Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

ABI reage a ação de Greenhalgh contra Estadão

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de novembro de 2008


 


ARAGUAIA
Moacir Assunção e Roberto Almeida


ABI vê arbítrio em ação de Greenhalgh contra ‘Estado’


‘As entidades ligadas aos jornalistas e à defesa da liberdade de expressão reagiram com um misto de indignação e incredulidade à notícia de que o advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) pediu busca e apreensão na casa do repórter da Sucursal de Brasília do Estado Leonencio Nossa, para recolher documentos sobre a Guerrilha do Araguaia. Todas concordaram em um aspecto: o pedido do advogado é inaceitável e combate frontalmente o princípio do sigilo da fonte, garantido pela Constituição, assim como a liberdade de imprensa. Ontem Greenhalgh emitiu nota para explicar o que pretende com sua iniciativa (leia abaixo).


‘Há um arbítrio muito grande no pedido do advogado’, reagiu o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo. Para ele, o advogado está manchando sua biografia de defensor de presos políticos ao fazer tal solicitação à Justiça. ‘O pedido é estranho e contraditório no caso do advogado, que se notabilizou ao defender vítimas da ditadura. Em termos políticos e pessoais, a ABI lamenta que ele tenha tomado essa medida’, completou o dirigente.


‘DESATINO’


A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também criticou duramente a pretensão de Greenhalgh. ‘Esta proposta é um desatino do advogado. Todos os méritos ao jornalista, que cumpriu o seu papel, mas a postura de Greenhalgh é uma ameaça à liberdade de expressão’, afirmou o presidente da Fenaj, Sérgio Murilo. O dirigente se disse ‘muito preocupado’ com o pedido do ex-parlamentar, mas acredita na Justiça que, em sua opinião, não permitirá que siga adiante. ‘O advogado deve questionar as autoridades públicas para que revelem detalhes sobre a guerrilha, não um jornalista que investiga o assunto. É estranho o pedido partir de um profissional com o seu currículo’, disse Murilo, que colocou a Fenaj à disposição do repórter.


Da mesma forma, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino, também condenou a pretensão de Greenhalgh. ‘Temos acompanhado, nos últimos dias, a acertada decisão de um juiz paulista, Ali Mazloum, que proibiu a Polícia Federal (PF) de grampear jornalistas. O pedido do advogado tem matriz semelhante aos que defendiam escutas de repórteres e nos insurgimos contra esse tipo de tentativas de intimidação’, disse o sindicalista.


De acordo com Schettino, a proposta do advogado, que classificou como ‘inaceitável’, causou estranheza e preocupação entre os jornalistas brasilienses, colegas de Nossa. ‘Espero que a ação não prospere e que ele (Greenhalgh) se retrate.’ O ex-deputado é autor de um processo movido, em 1982, em que pede esclarecimentos sobre a guerrilha, ocorrida nos anos 70, no Pará.’


 


 


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‘Objetivo é que repórter ajude autores da ação’, diz ele


‘O ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh disse ontem, por nota, que o pedido que encaminhou à 1ª Vara Federal de Brasília ‘não é de busca e apreensão na casa de repórter, simplesmente’. ‘Trata-se de requerimento para que se tomem providências judiciais necessárias à execução de decisão que condena a União a abrir os arquivos da ditadura referentes ao episódio denominado Guerrilha do Araguaia.’


Leia a íntegra da nota


‘O pedido é para que sejam ouvidos todos os que nos últimos anos revelaram-se portadores de informações que possam colaborar para a reconstrução dos acontecimentos’, explica, acrescentando que o jornalista do Estado Leonencio Nossa deve ser ouvido ‘por ser autor de reportagens sobre o tema’.


