Interessante a discussão no OI em ‘Opus Dei ataca homossexuais e os jornais dizem amém’, por Leandro Colling em 23/6/2009 (ver aqui http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=543IMQ001). Para se qualificar para a discussão ele coloca suas credenciais: jornalista, professor adjunto do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, da Universidade Federal da Bahia, onde coordena o grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS). Como demérito para o seu oponente que critica, igualmente jornalista, ele atribui uma desqualificação essencial por ser da Opus Dei. Que tempos, senhores, que tempos!
Há menos de cinqüenta anos jornalistas tinham certeza de que homossexualidade era uma doença. Hoje sabem que é uma virtude com interesses de estado. A miss Califórnia, Carrie Prejean, foi desclassificada para o primeiro lugar por crime de opinião. Achar que o casamento civil deveria ser destinado a amparar uma família entre os sexos opostos. Imaginemos se ela tivesse chamado os homossexuais, Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais de doentes! Mario Armando Lavandeira Jr., mais conhecido como Perez Hilton é um blogueiro, ator, personalidade televisiva estado-unidense, jurado do evento, garantiu que ‘se ela tivesse ganhado, eu teria subido no palco e arrancado a coroa da cabeça dela’.
‘Isso porque o governo federal deseja que a temática LGBTT seja incluída nos livros didáticos e que os professores sejam capacitados para combater a homofobia nas escolas. O que é um avanço no combate à intolerância, capaz até de diminuir um alto índice de suicídios entre os jovens, motivados pela homofobia no ambiente escolar…’, escreveu Leandro Colling.
Ter opinião diferente é ser doente
Aqui já está um problema do dialogo quando o jornalista ‘ético’ chama o ‘preconceito’ como uma doença mental. Tanto jornalisticamente, como eticamente, não é possível usar deste tipo de linguajar. Homofobia é uma doença claramente definida do CID e não é nada disto que o autor se refere e usa para atacar o seu colega, também jornalista, nenhum dos dois, por sinal, donos de verdade alguma.
‘Homofobia Internalizada, denominada de Transtorno da Preferência Sexual Egodistônica ou Orientação Sexual Egodistônica (CID-10 F66.1).’ Diz-se egodistônico para os aspectos do pensamento, dos impulsos, atitudes, comportamentos e sentimentos que contrariam e perturbam a própria pessoa; é o oposto ao egosintônico.
Lembremos que a retirada da classificação da homossexualidade foi feita por pressão política e não a evidência científica. Assim como pedofilia está lá mais por pressão política do que outra razão científica. E também no código penal. A patologia se explica, alegadamente, pelo medo que o indivíduo tem de se relacionar sexualmente com outro adulto. Não existem provas disto. Na verdade deveria ser tratada do que condenada a prisão, se fosse isto o real. Mas a cada dia mais e mais pedófilos são descobertos, presos, expostos, a maioria casada e com filhos. Todos convictos que ‘sexo não é só depois de casados e que não tem fins reprodutivos’. E homossexualidade já esteve arrolada entre as doenças. Até 1977, a Organização Mundial da Saúde listava o homossexualismo como uma doença mental no mesmo capítulo dos Transtornos da preferência sexual (CID 10: F65) – Variedade de padrões de preferência sexual e atividades que inclui fetichismo, transvestismo, exibicionismo, fricativismo, mixoscopia, bestialidade, pedofilia, sadomasoquismo e necrofilia. Sinonímia: parafilias. Aquelas distúrbios que em psicanálise se referiam como erro de objeto. Todas supostas doenças ‘adquirida ao longo dos nossos processos de formação de nossas identidades, o que é realizado, em boa medida, de forma inconsciente,’ como bem lembra Leandro Colling. Lembra modas e não verdades universais, doenças comprovadas e muitos menos mundiais. Poderia se colocar o título ‘pessoas são atacadas como homofóbicas e a imprensa silencia’, (o que é a mais pura verdade neste aspecto)! Ter opinião diferente é ser doente. Por enquanto. Em breve será crime punível com prisão.
