O tribunal que investiga o assassinato de cinco jornalistas no Timor Leste em 1975 concluiu, esta semana, que há provas suficientes para um julgamento por crime de guerra sob a convenção de Genebra. A juíza Dorelle Pinch determinou que os repórteres britânicos Brian Peters e Malcolm Rennie, os australianos Greg Shackleton e Tony Stewart, e o neozelandês Gary Cunningham foram mortos na cidade de Balibo por soldados indonésios, liderados pelo capitão Mohammad Yunus Yosfiah. Todos os jornalistas trabalhavam para TVs australianas.
‘Eles não foram mortos em fogo cruzado; foram assassinados por tropas indonésias’, afirmou o advogado Mark Tedeschi, conselheiro da juíza, referindo-se à versão oficial da Indonésia, que alega que os repórteres ficaram entre o fogo do Exército indonésio e da resistência timorense em Balibo. Tedeschi afirmou que esta versão foi desmentida nos depoimentos de testemunhas.
Desarmados
O capitão Yosfiah, que chegou a ser ministro da Informação da Indonésia no final dos anos 90 e hoje é general aposentado, admitiu ter liderado o ataque, mas negou envolvimento direto na morte dos jornalistas. Segundo Tedeschi, eles tentaram se entregar aos soldados, mas, mesmo desarmados, acabaram mortos.
Os cinco jornalistas assassinados, que ficaram conhecidos como ‘Os Cinco de Balibo’, foram os únicos profissionais de imprensa estrangeiros a permanecer no país durante a preparação da invasão. A Indonésia anexou a antiga colônia portuguesa do Timor Leste em 1976. Em 2002, o Timor Leste conseguiu a independência após um sangrento processo de transição. Informações de Lawrence Bartlett [AFP, 30/5/07].