‘O objetivo é que o repórter preste esclarecimentos e auxílio aos autores da ação. O repórter tem condições de contribuir decisivamente com a história do País, ao colaborar com a localização e fornecimento ao Estado de documentos repassados por Sebastião Curió, autor de inúmeros delitos na Guerrilha do Araguaia. A mencionada ?busca e apreensão? só ocorreria no caso de o repórter recusar-se a prestar informações à Justiça’, acrescenta a nota.


Para Greenhalgh, ‘qualquer pessoa que tenha conhecimento do mais ínfimo pormenor sobre o assunto tem a obrigação moral de relatá-lo às autoridades judiciais’, porque se trata do processo de reconstrução da verdade histórica do País. ‘O próprio procurador da República manifesta-se na ação pelo entendimento de que pode incorrer em delito quem possui documentos e não os informa.’


Apesar de ter sido procurado, mas não encontrado, Greenhalgh protesta pelo fato de a reportagem ter sido publicada sem a sua opinião. Ele rejeita, ainda, qualquer paralelo de seu pedido com investidas contra a imprensa.


Por fim, Greenhalgh refuta qualquer informação de que teria repassado a jornalistas documentos que constrangeriam o deputado José Genoino (PT-SP) durante a eleição. ‘Isso é uma ignomínia. Genoino é meu amigo, com quem convivo há 30 anos e para quem advoguei. Falo com ele quase que semanalmente’, diz a nota.’


 


 


PROPAGANDA
O Estado de S. Paulo


PT recorre contra perda de tempo na TV


‘O PT de São Paulo recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reaver 18 minutos de inserções da propaganda partidária cassados no rádio e na TV. O partido foi punido pelo TRE por ter usado a propaganda político-partidária para supostamente defender interesses pessoais e promover a então pré-candidata à prefeitura Marta Suplicy, desvirtuando a finalidade das inserções.’


 


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Propaganda da Nissan ganha prêmio da ANJ


‘Um anúncio criado para a montadora Nissan pela agência de publicidade Lew, LaraTBWA – e que teve a mensagem inicial direcionada para os assinantes do jornal O Estado de S.Paulo – foi o grande vencedor da sétima edição do prêmio ANJ de Criação Publicitária, organizado pela Associação Nacional dos Jornais. A peça vencedora deu aos quatro profissionais envolvidos com a sua criação e veiculação, além de troféus e notebooks da Apple, passagens e inscrições para participação no Festival Internacional de Publicidade de Cannes em 2009.


João Braga, redator, Carlos Nunes, diretor de arte, e Rodrigo Simões e Luiz Ritton, da área de mídia da Lew,LaraTBWA, enfatizam que a vitória dessa proposta de ação de marketing mostrou que a sinergia entre criação e programação de mídia pode ser a chave para chamar a atenção do consumidor.


A ação no jornal fez parte da ampla campanha ‘Fuja do Padrão’, que teve também outros desdobramentos, com comerciais em rádio e TV. Cerca de 150 mil assinantes receberam uma edição do jornal com uma sobrecapa em branco. Ali havia espaço para manchetes e fotos, com o convite: ‘Fuja do Padrão. Escreva você mesmo as notícias que gostaria de ver na capa do seu jornal.’


A premiação da ANJ também reconheceu os cinco melhores trabalhos regionais desenvolvidos para o meio jornal. Concorreram ao prêmio, no total, 931 anúncios veiculados entre 1º de março e 30 de setembro deste ano. Ao todo, mais de sete mil anúncios já concorreram à premiação nos seus sete anos de existência.’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Ibope divide gráfico


‘Sabe aquele diagnóstico que explica a fuga da audiência pela profusão de DVDs na praça? Pois é, não tem fundamento. Em outubro, passou de 338 mil, na média do mês, o número de residências que ligaram a televisão, em todo o País, para fazer qualquer outra coisa que não fosse assistir a um canal de TV.


É gente à beça, mas a fatia porcentual que separa esse índice da média total de televisores ligados é minúscula – 1,88%. Assim, 34,22% do País ligou o televisor em outubro e, desse bolo, 32,34% esteve efetivamente vendo TV.


