verba anual de marketing da Ticket.

‘Acredito que patrocinar as quadras seja uma tendência, no sentido de aproximar mais clientes e funcionários’, afirma Naves, o executivo da Ticket. ‘A gente não se preocupa com o resultado de curto prazo. Queremos fidelizar o relacionamento com os clientes.’

A Beija-Flor também tem o patrocínio da fabricante de cosméticos Lilás e de outras empresas de pequeno porte próximas à quadra, em Nilópolis, na região metropolitana do Rio, conforme conta o diretor da escola, Josué Júnior. ‘Usamos os recursos obtidos com esses patrocínios para a manutenção da própria quadra e também para reforçar o desfile na avenida’, afirma Júnior.

De acordo com o diretor da Beija-Flor, depois de alguns anos sem muita procura, há um aumento nos patrocínios nas quadras. A percepção desse ambiente favorável fez a Top Service, especializada em viagens de incentivo, incluir os ensaios de escolas de samba no roteiro de seus programas.’

 

ANA HICKMANN
Valéria França

A musa das passarelas conquista as donas de casa

‘Imagine que você esteja no supermercado fazendo compras e na sua frente apareça uma loira de 1,85 metro de altura, olhos azuis e cabelos lisos. Tem mais. Além da estatura e beleza pouco comuns, a moça ainda seria solícita, falante e famosa. Dona de todos esses quesitos, a gaúcha Ana Hickmann, de 26 anos, ex-modelo e apresentadora de TV, costuma deixar os homens sem palavras e as mulheres impressionadíssimas. No comando do programa de variedades Hoje em Dia, da Record, há dois anos, a bela ganhou popularidade. E hoje, dá autógrafo para fãs de todos os tipos, da aspirante a modelo até donas de casa.

A conquista da popularidade tem a ver com o bom desempenho do programa, que já incomoda bastante o concorrente direto, o Mais Você, ancorado por Ana Maria Braga, da Rede Globo. No segundo semestre do ano passado, os dois programas tiveram praticamente a mesma audiência. Alcançaram uma média que variou entre 6 e 6,5 pontos no Ibope. Antes de a ex-modelo entrar no programa, o Hoje em Dia tinha uma média de 3,3 e o Mais Você, 11. Fala-se agora na reformulação do programa de Ana Maria Braga.

‘Desde que fui para a TV, as pessoas começaram a me reconhecer na rua. Dou autógrafos com prazer. É o mínimo que posso fazer pelo público que me assiste todos os dias de manhã’, diz. É possível, sim, encontrar Ana em lugares comuns de São Paulo, como no supermercado. A apresentadora também pode ser vista comprando no Shopping Iguatemi, na zona sul. ‘A Ana é uma das poucas mulheres que são mais bonitas pessoalmente do que nas produções de revistas. Conheço apenas três modelos assim: a australiana Elle McPherson, a americana Cindy Crawford e a Ana’, diz Alexandre Corrêa, de 36 anos, ex-modelo, casado com Ana há sete anos.

Por causa do sucesso na TV, Ana agora prefere os horários mais alternativos. ‘Não dá mais para ela ir ao supermercado no meio da manhã, por exemplo. Por causa do assédio, as compras duram horas. Minha irmã não tem tempo’, diz Fernanda Hickmann, de 25 anos, que é muito parecida com a irmã, só um pouco mais baixa. Virou sua assistente pessoal.

Para dar conta dos compromissos, Ana tem hoje um grande time de assistentes. Corrêa cuida das marcas licenciadas. São 12 os produtos que levam a assinatura de Ana, entre eles jeans, malharia e biquíni. O marido também se responsabiliza pelos grandes contratos de publicidade, como o do Bradesco, para quem Ana trabalha como garota-propaganda. Há ainda um assessor de imagens e eventos, e uma equipe contratada de maquiadores e estilistas. ‘Quando ela entra para fazer um trabalho, controlamos tudo, do tom da maquiagem à aprovação do produto final, sejam fotos ou filme’, diz Cláudia Helena Santos, consultora de imagem.

