Em uma tentativa de expandir sua audiência na internet, a Washington Post Company lançou esta semana uma revista online voltada ao público negro. Intitulada The Root, a revista trará artigos e análises de temas como política e cultura, além de ferramentas para que os leitores pesquisem a história de suas famílias. O editor-chefe é Henry Louis Gates Jr., escritor e professor de estudos africanos e afro-americanos em Harvard.
A revista tenta se diferenciar de potenciais rivais, como a revista Ebony e sítios como o BlackAmericaWeb, justamente ao enfatizar a questão da genealogia e a adotar uma postura mais política. Os outros veículos voltados aos negros nos EUA costumam dar mais atenção a artigos de entretenimento, consumo e estilo de vida.
Diversos escritores e intelectuais, entre eles o jornalista Malcolm Gladwell e o sociólogo William Julius Wilson, aceitaram participar do projeto. A chefe de redação é Lynette Clemetson, que trabalhou no New York Times e na Newsweek. Algumas matérias, explica Lynette, não terão uma ‘visão explicitamente negra’. O segmento de notícias trará reportagens de outras fontes, muitas vezes sobre assuntos pouco abordados pela grande mídia. Em uma das seções, os editores querem estabelecer um debate a partir de questões conflitantes. O objetivo é derrubar a noção de que existe apenas um ponto de vista negro.
DNA
Já na seção chamada de ‘raízes’, os leitores encontrarão ferramentas para construir sua árvore genealógica e mapas seguindo os caminhos de seus ancestrais. Haverá links para empresas que fazem testes de DNA, e o público será encorajado a fazê-lo para ajudar a descobrir sua etnia específica e de que parte do mundo veio sua família. Uma das companhias indicadas no sítio, AfricanDNA, pertence a Gates – ligação que em muitas publicações seria proibida. ‘Não vejo conflito de interesses’, diz ele, já que a Roots irá colocar links a todas as empresas que fazem testes do tipo.
O editor-chefe também é responsável por um projeto que procura e preserva publicações voltadas aos negros desde o século 19. ‘Uma das coisas que quero criar é um grande banco de dados com todos os obituários em todos estes jornais’, afirma. Gates se preocupa em ajudar os negros a reconstruir histórias da África que haviam sido perdidas por gerações de analfabetos, famílias separadas e exclusão de arquivos oficiais. Informações de Richard Pérez-Peña [The New York Times, 28/1/08].