Normalidades e anormalidades
‘Diminuir um alto índice de suicídios entre os jovens, motivados pela homofobia no ambiente escolar…’ complementa a idéia anterior num apelo sofrível. Afinal, são números que carecem de comprovação e suicídio não é evitado desta maneira simplória. Nem tudo tem a justificativa por este argumento. Para isto que existem tratamentos.
Se fossemos usar o mesmo nível de diálogo amistoso, deveríamos chamar estes comportamentos de heterofobia. Uma aversão ao sexo oposto quando para relacionamento sexual, reprodutivo e convívio íntimo. Tirando os bissexuais, o resto realmente pertence a esta categoria. Dados da vida pessoal de Di Franco poderiam ter passado em branco para mostrar que o autor no OI realmente tem alguma noção de ética, e não só de gosto pessoal ou moda.
Trago outro comentarista para o debate entre os colunistas da folha. Hélio Schwartsman, 42, é bacharel em Filosofia e jornalista desde 1988. Na Folha, ocupou diferentes funções de redator a editor. É hoje editorialista e colunista. Escreveu na sua coluna, em 18/06/2009, ‘O armário de Darwin‘ sobre o assunto. Ele levanta algumas questões interessantes entre normalidades e anormalidades. Existem vários conceitos para atribuirmos um ato anormal. E nem todos precisam ou devam ser discriminados ou tratados a força. Muitos deles sem sucesso de cura ou que fica restrito ao próprio paciente decidir se lhe causa sofrimento ou se deseja se tratar. Alguns levam a cadeia, como a pedofilia ou o uso de drogas ilícitas. Mas em drogas lícitas aditas como tabaco e álcool ninguém enxerga isto como uma doença. Tratam como uma ‘recreação’ como alegada para a função sexual humana. Mesmo as drogas fazendo mal para a coletividade e para o indivíduo. Ou a obesidade, por excesso de alimentação, ou o diabetes, por esgotamento do pâncreas pela alimentação industrial ou, a hipertensão, pelo uso do sal nos alimentos. Ninguém pensa em discriminar ou obrigar estas pessoas a se recolherem ou se tratarem obrigatoriamente. As testemunhas de Jeová se recusam a transfusão e outros grupos a tratamentos com remédios. A pedofilia, a patologia alegada que se explica pelo medo que o indivíduo tem de se relacionar sexualmente com outro adulto, na verdade não se restringe exclusivamente a isto.
Chamar homofóbico para ofender
‘O raciocínio que parece motivar o LGBTT é mais ou menos o seguinte: se o homossexualismo tem raízes biológicas, ele não pode ser qualificado simplesmente como ‘opção’; seria antes uma ‘orientação’, a qual, se não constitui um destino fatídico, de algum modo participa da natureza do indivíduo, não podendo ser modificada a seu bel-prazer. O objetivo é combater os discursos francamente homofóbicos que definem o homossexualismo ou como uma escolha moralmente errada ou como uma doença que possa vir a ser curada através de terapia ou exorcismos.’ Lembra Hélio no seu texto.
No meu ver tal discurso trás para o lado da doença, sem dúvidas. Ninguém pode atribuir uma modificação genética tão grave como mero erro sem importância. Mesmo sem poder ser tratado, o que é duvidoso de garantir no momento, deixaria de não ser opção, mas compulsão, como poderia ser a pedofilia. Também não curada ou tratável por exorcismo. Esta medida, por sinal, não cura nem obesidade, hipertensão ou unha encravada. Deixarei de lado a sugestão metafísica do Hélio, daqui em diante.
Sérgio Domingues, sociólogo, integrante do Núcleo Piratininga de Comunicação e do Núcleo de Estudos do Capital (PT-SP), justamente atacara no OI, em 04/11/2003, na matéria ‘Homossexualismo, imprensa e ratos‘, que deveria ser proibido pesquisas científicas na busca de razões biológicas sobre o tema, não passando de preconceito contra a verdade. A obtenção da verdade definitiva sobre o assunto já tinha sido atingida. Justamente o contrário que o movimento LGBT busca se validar atualmente.
