FIM DO NO MÍNIMO
Quem liga para isto?, 03/06/07
‘A boa e a má notícias são, por vezes, uma só: NoMínimo completa cinco anos no ar neste domingo, 3 de junho, e seu conteúdo pode deixar de ser renovado no final do mês. Isso mesmo, estamos falando do aniversário e da iminência de morte do site de jornalistas, modéstia à parte, de maior prestígio no país. Nosso patrocinador, a Brasil Telecom, que nos mantém desde o início sob a lógica empresarial de nos comercializar e, sobretudo, municiar com notícia e opinião seus três portais – IG, iBest e BrTurbo -, alega motivos de economia, cortes de despesas, não lhe interessa – o que é pleno direito dela – sequer cogitar participação menos onerosa com novos possíveis sócios na operação.
Desde fins de abril, quando o site recebeu aviso prévio para rescisão do tal contrato de patrocínio, seus editores têm cumprindo à risca todos os rituais cabíveis nessas batalhas em busca de parcerias honrosas para o nosso negócio. Encaramos a Ponte Aérea naqueles dias, batemos às portas de executivos, agências de publicidade, portais, entidades empresariais… Encontramos muita boa vontade, elogios mil, disposição para ajudar a manter o NoMínimo vivo, aqui e ali até alguma indignação demasiada com a situação, mas dinheiro que é bom, até agora neca.
Não entregamos os pontos – algumas conversas importantes continuam em curso -, mas, caso não haja uma ação institucional imediata que resulte em aporte de capital para dar tempo à necessária reengenharia empresarial de NoMínimo, o site deixará de ser renovado a partir de 1º. de julho. É a pior das hipóteses, mas precisamos dividir esta aflição com nossos mais de 150 mil assinantes, afora outros tantos leitores assíduos que têm nos conferido média mensal sempre superior a 3 milhões de pageviews, audiência que atingiu seu pico em dezembro com mais de 5 milhões de páginas visitadas.
Somos um time curioso: 24 assinaturas que foram se agregando ao projeto para muitos de nós iniciado em 2000 na ‘No.’, pioneira no jornalismo online no Brasil, primeira publicação disponível exclusivamente na web que ousava dispensar a plataforma em papel para alcançar um público ávido por informação diferenciada daquilo que os jornais e revistas ofereciam. Quando a bolha da Internet estourou, ‘No.’ virou ‘NoMínimo’, com este nome auto-explicativo de uma poda avassaladora.
A adaptação pela qual o site passou exigiu criatividade para se estabelecer em nova forma de gestão. Com uma equipe fixa reduzida, NoMínimo se tornou ponta-de-lança na estrutura de sindicate: os colunistas são colaboradores que encontram na revista eletrônica o espaço ideal para o exercício do jornalismo independente e remunerado.
Para se ter idéia desta vocação para agregar quem escapa da casa grande da imprensa – Marcos Sá Corrêa inventou tudo isso com a idéia fixa de um quilombo de jornalistas -, neste último ano de substanciais cortes em seu orçamento, o site arregimentou nomes como Daniel Galera e Fábio Rodrigues para seus quadros fixos. Se tivéssemos um lema, ele seria ‘não precisa ser genial, basta ser inteligente’.
Tentamos ser!
Não à toa, dispomos de uma carteira qualificada de leitores, audiência escolarizada, interativa, bem distribuída no território nacional, com poder de consumo acima da média, formadores de opinião por excelência, gente que se habituou a encontrar em NoMínimo doses de informação, opinião, humor e, sobretudo, independência.
Não é nada, não é nada…
Pode não ser nada mesmo – o que talvez venha a ser muito um dia – ou, no momento, apenas uma forma eficaz de se pedir ajuda. Sem isso, NoMínimo fecha seu botequim em julho. Não terá sido o primeiro que vai deixar saudades.’
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