NASSIF vs. ATTUCH
Nassif, o fracasso lhe subiu à cabeça
‘Muitos anos atrás, logo que cheguei à São Paulo, lembro de ter visto uma revista Imprensa, cuja chamada de capa dizia mais ou menos assim: ´Luís Nassif, o jornalista mais influente do Brasil´. Faz sentido, pensei. Nassif tinha uma coluna de economia na Folha de S. Paulo, era membro do conselho editorial do jornal mais lido do País e também parecia ser homem de confiança da família Frias. Todos esses predicados lhe permitiram atuar durante muitos anos como um dos palestrantes mais requisitados do País.
Nunca deixei de ler sua coluna. Muitas vezes, era quente e polêmica. A única coisa que me incomodava era seu tom professoral e sua propensão a atuar como juiz de todos os fatos, como se ele tivesse autoridade técnica e moral para isso. Apesar dessa falha, a coluna era interessante. Quase obrigatória.
Nassif, no entanto, começou a se perder com a sua atividade empresarial. Ao mesmo tempo em que assinava sua coluna na Folha, ele também era dono da agência Dinheiro Vivo, que não conseguiu se adaptar à era da Internet e enfrentou dificuldades financeiras. Nesse meio tempo, ele lançou outro empreendimento, chamado ´Projeto Brasil´. Era um site particular na Internet, que reunia vários de seus artigos com propostas para curar todos os males do País. Tal ´projeto` tinha vários patrocinadores, como Vale, Odebrecht e Telecom Italia.
Surgiu ali o primeiro conflito de interesses. Nassif pilotava um canhão na Folha de S. Paulo, que poderia ser detonado contra qualquer empresa, mas ao mesmo tempo mantinha uma atividade privada patrocinada por grandes corporações. Essa contradição foi apontada por Diogo Mainardi, da Veja, que escreveu uma coluna chamada ´O empresário Nassif´, em agosto de 2005. Nela, Mainardi dizia ainda que Nassif reproduziu na íntegra, como se fosse texto de sua autoria, uma mensagem que o empresário Luís Roberto Demarco, ex-funcionário do grupo Opportunity, enviou a vários jornalistas. Demarco, para quem não se lembra, foi o principal agitador na imprensa da caçada ao banqueiro Daniel Dantas, no contexto da disputa pelo controle da Brasil Telecom.
Aquele artigo de Mainardi foi fatal. Nassif saiu da Folha, perdeu o cargo no conselho editorial e acabou sendo abrigado como um dos blogueiros oficiais da Brasil Telecom, depois que a empresa foi assumida pelos fundos de pensão, aliados de Demarco nessa disputa comercial. Pouco tempo depois, na Itália, um novo fato desabonador veio a público. Em Milão e Roma, várias pessoas ligadas à Telecom Italia foram presas justamente por terem, entre outros crimes, encomendado a Operação Chacal, feita pela Polícia Federal contra o grupo Opportunity. E quem aparece nos autos? Novamente, Demarco, contratado como ´consultor` pela Telecom Italia para fazer a ponte da empresa com policiais, políticos e também jornalistas.
Nassif caiu do pedestal, mas ainda posa de majestade. Há algumas semanas, iniciou o que chama de ´guerra santa` contra a Veja. Numa dessas colunas, ele decidiu também me atacar. Disse que a revista agia muito bem quando me ´bombardeava´, acusando-me de estar ´alinhado` com os interesses de Dantas. E agora ele promete contar como e por que Veja teria mudado de lado nessa guerra – sobre isso, há controvérsias, mas não vem ao caso.
O fato é que Nassif parece ter perdido a noção do ridículo. Ele é pago por um blog da Brasil Telecom, ligada aos fundos de pensão, e ainda julga ter autoridade moral para dizer o que é certo e o que é errado. No caso desse ´alinhamento` com Dantas, o que ele pinta como desabonador deve ser chamado apenas de bom jornalismo. Em 2004, quando foi deflagrada a Operação Chacal, fui o único a remar contra a corrente e a dizer que se tratava de uma armação patrocinada pela Telecom Itália – à época, eu só não sabia que a empresa também bancava o site de Nassif.