Os grupos gays já processaram médicos por expressarem sua opinião de que homossexualismo era uma doença. Por enquanto entendido pelo judiciário como liberdade científica de opinião. Chamar pessoas de homofóbicas (doentes sexuais), para ofender, agredir, injuriar, calar tem sido prática de desembargadores e juízes simpatizantes impunemente.
Crimes, incestos, genocídios
O governo federal deseja que a ‘temática’ LGBTT seja incluída nos livros didáticos e que os professores sejam capacitados para combater a homofobia nas escolas, defende Leandro Colling. Em primeiro lugar já está novamente à desinformação desejada levar a mais tenra idade de verdades absolutas e falsas. Não podemos tratar as pessoas como doentes, chamadaas injuriosamente de homofóbicas, porque seus pais, elas mesmos, ou um grupo deseje se impor aos outros. Senão devemos urgentemente trazer a discussão para o campo adequado, que é o de saúde mental e quais critérios devemos avaliar os comportamentos como sadios ou doentios de ambos os grupos e socialmente responsáveis para as gerações futuras desenvolverem.
Ninguém pode ser condenado por pertencer à Opus Dei, assim como não pode ser por pertencer a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. No entanto, o autor achou isto relevante como prova de mau caráter inerente do Di Franco. Acho que é um péssimo modo de argumentar sobre coisas relativas e sem verdades. A questão das liberdades civis, e os credos estão entre elas, não fazem tais visões de grupos verdadeiros ou transcendentais. E nisto se inclui a homossexualidade como tal.
Dizer que quem não aceita a homossexualidade é doente é menos válida do que dizer que homossexuais o são. Pode ser que existam deuses ou um Deus homossexual, mas acho muito pouco provável esta verdade como a que Eles estejam preocupados com o contrário, em erradicar o mesmo. Quem trata os outros como doentes não pode exigir que não se aponte mais razoavelmente como. Nisto a imprensa tem sido nefastamente conivente.
Existe a condenação Bíblica. Mas a Bíblia é pródiga em condenações completamente tolas. Não trabalhar no sábado e nem usar Seu santo nome em vão. Principalmente os pregadores em busca do dízimo. O que mais se faz. Sacrifique sem vacilar seu filho a Deus se ele ordenar. Mas é cheia de ensinamentos condenáveis como crimes, roubos, sexo com serviçais e incestos, genocídios diversos, práticas estas herdadas com orgulho pelo cristianismo e pelo islamismo. Uma obra literária apenas.
Libertinagem se cura com mais libertinagem
Outro argumento tentado validar a homossexualidade dentro da sociedade com a comparação com o reino animal é perigosa. Não é porque exista no reino animal que signifique normal ou desejável. Como tanto comportamento animal se mostra inadequado e condenável. Não significa que seja irrefreável, normal ou sadio só por este viés. Um terreno falso e perigoso para ir. O assassinato, o infanticídio, o canibalismo, a pedofilia e o roubo estão presentes também no mundo animal e não significam comportamentos normais ou desejáveis para seres humanos ou sociedades. Agora, direitos civis os animais não desenvolveram.
Leandro Colling defende na justificação de sua tese com outra afirmação que se contrapõe ao bom senso e a manifestação singela de Di Franco. Ele lembra: ‘Todos nós, inclusive os heterossexuais, possuímos uma orientação sexual (que pode ser também uma que transite entre as várias possíveis), adquirida ao longo dos nossos processos de formação de nossas identidades, o que é realizado, em boa medida, de forma inconsciente.’ Ora, me parece que este seja um enorme argumento para não haver proselitismo sexual dentro das salas de aula influenciando nem sempre de forma positiva e de conseqüências desejadas. Assim como o credo opcional, estes aspectos deveriam ser fruto de trato dentro de casa do que imposições da moda dentro das escolas. Assim como religião deveria ficar fora da escola laica, este tipo de ‘educação’ também não deveria ser incentivado nas mesmas. Que fatores estão influindo nesta desadaptação social? O que está provocando o aumento da pedofilia há tempos? Que motivações não identificadas estão levando a estes transtornos?