Na Record, Ana virou rainha. Seu camarim na emissora parece um apartamento de 60 metros quadrados. Amplo e bem decorado, tem um closet para as roupas, uma sala que também funciona como escritório para onde ela levou seu i-Mac, e o camarim propriamente dito. Não há nada fora do lugar. As prateleiras são organizadas com grandes caixas decoradas, muitas delas rosas. ‘Foram presentes da minha sogra’, diz. Mesmo assim, ela se desculpa ‘pela bagunça’.

‘Não sabíamos se ela conseguiria dar essa virada na carreira’, diz Corrêa. Segundo ele, houve momentos de dúvidas e crises. ‘Muitas vezes, ela chegou chorando em casa, porque o trabalho não tinha saído como ela gostaria.’ Ana chegou a contratar um coach para aprender as técnicas da TV. Também teve aulas com uma fonoaudióloga para educar a voz e melhorar a dicção. ‘Como a Ana viveu muitos anos em Nova York, ela ficou com o português prejudicado’, diz Corrêa.

Ana já virou xodó da equipe do programa. O dia do seu aniversário, 1º de março, virou happening na emissora. ‘Na verdade, eles aprontam. Colocam meu presente sempre num lugar absurdo. Em 2006, tive de escalar a antena da emissora e, no ano passado, atravessar uma passarela estreita que ligava dois guindastes de 40 metros de altura’, conta Ana, que foi içada até lá e, com capacete e cordas de segurança, equilibrou-se pela ponte até pegar o presente. Sem perder o bom humor. ‘Era uma fita com meus melhores momentos. Achei lindo. Também ganhei um anel’, diz ela, mostrando uma aliança de ouro cravejada de brilhantinhos, que usa no polegar.

Ana, aliás, sempre foi ousada. Quando desfilou a primeira marca de biquíni que desenvolveu para um desfile de Amir Slama, sócio da grife Rosa Chá, entrou na passarela enrolada numa cobra. ‘Adoro serpentes. Fui pessoalmente achar uma criada no cativeiro. Nem lembrei dela durante o desfile.’’

 

INTERNET
Andrei Netto

Museus e bibliotecas de Paris suspendem uso de Wi-Fi

‘O uso de hotspots de internet sem fio (Wi-Fi) em museus e bibliotecas da capital francesa está suspenso até o mês de fevereiro. A moratória decretada pelo Conselho de Paris visa a esclarecer a origem de distúrbios de saúde declarados por funcionários das instituições, supostamente vinculados às emissões de radiofreqüência das estações de base.

A decisão reabre a controvérsia em torno dos riscos – ainda não comprovados, nem descartados – à saúde gerados pela exposição excessiva às ondas de internet, telefonia celular e microondas, entre outras.

Desde junho, 60 bibliotecas e museus mantidos pela prefeitura vinham sendo equipados com estações de base, aparelhos que emitem as ondas captadas pelos microcomputadores. Com o passar dos meses, funcionários de quatro bibliotecas pediram a intervenção da Federação Sindical Unitária (FSU) junto à prefeitura.

A moratória foi decidida pela Direção de Assuntos Culturais de Paris, a pedido do Comitê Higiene e Segurança, depois que mais de 40 funcionários públicos descreveram problemas de saúde como dor de cabeça, mal-estar, vertigem e dor muscular. Os supostos distúrbios chamaram a atenção por terem características semelhantes aos diagnosticados por pessoas que se sentiam prejudicadas por antenas de retransmissão de sinais de telefonia celular.

A causa foi encampada não apenas pelos sindicalistas mas também por ambientalistas e organizações não-governamentais (ONGs) que já haviam militado contra o que consideram ‘instalação indiscriminada’ de antenas de telefonia celular. ‘O grande problema é que a questão segue em aberto. Não temos certeza sobre a existência ou não de riscos à saúde. O que há é um ‘risco potencial’ que precisa ser analisado. Daí a necessidade da moratória’, afirma Stéphen Kerckhove, da ONG Agir pelo Ambiente.