Em várias outras oportunidades, divergi de Dantas. Cito como exemplos a operação arquitetada por ele para a compra da Embratel e até mesmo a situação atual, em que ele é um dos entusiastas da venda da Brasil Telecom para a Oi. Divergi porque penso que as duas operações são nocivas à concorrência.
O curioso é que, agora, a minha posição é até parecida até com a dos blogueiros do iG. São eles que estão alinhados comigo. Paulo Henrique Amorim, por exemplo, chegou até a reproduzir trechos de uma matéria que publiquei na Istoé DINHEIRO. O problema é que eles erram, mesmo quando acertam. Isso porque as suas motivações não estão ligadas a qualquer tipo de princípio. Amorim chegou a confessar que é contra a ´Broi` porque corre o risco de ser demitido.
Movido pelo ressentimento, Nassif decidiu classificar o bom e o mau jornalismo. Mas é triste a sua decadência. Até outro dia, ele era o todo-poderoso colunista da Barão de Limeira. Hoje, já não presta mais contas à família Frias, mas sim a Demarco. Numa de suas colunas, teve até de atacar a ex-mulher desse personagem. Ele só não percebeu que, para a maioria das pessoas, a ficha já caiu. Cada vez menos gente se deixa enganar por ele. De Nassif, pode-se dizer sem medo de errar: o fracasso lhe subiu à cabeça.
(*) Editor das revistas Istoé DINHEIRO e Dinheiro Rural’
Luís Nassif
Resposta a Leonardo Attuch
‘1. O Projeto Brasil é um conjunto de seminários que existe há vários anos, que possui um dos maiores acervos de trabalhos sobre políticas públicas e é patrocinado por algumas das melhores empresas do Brasil. Inclusive a TIM, mesmo no período em que os italianos da Telecom Itália se aliaram a Daniel Dantas. As acusações de Mainardi merecerão um capítulo especial na série que estou escrevendo. Quanto a Dinheiro Vivo, existe há vinte anos e existia quando a ´Folha` me contratou como colunista.
2. Minha saída da ´Folha` ocorreu muitos meses após os ataques do Mainardi e quando decidi cair de cabeça no mundo online. E saí para me dedicar ao meu blog que estava na UOL – como se sabe, empresa controlada pela ´Folha´. Aliás, sugiro ao Comunique-se que entre em contato com Otávio Frias Filho e indague as razões de minha saída. Aí esse tipo de insinuação termina de uma vez por todas.
3. Conheci melhor Attuch quando, ainda na ´Folha´, escrevi uma matéria denunciando uma aventura jurídica da Mendes Júnior. Poderia relatar aqui a história, mas não vem ao caso. E não haveria novidade nenhuma para quem acompanha sua trajetória. Mas se começar a polemizar com ele, o próximo será Giba Um. Não mereço.
4. Attuch não apenas copia figuras gastas de retórica – ´o fracasso lhe subiu à cabeça` – do mesmo esquema que denuncio na minha série, como recorre à mesma fonte Mainardi. Não é coincidência. Sugiro aos leitores do Comunique-se, aliás, que guardem o artigo, especialmente as desqualificações aos adversários de Daniel Dantas, assim como o último podcast do Mainardi, me atacando. Essa tentativa de ligar a série com a Telecom Itália, aliás, é golpe velho – que será bem detalhado na série. É desculpa tão canhestra, que sequer leva em conta que a direção da Telecom Itália não é a mesma da que brigou e depois se aliou a Dantas. Será bom material didático de apoio para a série. Ou seja, é um CQD (Como Queria Demonstrar) antecipado.
5. Quanto a esse ´o fracasso lhe subiu à cabeça´, além de não ser original, encerra um risco profundo. Se quem o utiliza tem sucesso profissional, pode parecer arrogância; se nunca teve, é falta de senso de ridículo.
(*) Diretor e presidente da Agência Dinheiro Vivo e comentarista da TV Cultura. Mantém o blog http://projetobr.com.br.’