A distinção entre o uso da TV para uma coisa e outra determinou a criação de uma nova divisão de relatórios de audiência pelo Ibope. Desde janeiro, o Ibope batiza como Painel Nacional de Televisão Especial os levantamentos que apontam a audiência exclusivamente televisiva.


Em encontro com jornalistas, anteontem, a diretora comercial do instituto, Dora Câmara, anunciou o feito e apresentou gráficos que apontavam as duas curvas (TV e DVD/game), mês a mês. As duas linhas oscilam na mesma proporção. De modo geral, a TV não sofre, este ano, do mesmo mal de audiência que abala as novelas.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 27 de novembro de 2008


 


MACHADO
Carlos Heitor Cony


Antes que o ano acabe


‘RIO DE JANEIRO – O ano dedicado ao centenário da morte de Machado de Assis está chegando ao fim e até agora pouco ou nada me manifestei a respeito. Colegas da ABL, embora cordialmente, criticam-me pelo fato de não ter engrossado a onda que se formou para louvar o autor de ‘Quincas Borba’, que é o meu romance preferido, não apenas na obra do mestre mas em toda a literatura nacional. Gosto não se discute -diz o vulgo.


Tirante um longo texto que escrevi para a edição comemorativa do Instituto Moreira Salles (‘Cadernos da Literatura Brasileira’, nº 23/ 24), nada fiz para louvar o mestre. Pelo contrário, dei algumas entrevistas declarando que Lima Barreto, como romancista, era superior a Machado, embora Machado seja, de longe, o nosso maior escritor.


Na maioria das matérias sobre ‘Dom Casmurro’, que ficou sendo a principal referência machadiana, cansei de ouvir teorias sobre o adultério de Capitu e a repetição infindável de seus ‘olhos oblíquos e dissimulados’.


O curioso é que a descrição do olhar da menina Capitu não é de Bentinho, seu namorado e mais tarde marido. É do agregado José Dias, um paspalhão esboçado pelo próprio Bentinho, que seria incapaz de observação tão sutil. É evidente que, depois de atribuir ao personagem mais ridículo da história a mais famosa definição de um olhar na literatura universal, o próprio Bentinho dela se apossa, acrescentando que os olhos de Capitu eram de ressaca.


Li não sei onde que o primeiro título que Machado daria ao romance seria ‘A Ressaca’. No primeiro capítulo, Bentinho promete que durante a narrativa, se arranjasse título melhor, ele desistiria do ‘Dom Casmurro’. Terminou mantendo-o, preferindo definir o personagem que conduz a ação, e não o pormenor que criou o drama principal.’


 


 


CULTURA
Alcino Leite Neto


Ilustrada, 50


‘HÁ 50 ANOS era lançado o primeiro caderno cultural da Folha. Chamava-se ‘Folha Ilustrada’ e, na idéia do então proprietário do jornal, José Nabantino Ramos, serviria para ‘evitar que os homens se apoderassem do jornal e as mulheres ficassem de mãos abanando, sem nada para ler’, como escreve o jornalista Marcos Augusto Gonçalves no ótimo livro ‘Pós-Tudo – 50 Anos de Cultura na Ilustrada’.


Não foi o que ocorreu. Quando a Folha passou ao comando de Octavio Frias de Oliveira, a Ilustrada deixou de ser mero espaço de entretenimento feminino e tornou-se uma das principais arenas do debate cultural no país. Graças a uma brigada de jornalistas inquietos, conquistou lugar de honra na história da imprensa brasileira.


Na década de 1980, o caderno exerceu sobre os jovens uma influência impressionante. Foi um período de grande transformação, com o fim da ditadura. A Ilustrada se alinhava com o novo tempo da democracia, exibindo uma liberdade intelectual e moral raras vezes vistas no jornalismo do país.