Outra ONG, a Priartem (na sigla em francês, para Regulamentação das Implantações de Antenas de Telefonia Celular) se vale de estudos em laboratório para embasar o temor. De acordo com Janine le Calvez, presidente da associação, com sede em Lion, há pesquisas acadêmicas que indicam o efeito genotóxico – alterações genéticas nocivas – provocado pelas ondas de radiofreqüência de 2.450 MHz, as utilizadas pelas redes sem fio de internet. ‘Esses resultados convergem com os estudos epidemiológicos sobre a telefonia móvel e mostram um aumento no risco de tumores’, diz.

INDICAÇÕES

Encerrado há dois anos, o relatório Reflex, estudo supervisionado pela Comissão Européia, baseou-se em quatro anos de experiências realizadas por 12 grupos de pesquisa em sete países, ao custo de 3 milhões (cerca de R$ 8 milhões). Segundo o texto, ondas eletromagnéticas podem, em tese, quebrar o DNA de células humanas expostas de forma sistemática e por longos períodos (18 horas) a raios de baixa freqüência, gerando alterações. A pesquisa, porém, não é conclusiva e ressalta que ainda não é possível afirmar que haja danos à saúde humana.

Outro estudo epidemiológico internacional, o Interphone, também estimula a discussão na Europa. Ainda em curso em 13 países, o levantamento – específico sobre telefonia celular – indica que a exposição excessiva à radiofreqüência pode dobrar o ‘risco relativo’ de tumores cerebrais, como gliomas, meningiomas e neurinomas, entre outros.

Em Paris, o tom das discussões é ainda mais acalorado porque a cidade tornou-se a metrópole mais conectada por redes Wi-Fi da Europa. Bertrand Delanoë, prefeito de Paris, vem implantando um projeto de ‘cidade digital’, o Paris Wi-Fi, que consiste na implantação de hotspots (pontos de internet sem fio de livre uso), uma forma de democratizar o acesso à rede mundial.

No final de 2007, 260 pontos da cidade, como parques, monumentos, prefeituras distritais, museus, bibliotecas e centros associativos – entre os quais o Campo de Marte, onde se situa a Torre Eiffel, e o Hôtel de Ville, a sede do Executivo municipal – já contavam com 400 estações de base Wi-Fi.

Diante da incerteza, os cientistas apelam ao uso comedido de telefones portáteis. Quanto às redes sem fio de internet, a medida preventiva é o uso a uma distância mínima de 50 centímetros da estação de base.’

 

TELECOMUNICAÇÕES
Ethevaldo Siqueira

O novo estilo de ouvidoria petista na Anatel

‘Imagine, leitor, a confusão de papéis de um ombudsman que parte para a condenação radical da própria instituição em que trabalha, de sua ética, de suas bases legais e do comportamento de seus dirigentes. Pois é exatamente isso que ocorre com o ouvidor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Aristóteles dos Santos.

A agência tem, realmente, muitas falhas, em especial aquelas já apontadas diversas vezes nesta coluna, resultantes da interferência político-partidária e da nomeação de dirigentes não qualificados. Mesmo assim, ainda é a melhor (ou a menos ruim) das agências reguladoras.

Bem diferentes de nossas críticas são as acusações feitas pelo ouvidor à agência e encaminhadas na semana passada em relatório ao presidente da República. Muito além da defesa dos usuários – missão que lhe compete como ouvidor – Aristóteles Santos parte para o ataque político-ideológico ao modelo institucional vigente no setor.

O relatório é, na verdade, um panfleto inteiramente afinado com o discurso dos sindicalistas da Federação Interestadual dos Trabalhadores Telefônicos (Fittel), entidade a que pertencia o ouvidor. Aquela federação se notabilizou em 1998 por liderar dezenas de ações na Justiça em defesa do modelo estatal e até agredir fisicamente investidores nos leilões de privatização da Telebrás.