NASSIF vs. VEJA
Eurípedes Alcântara e Lauro Jardim entram na Justiça contra Luís Nassif, 11/2
‘O diretor de redação, Eurípedes Alcântara, e o editor especial, Lauro Jardim, da revista Veja, entrarão nesta semana com ações civis na Justiça de São Paulo por danos morais contra o jornalista Luís Nassif. O dono da Agência Dinheiro Vivo publica em seu blog uma série de acusações contra a Veja.
Serão quatro ações no total: duas de Alcântara contra o jornalista e o portal que hospeda seu blog, o iG, cujo mantenedor é a Brasil Telecom, e outras duas de Jardim também contra Nassif e o iG.
A revista Veja, contudo, não pretende responder a nenhuma das acusações de Nassif, nem entrar com uma ação judicial. ´Nem eu nem a revista Veja vamos responder publicamente a Luis Nassif´, reitera o colunista da Radar, Lauro Jardim. Apesar de ambos – Alcântara e Jardim – serem defendidos pelo Departamento Jurídico da empresa jornalística, as quatro ações serão cíveis.
Nassif
Segundo o jornalista, a entrada de ações simultâneas na Justiça é uma estratégia para impedir que continue questionando a postura ética da Veja. ´Eles vão me tomar tempo e recurso. Querem sufocar a série´, afirmou.
Série
Nassif já publicou oito capítulos de sua série contra a Veja. E pretende escrever mais. Neles, o jornalista enumera casos em que o semanal teria alterado momentos de ira e de condescendência a empresários e empresas, para defender seus interesses.’
Milton Coelho da Graça
Muita ´briga ruim´, só entro numa delas, 8/2
‘As divergências cada vez mais acaloradas entre jornalistas são conseqüência direta da maior dose de análise e opinião usada pela mídia impressa para enfrentar as crescentes dificuldades impostas pela maior velocidade de informação da tevê e da internet.
Mas também, é claro, por conta do agravamento da crise entre imprensa e Governo (que este procurou aplacar com a indicação de Franklin Martins para o Ministério); da deterioração da qualidade do Poder Legislativo por um sistema eleitoral insatisfatório; do processo de globalização econômica, criador de variadas oportunidades de grandes negócios em que a imprensa se torna cúmplice importante (talvez até indispensável), para ganhar a opinião pública e a simpatia dos três poderes da República.
Também não se deve esquecer o sistema de concessões de televisões e rádios que, a partir da ditadura militar, deixou de lado toda a experiência internacional. A comunicação misturou-se a uma mixórdia de outros interesses empresariais, é moeda de troca em acordos políticos com fortalecimento de oligarquias e ajuda a formação do mais extraordinário conglomerado de religião-negócios-política desde o Sacro Império Romano.
Voltemos ao Coliseu da Informação, em que alguns importantes gladiadores se engalfinham. O atual elenco tem nomes como Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, que desde a estréia no jornalismo de análise e opinião, além de forte base cultural e exímio uso do idioma, demonstraram vocação para o combate sem trégua. Na minha Gamboa,eles seriam considerados ´briga ruim´.
Também tem gente – como Paulo Henrique Amorim e Boris Casoy – com passado silencioso em revistas e jornais, mas convencida de que boa parte do público de TV tem mais atração pela informação quando temperada por efeitos faciais e vocais.
E agora apresenta também o mineirão e pacato Luis Nassif, que se declara cansado de aturar VEJA e manda bala em direção a vários luminares da revista, acusando-os de jornalismo irresponsável e subordinado a interesses diversos.
Nassif tem uma história no jornalismo acima de qualquer suspeita. Por isso, nesta ´briga ruim´, mesmo sem ainda saber de tudo e esperando ansiosamente pelos outros capítulos, não posso ficar de fora: estou com Nassif e não abro.’
IRAQUE
Jornalista da CBS e seu intérprete são seqüestrados no Iraque, 11/2
‘A agência iraquiana Aswat Al Iraq informou que o jornalista britânico Richard Butler e seu intérprete na cidade de Basra (cerca de 590 quilômetros ao sul de Bagdá) foram seqüestrados perto do hotel Qasr al-Sultan, onde estavam hospedados. O profissional de imprensa trabalha para a rede americana CBS.