Ele lembra que ‘por mais que o poder conservador e disciplinador tente o contrário, a sexualidade é tema recorrente nas conversas dos alunos e alunas. Se o professor não fala, os estudantes falam, e muito, e inclusive praticam, cada vez mais cedo e com mais intensidade. Tudo isso sem a devida orientação, tanto para heterossexuais ou não’. O que me parece que a linha que está sendo seguida pelo governo no ensino e pelos ‘progressistas’ não está no bom caminho de uma boa educação e de uma sexualidade sadia e responsável. Governos não são pródigos em leis, comportamentos e orientações elogiáveis. Tanto que está a fazer novamente acordos com a Igreja Católica da qual o jornalista aponta como fonte do mal pelo braço da Opus Dei. Parece que estimular as drogas e o sexo precoce por alegações de ‘não estamos vencendo’ é o contra-censo do que se deve fazer. É a evidência de que estamos errando há tempos. Que os jovens estão refletindo o comportamento irresponsável que vêem entre os adultos. Que se cura a libertinagem com mais libertinagem. E que colheremos frutos piores do que anteriormente agindo assim. Esperar que crianças sejam mais adultas e mais centradas do que os próprios. Que os progressistas não estão levando ao descontrole com o uso de drogas e sua dependência resultante, violência, sexo, alcoolismo precoce e doenças sexualmente transmissíveis por este método de que tudo é só prazer nesta vida e na escola. Inverter a lógica. De que as crianças que a recém chegaram cheirando a fraldas devam comandar a sociedade e os adultos se renderem aos seus caprichos, consumismo e vontades birrentas as imitando cada vez mais.
A farra dos benefícios irresponsáveis
Outra versão estranhamente defendida pelo LGBTT se contradiz ao ‘poder conservador e disciplinador’ é a pregação da ofensa (homofóbicos), da punição, cadeia e processo contra seus desafetos. O que certamente é uma crença que punir comportamentos inadequados funcionam sim, e bem, e devem ser exercidos com todos os rigores das leis, pela sua eficiência. Menos para eles próprios. Monumental dois pesos e duas medidas. Ser gay pode. Ser celibatário é ser anti-social, depreende-se das afirmações de Leandro Colling. Pau nos ‘homofóbicos’ funciona.
Colocar modismos na proteção da lei não as fazem sadias e verdadeiras. Isto apenas perpetua modas duvidosas. Fazendo isto gerações passadas mantiveram a moda da pedofilia, dos eunucos, dos castratis, dos pés sexualmente atraentes das mulheres chinesas deformados na infância, colocar anéis de cobre no pescoço das mulheres por tempo demais.
Não me parece que Di Franco seja moralmente condenável no seu texto ou pregue metas prejudiciais para a sociedade criticando o governo ou os livros de conteúdo reprovável distribuído pelas escolas paulistas. Todas as críticas feitas contra ele se tratam apenas de patrulha ideológica ad homini do que uma verdade maior do que gostos pessoais.
Creio que as críticas deveriam ter sido bem mais robustas por Di Franco em relação as nossas escolas públicas que não estão capacitando nossos cidadãos para enfrentar a vida, o mercado universitário e o mercado de trabalho com sucesso. Mesmo, como alegado por Leandro Colling, ‘praticam (sexo), cada vez mais cedo e com mais intensidade’, pois elas não estão conseguindo educar nem isto. A verdade é que o nosso futuro se baseia em quem gera os cidadãos futuros, os eduque com sentimentos para criarem cidadãos para depois deles com mais capacidade e senso social e de responsabilidade com a sociedade e o planeta. É deles que virão a nossa assistência médica, pela suas capacidades de renúncia, nosso cuidado em clínicas e hospitais, nossas aposentadorias, nossa segurança, sustentar os benéficos para os deficientes, doentes crônicos, excepcionais, as bolsas família, o assistencialismo, os sem terras futuros, a recuperação da degradação ambiental, enfrentar os gastos com aquecimento global, sustentar os degradados pelas drogas lícitas e ilícitas, (que será expandido ainda mais com novas ‘legalizações’), escorar um funcionalismo caro e expandido, os empregos das gerações futuras, e as depois delas. Uma dívida incomensurável para as futuras gerações nascerem devendo tanto. Sacando a descoberto nas costas das próximas proles. O rombo na previdência já é imenso. Empurramos para o futuro este acerto da farra dos benefícios irresponsáveis. Muitos se beneficiaram, cada vez relativamente menos pagam. Sempre se lembram que todos são iguais perante as leis para exigir benesses. Mas poucos se lembram disto na hora de pagarem impostos, sonegar, se esquivam de deveres e praticam crimes e corrupção.
