Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um jornalista completo

Morreu na sexta-feira (3/7) o jornalista Nilo de Souza Martins, aos 64 anos. Foi um jornalista completo. Começou como ‘foca’ na revista Fatos &Fotos, no Rio de Janeiro, em 1965, sob o comando de Alberto Dines. Ali permaneceu até 1967, quando teve uma breve passagem como estudante de economia na Universidade de Brasília. No período 1967-1968, esteve no World Press Institute, no Macalester College, em Saint Paul, Minnesotta (EUA), onde ficou um ano como bolsista.


No retorno, já em São Paulo, foi recrutado por Mino Carta para compor a equipe inicial da revista Veja, lançada em setembro de 1968, onde foi repórter especial e editor assistente. Com pouco mais de um mês na revista, cobriu a prisão do irmão Franklin Martins, então líder estudantil, hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, preso no congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP).


Em 1971 migra de Veja para Quatro Rodas, onde ocupa os cargos de chefe de reportagem, editor chefe e diretor de Redação. Foi a época em que a revista se afirma, acompanhando a indústria automobilística brasileira que sai do primarismo dos anos 1960 para o início de sua consolidação. As montadoras já eram Chrysler, Ford, GM, Volkswagen. Em 1977 chega a Fiat. A revista acompanha os lançamentos, antecipa informações e testa com profissionalismo os automóveis. E é período de ouro de Emerson Fittipaldi na Fórmula 1.


Em 1978, a convite de Carlos Lindenberg Filho, transfere-se para a Vitória (ES) para dirigir a redação do jornal A Gazeta. Fica até 1984, período em que o jornal passa por uma intensa modernização. O jornal, partidário do ex-governador Carlos Lindenberg, já ficara sem função com a interdição da política produzida pelo golpe de 1964. É com Nilo Martins que se consolida a nova Gazeta, um jornal de credibilidade e responsabilidade com a sociedade capixaba.


Sua primeira experiência em TV é sua última atividade efetivamente como jornalista. De 1984 a 1987 dirige a TV Vitória, afiliada então à Rede Manchete, em Vitória.


Família de jornalistas


Foi assessor de comunicação do Grupo Tristão, de empresas ligadas ao ramo de café e exportação, de 1988 a julho de1990, quando monta a empresa Nilo Martins Assessoria em Comunicação para atuar na área de comunicação como consultoria e assessoria às empresas e entidades do Espírito Santo.


De temperamento afável e doce, conhecia profundamente a política e o jornalismo. Assessorou os governos Gerson Camata (1982-1986) e Vitor Buaiz (1994-1998) e por duas vezes foi secretário de estado de Comunicação: de 1990 a 1994, no governo Albuíno Azeredo e de 2006 a 2008, no governo Paulo Hartung.


Nilo nasceu em 17 de setembro de 1944 no Rio de Janeiro, filho do jornalista (editorialista do Jornal do Brasil) e senador (cassado pelo regime militar) Mario Martins (1913-1994) e tinha vários irmãos jornalistas: Paulo Mário, nas Organizações Globo, Victor, na Agência Nacional de Petróleo e Franklin, hoje ministro do governo Lula.


Deixa três filhos: Joana, Diogo e Clara e um enteado, Gustavo. Dos filhos, teve sete netos: Vitória, Miguel, Pedro, João, Rafael, Antônio e Marina e tratava como neta a filha de seu enteado, Lavínia.

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Jornalista, professora da Universidade Federal do Espírito Santo