De acordo com dados do Instituto Internacional para a Segurança da Imprensa (INSI, sigla em inglês), 171 jornalistas e outros profissionais de apoio à mídia morreram a trabalho em todo o mundo no ano passado, noticiam a Hollywood Reporter e a Reuters [29/1/08]. Isto representa mais de três mortes por semana, tornando o ano de 2007 o mais letal para profissionais de imprensa desde que a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) deu início a este registro no começo dos anos 90. ‘O número de mortes é inaceitável e assustador, e está ficando cada vez pior’, afirmou Rodney Pinder, diretor do instituto. Segundo ele, isto afeta não apenas a segurança dos jornalistas, mas a sociedade como um todo, visto que o jornalismo é ‘vital para uma verdadeira democracia’.
No entanto, o número de jornalistas aparentemente assassinados por conta do seu trabalho caiu pela primeira vez nos últimos anos, de 133 em 2006 para 120. ‘Sem dúvida, o ano de 2007 foi terrível, mas houve alguns movimentos estimulantes da comunidade internacional para responder a estes assassinatos e a seu impacto na liberdade de expressão’, opinou Pinder.
O instituto ressaltou que as circunstâncias envolvendo a morte de jornalistas são geralmente desconhecidas, pois poucas são investigadas com afinco. No ano passado, 100 jornalistas morreram assassinados por armas de fogo – um deles executado com 50 tiros -; 20 morreram em atentados a bomba; quatro por espancamento; dois degolados; um torturado e dois asfixiados.
Jornalistas locais em risco
O Iraque foi o país mais letal para profissionais da mídia em 2007, com 65 jornalistas mortos. Com exceção de um fotógrafo russo, eram todos iraquianos. Desde o começo da guerra, em 2003, pelo menos 236 jornalistas foram assassinados. Ainda assim, a maior parte das mortes não envolveu correspondentes em lugares de risco, mas jornalistas que desagradaram autoridades locais.
As estatísticas sugerem que repórteres que têm atuação local, como a jornalista russa Anna Politkovskaya, assassinada em outubro de 2006 em Moscou, costumam correr mais riscos do que aqueles que trabalham em território estrangeiro, como o jornalista do Wall Street Journal Daniel Pearl, assassinado em 2002 no Paquistão. Depois do Iraque, os EUA foram o pior país para fatalidades envolvendo jornalistas em 2007. Das nove mortes no país, oito foram resultado de acidentes, incluindo quatro em julho quando dois helicópteros com equipes jornalísticas colidiram enquanto cobriam uma perseguição policial em Phoenix.
Em dezembro, o instituto uniu-se à IFJ e à União Européia de Radiodifusão (EBU, sigla em inglês) para pedir às Nações Unidas por mais proteção a jornalistas. O instituto, sem fins lucrativos, é uma coalizão de organizações de mídia, grupos de defesa da liberdade de expressão e sindicatos, com sede em Bruxelas. A IFJ é a maior organização de jornalistas do mundo, representando mais de 500 mil membros em mais de 100 países; e a EBU é a maior associação de emissoras nacionais, com 75 membros ativos em 56 países. Paralelamente, sete países – Austrália, Reino Unido, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha e EUA – comprometeram-se a melhorar a segurança de jornalistas cobrindo conflitos e a combater a impunidade para aqueles que atacam repórteres.