Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

IMPRENSA NA JUSTIÇA
Folha de S. Paulo

Juiz condena fiel da Universal em ação movida contra a Folha no MS

‘O juiz estadual Alessandro Leite Pereira, de Bataguaçu (MS), condenou Carlos Alberto Lima, fiel da Igreja Universal do Reino de Deus, à pena de litigância de má-fé por entender que, mesmo sem legitimidade, iniciou uma ação contra a Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, pedindo indenização por danos morais.

‘A postura adotada pelo autor […] demonstra a existência de inquestionável má-fé, pois deturpa o conteúdo da reportagem para, inserindo-se individualmente nela, buscar indevidamente o recebimento de valor indenizatório’, informou o juiz em decisão anteontem.

Lima e outros fiéis da Iurd moveram ações simultâneas alegando terem se sentido ofendidos pela reportagem ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicada pela Folha em 15 de dezembro. No texto, a repórter Elvira Lobato relatou que a Universal construiu um conglomerado empresarial.

Para os fiéis, a reportagem ‘insinuou’ que os membros da Iurd são inidôneos e que o dízimo pago por eles é produto de crime. Disseram ainda que ouviram gozações de conhecidos.

‘Se o autor está sendo vítima de chacotas de terceiras pessoas (…), é contra estas pessoas que o demandante deve direcionar a demanda’, escreveu o juiz. Segundo ele, Lima não tem legitimidade por não ter sido citado na reportagem. O juiz aplicou multa e condenou o fiel a pagar custas, despesas e honorários, que arbitrou em R$ 800. Cabe recurso.’

 

ELEIÇÕES NOS EUA
Folha de S. Paulo

‘New York Times’ endossa Hillary e McCain

‘O jornal americano ‘The New York Times’ anunciou em editoriais ontem que recomenda o voto nos candidatos Hillary Clinton e John McCain, respectivamente, nas primárias do partido Democrata e Republicano.

O texto de apoio a Hillary foi mais efusivo, com críticas ao atual presidente George W. Bush e elogios a Barack Obama. ‘Obama e Hillary ajudariam a restaurar a imagem global dos Estados Unidos, para a qual o presidente George W. Bush deixou dolorosos prejuízos.’

A publicação ressalta que, nos assuntos básicos, ambos têm propostas boas e parecidas; que tem simpatia pela proposta de ‘mudança’ de Obama, mas que se impressiona muito com ‘o conhecimento profundo’ da senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton.

Para o ‘New York Times’, ter o primeiro negro ou a primeira mulher na Presidência seria positivo, mas o ineditismo não é o fator fundamental da escolha. O jornal diz também que não pode apoiar a candidatura de John Edwards, o terceiro colocado nas pesquisas, por tê-lo visto abrir mão tantas vezes de suas posições.

O apoio ao republicano John McCain é feito com reservas, já que nenhum dos candidatos do partido ‘tem plano para tirar as tropas americanas do Iraque’.

McCain é o escolhido, contudo, por representar, na opinião do jornal, o maior rompimento com a política de Bush.

O jornal também diz: ‘Por que um jornal com base em Nova York não vai apoiar Rudolph Giuliani?’, em referência ao ex-prefeito da cidade, que teve apoio da publicação em sua reeleição de 1997. O editorial criticou o ex-prefeito, falando em ‘arrogância’, ‘maus julgamentos’ e dizendo que Giuliani ‘transformou o 11 de Setembro em um negócio lucrativo’.’

 

Daniel Bergamasco

Oprah some da campanha de Obama, que continua a citá-la

‘‘Três palavras: Oprah vice-presidente.’ Foi assim que Barack Obama encerrou na noite de anteontem sua lista -satírica- de dez promessas de governo no programa de David Letterman. Mas, propulsora de sua ascensão em Iowa -onde fez comícios ao lado do candidato, que acabou vitorioso no Estado-, a apresentadora mais poderosa da TV americana não está mais aparecendo na campanha.

