Não teve para mais ninguém: Paris Hilton dominou o noticiário americano no último fim de semana. Houve quem falasse diretamente sobre a prisão da socialite, e quem, talvez para disfarçar o interesse, analisasse o ‘circo da mídia’ montado para cobrir o assunto. Na semana passada, a cobertura ainda era meio morna, mas na sexta-feira (8/6) os principais telejornais dos EUA já sabiam que seria impossível ignorar ou fazer pouco caso da história – quem o fizesse ficaria para trás.
Brian Williams, âncora do Nightly News, da NBC, foi um dos que tentaram passar longe da ‘Paris mania’. ‘Ninguém mencionou Paris Hilton em nossa reunião de pauta à tarde’, escreveu o jornalista em seu blog, na quinta-feira (7/6). Um dia depois, entretanto, lá estava Williams dedicando três minutos de seu programa de 22 para a socialite. ‘Nós não estamos acima das notícias’, explicou uma porta-voz da emissora.
Entre a fofoca e a análise
Na quinta-feira (7/6), apenas os jornais rivais New York Post e New York Daily News competiam em capas sobre Paris. Mas a cobertura foi crescendo aceleradamente. No sábado (9/6), ela atingiu as primeiras páginas do New York Times e do Los Angeles Times. ‘A obsessão nacional por celebridades colidiu de cabeça com a séria questão da aplicação da justiça para todos’, analisava a repórter Sharon Waxman no NYTimes.
Enquanto isso, canais de notícias a cabo oscilavam entre notícias detalhadas e autocrítica. a apresentadora Kyra Phillips, da CNN, chegou a chamar a rede de ‘o nome mais confiável em notícias sobre Paris’. Já a âncora Betty Nguyen, da mesma emissora, ao ler um e-mail de telespectador que dizia que ‘nós não sabemos o que irrita mais, Paris saindo da prisão ou o fato de que estamos cobrindo a história’, respondeu: ‘às vezes, sim, nós também quebramos nossa cabeça sobre isso’.
Novela mexicana
A história da prisão da rica e loira jovem provou ser, acima de tudo, longa. Paris foi presa por não respeitar os termos de sua liberdade condicional por ter sido flagrada dirigindo alcoolizada em setembro do ano passado. Em janeiro, ela se declarou culpada no tribunal e foi condenada a 36 meses de liberdade condicional, devendo ainda fazer cursos e pagar uma multa. Pouco tempo depois, entretanto, a herdeira dos hotéis Hilton foi flagrada dirigindo sem permissão.
Ela se apresentou à penitenciária no início de junho, e deveria cumprir 23 dias de uma sentença inicialmente de 45 – reduzida por bom comportamento. Com apenas três dias de cadeia, Paris recebeu permissão para cumprir o resto da pena em casa, sob alegação de que passava por problemas psicológicos. Mas, diante das críticas, o juiz decidiu mandar a jovem de volta para a penitenciária, na Califórnia.
Ainda no tribunal, ao ouvir que teria que voltar à prisão, Paris teria gritado ‘isso não é justo!’, e chamado pela mãe. Câmeras não eram permitidas na audiência, e não há também registros de áudio dos gritos da herdeira, por isso os jornalistas televisivos tiveram que improvisar, representando suas próprias versões do momento.
CNN, Fox News e MSNBC ainda acompanharam o trajeto de Paris do tribunal à penitenciária, todo o tempo analisando se a justiça realmente tarda mas não falha. ‘Há um senso de vingança sem limites’, comentou Geraldo Rivera, da Fox News. ‘É patético’. Rivera, por sinal, dedicou seu programa de sábado inteirinho à história da jovem.
Lembrem do Iraque
Depois que a confusão do vai e volta da cadeia chegou ao fim, e Paris finalmente aceitou seu destino, ela divulgou uma declaração em que se dizia ‘chocada’ com toda a atenção dispensada pela mídia. ‘Eu espero que o público e a mídia se concentrem em coisas mais importantes, como os homens e mulheres servindo nosso país no Iraque, Afeganistão e outros lugares do mundo’, afirmava a mensagem, onde Paris também afirmava esperar que seus erros sirvam de lição para outras pessoas. Informações da Editor & Publisher [10/6/07] e Michael Learmonth [Variety, 11/6/07].