O ouvidor Aristóteles dos Santos sabe que a maioria dos problemas da Anatel decorre de nomeações políticas, inclusive de sindicalistas, totalmente despreparados para o trabalho na agência.

Sem orçamentos mínimos adequados, degradada e desprofissionalizada pelo próprio governo Lula, a Anatel é agora apontada pelo ouvidor como prova da inadequação do modelo privatizado. Nenhuma palavra sobre os resultados extraordinários desse modelo, traduzidos no aporte de mais de R$ 170 bilhões de investimentos em infra-estrutura e o aumento da densidade porcentual de míseros 14 acessos telefônicos por 100 habitantes, em 1998, para mais de 80, atualmente.

Em telefonia móvel, o País saltou de apenas 5,2 milhões de celulares em julho de 1998 para 120,9 milhões hoje, um crescimento de 2.480%. E, resumindo: só em 2007, os investimentos privados em telecomunicações foram maiores que os do PAC em todas as áreas.O ouvidor não se limita a analisar com isenção e objetividade os problemas da agência. Prefere discorrer sobre a economia setorial, confundindo faturamento com lucro, dando aulas sobre tarifas (sem mencionar a hipertributação de mais de 40%) e defendendo a criação de uma megaconcessionária nacional, a partir da fusão entre Brasil Telecom e Oi.

Sobre essa fusão, é preciso deixar bem claro que nenhum brasileiro pode ser contra a criação de uma grande concessionária privada nacional de telecomunicações. Mas uma operação desse tipo deve responder previamente a duas perguntas básicas: para quê e em benefício de quem?

Não há dúvida de que, para a nova empresa, haverá benefícios de escala. Difícil, no entanto, é provar que a fusão de duas empresas aumenta a competição ou que a nova tele será mais forte numa competição com a Telefônica ou a Embratel.

A fusão das concessionárias ou a aquisição de uma por outra, no entanto, tem que seguir trâmites legais rigorosos e apoiar-se em negociações livres entre as partes. Não é o que ocorre até aqui nesse casamento arranjado pelo governo, que mais parece uma aquisição com promessa de ajuda, de empréstimo e participação direta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos fundos de pensão das estatais no capital da nova empresa.

Que tipo de empresa privada será essa, com a injeção de bilhões do BNDES e dos fundos de pensão? Além disso, o governo reivindica uma golden share – ação que lhe dará poder de veto na nova concessionária -, que apavora qualquer investidor privado porque politiza a administração de qualquer empresa.

Do ponto de vista legal, a fusão só pode ser concretizada depois da elaboração de um novo Plano Geral de Outorgas (PGO) pela Anatel e de sua sanção por decreto do presidente da República. Tudo teria que começar na Anatel, a partir de estudos específicos, com um grande debate nacional, em audiências públicas, terminando com o texto do decreto submetido à sanção presidencial. Nada disso foi ou está sendo feito. O carro caminha, portanto, adiante dos bois.

MUDANÇA DE REGRAS

O Brasil só conseguirá a confiança de investidores privados com regras duradouras, em ambiente de completa isonomia e sem critérios discriminatórios quanto à origem do capital das concessionárias. O que vemos hoje nas telecomunicações é um claro retrocesso, com recaída nacionalista e a volta do discurso xenófobo e estatizante.

Em lugar de aperfeiçoar o modelo ou formular políticas públicas bem pensadas, ministros e sindicalistas propõem a seu bel-prazer mudanças de nítida inspiração populista, sem maior debate com a sociedade, com especialistas e com o Congresso.

Será que vivemos uma epidemia da metamorfose ambulante nas telecomunicações?’

