Chegou ao fim a The Bulletin, revista semanal mais antiga da Austrália. Em tempos de crise na indústria jornalística, o motivo já é batido: migração dos leitores para a internet e conseqüente queda na tiragem. A edição da semana passada, que chegou às bancas no dia 23/1, foi a última da história da publicação, lançada em 1880. De acordo com dados recentes do Audit Bureau of Circulations, a Bulletin vendeu, em setembro de 2007, 57.039 exemplares. O número fica bem abaixo das mais de 100 mil cópias vendidas por mês nos anos 90. ‘Esta tendência é consistente e comum a diversas revistas semanais em todo o mundo, decorrente do impacto da internet neste gênero em especial’, avalia Scott Lorson, executivo-chefe da ACP Magazines, editora que publica a revista. ‘Este é um dia muito triste para nós’.
Racismo
A Bulletin foi fundada pelos jornalistas de Sydney J.F. Archibald e John Haynes, com foco em comentários políticos e econômicos. O slogan da revista, extremamente nacionalista e republicana, era ‘Australia para os homens brancos’. O racismo foi eliminado da linha editorial quando a publicação foi comprada pela família Packer, em 1961. Nesta época, a Bulletin passou por um período de crescimento e tiragens elevadas. Posteriormente, fez um acordo com a Newsweek para usar material da revista americana. A ACP é a maior editora de revistas da Austrália, com mais de 85 títulos.
Para analistas, o fechamento da revista não é uma surpresa, tendo em vista que uma empresa de fundos de investimentos comprou, no ano passado, 75% da companhia proprietária da ACP, a PBL. ‘Jornalismo de qualidade é um produto caro e tem pouca audiência na Austrália’, explica o analista de mídia Peter Cox. ‘Este é o problema de se trazer banqueiros para investir em empresas de mídia’. No ano passado, James Packer cedeu o controle do império de mídia de sua família para a empresa de fundos de investimentos européia CVC, por US$ 725 milhões. Informações da AFP [24/1/08].