Oprah Winfrey desapareceu dos palanques em janeiro nos últimos Estados que sediaram primárias democratas, e não há notícia de quando ela volta a defender votos para o senador de Illionois nas ruas ou em anúncios de TV.

Uma das hipóteses especuladas sobre o afastamento de Oprah, uma das celebridades negras de maior prestígio nos Estados Unidos, é a retaliação que ela recebeu de parte do público feminino (que é a base da audiência de seu programa de TV) por apoiar a candidatura de um homem contra a de Hillary Clinton, e assim prejudicar a possibilidade de os Estados Unidos elegerem a primeira mulher presidente na história do país.

No site oficial da apresentadora, centenas de mensagens reclamavam do apoio a Obama, classificavam a apresentadora de ‘traidora’ das mulheres, disparando contra ela xingamentos e ofensas.

Enquanto Oprah segue ausente, estrategistas de Barack Obama continuam a utilizar em anúncios imagens de dezembro da campanha de Oprah nos Estados de Iowa, New Hampshire e Carolina do Sul.

Na época, a dupla, apelidada de ‘Oprah-bama’ e de ‘o fator 0 da campanha presidencial’, chegou a reunir quase 30 mil espectadores, quase todos negros, em um estádio em Columbia, na Carolina do Sul.

Nos discursos, relembravam juntos o líder Martin Luther King Jr., assassinado após defender direitos iguais para todas as raças e liam passagens da Bíblia. Ela defendia também abertamente a importância histórica de um negro assumir, pela primeira vez, o controle da Casa Branca.’

 

FÁBIO ASSUNÇÃO
Luis Kawaguti e Cinthia Rodrigues

Ator é levado à PF após prisão de suspeito de tráfico em flat

‘O ator Fábio Assunção, 36, da TV Globo, foi flagrado por policiais federais na companhia de um homem suspeito de tráfico de drogas em um flat no Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo.

Assunção acabou sendo levado para a Superintendência da Polícia Federal (PF) na tarde de quinta-feira na condição de testemunha e teve de prestar esclarecimentos.

O suposto traficante, cujo nome não foi divulgado, e o ator teriam sido localizados em um apartamento do flat na tarde de anteontem por uma equipe da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

Os policiais revistaram a dupla e encontraram 30 gramas de cocaína em poder do suposto traficante, que foi preso.

O ator Fábio Assunção não portava nenhum tipo de droga, segundo a polícia.

Em nota divulgada ontem pela assessoria da Rede Globo, ele afirmou: ‘Agradeço pela preocupação, mas apenas dei um depoimento num caso que corre em segredo de Justiça, sobre o qual não posso falar e que não me diz respeito diretamente’ (leia ao lado).

A PF não esclareceu como os policiais chegaram até o suposto traficante nem o que Assunção estaria fazendo em companhia dele no flat.

Um agente da Polícia Federal que não quis se identificar afirmou à Folha que uma das hipóteses investigadas é que o ator teria ido ao apartamento a fim de comprar drogas, embora a cocaína tenha sido encontrada apenas com o traficante.

No ano passado, quando Assunção se afastou por cinco dias das gravações da novela ‘Paraíso Tropical’, circularam boatos de que ele estava internado para tratamento.

Um ex-sócio do ator em São Paulo disse que Fábio Assunção sempre gostou de festas e conhecia todo tipo de pessoas. Esse empresário, que não quis se identificar, disse que nunca soube de envolvimento do ator com drogas.

Operação ou denúncia

A PF não disse se a prisão do suspeito de tráfico de drogas fazia parte de alguma operação ou se partiu de denúncia. Também não ficou claro por que o caso foi tratado pela Polícia Federal, e não pela Polícia Civil.

A PF afirmou que fornecerá detalhes do caso apenas na segunda-feira, quando agentes e delegados envolvidos voltarão a trabalhar após o feriado do aniversário de São Paulo.