 

TELEVISÃO
Patrícia Villalba

A Portelinha vê a Portelinha

‘A favela da Portelinha, de Duas Caras, seria um exagero da ficção não fosse a existência da comunidade de Rio das Pedras, que está aí para provar que existe, sim, um lugar de gente humilde e trabalhadora, onde a paz e o respeito são leis. E deve ser por isso que a gente anda pelas suas ruelas com a sensação de estar no Projac, fantasiando que pode ouvir o ‘epa, epa, epa’ de Antônio Fagundes a qualquer momento. ‘Tenho muito orgulho de morar aqui. Meus filhos têm uma educação ótima, não vêem drogas nem armas’, diz Lúcia Rodrigues. Ela chegou há 14 anos de Fortaleza, vendeu cosméticos, progrediu e hoje tem um salão de beleza.

É uma história que o autor Aguinaldo Silva conhece bem. Ele acompanhou de perto o nascimento da comunidade, formada por retirantes nordestinos a partir dos anos 70. ‘Eu morava num condomínio, que ficava no final da Estrada Velha de Jacarepaguá, em meio à qual foi criada a favela. Como passava por ali todo dia, acompanhei todo o processo, de invasão, criação e crescimento da favela’, explica. E quando decidiu ambientar sua nova novela na Barra da Tijuca, adivinhe de qual comunidade ele se lembrou? ‘Na hora pensei naquela favela que eu conhecia tão bem – Rio das Pedras’, explica.

O que mais há em Rio das Pedras é cabeleireiro e botequim. Neles, não se fala em outra coisa, senão os mandos e desmandos de Juvenal Antena (Antônio Fagundes). O personagem é comparado a Félix dos Santos Tostes, assassinado no ano passado e que seria o chefe de uma milícia que atuaria no local – embora a existência do grupo não seja confirmada por ninguém ali. ‘Há quem diga que a paz daqui venha das milícias, mas eu prefiro acreditar que é Deus’, observa o pastor Amós Rubens Teixeira. ‘Aqui todo mundo é muito unido. E, por isso, aos poucos, o povo de fora aprendeu a respeitar quem é de Rio das Pedras’, completa o comerciante e músico César Dias.

Dois caras

Juvenal Antena é o tal, mas quem faz sucesso mesmo em Rio das Pedras é Evilásio. E mais do que ele, o ator Lázaro Ramos é um exemplo, um verdadeiro herói para os moradores. ‘Comparo a trajetória dele com a minha. Somos negros, filhos de empregadas domésticas, batalhamos pelo sonho. Ele realizou o dele, e eu vou conseguir realizar o meu também’, promete o músico e comerciante César Dias, de 29 anos, nascido e criado em Rio das Pedras, como Evilásio é nascido e criado na Portelinha – e tão popular quanto.

Vocalista e compositor da banda Altivez, de pop rock e eletrônica, que chega a fazer show na comunidade para 10 mil pessoas, César compôs a música O Novo Rumo em homenagem ao ator. Em breve, deve apresentá-la na Câmara Municipal do Rio, quando Lázaro receberá uma comenda. ‘Sonhei com o Lázaro se defendendo num tribunal, daí veio a inspiração – eu durmo sempre com um gravadorzinho ao lado da cama, para aproveitar as idéias. Já fico imaginando como vai ser o clipe’, diz ele, que começou a trabalhar aos 12 anos de idade e já foi de motorista de ônibus a paraquedista.

Fiéis de verdade

Rio das Pedras tem uma rádio de poste, uma Mãe Setembrina e até um Evilásio. Mas a Portelinha não tem um pastor evangélico como o pastor Amós Rubens Teixeira. Terno risca-de-giz impecável e um ar de trompetista de jazz, ele está à frente do primeiro templo fundado na comunidade – há 47 deles -, freqüentado por cerca de 700 fiéis. ‘Estamos recebendo hoje a reportagem do Estadão, eu até já dei entrevista. Fiquem tranqüilos, representei bem vocês. E por que o Estadão está aqui?’, pergunta ele de cima do altar. ‘Por que Jesus mandou!’, responde um mar de fiéis, igreja cheia numa manhã de domingo.