No auge da euforia, porém, a Ilustrada começou a cultivar a sua própria contradição: um conjunto de regras passou a dominar o caderno, no intuito de alinhá-lo com padrões jornalísticos respeitáveis e domar o seu ‘caos criativo’. Boas coisas foram introduzidas: mais rigor na investigação jornalística, mais correção na transmissão de informações e mais atenção à pluralidade de opiniões. Mas as novidades também acabaram levando embora o que constituía a alma do caderno: a energia intelectual, a espontaneidade, o humor, a rebeldia e o experimentalismo editorial.


Naturalmente, o país e o planeta estavam em mudança, bem como os leitores e os jornalistas -sem falar na indústria cultural. Mais tarde, todo o conjunto da mídia se transformaria com a internet.


Hoje, não é só o passado glorioso que pesa sobre a Ilustrada, mas ainda o futuro -cheio de incertezas para a imprensa. Hesitante entre a nostalgia e a ficção científica, o jornalismo cultural vai perdendo a intensidade do presente e a vontade de intervenção na atualidade.


Enquanto isso, acumulam-se muitas e urgentes tarefas: desafiar as regras e o poder da indústria do entretenimento, que passou a exercer um domínio sufocante sobre a pauta dos cadernos; submeter os novos mitos e negócios da cultura à investigação jornalística; restabelecer o valor intelectual e polêmico da crítica contra a opinião impressionística que prolifera na internet; desfazer-se da burocracia e da sensação de que tudo já foi feito, retomando o entusiasmo pelo debate; e, sobretudo, recuperar o gosto pela liberdade -este combustível que permite ao jornalismo cultural criar e destruir valores e inflamar a opinião pública.’


 


 


ARAGUAIA
Rubens Valente


Greenhalgh quer intimar jornalista a entregar papéis


‘O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh pediu que a Justiça Federal determine a busca e apreensão de documentos sobre a guerrilha do Araguaia que estariam espalhados em mais de 30 endereços de diversos órgãos públicos, incluindo as sedes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e do Comando do Exército, em Brasília, e de órgãos da Marinha e da Aeronáutica de sete Estados, além das casas de quatro militares que atuaram no conflito.


Na petição, o advogado exige ainda que o jornalista Leonêncio Nossa, da sucursal de Brasília de ‘O Estado de S. Paulo’, seja obrigado a entregar à Justiça documentos que mantém em seu poder, ‘sob pena de busca e apreensão’. O jornalista trabalha em reportagem que contará a história do oficial do Exército Sebastião Curió, que combateu a guerrilha.


O pedido do advogado é agora analisado pela 1ª Vara Federal de Brasília no processo movido contra a União por 22 familiares de mortos no conflito (1972-1975), os quais Greenhalgh representa. O procurador da República Rômulo Conrado foi contrário ao pedido. Para ele, a União tem que revelar de imediato os documentos que possui, para só então se falar em novas providências.


O processo se arrasta desde 1982 sem conclusão, embora tenha transitado em julgado no início deste ano. Os familiares aguardam que a União abra arquivos, forneça a localização das sepulturas e devolva os restos mortais dos militantes. A guerrilha foi iniciada pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil), que pretendia derrubar a ditadura e instalar um governo comunista. Morreram no conflito 59 guerrilheiros, 16 soldados e dez moradores da região, segundo livro do jornalista Elio Gaspari.


Greenhalgh, em carta divulgada ontem na internet, diz que não pediu a apreensão na casa de Nossa. O trecho da petição diz, na íntegra: ‘Seja intimado o referido jornalista [Nossa], no endereço ao final indicado, para que entregue em juízo referidos documentos, sob pena de busca e apreensão, [e] preste depoimento sobre os fatos’.


Segundo a petição do advogado, ‘conforme declarações constantes de reportagens juntadas ‘os relatórios secretos que dizem ter sido destruídos foram guardados por Curió’, que entregou farta documentação ao jornalista Leonêncio’.


