Após um ano de espera, finalmente o público poderá assistir ao documentário Unauthorised: Mbeki, sobre o presidente sul-africano Thabo Mbeki. O filme, que retrata Mbeki como um presidente paranóico e vingativo, será apresentado no Festival Internacional de Cinema de Durban, na África do Sul, esta semana – coincidindo com a Conferência do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), realizada ao norte de Joanesburgo.
O documentário, feito originalmente para a televisão, foi por duas vezes proibido de ser transmitido pela rede de TV pública Corporação Sul-Africana de Televisão (SABC, sigla em inglês). A SABC insistiu que alguns trechos fossem cortados, há um ano, e reagendou a exibição modificada para o mês passado. Como nenhuma cena foi retirada, a rede desistiu de levar o filme ao ar, alegando que solicitações internas não haviam sido atendidas.
Mandela avisou
Para Allister Sparks, ex-editor do Rand Daily Mail que foi entrevistado no vídeo, a diretoria da SABC não gostou de uma seqüência inicial que mostra Nelson Mandela entregando a liderança da ANC, há uma década, para o atual presidente, sentado ao seu lado. Na cena, Mandela alerta seu sucessor sobre os cuidados com o abuso do poder. ‘É uma grande responsabilidade um líder ser eleito sem oposição. Ele pode usar sua posição contra seus críticos e se cercar de aliados’, diz ele. A partir daí, o documentário mostra Mbeki conduzindo seu governo exatamente da maneira como Mandela avisou que ele evitasse, centralizando o poder e se isolando de líderes políticos.
O filme fala ainda de investigações policiais contra três políticos do Congresso Nacional Africano (ANC), que supostamente conspiraram pela renúncia do presidente, em 2001. Entre eles estão o ex-secretário-geral do partido, Cyril Ramaphosa, e Tokyo Sexwale, que pretende concorrer à presidência quando Mbeki deixar o cargo, em 2009 – a constituição impede que o atual presidente cumpra novo mandato. Em resposta às investigações, Sexwale afirmou, na conferência da ANC esta semana, que há uma grande tendência no país em se espalhar mentiras sobre os membros do partido. ‘Isto tomou proporções incontroláveis’, rebateu. Informações de Chris McGreal [The Guardian, 28/6/07].