Amós comanda um culto animado, com músicas modernas e palmas, muitas palmas, e que em nada lembra o carrancudo e extinto núcleo evangélico de Duas Caras. Sim, extinto. Aguinaldo Silva diz que foi obrigado a abandonar a história do Pastor Lisboa (Ricardo Blat). ‘Tive de tirar essa trama da novela, porque ela era a única que me obrigava a ser politicamente correto’, justifica o autor. ‘Essa é uma novela politicamente incorreta, e os crentes da novela, de tão perfeitos, ficaram chatos.’

Por motivos distintos, o pastor Amós não aprovou o núcleo evangélico da novela. Mas não proibiu seus fiéis de vê-la. ‘Eu mesmo não vejo a novela, mas sei que tem um pastor. Pelo que me contaram, somos motivo de chacota e nossa religião é mostrada de maneira superficial’, lamenta.’

 

Mário Viana

Ninguém pensa em mudar de canal?

‘O governo federal e os fabricantes de TV precisam firmar um acordo urgente para ensinar a população a usar controles remotos. Pelo visto, o uso do equipamento ainda é um enigma para muitos brasileiros. Só pode ser essa a explicação para que tanta gente tenha recorrido ao Ministério Público e reclamado do excesso de bebidas alcoólicas e de vulgaridade em um dos primeiros episódios de Big Brother Brasil 8.

Caso não tenha sido uma armação orquestrada para atrair o público fugitivo – leio que a audiência tem sido bem inferior a outros anos -, o fato de tanta gente reclamar do programa prova uma coisa: existe um ditadorzinho dentro de cada um. De nada adiantaram as lutas pela volta da democracia, nos anos 70 e 80. Quando se sente ofendido por um programa, o Tirano ressurge e inicia uma campanha para tirar o tal evento do ar.

Acontece que o tal tirano está sentado confortavelmente ao lado de um espírito subserviente, daqueles que dizem sim para tudo e não conseguem decidir se querem água com gás ou sem. Vamos chamá-lo de Frouxinho. Irmão do Tirano, ou muito íntimo, o frouxinho aceita qualquer bobagem que o programador da TV coloque no ar. Ele não questiona, não rejeita. Prefere se aliar ao tirano e pedir que a tal bobagem saia do ar.

Frouxinho e Tirano devem desconhecer a tecla do controle remoto que muda os canais. E nem se fala naquela outra tecla, colorida, que desliga o aparelho. Até onde eu sei, ninguém é obrigado a assistir Mais Você, Caminhos do Coração, Superpop ou Programa Raul Gil. Ninguém precisa nem mesmo seguir a estapafúrdia inauguração do restaurante na favela de Duas Caras.

E, principalmente, ninguém é forçado a se ofender com as baixarias de Big Brother Brasil. Basta mudar de canal, alugar um DVD ou botar as crianças na cama. Os leitores podem me considerar um marciano, mas até hoje, de sete edições do BBB, devo ter visto um total de 20 minutos do programa. O formato do show não me atrai e, sinceramente, estou pouco me lixando para o que pensam – se é que o fazem – meia dúzia de siliconadas e bombados, tão desinteressantes quanto um rodízio de chuchu. Tranquem-se e sejam felizes, mas não achem que sou obrigado a assisti-los. Quem quiser, fique à vontade. O País é livre.’

 

Keila Jimenez

Silvio Santos ressuscita Aqui Agora

‘Imagens tremidas, repórteres que choram de emoção com seus entrevistados, notícias ao estilo ‘espreme, sai sangue’. Silvio Santos quer desenterrar o Aqui Agora. Sucesso nos anos 90, o noticiário pode retornar à emissora repaginado, mas sem perder o tom popularesco.

Plano antigo de SS, a volta do Aqui Agora começou a ganhar força no final do ano passado e início deste ano. Pilotos (programa teste) com César Filho, Analice Nicolau e Afanasio Jazadi no comando da atração foram gravados. Mas Silvio não gostou do resultado. Queria mesmo é Datena na bancada, no melhor estilo Cidade Alerta. Ficou na vontade. Enrolado com multas contratuais, Datena ainda permanece na Band.