Fontes policiais contaram que os seqüestradores chegaram ao local em dois veículos.
A imprensa é alvo de freqüentes seqüestros no Iraque. Grupos terroristas e insurgentes se utilizam das vítimas como moeda de troca para exigir que países que apóiam a invasão norte-americana no território iraquiano se manifestem contra a política internacional de Bush.
As informações são da Agência Efe.’
INTERNET
Você assiste ao YouTube?, 8/2
‘Eu amo Brasília, gosto de comer alface puro e sou viciado em Big Brother Brasil. Ou seja, como você, tenho gostos esdrúxulos ou até surpreendentes.
Ao trabalhar como mídia digital, contudo, ter mente aberta para qualquer tipo de novidade ou estranheza é pouco. Não há mês, desde o final de 2005, que não surja uma nova tecnologia, imediatamente apontada como revolucionária e transformadora – e lá vamos nós de novo. À metade, vale a pena prestar atenção; a outra eu coloco sob quarentena.
Não é arrogância: é simplesmente para não enlouquecer soterrado em tanta informação e observar as novidades sem o poder hipnótico da mídia e com o distanciamento necessário. Os vídeos do YouTube são o caso. Quem os assiste? Muita gente – afinal, é o site de vídeos mais acessado do mundo, o que não é pouco nesta era Web 2.0 de múltiplas opções de interatividade. Mas que tipo de gente vê estes vídeos? Adolescentes, ué. Não é segredo.
Entende o distanciamento? Nada contra adolescentes, mas o que eles ainda não sabem, nesta etapa da vida, é o que é fidelidade, e por puro deslumbre com o mundo – natural.
Fosse o YouTube divulgado como um repositório de videocassetadas, pequenos clips de comédia e gravações caseiras (e talvez como algo passageiro), sem problema. Seria assim e pronto: uma versão pontocom do Domingão do Faustão e ficaríamos todos felizes.
A questão é que não só o YouTube não quer ser o Domingão da web, como deseja que as empresas e os investidores o encarem como ´um novo meio para distribuição de informação, formato vídeo´. O que eu acho disso? Maravilhoso! Desde que o que tem sido feito por lá, além do conteúdo gerado pelos usuários ´teen` e amador, surta o mesmo efeito nos adultos, o que – decepção! – não aconteceu até agora.
Não faltam tentativas. Ao criar ´canais` dentro do YouTube, redes de televisão, agências de publicidade, grandes corporações, todos estão tentando mudar a cara do site. Mas o que vemos, até agora, são boas tentativas que geram ótimas exceções.
Será que o YouTube não teria nascido para ser, sim, um Domingão do Faustão e, com o tempo e a maturidade do site, a mídia e os investidores não o enxergariam ´apenas` como um ótimo veículo para divulgação de novos roteiristas, apresentadores, diretores, atores, bandas de rock, comediantes, etc.? Esperar uma nova ´televisão´, onde não há apenas dezenas de canais como na TV a cabo, mas milhares de vídeos, alguns agrupados, outros não, não seria querer demais de algo que já mostrou a que veio?
Por isso, em respeito ao YouTube, às novas tecnologias e ao gosto alheio, o site ainda está, pelo menos para mim, em quarentena. Torço para que ele saia de lá em breve.
E você, também acha que o YouTube ainda precisa comer muito mingau para ser gente grande, ou já é fã de carteirinha de algum canal?
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Para você, duas boas dicas de cursos:
– Quem quiser ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é só entrar em contato pelo e-mail extensao@facha.edu.br ou ligar para 0xx 21 2102-3200 (ramal 4) para obter mais informações sobre meu curso ´Webwriting & Arquitetura da Informação´. As aulas da próxima turma, que terá início na semana que vem, dia 12, serão ministradas no Rio de Janeiro, ao longo de seis terças-feiras à noite, em Botafogo.