Por ter sido achado em companhia do suspeito no momento da ação policial, o ator teve que acompanhar os policiais até a Superintendência da PF, na Lapa, zona oeste.

A Polícia Federal informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o ator foi ‘arrolado como testemunha’ em um inquérito policial e em momento algum esteve na condição de detido ou preso.

Duas horas

Depois de prestar esclarecimentos por aproximadamente duas horas, Fábio Assunção deixou o edifício da Superintendência da PF ainda na noite de quinta-feira.

Ontem, o ator já estava no Rio, para tratar de sua participação na nova novela das oito. O homem suspeito de tráfico de drogas permaneceu preso na carceragem do edifício.

A Folha telefonou para a casa do ator em São Paulo, mas foi informada de que ele estava em gravação, no Rio.

Uma secretária particular de Assunção também foi localizada, mas disse que não havia falado com ele e ter ouvido dizer que ele foi testemunha.

Familiares e a ex-mulher do ator, a produtora Priscila Borgonovi, também foram procurados pela reportagem, mas não atenderam às ligações.’

 

***

Em nota, ator diz que só depôs em caso que não lhe diz respeito

‘A Central Globo de Comunicação divulgou ontem a jornalistas um comunicado com o título ‘Fábio Assunção começa a trabalhar em personagem da nova novela das oito’.

O texto distribuído afirma que ‘Fábio disse que está entusiasmado com o novo desafio e reagiu com bom humor aos recentes boatos’.

Em seguida, traz uma declaração atribuída ao ator: ‘Agradeço pela preocupação, mas apenas dei um depoimento num caso que corre em segredo de Justiça, sobre o qual não posso falar e que não me diz respeito diretamente’.

De acordo com o comunicado, Assunção iniciou ontem ‘os trabalhos para a sua participação’ na trama, cuja estréia está marcada para o final de maio.

A Globo afirma ainda que o ator participou ontem, no Projac (central de estúdios da Globo no Rio de Janeiro), de uma reunião com o diretor Ricardo Waddington e as atrizes Claudia Raia e Mariana Ximenes ‘para leitura de texto’.

Anexo ao comunicado, a emissora enviou três fotos, duas do ator posando ao lado de Ximenes e Raia e uma da reunião dele com as duas atrizes e o diretor.

A Globo não costuma encaminhar à imprensa informações como esta, de pequenas reuniões sobre as novelas.

O último trabalho de Fábio Assunção na Globo foi como o mocinho Daniel, da novela das oito ‘Paraíso Tropical’, que foi exibida de março a setembro do ano passado.

À época, o ator faltou e atrasou a gravações. A Globo disse que ele apenas teve um pequeno problema de saúde.’

 

INTERNET
Sérgio Rangel

Vídeos produzidos por traficantes do Rio são colocados no YouTube

‘Filmes produzidos por traficantes estão na internet. Nos últimos meses, bandidos de favelas do subúrbio têm veiculado imagens de tiroteios na rede.

Pelo menos dez cenas curtas estão postadas no YouTube, site que armazena e compartilha vídeos. De no máximo 30 segundos, as imagens foram registradas na Vila Cruzeiro e na Chatuba, favelas vizinhas na Penha, zona norte do Rio.

Nas seqüências, os traficantes não mostram o rosto. São filmados com as armas e em supostas ações contra a polícia. Ficam em lajes e casas.

As imagens não têm boa qualidade e devem ter sido registradas por câmeras de telefones celulares. Nas gravações, é possível identificar algumas ruas de acesso aos dois morros.

A Vila Cruzeiro é uma das favelas mais violentas da zona norte. Em 2002, o jornalista Tim Lopes foi capturado por traficantes quando fazia uma reportagem na Vila Cruzeiro.

Ao ser descoberto por traficantes, Lopes foi levado ao morro da Grota, onde foi esquartejado e queimado em pneus, método conhecido como ‘microondas’ e usado para apagar vestígios dos corpos.

