Ali Akbar Javanfekr, principal assessor do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, defendeu esta semana restrições à liberdade de imprensa no país, acusando algumas empresas de mídia de tentar prejudicar o governo. ‘Por que devemos garantir o livre fluxo de informação para que alguns explorem isto em nome de seus próprios interesses? Quando a mídia serve a um grupo político que se opõe ao governo, ela se torna um instrumento de sabotagem e enfraquecimento do governo’, afirmou Javanfekr em entrevista ao Shargh, jornal moderado que chegou a ser fechado por seis meses no ano passado, acusado de ofensa, insulto a autoridades e blasfêmia.
O assessor não foi o único representante do alto escalão administrativo a criticar a imprensa iraniana nos últimos dias. O ministro da Cultura, Mohammad Hossein Saffar-Harandi, afirmou, neste domingo (8/7), que havia sinais de um ‘golpe de Estado’ na mídia. O Ministério da Cultura e de Orientação Islâmica monitora as atividades midiáticas no país.
Censura
As declarações foram feitas poucos dias após o fechamento de dois diários de orientação reformista: o Mosharekat e o HamMihan. O primeiro, de propriedade de Mohammad Reza Khatami, irmão do ex-presidente Mohammad Khatami, teve sua licença suspensa em 2000, durante uma severa sanção judiciária à mídia no Irã.
Na ocasião, a proibição dos jornais pró-reforma foi vista como uma tentativa do Poder Judiciário – controlado por conservadores leais ao líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei – de frear o ritmo da liberalização que o presidente Khatami tentava empreender no Irã. Na semana passada, o jornal foi proibido definitivamente de circular em território iraniano.
Já o HamMihan foi fechado pelo governo menos de dois meses depois de ter obtido autorização para ser republicado, após uma proibição de sete anos. Desde 2000, mais de 100 publicações foram fechadas pelo Poder Judiciário. Muitas foram reabertas ao longo dos anos, outras foram relançadas sob novos nomes. Ativistas e diplomatas ocidentais observam, entretanto, que as autoridades iranianas estão cada vez mais intolerantes a vozes dissidentes, estudantes pró-reformas e defensores de direitos trabalhistas e das mulheres. Informações da Reuters [7/7/07] e da AFP [9/7/07].