– Estão abertas as inscrições para a segunda turma da Pós-Graduação em Gestão em Marketing Digital da FACHA, no Rio de Janeiro, da qual sou Coordenador. Com 16 disciplinas, entre elas E-commerce, Gestão de Contas, Gestão de Conteúdo,Gestão do Conhecimento, Inteligência de Mercado, Marketing de Relacionamento Online e Otimização em Mecanismos de Busca, o objetivo do curso é preparar profissionais capazes de tomar decisões no campo do marketing para a mídia digital e atualizar os que já estão no mercado. Para mais informações, posholos@facha.edu.br.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ´Webwriting – Pensando o texto para mídia digital´, e de sua continuação, ´Webwriting – Redação e Informação para a web´. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ´Webwriting` do ´Dicionário de Comunicação´, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
COBERTURA ESPORTIVA
Versatilidade é sinal de competência, 7/2
‘Olá, amigos. Nunca escondi (pelo contrário, sempre ´propagandeei´) a minha admiração pelo repórter Marcos Uchôa, da TV Globo. Para mim, e para muitos colegas, é o melhor repórter do Brasil, não só em termos técnicos, mas também em cultura geral. Poliglota e extremamente culto, Uchôa sempre enriqueceu a cobertura esportiva com pitadas de história e política, de modo a dar aos seus espectadores algo mais que a simples notícia que era tema da reportagem.
Este ano, por decisão própria, Uchôa decidiu voltar ao Brasil, e de cara encarou uma empreitada que pouco tem a ver com a área esportiva: a cobertura do carnaval. Quem imagina que cobrir carnaval é simples, ainda mais o carioca, engana-se. Mas a dificuldade para quem mora no exterior há tantos anos, e não tem contato próximo com o mundo do samba, a tarefa é duplamente difícil.
Mas Uchôa mostrou, com matérias deliciosas, textos belíssimos e imagens emocionantes, que é um profissional completo. Na reportagem em que grandes nomes do samba subiram o bondinho do Pão de Açúcar, ficou evidente a qualidade do profissional, ao unir texto e imagem ao tema e conseguir um resultado excepcional, digno dos muitos minutos que a teve direito no ´Bom dia Brasil´, da TV Globo.
Caso venha a se manter longe da cobertura esportiva, Marcos Uchôa fará muita falta, mas mostrará, sem sombra de dúvidas, o porquê de ser considerado por muitos, repito, o melhor repórter da TV brasileira.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
CARTÕES DO GOVERNO
Vilanias de Brasília, 7/2
‘O XIS DA QUESTÃO – Quem desta vez chegou ao Xis da Questão foi Clóvis Rossi, sábado passado, em sua coluna na Folha de S. Paulo: ´Não é fácil gastar R$ 171 mil em um ano com alimentação e aluguel de veículos, como alega (Matilde) Ribeiro. Dá algo em torno de R$ 14 mil por mês. Alimenta-se bem a nossa ex-ministra, não? Ou roda bastante com carro alugado. Ou faz a duas coisas ao mesmo tempo.`
1. Poder e prazer de mãos dadas
Os recentes relatos jornalísticos sobre o escândalo dos cartões de crédito corporativo nos revelam que os políticos brasileiros são tão criativos na invenção de formas de gastar o dinheiro público quanto nas explicações que às vezes são forçados a dar, para justificar gastanças.
No que se refere à inventividade nas formas de gastar, essa do cartão de crédito corporativo é de fato uma solução genial – moderna, sofisticada, prática, com a devida carga de solenidade e pompa. Uma senhora ferramenta de poder e prazer!
Cartões de Crédito Corporativo, quem diria! – e me permitam que dignifique o nome do ente com iniciais maiúsculas, mais do que merecidas. Não sei quem inventou tão maravilhosa mordomia. Mas é ou foi certamente alguém com mente iluminada. Hoje, provavelmente, já de cabelos brancos, pois o invento não é tão novo assim. Vem de anos, de governos anteriores. Porém, justiça seja feita, com aperfeiçoamentos recentes, inclusive na ´argumentação ética` para as justificativas públicas e/ou a discreta acomodação das consciências. Aperfeiçoamentos por vezes inesperados, mas sempre úteis, pelo menos aos usuários.
Exemplo: é ou não um achado digno de patente a semelhança entre os cartões pessoais e os cartões corporativos? – ambos dourados, ambos do mesmo banco, ambos nas mãos do mesmo usuário, ambos na mesma carteira.
