Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Imprensa na hora do balanço

A imprensa entra a semana em fase de expectativa com a reunião ministerial que deverá marcar a estratégia brasileira para defender a economia nacional da crise financeira que explodiu em setembro passado.


Os jornais ainda não abandonaram as metáforas de fácil assimilação, mas observa-se uma tentativa dos editores de segregar os diversos setores afetados e apontar caminhos para o leitor.


A edição de segunda-feira (24/11) do Estado de S.Paulo anuncia em manchete de primeira página a reunião ministerial e tenta antecipar medidas de um pacote anticrise que estaria em gestação no Palácio do Planalto. O Globo e a Folha de S.Paulo procuram orientar o leitor em meio à confusão dos dados econômicos.


A seção ‘Você investe’ do jornal carioca orienta o investidor e o poupador no sentido de absorver rapidamente os prejuízos e refazer suas escolhas para preservar o patrimônio no longo prazo. A Folha distribui o caderno ‘Mais dinheiro’, apostando que o ‘fundo do poço’ já está visível e oferecendo opções de investimento no mercado de ações em 2009. Mas alerta que a recuperação pode ser lenta, penosa e no longuíssimo prazo.


A novidade é um espaço destinado ao conceito da FIB – Felicidade Interna Bruta – em contraposição ao PIB – Produto Interno Bruto – como medida de desenvolvimento. O conceito, emprestado do rei do Butão, um país minúsculo encravado no Himalaia, está fazendo a cabeça dos esotéricos mas ainda não havia chamado a atenção dos jornalistas de economia e negócios.


Clima de cautela


O balanço que a imprensa vem fazendo nos últimos dias revela que ninguém se salvou no mercado de ações.


O valor de praticamente todas as empresas de capital aberto caiu drasticamente e agora a régua nivela por baixo, o que oferece alguma ordem para quem está disposto a voltar às apostas.


De modo geral, a imprensa parece ter passado da euforia ao catastrofismo e, agora, começa a juntar os restos do naufrágio para construir uma jangada. A semana começa em clima de cautela, com certo conformismo em relação ao que vem por aí. Já se reconhece que aquela sombra ali adiante está longe de ser uma marolinha, mas também pode não ser o tsunami que alguns estavam anunciando.