Em 2007, a Vila Cruzeiro foi palco de diversos tiroteios. Dezenas de pessoas morreram.

Além das cenas feitas pelos traficantes nas favelas, um filme com cenas de incursões e investigações produzido provavelmente por integrantes do serviço reservado da PM virou hit no camelódromo do Rio.

Com o título ‘Tropa de Elite 3’, o DVD de cerca de 70 minutos é vendido por R$ 10 por ambulantes no Mercado Popular da Uruguaiana. Na fita pirata, policiais trocam tiros, prendem e matam supostos traficantes.

No ‘Tropa de Elite 3’, as cenas, quase todas registadas em 2005, são de cinco morros de Niterói. As seqüências mostram prisões, remoções de corpos, confissões de traficantes, além de investigações policiais.

Com uma trilha sonora com raps e funks, o filme mostra como funciona uma boca de fumo e apresentam um personagem novo na hierarquia do tráfico -o ‘atividade’. A função é semelhante a de um ‘olheiro’, que tem a função de avisar, por meio de um rádiotransmissor, aos traficantes no alto do morro sobre a chegada da polícia. O ‘atividade’ também vigia a entrada da favela armado. Um traficante presos na função disse ganhar R$ 400 por semana.

A cientista social Silvia Ramos disse ter ficado ‘perplexa’ ao tomar conhecimento das cenas no YouTube e do ‘Tropa de Elite 3’. ‘É um fenômeno novo, mas acho positivo. Sei que é um horror, que as imagens podem ser manipuladas, mas acaba tirando da favela o assunto. Há anos os moradores falam sobre isto conosco, mas esta violência começa a deixar de ser clandestina’, disse Silvia, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Faculdade Cândido Mendes.’

 

OBITUÁRIOS
Willian Vieira

Coletânea traz melhores obituários do ‘NY Times’

‘Reza a máxima do ex-editor de cidades do ‘New York Times’, A. M. Rosenthal, que ‘se você tiver que morrer, é melhor morrer no ‘Times’. Mas o tom é menos tétrico do que parece.

No maior jornal dos EUA escreveram os melhores obituaristas da história -artistas da morte como Alden Whitman, o ‘Sr. Má Notícia’, ou Robert McG.

Thomas Jr., pai das ‘biografias de gente desconhecida’.

Alguns dos textos já fazem parte de duas antologias em inglês, que foram utilizadas pela Companhia das Letras para compilar uma seleção que chega traduzida ao Brasil no dia 29, como ‘O Livro das Vidas’.

‘O obituário talvez seja o único lugar da imprensa diária que chegou perto do jornalismo literário sistematicamente’, diz Matinas Suzuki Jr., coordenador da coleção ‘Jornalismo Literário’. No livro estão 57 obituários de pessoas anônimas, mas importantes pelo que fizeram, como o ‘Calvin Klein do espaço’ que abre o livro.

Um dia, na escola de uma cidadezinha de Massachusetts, o garoto Russell Colley disse a um escandalizado professor que queria ser estilista de roupas femininas. Acabou estudando desenho mecânico, coisa de homem. E não tardou até que se destacasse no âmbito da engenharia espacial nos anos 1930 -mas por projetar trajes pressurizados, que os pilotos americanos usaram para quebrar recordes de altitude. Mais tarde, ele comentaria o pânico dos astronautas por não terem ‘certas facilidades’ para as ‘necessidades’ no espaço.

Detalhes pinçados com maestria, e que, enleados à ‘causa mortis’, número de herdeiros e datas de um obituário qualquer, e narrados como uma ‘pequena biografia’, instantânea e colorida, fizeram de Robert McG. uma lenda no ‘Times’. E, por isso, o autor mais freqüente dos textos da coletânea brasileira. ‘McG. deu importância jornalística ao obituário, não só de precisão, mas de estilo’, avalia Suzuki Jr.