Trata-se de aperfeiçoamento tão valioso, que serve até às espertezas da defesa, na hora em que sobre alguns ´descuidos` se exijam explicações. Aconteceu com o ministro dos Esportes, Orlando Silva, que usou o cartão corporativo para pagar prazeres de degustação de uma certa tapioca.
´A compra da tapioca foi um gasto feito por engano´, disse ele aos jornalistas sábado passado, em entrevista coletiva. E logo jogou na cara dos repórteres o tal argumento irrespondível: ´Eu trouxe até os dois cartões, o corporativo e o pessoal, para mostrar que é possível confundi-los´.
O sr. Orlando Silva aproveitou a entrevista coletiva para comunicar ao Brasil já ter devolvido aos cofres públicos os R$ 30.780,38 gastos no cartão de crédito corporativo, em 2007. Isso, apesar da convicção que o consola, de que todos os gastos foram feitos dentro da legalidade. Até se reservou o direito de exigir de volta tudo o que tiver sido gasto nos limites do legal.
E a propósito de gastos, os jornalistas descobriram que a entrevista coletiva do ministro, realizada no luxuoso hotel Renaissance, em São Paulo, custou exatos R$ 2.154,50 – bagatela paga com recursos particulares do ministro, segundo a explicação oportuníssima da sua prestimosa assessoria.
O homem é mesmo um gastador…
2. Sem arrependimentos
Já a ex-ministra Matilde Ribeiro, que cuidava das questões da igualdade racial, e que foi instada a se demitir ante os incômodos causados ao governo pelas gastanças por ela feitas com o uso do cartão de crédito corporativo (R$ 171 mil, nos doze meses de 2007), foi curta, clara, contundente e certamente verdadeira, ao falar aos jornalistas: ´Não estou arrependida´.
Ou seja: faria tudo novamente, se o governo e a Nação deixassem.
O que ela não disse, não quis ou não pôde dizer, disse-o Clóvis Rossi, sábado passado, em sua coluna na Folha de S. Paulo:
´Não é fácil gastar R$ 171 mil em um ano com alimentação e aluguel de veículos, como alega (Matilde) Ribeiro. Dá algo em torno de R$ 14 mil por mês. Alimenta-se bem a nossa ex-ministra, não? Ou roda bastante com carro alugado. Ou faz a duas coisas ao mesmo tempo.`
E tudo isso, segundo a própria ex-ministra, por culpa de alguns assessores, que a orientaram mal. Uma vítima, coitada!
3. O implacável Kotscho
Resta dizer que o título dado ao texto de hoje é obra de Ricardo Kotscho, grande repórter. ´Vilanias de Brasília` – essa foi a definição que dele ouvi em 1990, quando, numa entrevista que me concedeu, me contava a história da memorável reportagem que fez e assinou em 1976, graças à qual a palavra ´mordomia` ingressou definitivamente no glossário político brasileiro, com o sentido conotativo que hoje tem.
Depois de três meses de investigação jornalística, e sob o título ´Assim vivem os superfuncionários´, a reportagem esperou um mês para ser publicada pelo Estadão, onde Kotscho então trabalhava. O jornal avaliou os riscos que correria e os ganhos democráticos que ofereceria ao País. E acabou optando pela publicação da primeira reportagem-denúncia depois do fim da censura.
Valeu a pena: Ricardo Kotscho ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo daquele ano; e o termo ´mordomia` foi por ele definitivamente incorporado à cultura política brasileira, como designação (no dizer do próprio Kotscho) ´de vantagens ilícitas ou imorais no serviço público´. Ou, como Aurélio traduz, no uso popular do termo: vantagens, bem-estar, conforto, regalias como moradia, transporte, criadagem, alimentação, viagens – no caso em pauta, prazeres pagos com o dinheiro público. E coisas que também significam aumentos de salário sem o pagamento de tributos.
Ou seja: a pervertida cultura das mordomias lesa duplamente o erário público.
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E quem quiser saber mais sobre as ´Vilanias de Brasília` descobertas e reveladas por Ricardo Kotscho naquela reportagem de 1976, que entre no meu blog (www.oxisdaquestao.com.br) a partir de amanhã.