Em e-mail enviado à Folha, Greenhalgh afirmou: ‘O objetivo dessa petição é fazer valer a decisão transitada em julgado que determina à União promover a abertura dos arquivos do Araguaia, o que a ré [União], insistentemente, tem evitado fazer. A abertura é fundamental para que possamos reconstruir a verdade histórica dos fatos ocorridos na ditadura militar’. A Folha apurou que a petição não foi consensual entre os familiares, que reclamam da falta de informações sobre o processo. O advogado nega que não esclareça seus representados.’


 


 


IMPRENSA
Folha de S. Paulo


Folha conquista prêmio de qualidade gráfica da Abigraf


‘A Folha recebeu anteontem à noite, em São Paulo, o 18º Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica), na categoria jornais diários.


Criado em 1991, o Fernando Pini é o principal prêmio concedido pela indústria gráfica no Brasil e um dos mais conceituados do mundo. A Folha já havia conquistado o primeiro lugar em sua 10ª edição, no ano 2000.


Em 1995, outros dois produtos da empresa ganharam o prêmio: o fascículo nº 11 do Atlas Geográfico recebeu o prêmio máximo, e o nº 27 do Atlas História do Mundo recebeu menção honrosa.


No concurso deste ano concorreram 1.460 trabalhos, produzidos por 172 empresas de 14 Estados. Do total, foram selecionados 317 trabalhos, em 64 categorias.


O diretor-executivo de Operações da Folha, Adalberto Fernandes, 51, destacou o significado da premiação: ‘Nós nos sentimos muito honrados. É o prêmio mais importante do país, porque a avaliação é feita por técnicos, com critérios estritamente técnicos. Por isso é um prêmio muito cobiçado, que conta com a participação dos grandes jornais. Ele significa que nós temos excelência na impressão’.


Segundo Fernandes, ‘não é um prêmio só da impressão. Ele valoriza o trabalho de todos os profissionais da Folha, porque o resultado depende da empresa inteira -da qualidade das fotos, da qualidade das artes até o tratamento das imagens’.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Vai, chega, voa


‘‘Lula vai a Santa Catarina’, na manchete da Reuters Brasil, à tarde. ‘Lula chega a Santa Catarina’, na manchete do Terra, depois. ‘Lula sobrevoa’, na escalada do ‘Jornal da Record’, à noite.


A foto de dentro do helicóptero tirada por Ricardo Stuckert, da Presidência da República, surgiu no alto da home do UOL -e depois, distribuída por agências, foi parar até no alto da home do ‘El País’.


Na manchete do Globo Online, ao longo de tarde e noite, ‘Lula dá R$ 1 bilhão para Santa Catarina’. Na manchete da mesma Reuters Brasil, à noite, ‘Lula libera quase R$ 2 bilhões’.


A FORÇA DOS BRICS


Pelos enunciados da agência russa Itar-Tass, da americana AP, da britânica Reuters e da financeira Bloomberg, a notícia do encontro entre os presidentes da Rússia e do Brasil foi a programação de uma cúpula dos Brics para o ano que vem. O anúncio foi de Dmitri Medvedev. Lula falou em ‘grandes esperanças’ com a cúpula, pois os quatro ‘representam uma força poderosa’.


NA CNN RUSSA


Os presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e da Rússia, antes também da Gazprom, Dmitri Medvedev, sorriem no canal Russia Today


A chinesa CCTV tem seu canal em inglês, também a Al Jazeera e agora a Rússia. A turnê do presidente pela América Latina é acompanhada pelo estatal Russia Today, já com página própria no YouTube.


De ontem, destacou ‘futebol, armas e gás’ como os três gols ou o ‘hat trick’ de Medvedev no Brasil. Nas imagens, além da ‘photo-op’ futebolística, sua reunião com a Petrobras, que fechou um acordo com a russa Gazprom. O acordo foi noticiado também nas agências ocidentais e na ‘Forbes’, esta avisando para ‘Seguir os russos em direção à energia latino-americana’.