O ‘poder conservador e disciplinador’
Criar gerações para sustentos e amparos das pessoas que optarem por qualquer sexualidade deve ser o objetivo social maior do Estado. Da capacitação das pessoas em gerarem no futuro cidadãos reproduzíveis e trabalhadores para uma sociedade mais justa e menos desigual. Uma capacidade de gerar renda e gerar emprego para as futuras chegando, com que ampararão os seus velhos e que deverão renunciar muito ao mundo dos prazeres ilimitados atuais e desenvolver uma capacidade maior de renúncia consumista, hedonista e de preservação do meio ambiente em uma situação mais premente e cada vez mais periclitante. Estas deverão ser as qualidades que devemos usar na escola para desenvolver, período curto para tanta matéria e conceitos a serem transmitidos para esta geração, e que esta transmita para a futura, e a futura para a depois dela. E assim por diante, enquanto tivermos capacidade de sobrevivência e de gerar futuras gerações. Não existem deuses ou religiões para solucionar isto ou determinar a validade ou invalidade e a santidade ou a imoralidade do homossexualismo, como não nos amparará pelos nossos atos praticados hoje com nossas crianças, e com a responsabilidade que o estado deve para aqueles que estão gerando os cidadãos futuros e os que gerarão os depois deles. Para capacitá-las a aproveitarem todo o seu potencial biológico e humano. Não vejo como uma educação possa ser diferente. Ensinando a liberdade e os direitos civis já se está ensinando a prevenção de todas as formas de preconceito. Que é o exercício afinal da cidadania.
Por enquanto me parece que quem está preocupado com o futuro, e o futuro do futuro, e não com modas e gostos minoritários passageiros é o jornalista e professor Carlos Alberto Di Franco. Defender isto é non sequitur com os argumentos alegados por Leandro Colling: ‘Pode discriminar, desde que não mate? Esse seria o único abuso a ser combatido?’, ‘Ou Di Franco seria um defensor do sexo somente depois do casamento e apenas com fins procriativos?’ E se tivesse defendido este último não haveria nada de mais, nada que não esteja inserido na liberdade de imprensa, de consciência, de crença, de pensamento e expressão. Todas as parafilias, por sinal, estão baseadas em não usar o sexo para depois do casamento ou para fins procriativos. Não está fora das liberdades e dos direitos humanos ser ‘virgem celibatário que usa cilício duas horas por dia’. Não me parece mais doentio do que as propostas do Leandro Colling. Se o mesmo pensa em atingir o céu com isto é de duvidar e fazer pouco. Se ensinar isto como caminho para algum tipo de salvação, cabe lhe criticar. Mas como comportamentos permitidos às pessoas, não faz diferença o que ele faz entre quatro paredes. Se lhe dá prazer e não prejudicam os outros, quem tem algo a ver com isto?
Quando Leandro apela para a imprensa como uma obrigação desta de atacar quem pensa ao contrário do movimento gay demonstra claramente o que adverte Di Franco ao comparar com um comportamento fascista de imposição de um pensamento único e censor. De empastelar. De injuriar (Homofóbicos!). Quem cair fora será trucidado jornalisticamente. Por enquanto, pois legalmente já se prepara esta violência contra a liberdade de pensamento, científica e expressão. Para misses nem se atreverem a ter opinião. O novo ‘poder conservador e disciplinador’ correto e imutável.
