O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje (20/11) as autoridades mexicanas a protegerem os jornalistas na cidade fronteiriça de Ciudad Juárez depois que um jornalista foi assassinado e outro se viu obrigado a abandonar a cidade. O jornalista mexicano Jorge Luis Aguirre contou ao CPJ que teve que abandonar sua casa, em Ciudad Juárez, depois de receber uma ameaça de morte no mesmo dia em que outro repórter que cobria criminalidade foi assassinado a tiros.
Na tarde de 13 de novembro, Aguirre, diretor do site de notícias políticas e criminalidade La Polaka, estava se dirigindo ao funeral de seu colega Armando Rodrígues, que havia sido baleado naquele dia, quando recebeu uma ligação anônima em seu telefone celular advertindo que ‘tu eres el que sigue‘ (‘você será o próximo’). Segundo informações da imprensa mexicana, Aguirre abandonou imediatamente a cidade com sua família e foi para El Paso, no Texas (EUA). O jornalista contou ao CPJ que desde que saiu do México continua recebendo ameaças por correio eletrônico. Uma das mensagens, vista pelo CPJ, diz a Aguirre que ele é o próximo alvo e que será rastreado. Aguirre permanece nos Estados Unidos, onde fez uma solicitação de asilo político.
‘Neste momento, a população de Ciudad Juárez deve poder estar informada sobre o que o crime está fazendo a sua cidade e às suas vidas’ declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. ‘As autoridades locais e federais devem fazer todo o possível para garantir que todos os jornalistas em Ciudad Juárez possam continuar a trabalhar sem medo de represálias.’
Droga e violência crescente
Desde que Rodriguez, de 40 anos, veterano repórter da editoria de polícia de El Diario, foi assassinado a tiros em frente a sua casa, repórteres que cobrem criminalidade, atemorizados, começaram a utilizar coletes anti-balas como medida de precaução, noticiou o jornal local El Diario. Segundo o periódico, os coletes contêm a palavra ‘imprensa’. As autoridades ainda não efetuaram nenhuma prisão relacionada ao caso do assassinato de Aguirre.
Este ano, mais de 1.000 pessoas foram mortas em crimes relacionados com drogas em Ciudad Juárez, uma cidade fronteiriça próxima a El Paso (EUA), segundo informações da imprensa local e internacional. Em 6 de novembro, indivíduos não identificados abandonaram uma cabeça humana na Praça do Jornalista, conforme informações da imprensa. A polícia ainda não identificou os restos mortais.
Poderosos cartéis de droga e violência crescente associada com grupos criminosos converteram o México em um dos países mais letais para repórteres em todo o mundo. Desde 2004, 24 jornalistas – incluindo Rodríguez – foram assassinados, sendo que pelo menos sete deles foram mortos em represália direta por seu trabalho. Além disso, sete jornalistas estão desaparecidos desde 2005 [Nova York, 20 de novembro de 2008].
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo