A diretora da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, Profa. Dra. Tereza Cristina Vitali, proferiu o discurso de encerramento do V Congresso Nacional de História da Mídia, em solenidade realizada no auditório Aloísio Biondi, na cidade de São Paulo, ao meio dia de sábado, 2 de junho de 2007, por iniciativa da Rede de Alfredo de Carvalho para o Resgate da Memória da Imprensa e a Construção da História da Mídia no Brasil.
A mesa diretora dos trabalhos foi presidida pelo Prof. Dr. José Marques de Melo (Cátedra Unesco/Metodista de Comunicação), presidente do Comitê Dirigente da Rede Alfredo de Carvalho, e integrada pelos seguintes membros fundadores: Prof. Dr. Francisco Karam (Cátedra de Jornalismo FENAJ/Universidade Federal de Santa Catarina), Profa. Ana Arruda Callado (Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro), Dra. Esther Bertoletti (Coordenadora do Projeto Resgate do Ministério da Cultura) e Profa. Dra. Marialva Barbosa (Universidade Federal Fluminense).
Em sua prestação de contas das atividades realizadas pela Rede Alfredo de Carvalho, desde a sua fundação em 2001, o Professor Marques de Melo inventariou os 5 cincos congressos nacionais – Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Novo Hamburgo (RS), São Luis (MA) e São Paulo (SP) –, preparatórios do congresso internacional a se realizar em Niterói e Rio de Janeiro (2008), contabilizando cerca de 500 estudos históricos sobre a imprensa, a fotografia, o rádio, a televisão, o cinema, o vídeo, a internet, em todo o território nacional, incluídos nos anais daqueles eventos, acessíveis através do Portal – bem como a publicação de 20 livros com o selo da Rede Alcar, sobre acontecimentos e personalidades emblemáticos da mídia brasileira, editados em convênio com instituições acadêmicas e culturais. Mencionou ainda o trabalho realizado pelos 10 Grupos de Estudos Temáticos e pelos 20 Núcleos Regionais de Pesquisa, responsáveis pela inclusão da História da Mídia na agenda das universidades, associações profissionais e entidades culturais de todo o país. Tais unidades de ensino, pesquisa e extensão cultural estão empenhadas na elaboração de uma enciclopédia sobre a Historiografia Midiática Brasileira, prevista para circular durante as comemorações do Bicentenário da Imprensa.
Anunciando o Congresso Internacional de História da Mídia, comemorativo dos 200 anos da imprensa no Brasil, a ser realizado em Niterói (RJ), no período de 13 a 16 de maio de 2008, a Profa. Dra. Marialva Barbosa (UFF), informou que a Universidade Federal Fluminense está buscando parcerias com a Fundação Biblioteca Nacional e o Projeto Memória Globo para a realização de exposições alusivas ao Bicentenário em museus cariocas.
Congresso Paulista
O V Congresso Nacional de História da Mídia foi promovido pela Rede Alcar, em comemoração aos 180 da imprensa paulista, sob a égide de um grupo de entidades lideradas pela INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação –, contando com o apoio estratégico da Cátedra UNESCO/Metodista de Comunicação, além de receber a colaboração do CIEE – Centro de Integração Empresa/Escola e da Facasper – Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Também contribuíram decisivamente o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Jornais, o Jornal de Piracicaba, o Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira, a Editora Abril, a Revista Imprensa, o Projeto Memória Globo, a Fapesp e a empresa ABB.
As atividades acadêmicas do evento foram realizadas no Teatro CIEE (conferências e mesas redondas) e nos auditórios e salas de aulas da Facasper (grupos de estudos e colóquios temáticos). Compareceram ao congresso aproximadamente 500 participantes, dos quais 300 inscreveram-se como expositores ou debatedores e os demais participaram como convidados das sessões especiais.
A sessão de abertura do congresso foi presidida pelo Dr. Ruy Altenfelder, presidente do Instituto Roberto Simonsen, organismo mantido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que enalteceu a iniciativa da Rede Alfredo de Carvalho ao promover um congresso tendo como tema central ‘Mídia, Indústria e Sociedade: Desafios Historiográficos Brasileiros’. Coube ao Professor Antonio Costella, membro da Academia Paulista de História, proferir a conferência inaugural, enfocando os 180 anos da imprensa paulista e discorrendo sobre as mutações tecnológicas enfrentadas pela comunicação coletiva no Brasil, da tipografia à internet.
Emblemas e paradigmas
Um dos momentos culminantes do evento foi a homenagem prestada pela Rede Alcar, em sessão presidida pelo Dr. Luiz Gonzaga Bertelli (CIEE), tendo como orador principal o Vice-Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Audálio Dantas, no dia da Imprensa Brasileira (1 de junho), a instituições emblemáticas da mídia paulista que celebram seu aniversário em 2007, cujos certificados alusivos foram entregues pela Dra. Antonieta Rosalina da Cunha Losso (Sindijori): Correio Popular (Campinas) – 80 anos , a Rádio Bandeirantes – 70 anos e a TV Bandeirantes- 40 anos, o Diário de Mogi (Mogi das Cruzes) – 50 anos, a Fundação Padre Anchieta de RTV – 40 anos, a Rádio USP – 30 anos, a Editora Mantiqueira – 30 anos, o jornal Freguesia News – 25 anos, a revista Imprensa – 20 anos, a Ricardo Viveiros – Oficina de Comunicação – 20 anos, o Congresso Brasileiro de Comunicação Corporativa – 10 anos , a Oboré – pelos 10 anos do Prêmio Herzog e a UOL – pelos 10 anos do Prêmio Info Exame como Melhor Provedor de Internet.
Foram ainda homenageadas as seguintes instituições paradigmáticas: APP – Associação dos Profissionais de Propaganda – 70 anos, SJPESP – Sindicato dos Jornalistas de São Paulo – 70 anos , Facasper – Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero- 60 anos , ABERJE – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – 40 anos , CRP – Curso de Relações Públicas da ECA-USP – 40 anos, INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – 30 anos , ACE – Associação dos Correspondentes Estrangeiros – 30 anos, ABJC – Associação Brasileira de Jornalismo Científico – 30 anos, Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional – 10 anos, Mestrado em Comunicação da UNIP – 10 anos.
Sob a presidência da Profa. Dra. Ana Arruda Callado, Presidente do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, realizou-se o ato emocionante do congresso. Proclamado como Paradigma do Jornalismo Brasileiro, o repórter José Hamilton Ribeiro recebeu homenagem especial pelos 40 anos do Prêmio Esso de Informação Científica, 30 anos do Prêmio Esso de Jornalismo Regional e 10 anos do livro Jornalistas, 1937-1997. Impossibilitado de comparecer, por motivos de saúde, o homenageado agradeceu aos congressistas através de vídeo-reportagem, contendo cenas que reproduzem as situações-limite vividas como jornalista do programa Globo Rural.
Diagnósticos e perfis
Do ponto de vista acadêmico, o congresso notabilizou-se pelas contribuições dos pesquisadores que diagnosticaram o papel da mídia na sociedade brasileira, focalizando a ascensão e crise das nossas indústrias midiáticas. Samuel Pfromm Neto (USP) analisou a pobreza cultural da televisão, Sonia Virginia Moreira (UERJ) destacou a reabilitação do rádio como veículo publicitário, Cristiane Costa (UFRJ) analisou a trajetória recente do jornalismo carioca, Antonio de Andrade (UMESP) mapeou a presença do cinema brasileiro na programação televisiva, Caio Túlio Costa fez o réquiem da imprensa, confrontada pela pujança das novas tecnologias de comunicação.
Também suscitaram interesse os perfis biográficos de ícones da mídia nacional esboçados por Gonçalo Junior (FAPESP) – Victor Civita; Alice Mitika Koshiyama (USP) – Antonio Callado; Ana Baum (UFF) – Vladimir Herzog; Francisco Karam (UFSC) – Adelmo Genro; Gisely Hime (FIAM) – Cásper Líbero; Cristina Gobbi (UMESP) – Luiz Beltrão.
Novos perfis e diagnósticos certamente brotarão, metodologicamente embasados pela Oficina de História Oral , conduzida pela Profa. Dra. Ana Paula Goulart, do Projeto Globo Memória, e inspirados tematicamente nos relatos feitos por Luciano Figueiredo (Revista História da BN), Maria Cecília Guirardo (Himídia – Unimar) e Cristina Costa (Acervo Miroel Silveira – ECA/USP).