A carolice atual
É claro, como defende o Hélio no seu texto, que ninguém tem nada com o que duas pessoas fazem entre quatro paredes. Eu vou mais: nem o que não fazem, façam sozinhos ou em grupos. Mas atualmente isto já não basta para os movimentos dos homossexuais, Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais que desejam um amparo social envolvendo casamento civil e religioso, pensão para o companheiro, proibição de tratamentos, proteção legal e direito de processar e desafiar quem lhes desagrade (coisa que nunca houve, por exemplo, contra quem defendia a homossexualidade anteriormente) e o de tirar o título de misses. Leandro Colling lamenta esta liberdade ainda existente criticando isto ao reconhecer que se já existisse Conselho Federal de Jornalismo Di Franco teria sido inibido se calado. Ele lamenta que seu texto ad homini foi recusado. Está como eu e tantos brasileiros que não tem acesso a publicação de seus textos.
‘O modelo de família que temos no Brasil e no mundo também é uma imposição, construída por um regime de poder que Di Franco representa muito bem. Regime esse que não consegue conviver com o diferente.’ Acusa Leandro Colling falsamente. O modelo de família é aquele que se reproduz e gera outras vidas e famílias. O modelo de ‘família’ que está tentando ser imposta é esta que Di Franco questiona. A outra, biologicamente representada por intenções reprodutivas e de perpetuação existe em todas as culturas em todos os tempos. Perdão. Apenas as que sobreviveram as adversidades reprodutivas. Por isto, justamente, a necessidade de amparo social, previdenciário, escolar, de saúde materno-infantil, licença-gestante, pensão para a mãe, amparo legal, e religioso, para quem assim deseje. Estas que gerarão os futuros devedores sociais que pagarão a conta imensa criado pela farra do assistencialismo. Um argumento desajustado socialmente do autor. As famílias, que não foram inventadas pelo cristianismo, uma alegação boba, sempre existiram em qualquer cultura, e sempre tiveram a função reprodutiva e de amparo para a prole. Aquilo que vai gerar as futuras gerações. Sejam poligâmicas, poliândricas ou monogâmicas. Fora disto não é família. É liberdade de reunião e associação.
Exemplo típico de pregação desajustada pelo autor que a família seja uma imposição. É improvável que pessoas desajustadas que pouco prezem outra coisa do que a si próprias gerem outras coisas do que exemplos e reprodução de si mesmas. Que não consigam viver com celibatários e virgens com respeito.
O que pode ser entendido como proteção pelos direitos civis desejado por qualquer grupo. Mas se existe algo que não possuem nenhum direito social é querer determinar o que as pessoas que geram filhos ensinem ou devem deixar de ensinar para os filhos que geraram. Quem pariu Mateus, que o embale, já diz o dito popular. Em contrapartida, cabe a ele decidir sobre o futuro educacional dos seus filhos. Quem não participa deste ônus, não queira faturar ilegitimamente o bônus. Quem não terá filhos, netos, bisnetos estão fora do direito de se intrometer. Cada qual pode fazer o que quiser, mas não pode exigir que os outros façam o que desejem e achem a sua moda certa ou o que ensinar aos seus filhos, que são os que arcarão com o futuro e o que deixarmos para eles de restos a pagar e grandes problemas a resolverem. Aqueles que não querem, legitimamente, inalienavelmente, que se metam nas suas vidas, não têm o direito de se meter na dos outros. Educação é preocupação para quem tem quem educar.
Hélio dá pouca relevância às piadas de gays. Creio que isto deve ser uma questão dos mesmos, se acham que seja razão para tanto. Claro que vai ficar um clima chato como era no tempo que a Igreja tomava conta de tudo. Até piada de santo e padre era proibido contar. É o resultado da carolice atual.
Sic transit gloria mundi
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Médico, Porto Alegre, RS