Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Diploma de jornalismo ainda é útil no mercado

Em primeiro lugar, devo esclarecer que eu simplesmente não posso ser a favor da exigência de diploma em jornalismo, ou de qualquer diploma, para o exercício da profissão de jornalista. Simplesmente, porque sou jornalista profissional há 49 anos, tendo apenas o diploma do secundário, pois não terminei o curso de Ciências Sociais na USP.

Em segundo lugar, acho – é claro que não sei se tenho razão – que está havendo muito mais receios, entre os que têm diploma, ou estão cursando Jornalismo, ou hesitam em fazer o curso, do que a realidade justifica. Na prática, acho que é como se apenas tivesse sido referendada uma prática que já existia: já pululavam nas redações, em especial nas pequenas redações, mas também nas grandes, os profissionais não diplomados.

Finalmente, acho que, nas empresas em que o jornalismo é levado mais a sério, os diplomados em jornalismo continuarão sendo preferidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe obrigação de diploma, mas as empresas jornalísticas dão preferência a diplomados em Jornalismo na hora das contratações. Podemos ver que no Brasil não existe exigência de diploma para quem administra uma empresa, mas, com exceção das microempresas, em geral de um funcionário só que é também o dono, e das empresas muito pequenas, a preferência pelas empresas mais organizadas é para os diplomados em administração empresarial.

Condições do mercado desfavoráveis

Também lembro que, antes do regime militar, durante o qual foi aprovada a exigência do diploma, eu era obrigado a trabalhar só a jornada legal de 5 horas e a partir de 1961 foi estabelecido o piso salarial, nossa maior conquista trabalhista em São Paulo, fruto de uma greve de não-diplomados. E noto que o pedido para a anulação da exigência de diploma foi feito por empresas de rádio. Aí está uma velha questão: é preciso ser jornalista para ler em voz alta o noticiário elaborado por um ou mais jornalistas?

Certamente os não-diplomados vão ocupar parte das vagas antes reservadas a diplomados, como já ocupam, mas não devem ser os maiores números de vagas, muito menos entre as melhores vagas. O problema maior é que as condições do mercado já eram muito desfavoráveis aos jornalistas, diplomados ou não. Na fase do diploma obrigatório, não houve uma greve tão vitoriosa como a de 1961, nem um boom de salários como o da passagem dos anos 1960 para 1970.

É claro que posso estar enganado.

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Editor especial da Caros Amigos