Marcelo Rezende, da Rede TV!, chegou a ser cotado para a vaga, assim como Faccioli, da Record. Mas nada ainda foi fechado.

Silvio segue em busca de um âncora que tope qualquer parada. Porque essa era a cara do Aqui Agora.

No ar de 1991 a 1997, o noticiário teve entre os seus comentaristas Jacinto Figueira Júnior e ninguém mais que o locutor do caos, Gil Gomes. Inovou bastante, como quando apostou no uso do gerador de caracteres ao exibir manchetes escandalosas sobrepostas às imagens.

No YouTube é possível ver o melhor do noticiário, que beirava o circense. Do homem da previsão do tempo ao comentarista de economia – cargo ocupado por Maguila – tudo fugia propositalmente do padrão Globo de qualidade.

Entre as pérolas do Aqui Agora na web há uma reportagem com Angélica, com alguns quilos a mais e um vídeo do então repórter Celso Russomanno defendendo os direitos de um consumidor bastante irritado. A chamada da matéria: ‘Faltou empada na festa.’

Mas além das piadas e dos picos de audiência, o Aqui Agora colecionou também processos. Exibiu muitos tiroteios, perseguições policiais, mas passou da conta mesmo quando colocou no ar um suicídio, ao vivo. A inovação deu lugar ao abuso. Aos poucos deixou de ser ‘sensacional’ para se tornar ‘sensacionalista’, no pior sentido da palavra. Caminho curto rumo ao fim .

Colaboradores do caos

Felisberto Duarte ( Feliz)

Nunca a previsão do tempo foi tão divertida. Feliz encenava o clima do dia: ‘piririm, pororom’

Maguila

O noticiário era tão ‘ousado’ que colocou o ex-boxeador Maguila como comentarista econômico

César Tralli

Hoje estrela Global, César Tralli correu atrás de muito bandido nos seus tempos de Aqui Agora

Celso Russomanno

Começou como repórter de defesa do consumidor. Bordão: ‘Estando bom para ambas as partes…’

Cristina Rocha

Além de apresentadora, a loira também foi comentarista dos mais variados assuntos’

 

Gustavo Miller

‘Na MTV, posso até falar palavrão’

‘Lembram do filme Manequim – A Magia do Amor, que sempre passava nas sessões da tarde da Globo, nos anos 90? Nele, um decorador de vitrines liberta o espírito de uma mulher, que estava dentro de um manequim há mil anos.

Ao conversar com Mariana Lima, de 25 anos, a MariMoon, foi impossível não lembrar do filme. Pela primeira vez eu ouvi a voz de uma menina que há cinco anos faz um sucesso absurdo na web, com suas fotos pra lá de estilosas.

A partir do dia 28, outras pessoas terão a mesma experiência. A manequim virtual ganhará vida como a nova VJ da MTV.

Por que você acha que virou VJ ?

Eu já tinha aparecido no canal antes, no Vidalog, quando tinha cabelo azul, e cheguei a participar do Ya! Dog. Então acho que eles meio que estavam de olho em mim. Também tenho um link bom com o público jovem por causa do fotolog, que é uma comunicação com a cara da MTV. Eu sou totalmente: ‘Oi, sou jovem, quero viver a minha vida, ser alegre, ouvir música e curtir cultura.’

Você virou uma referência para os adolescentes, como a MTV?

A MTV é um dos únicos canais que mais ouvem o público, eles ficam muito de olho no que o pessoal está falando. Um canal comum só fala e você escuta, aqui não. A internet tem muito esse lado, de todo mundo ter a possibilidade de dar a sua opinião. No meu programa, que será de segunda a quinta-feira, as pessoas vão falar bastante, ele será totalmente aberto, como um blog.

Como assim?

No blog você pensa: ‘Hoje eu vou falar de algum assunto, como algo que saiu no jornal.’ O programa é a mesma coisa: ele terá o tema do dia, que dará o rumo do que vai rolar naquela meia hora de duração. O entrevistado será relacionado a este tema e irá responder às perguntas que eu e a galera vamos fazer. No meio disso terá coisas engraçadas, tipo dica de receita, de balada, de filme, notícia de música… Como um blog.