AO SUL


Até o site americano Strategic Forecasting, de geopolítica, segue de perto a turnê russa pelo hemisfério, sublinhando a ampliação do comércio e a venda de armas. Em análise, a viagem é apresentada como uma forma de a Rússia se posicionar na região antes da mudança de presidente nos EUA.


INTERCONTINENTAL


Mas o interesse ou a preocupação do Stratfor.com sobre a Rússia vai muito além de Brasil ou Venezuela. Ontem seu destaque era o teste bem-sucedido de um novo míssil intercontinental, realizado no centro espacial Plesetsk, mais a presença de uma delegação ucraniana em Moscou, para negociar fornecimento de gás com a Gazprom.


VÁCUO


O ‘New York Times’ seguia ontem as preparações para a operação naval russo-venezuelana. Já o ‘Los Angeles Times’ trouxe o editorial ‘Interesse da Rússia na América do Sul deveria alertar EUA’, mais especificamente, Barack Obama. Fala em ‘vácuo’ que está sendo preenchido também pela China.


O TESTE E A ONDA


Até o site Politico dava manchete ontem para o ‘desafio’ russo a Obama, mas sem se restringir à América Latina. Diz que a ‘hostilidade’ mostrada desde logo é o ‘teste’ externo de que falou o vice Joe Biden, na campanha. Já o inglês ‘Telegraph’ avalia que é Medvedev quem tem mais a perder, contrapondo-se à ‘Obamamania’.


DE RAÚL PARA OBAMA


O cubano Raúl Castro e o venezuelano Hugo Chávez conversaram com o ator engajado Sean Penn, para longo relato na americana ‘The Nation’, também no canal da revista no YouTube, Videonation. Em suma, como ecoou pelas agências, o dirigente de Cuba afirmou, sobre Obama: ‘Precisamos nos encontrar e começar a resolver nossos problemas’. Sugeriu, em provocação, que a primeira reunião seja em Guantánamo.


O DESESPERO AMERICANO


Do blog de Nouriel Roubini, ontem, diante do resgate do Citigroup e do novo pacote, de US$ 800 bilhões: ‘Medidas desesperadas por autoridades desesperadas em tempos desesperados: o Fed parte para políticas radicalmente heterodoxas com a economia em queda livre e o aprofundamento da estagdeflação’.’


 


 


PUBLICIDADE
Folha de S. Paulo


Jornais premiam os melhores anúncios


‘O 7º Prêmio ANJ (Associação Nacional de Jornais) de Criação Publicitária, entregue ontem em São Paulo, coroou um dos períodos de maior crescimento dos jornais brasileiros na história recente. Após seis anos de crescimento ininterrupto, o faturamento publicitário dos jornais passou de R$ 1,9 bilhão, em 2002, para R$ 3,1 bilhões, no ano passado, de acordo com o Projeto Inter-Meios.


Em 2008 a tendência continua de alta. De janeiro a setembro, as empresas do setor faturaram R$ 2,5 bilhões, contra R$ 2,2 bilhões dos primeiro nove meses de 2007. A alta é de 15,6% em relação ao mesmo período do ano passado.


‘O ano de 2008 foi o ano da publicidade em jornal’, diz Judith Brito, presidente da ANJ e diretora-superintendente do Grupo Folha. ‘E vai continuar sendo, mesmo nos tempos bicudos que vamos enfrentar. Se anunciar é importante nos tempos de vacas gordas, investir em propaganda é ainda mais importante quando a situação fica mais complicada.’


Segundo Brito, as empresas do setor ainda estão muito cautelosas para fazer orçamentos e projeções para 2009. No entanto, esperam pelo menos repetir o desempenho de 2008.


‘Se repetirmos o faturamento deste ano, já será um sucesso’, afirma Brito. ‘A crise mundial está aí, mas a credibilidade dos jornais ajudará os anunciantes a vencer os desafios do cenário econômico.’