(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’
JORNALISTAS & CIA
Depois do carnaval, três assuntos merecem destaque, 7/2
‘Época São Paulo chega às bancas em maio
A base da equipe de redação já está trabalhando e o projeto da revista foi aprovado antes do carnaval. Por isso, Época São Paulo, a mais nova publicação da Editora Globo, já começou a sair do papel e tem previsão de chegar às bancas no início de maio.
O objetivo da Globo é fazer uma revista diferente, a começar pela periodicidade: mensal. E gratuita, pois vai circular encartada na última edição de cada mês de Época. O reparte para bancas ainda está em estudos, o que significa não ter sido definida a tiragem. Mas deverá ter cerca de 200 páginas, dois terços delas editoriais.
Segundo o diretor Editorial da Editora Globo, Paulo Nogueira, Época São Paulo chega com a firme intenção de inovar no jornalismo de cidades no Brasil — no papel e na internet: ´Estudamos detidamente o que se faz de melhor em jornalismo de cidades nos Estados Unidos, com destaque para a Los Angeles Magazine e a Time Out, e o que constatamos é que há um avanço lá sobre o que temos aqui. No conteúdo, no design e na internet. Nosso propósito é criar uma revista para ser não apenas lida, mas usada e colecionada´.
O diretor de Redação será Alexandre Maron, que tocava a Monet (customizada da Net produzida pela Editora Globo) até o mês passado, que formará com outros quatro profissionais da casa a linha de frente da redação: Ailin Aleixo (ex-Quem), no roteiro; Carla Gullo (ex-customizadas) nas reportagens; Luciana Oblinski (ex-Quem), no site; e Marcelo Furquim, no design. Outros serão ainda agregados à equipe.
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Infoglobo integra cadernos de automóveis de seus três jornais
Desde o último dia 1º/2, a produção editorial dos cadernos de automóveis dos três jornais da Infoglobo (O Globo e Extra, no Rio, e Diário de S.Paulo) passou a ser feita no Rio por um núcleo liderado por Jason Vogel, há sete anos editor do Carro&Etc, de O Globo. As equipes estão trabalhando juntas e ele conta com dois editores-adjuntos: Marco Rocha, que era redator do Motor Extra, e Ricardo Couto, que editava o caderno Automóveis do DSP e, em São Paulo, agora cuida das matérias de caráter local, serviços e testes, junto com o repórter Fernando Pedroso. ´Os cadernos já vinham trocando figurinhas há alguns anos,` diz Jason. Na redação de O Globo, no Rio, é produzido o material para os jornais, com apoio de Eduardo Sodré, repórter do Carro&Etc, que continua na função, e o reforço de Roberto Dutra, que era repórter de O Dia. Em São Paulo, houve um remanejamento interno e, a partir da próxima 2ª.feira (11/2), a subeditora Glenda Pereira vai para a editoria de Brasil/Mundo (na vaga de Júlio Barros, que foi para Dublin, Irlanda, para temporada de estudos, como J&Cia noticiou na edição 625), e o repórter Laurimar Coelho segue para a Economia; e foram desligados da equipe os repórteres Marcelo Bartholomei (Barthô), que escrevia sobre motos, e o frila Fernando Irribarra. Cristiane Marsola, que vinha frilando na Economia, fica no jornal só até o dia 11. ´Vamos fazer algumas adaptações´, comenta Jason. ´O Carro&Etc tem um tom muito carioca, e agora o trabalho terá um aspecto mais nacional,` resume.