No posfácio, o organizador delineia a história recente do gênero, quando o até então copidesque do ‘Times’ Alden Whitman foi chamado para ‘dar vida à página de obituários’ -e que virou logo ‘o pai do obituário moderno’, pela simples idéia de entrevistar os perfilados em vida sobre sua morte. Deu tão certo que a prática é ainda hoje mantida pelo ‘Times’ -que já teve mais de 2.000 obituários prontos ‘na gaveta’, à espera da morte.

Há sabor ainda na evolução dos eufemismos, no melhor estilo ‘partiu dessa para melhor’, trazidos à tona no filme ‘Closer’ (2004); e na história do escritor Ernest Hemingway, que, tido como morto, acabou lendo o próprio obituário -o que continuaria fazendo ao longo da vida, todas as manhãs, com uma taça de champanhe.

Tradição

Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a maioria dos jornais tem uma seção fixa de obituários, o que não acontece no Brasil. ‘Eles são mais valorizados na cultura anglo-saxã, que celebra o morto’, diz Suzuki Jr. ‘É diferente da cultura ibero-católica, marcada pelo estigma da dor e do silêncio.’

A idéia é mudar essa visão mórbida do obituário. ‘Uma boa história humana, próxima e bem narrada, é tudo o que o leitor quer no café da manhã.’

O LIVRO DAS VIDAS

Organização: Matinas Suzuki Jr.

Tradução: Denise Bottmann

Editora: Companhia das Letras

Quanto: R$ 48 (312 págs.)’

 

Seção está entre as mais lidas do jornal

‘O ‘New York Times’ não tem mais Robert McG. ou Alden Whitman na sua editoria de obituários -sim, há uma editoria para isso, com quatro repórteres, colaboradores e um editor, hoje Bill McDonald, que já foi editor de política, cultura e investigação.

Com algumas fórmulas, muita criatividade e alguns empurrões dos leitores, ele fala sobre o prestígio de ‘uma das seções mais lidas do jornal’ e diz ser possível fazer os melhores obituários do mundo. A seguir, a entrevista que concedeu à Folha, de Nova York, por telefone.

FOLHA – Quem é elegível para um obituário no ‘Times’?

BILL MCDONALD – Quem deu algum tipo de contribuição à sociedade, deixando uma marca em seu tempo. Mesmo desconhecido, mas que descobrimos que fez algo significante. E celebridades que deixaram uma forte impressão no público.

FOLHA – Há alguma fórmula para escrever?

MCDONALD – Sim, temos um padrão: dizemos o nome, por que ele é importante, por que estamos escrevendo sobre ele, onde morreu e quando. O resto é biográfico. Mas podemos ser muito criativos em cima disso.

FOLHA – O público oferece obituários ao jornal?

MCDONALD – Sim, fizemos há pouco o obituário de um homem que escreveu mais de mil diários, talvez a maior coleção, com milhões de palavras. Nunca tínhamos ouvido falar dele. Alguém ligou para o repórter e contou. Recebemos centenas de ligações, cartas e e-mails com pedidos de publicação.

FOLHA – Quem são os leitores do obituário do ‘Times’?

MCDONALD – Temos um público bastante dedicado, de todas as partes da sociedade, mas tendem a ser mais velhos, pois escrevemos sobre pessoas de quem eles se lembram. Gente da geração ‘baby boom’ e que está começando a morrer.

FOLHA – É uma das seções mais lidas do jornal?

MCDONALD – Muitos dizem que é a primeira página que lêem, que querem saber primeiro quem morreu. É quase como um ritual, que remonta aos primórdios da nossa sociedade, quando o ‘town crier’ (um arauto) ia às cidades anunciar quem havia morrido à noite.

FOLHA – O ‘Times’ ainda entrevista os perfilados quando vivos?

MCDONALD – Algumas vezes, sim. Escrevemos obituários com antecedência, quando são pessoas mais importantes. Alguns deles querem, alguns não.’