Como que é ir da web para a TV?

Todo mundo está hoje na internet, as pessoas existem. Você, como jornalista, para conseguir um emprego antes sofria, tinha de correr atrás dos jornais… Agora você abre um blog e, se for bom, logo será descoberto. Nos EUA já tem ator de YouTube! Qualquer um pode ter o seu espaço na internet, e cabe à mídia tradicional se dar ao trabalho de olhar para essas pessoas.

Quase ninguém conhece sua voz.Você está fazendo alguma preparação especial?

Não, apenas algumas dicas. Eu falo muito rápido, às vezes erro no português, e também tenho de falar menos cantado. A MTV não poda, eles dizem que eu estou lá por ser quem eu sou. Não é para eu emagrecer, pintar o cabelo e usar a roupa e maquiagem que pedirem. Posso até falar palavrão.

Nos créditos finais do programa irá aparecer ‘MariMoon veste MariMoon’?

(Risos) Eu falei que vou usar as roupas que eu crio, mas também de outras marcas. Hipocrisia seria não usar as peças que eu faço, pois as uso e comecei a fazê-las para mim.

Ela tem até uma loja virtual

Quem é ela?

Mari é dona do fotolog (www.fotolog.com/marimoon) mais popular do Brasil. Seu sucesso se deve basicamente ao estilo que criou em torno de sua imagem: o cabelo mutante e as roupas diferentes, uma coisa meio O Estranho Mundo de Jack com anime (ex-estudante de moda, ela mesma desenha as peças).

A combinação desses dois fatores fez dela um modelo de ‘atitude’ e ‘rebeldia’, para o público pré-adolescente. Logo virou sex symbol, para os meninos,e inspiração para as meninas, que queriam usar as mesmas roupas de suas fotos. Isso a fez abrir sua própria loja virtual (www.marimoon.com.br/loja), no ar desde 2007.’

 

HUMANIDADES
Francisco Quinteiro Pires

O centenário da imigração japonesa no Brasil

‘Em 18 de junho deste ano se completam 100 anos da chegada do navio Kasato Maru ao Porto de Santos. Ele trouxe 165 famílias japonesas, que se transformariam numa comunidade nipônica de 1,5 milhão de indivíduos, entre natos e naturalizados, a maior fora do Japão. Para entender os efeitos do centenário da imigração japonesa no País, Humanidades (Editora UNB, nº 54, 154 págs.) traz uma edição em que debate a herança do frutífero diálogo entre as culturas do Japão e do Brasil.

Variados, os assuntos passam pelo debate do ensino da língua portuguesa em terras brasileiras, pela dança, pela pintura, pela poesia, pelo cinema e pelas histórias em quadrinhos.

Autora de Mangá – O Poder dos Quadrinhos Japoneses, Sonia M. Bibe Luyten escreve um artigo sobre a penetração da cultura popular japonesa no mundo e no Brasil. Ela mostra como as HQs, as canções populares e as revistas baratas, até meados dos anos 1950 desconhecidas no exterior, se tornaram produtos de massa, apesar da propaganda oficial a favor da arte elitista. Houve uma mudança das idéias políticas e culturais cultivadas pelo Ocidente em relação ao Oriente: os temas envolvendo a juventude japonesa ganharam relevância para norte-americanos, europeus e brasileiros. A influência foi mútua, tanto que as formas físicas das personagens dos mangás se ocidentalizaram.

Uma entrevista com Tomie Ohtake, nascida no Japão, em 1933, e radicada no Brasil desde 1956, mostra como ela, uma das maiores expoentes das artes plásticas brasileiras, faz seus trabalhos movida pela crença de que a arte existe não para reiterar os problemas sociais, mas para transcendê-los. Pensando a vida em paisagens, ela foi capaz de criar novas formas durante sua trajetória singular.’

 

 

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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