Lançamentos editoriais
Comprovando o papel multiplicador exercido pela Rede Alfredo de Carvalho foram lançados, durante o evento, 12 novos títulos assinados por integrantes da Rede Alcar: Erasmo de Freitas Nuzzi – A mídia nas Constituições do Brasil (Editora Plêiade); Ana Paula Goulart – Imprensa e História no Rio de Janeiro dos anos 50 (Editora E-Paper), José Marques de Melo – Síndrome da mordaça (Editora Metodista) e Bandeirantes da Idade Mídia (Editora Angellara); José Marques de Melo e Raquel Paiva – Ícones da Sociedade Midiática (Mauad); Adriana Donini – No Ar: Rádio em Botucatu, anos 1950 a 1970 (apoio editorial da Secretaria de Cultura de Botucatu); Luis Guilherme P. Tavares – Embarque no Trem da Morte e Anais da Imprensa da Bahia ; Vera Lucia Guimarães Rezende – Independência 1290 AM: a rádio eclética da cidade; Cida Golin e João Batista Abreu (orgs.) – Batalha sonora: o rádio e a Segunda Guerra Mundial (EDIPUCRS); Gonçalo Júnior – O Homem Abril: Cláudio de Souza e a História da Maior Editora Brasileira de Revistas (Ópera Graphica).
Próximos passos
Durante a plenária de encerramento do encontro nacional da Rede Alcar, os coordenadores de Grupos Temáticos expuseram as metas consignadas pelos seus pares acadêmicos para atingir os propósitos idealizados em relação ao Bicentenário.
Adolpho Queiroz (UMESP) informou que o GT de História da Publicidade e Propaganda organizou 3 antologias, reunindo as principais contribuições intelectuais da área; Ana Baum (UFF) também se referiu ao empenho do GT de História da Mídia Sonora no campo editorial, mencionando um título publicado sobre a cobertura radiofônica ao suicídio de Getulio Vargas; Ruth Vianna (UFMS) registrou a produção de uma coletânea sobre a História da Mídia Audiovisual, em processo de seleção dos artigos a serem incluídos; Claudia Moura (PUCRS) comprometeu-se a publicar uma coletânea sobre aspectos marcantes da História das Relações Públicas; Marialva Babosa (UFF) também revelou igual propósito em relação à Historia do Jornalismo; Luiz Gulherme Pontes Tavares (NEIB) relatou seu empenho no resgate do itinerário da História da Imprensa, tendo obtido apoio de instituições culturais da Bahia para a publicação de 8 livros.
Finalmente, José Marques de Melo (UMESP) destacou seu empenho particular na edição da série ‘Imprensa Brasileira: Personagens que Fizeram História’, com o apoio da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, tendo lançado 2 volumes, estando no prelo o 3ª, anunciado para o final deste ano. Destacou também as coletâneas sobre a História da Mídia em São Paulo, publicadas pela Editora Arte & Ciência – São Paulo na Idade Mídia (2004) e pela Editora Angellara – Os Bandeirantes da Idade Mídia (2007), e a antologia Síndrome da Mordaça – Mídia e Censura no Brasil, 1706-2006, lançada em 2007 pela Editora Metodista com o apoio da UNESCO.
O último item da pauta foi o destino da Rede Alfredo de Carvalho logo após o Congresso Internacional de 2008. Tendo sido instituída para incluir o Bicentenário da Imprensa na agenda nacional, meta a ser atingida durante o Congresso de Niterói, os participantes da Plenária de São Paulo vislumbraram três alternativas: a) Desativação da Rede Alcar, tendo em vista a existência de inúmeras instituições hoje dedicadas a resgatar a memória da imprensa e a construir a História da Mídia; b) Anexação da Rede Alcar a uma das entidades constituintes: ABI, IHGB ou INTERCOM; c) Autonomização da Rede Alcar, com a finalidade de dar seqüência ao trabalho de sistematização do resgate histórico até agora realizado, transformando-se em organização não-governamental.
A decisão final sobre o futuro da Rede Alcar será tomada durante a Plenária de Niterói, em princípio agendada para o dia 13 de maio do próximo ano.