A revista Veja desta semana (nº 2121, de 15/7/2009) reforça o arsenal de acusações contra o presidente do Senado, José Sarney, com uma revelação bombástica: a de que ele pode ter se beneficiado de relações com o ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, do falido Banco Santos, para manter conta irregular no exterior.
Na sua edição de segunda-feira (13/7), o Estado de S.Paulo aborda diretamente o tema da quebra do decoro parlamentar por parte de Sarney: ele mentiu deslavadamente quando afirmou que não é responsável pela administração da Fundação que leva seu nome, e que vem sendo acusada de desviar recursos recebidos da Petrobras com base na Lei Rouanet. No entanto, até agora nenhum jornal e nenhuma revista cita explicitamente a possibilidade de o veterano senador ter o mandato cassado.
Afora uma ou outra declaração ainda tímida de representantes da oposição, admitindo que Sarney pode ser investigado, ninguém parece se animar para fazer a pergunta que está na cabeça de muitos brasileiros: por que o presidente do Senado ainda merece tamanho respeito de seus colegas e de parte da imprensa? Afinal, o Estadão já demonstrou que o presidente do Senado é o presidente vitalício da Fundação José Sarney, que há documentos com sua assinatura no contrato com a Petrobras e que ele mentiu diante de seus pares.
E a imprensa?
Quanto aos demais senadores, continua claro que o poder acumulado por Sarney nos muitos anos de vida pública lhe permitiu colecionar informações suficientes para manter a maioria sob seu controle.
Até mesmo os mais agitados animadores de outros escândalos andam na muda, após o vazamento de denúncias sobre mau uso de verbas de representação e irregularidades ligadas aos atos administrativos secretos.
Mas, e quanto à imprensa?
O que será que aconteceu durante o período em que José Sarney foi presidente da República, que o faz hoje um homem praticamente imune, apesar de estar no centro de um dos maiores escândalos da história do Brasil?
E se a imprensa estiver envolvida, quem vai contar essa história?