O magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai é um personagem raro na elite empresarial de Hong Kong. Ousado, ele desafia o poder político chinês ao falar com paixão sobre a democracia como um ‘imperativo moral’. ‘Hong Kong é a janela para o mundo. A China é um país que está ficando cada vez mais forte – e precisa assimilar os valores do mundo. O maior valor é a democracia’, opina.
O território de Hong Kong passou de domínio britânico para a administração chinesa há 10 anos, em meio a promessas de autonomia sob o slogan ‘um país, dois sistemas’. Hong Kong possui sistema legal, moeda, alfândega, direitos de negociação de tratados (como tráfego aéreo e permissão de aterrissagem de aviões) e leis de imigração próprias.
As publicações de Lai, entre jornais e revistas, são conhecidas por um novo estilo de reportagem local, sem apelar para o sexo e a violência; seus editoriais são a favor do sufrágio universal para os cidadãos de Hong Kong. Certa vez, ele chamou o Partido Comunista de ‘monopólio que cobra por um serviço premium e oferece outro de menor qualidade’.
Prejuízo
Como resultado, seus negócios perdem lucros potenciais a cada dia. ‘Há um boicote muito organizado aqui. Nós temos de 30% a 35% menos anúncios do que deveríamos. As maiores empresas de Hong Kong têm relações comerciais com a China e não querem publicar anúncios conosco’, relata o empresário. Mark Simon, gerente de marketing da Next Media, editora de Lai, estima que o prejuízo da empresa já tenha atingido US$ 25 milhões. Segundo ele, o governo chinês entra em contato com potenciais anunciantes para garantir que eles não negociem com a companhia. Informações de Vaudine England [The Guardian, 14/5/07].