Para atingir a meta, os veículos contam com a criatividade de agências e anunciantes, como os premiados ontem. O vencedor nacional foi o anúncio ‘Fuja do padrão’, criado pela agência Lew, Lara/TBWA para a Nissan.


‘Queríamos passar a idéia de que, como os carros Nissan, os leitores também podem fugir do padrão e se diferenciar’, diz Luiz Ritton, diretor de mídia da Lew, Lara.


Veiculado em ‘O Estado de S.Paulo, no dia 20 de julho, o anúncio era uma capa branca do jornal que convocava 140 mil assinantes a fazerem sua própria capa. No site do jornal, uma ferramenta eletrônica permitia que o assinante carregasse fotos e escrevesse sua própria manchete.


Cerca de mil assinantes responderam colocando seus filhos, casamento e viagens na capa. Na semana seguinte, receberam os exemplares customizados em casa.


‘A tendência de integrar os diferentes formatos de mídia tende a se acentuar’, diz Brito. ‘A interação torna o anúncio mais atraente ao leitor.’


O anúncio ‘Em poucas linhas, toda a história’ criado para o Terra pela DM9DDB e veiculado na Folha, em 21 de abril, mereceu a categoria Prata em anúncios de meia página. Anúncios da Kia Motors veiculados na Folha mereceram outros três prêmios regionais.


Além de um computador iBook dado aos cinco vencedores regionais, os campeões nacionais receberam como prêmio uma viagem ao Festival de Publicidade de Cannes de 2009, bem como a inscrição da peça na disputa.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Record estaciona e já não assusta a Globo


‘A Record deixou de ser o monstro que no primeiro semestre roubava o sono dos executivos da Globo. A rede de Edir Macedo parou de crescer no Ibope. Na Globo, a avaliação é a de que a concorrente perdeu o fôlego para tentar disputar a liderança. Sua preocupação agora é manter o segundo lugar, ainda não consolidado. Tanto que deixou de lado o slogan ‘A Caminho da Liderança’.


A Record registrou um crescimento impressionante nos últimos anos. Em janeiro de 2006, tinha média diária (das 7h à 0h) de 5,3 pontos na Grande São Paulo, contra 7,7 do SBT e 20,7 da Globo. Em 2007, fechou com 7,2 pontos, um crescimento de 18% sobre 2006, e deixou o SBT (6,4) para trás.


No início de 2008, seu crescimento foi espetacular. Em abril, impulsionada pelo caso Isabella, atingiu média de 9,8 pontos, 11,4% a mais do que no mês anterior. Sua distância para o SBT era de 3,8 pontos. Para a Globo (18,4), era de 8,6, quase metade da do início de 2006.


Em julho, a escalada da Record sofreu um baque. Sua média caiu para 8,4 pontos, 12,5% a menos do que em junho. Em agosto, nova queda, de 9,5%. Em dois meses, perdeu tudo o que ganhara em um ano. Em setembro e outubro, voltou a crescer, mas em ritmo mais moderado. Neste mês, no acumulado até o dia 25, está com 7,9 pontos, apenas 1,5 a mais do que o SBT. A Globo (16,4) continua distante, 8,5 pontos acima.


DESFALQUE 1


Protagonista de ‘Chamas da Vida’, maior audiência da Record atualmente (anteontem, deu 17 pontos), a atriz Juliana Silveira torceu o pé e ficará afastada da novela durante duas semanas. Sua personagem, Carolina, viajou.


DESFALQUE 2


O espaço de Juliana foi ocupado por Luiza Curvo. Sua personagem, Michele, se aproximou do protagonista, Pedro (Leonardo Brício), e colabora com ele em uma investigação. Juliana deve voltar ao ar no final da próxima semana.


