Em sua coluna de domingo [17/6/07], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, relatou que a maior parte de e-mails recebidos na semana passada veio de leitores que sentiram que o diário agiu errado em três situações: ao divulgar um artigo opinativo com uma acusação infundada; ao dar destaque à socialite Paris Hilton e ao revelar, em um gráfico, os salários de professores de escolas públicas do Distrito.
Revolta dos professores
Os comentários sobre uma série de matérias sobre escolas públicas do Distrito, que começou há uma semana, vinham sendo extremamente positivos, pois a maioria dos leitores achava que o Post estava agindo bem ao divulgar, nas edições impressa e online, reportagens aprofundadas sobre o tema. Os professores, no entanto, não gostaram de ter seus salários revelados; alguns afirmaram que alguns dos dados estavam inclusive errados. O professor Dan Goldfard, por exemplo, disse que a atitude do jornal foi ‘ofensiva’, ‘invadiu sua privacidade’ e foi ‘totalmente desnecessária’.
Deborah entende a reclamação de alguns professores, mas alega que não há maneiras de saber como cada escola está funcionando sem saber exatamente o quanto ela gasta. ‘Quando alguém é pago com dinheiro do contribuinte, o salário pode ser divulgado – tanto no caso do presidente dos EUA como no de professores’, explica ela. Para aqueles que acharam que os dados informados estavam errados, a ombudsman disponibilizou um e-mail para correções.
A saga de Paris
Em relação à ‘novela’ Paris Hilton, alguns leitores reclamaram do destaque dado à prisão da socialite, alegando que não interessa se a menina rica está ou não na cadeia. ‘Gostando ou não, Paris Hilton tem valor jornalístico’, defende Deborah. ‘A saga Paris Hilton, em uma cultura que valoriza as celebridades, merece espaço na primeira página’, completa o chefe de redação, Phil Bennett.
Acusação infundada
Já partidários de Al Gore ficaram enfurecidos com um artigo de Andrew Ferguson, que tecia críticas negativas ao novo livro do ex-vice-presidente americano, intitulado The Assault on Reason (O Ataque à Razão). Ferguson chegou a fazer a acusação de que uma citação de Abraham Lincoln publicada no livro não seria verdadeira. O jornalista não checou as notas no fim do livro que comprovavam a veracidade da citação.
Uma correção foi divulgada no dia seguinte à publicação da matéria. ‘Foi completamente estúpido. É inexplicável como eu não vi’, admite Ferguson. Kalle Kreider, diretora de comunicações de Gore, disse que o jornalista não entrou em contato com o político e ativista do meio ambiente antes de publicar a acusação.