 

TELEVISÃO
Laura Mattos

Band leva ao ar minissérie japonesa

‘A TV aberta terá três estréias em 18 de fevereiro. Na Globo, a nova novela das sete, ‘Beleza Pura’, e a minissérie de Maria Adelaide Amaral, ‘Queridos Amigos’. E vale ficar atento à da Band, a minissérie ‘Haru e Natsu’, produzida pela NHK, principal emissora do Japão.

Em ano de centenário da imigração japonesa no Brasil, a produção, que vai ao ar às 22h, contará a história de duas irmãs separadas quando a família embarcou rumo ao porto de Santos. A caçula, Natsu, não pôde viajar porque os fiscais da imigração constataram que estava gravemente doente. Foi deixada com a avó pela família.

O ano é 1934, e o reencontro acontecerá somente sete décadas depois, quando Haru volta ao Japão para reencontrar a irmã, que a rejeita. ‘Haru e Natsu’, portanto, intercala cenas de época com atuais.

A minissérie foi filmada no Japão e no Brasil, principalmente em uma fazenda de Campinas (interior de SP). Trata-se de uma grande produção, registrada em alta definição.

O pano de fundo da saga das irmãs é a própria história da imigração japonesa no Brasil.

O primeiro capítulo, visto pela Folha, deixa claro que ‘Haru e Natsu’ busca revelar um lado dramático da vinda dos japoneses. O narrador da minissérie fala ‘do sofrimento’ daqueles que trabalharam em lavouras de café, muitos dos quais ‘eram tratados como escravos’.

A minissérie, com oito capítulos, foi escrita por Sugato Hashida, 80, uma grife da teledramaturgia japonesa.’

 

Bruna Bittencourt

Discovery reúne ‘super-homens’ reais

‘Ao norte do círculo Ártico, um homem vestindo apenas um calção corre, descalço, a uma temperatura de 26 C negativos, sem sinal de hipotermia ou dor.

Na Turquia, um senhor de meia-idade pinta quadros -paisagens com perspectiva- sem jamais ter enxergado.

Na Suíça, uma mulher vê cores em qualquer nota musical -no badalar de um sino ou no toque de um celular-, que, quando combinadas, despertam sabores em sua boca.

Na Alemanha, um homem faz cálculos dignos de uma calculadora científica, com números de até 60 casas decimais. Com uma boa dose de ineditismo, ‘Os Super-Humanos’ traz personagens espalhados pelo mundo, que, por causa de supostas mutações genéticas, possuem características raras, o que o documentário equipara aos ‘verdadeiros super-homens’-comparação reforçada por trilha sonora dramática ou gráficos que remetem a HQs.

Disponibilizar esses ‘superpoderes’ à espécie humana é a meta dos cientistas e estudiosos envolvidos, que se debruçam sobre esses personagens, submetidos a uma batelada de exames em renomadas universidades.

Nem tão científico nem tão sensacionalista, o documentário parece uma versão verídica do seriado ‘Heroes’.

OS SUPER-HUMANOS

Quando: amanhã, às 22h

Onde: Discovery Channel’

 

GREVE DOS ROTEIRISTAS
Folha de S. Paulo

NBC decide cortar pilotos de programas

‘A greve dos roteiristas nos EUA, em curso desde novembro, fez a NBC cancelar os pilotos de novos programas. Contribuiu para o corte o risco de recessão na economia. A emissora informou que vai economizar US$ 50 milhões (cerca de R$ 89 milhões) com o ajuste.’

 

CINEMA
Folha de S. Paulo

Dois estúdios fecham acordo com roteiristas

‘Os estúdios Lionsgate e Marvel fecharam um acordo parcial com os roteiristas em greve do Writers Guild of America, o sindicato da categoria paralisada desde 5 de novembro. A exemplo do acordo com outras produtoras independentes, como a United Artists, de Tom Cruise, e a Worldwide Pants, de David Letterman, a decisão permitirá que roteiristas desses estúdios voltem a escrever.’

 

 

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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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