CONVERGÊNCIA


A Globo estuda introduzir em ‘Malhação’, em 2009, um personagem que escreverá um blog de verdade. Seria uma nova forma de interagir com os telespectadores.


NOVELA 1


A crise financeira emperrou o processo de confecção do orçamento da Globo para 2009, em andamento desde setembro. Todas as unidades orçamentárias (como programas) já entregaram suas propostas, mas, até agora, nenhuma delas foi aprovada pela cúpula.


NOVELA 2


Não existe um prazo para as aprovações. Nos últimos anos, no entanto, em novembro várias unidades já tinham seus orçamentos aprovados.


NOVELA 3


O problema enfrentando pelos analistas da Globo é a falta de cenários para 2009, porque não se tem uma dimensão exata da crise no Brasil. Enquanto isso, nos bastidores, especula-se sobre cortes nas verbas dos programas menos rentáveis.’


 


 


Bruna Bittencourt


Estilistas brasileiros ganham série de TV


‘Em 1986, o então médico Oscar Metsavaht era o responsável pelas roupas de uma expedição a uma alta montanha, da qual ele participaria.


Metsavaht desenvolveu então algumas peças com a ajuda de uma costureira e de seu conhecimento médico -útil para frias temperaturas-, que fizeram sucesso entre os amigos.


Ironicamente, as roupas para a neve ganharam, pouco tempo depois, uma pequena loja na praia, em Búzios (RJ), a primeira da Osklen, como o estilista lembra no primeiro capítulo de ‘Nomes da Moda’.


A série de documentários, que estréia hoje no canal pago Fashion TV, retrata alguns dos principais estilistas nacionais.


Cada episódio é dedicado a um designer e recupera sua trajetória por meio de entrevistas em seu dia-a-dia, permeadas por imagens de arquivo, depoimentos de jornalistas de moda e pessoas que tiveram importante papel em suas carreiras.


A lista de criadores é extensa: Marcelo Sommer, Isabela Capeto, Clô Orozco, Gloria Coelho, Jum Nakao, Reinaldo Lourenço, a dupla Dudu Bertholini e Rita Comparato, Lino Villaventura, Ronaldo Fraga, Tufi Duek e Alexandre Herchcovitch, além de Metsavaht.


Um dos 13 episódios é dedicado à moda praia e reúne três marcas -Blue Man, Salinas e Lenny- no mesmo programa.


‘Procuramos estilistas que privilegiam uma identidade brasileira em seu trabalho’, diz Lao de Andrade, diretor da série, que tem criação de Alberto Renault, escritor, roteirista e diretor de desfiles.


Mundo próprio


‘Queríamos mostrar o universo de cada designer e deixar o programa com a cara dele’, diz Lao, que usou estampas de Capeto em vinhetas e levou Sommer, conhecido por suas coleções lúdicas, ao circo, em seus respectivos programas.


‘Nomes da Moda’ ganha ao privilegiar as entrevistas com os estilistas, que normalmente ouvimos rapidamente comentando suas criações na TV. E aí que surgem as boas histórias, que incluem alguns tropeços dos retratados.


Isabela Capeto lembra rindo de suas primeiras peças, jaquetas customizadas que soltavam tinta e seus adereços ao lavar e das ligações de suas clientes.


Ou quando chorou na frente de um compradora australiana, que desistiu de comprar sua coleção, mas voltou atrás ao ver a estilista aos prantos.


NOMES DA MODA


Quando: às quintas, às 22h30


Onde: Fashion TV (Net e Sky)


Classificação indicativa: livre’


 


 


UTILIDADE PÚBLICA
Mônica Bergamo


Meu bolso


‘O presidente Lula pulou da poltrona ao ser informado de que o Ministério da Saúde pretende gastar R$ 60 milhões para veicular anúncios de prevenção à dengue. Pediu que seus auxiliares negociem para que as TVs e rádios coloquem a campanha de graça -já que ela é de utilidade pública.’


 


 


 


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