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Luís Nassif vs. Veja
Com o título O fenômeno Veja, Luís Nassif, da Agência Dinheiro Vivo, deu início em seu blog, no último dia 18/1, à publicação de uma série de artigos em que, segundo afirma no texto de apresentação, intitulado O macartismo e o jornalismo de negócios, buscará demonstrar que ´o maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja´. De acordo com Nassif, ´gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico´. Diz ainda que recentemente estimulou uma competição com um blogueiro da revista – segundo ele, ´contratado especificamente para atacar os adversários de Veja` –, por duas razões relevantes: ´Primeiro, para demonstrar que, com a Internet, cessou o predomínio das grandes publicações. É possível, mesmo sem ter um grande órgão da imprensa tradicional por trás, mobilizar pessoas para esse trabalho cooperativo, de disseminar informações. É o verdadeiro trabalho em rede, no qual – graças à Internet – cada pessoa dá sua colaboração, pegando as informações e levando para seus círculos de conhecidos. Segundo, para que essa rede, formada nesse período, ajude a dar visibilidade a essas reportagens que passo a publicar´. E conclui: ´Não será um desafio fácil. Estaremos enfrentando o esquema mais barra-pesada que apareceu na imprensa brasileira nas últimas décadas. E montado em cima de um tanque de guerra: uma publicação com mais de um milhão de exemplares. Tenho convicção de que a força do jornalismo e do trabalho em rede permitirão decifrar o enigma Veja. (…) Trata-se, agora, de uma questão nacional que, tenho certeza, ajudará a reabilitar o exercício do jornalismo, mesmo na grande imprensa´. Até o carnaval, Nassif havia publicado cinco artigos – Os Momentos de Catarse e a Mídia, A mudança de comando na Veja, A guerra das cervejas, O caso André Esteves e O caso COC (ver http://www.projetobr.com.br/web/blog/4#6311).
Veja não se manifestou sobre a série. E a própria Editora Abril, ao enviar, no dia 2/2, um pedido de resposta ao iG, portal que abriga o blog de Nassif, não o fez em relação à série, mas a textos publicados anteriormente pelo colunista. Diz a nota da editora que ´repudia veementemente as informações divulgadas no blog do jornalista Luis Nassif nos dias 18/12/2007, 10/1 e 11/1/2008, intituladas, respectivamente, A coluna na APJ, Guerras empresariais e A matéria da Folha. Ao contrário do que quer fazer crer Luis Nassif, o jornalismo praticado pela revista Veja jamais esteve mancomunado com os interesses alheios à postura adequada de órgão informativo ético. A revista Veja sempre postou-se pelo exercício de um jornalismo honesto, sério e imparcial, portanto, bastante contrário às acusações descabidas de Nassif´. O colunista replicou: ´Em vez de repudiar, faria melhor a Abril em analisar mais detidamente os fatos narrados.´
Nassif voltaria a comentar a nota da Abril no dia seguinte (3/2), sob o título Esclarecimentos necessários, afirmando não estar em guerra santa contra a editora: ´Estou contra o mau jornalismo. É uma luta dura, pois esse jornalismo contaminou grande parte da mídia nos últimos anos´. No mesmo post, o colunista aproveitou para informar que não também está em nenhuma ´frente` comum com Paulo Henrique Amorim, que, segundo Nassif, tem feito um ´carnaval` no seu site, que ´não ajuda´. E arrematou: ´Nossas lutas são diferentes, assim como nossos objetivos. Ele usa o jornalismo como ferramenta política – e faz com grande habilidade. Eu prefiro o jornalismo como objetivo em si. Atenção: quando falo em diferenças, não estou entrando em juizo de valor. Seu jornalismo está muito acima do jornalismo de esgoto praticado por alguns blogs´.
Passado o carnaval (não o de Amorim, é claro), Nassif retomou a série, publicando o 6º capítulo, intitulado Os primeiros ataques a Dantas (está em http://luis.nassif.googlepages.com/primeirosataquesadantas).
(*) Wilson Baroncelli é editor-executivo do informativo Jornalistas&Cia. Está escrevendo interinamente a coluna esta semana, no lugar do titular, Eduardo Ribeiro.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Verdadeiro porre de Sarneys, 7/2
‘Vinhas sem aviso
como se meu corpo
sempre estivesse disponível
(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)
Verdadeiro porre de Sarneys
O considerado Luís Lara Resende, velho amigo e companheiro dos tempos em que os coronéis da política tinham alguma discrição, envia esta monumental pesquisa:
No Maranhão é assim:
Para nascer, Maternidade Marly Sarney;
Para morar, escolha uma das vilas:
Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney;
Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;
Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, que o povo jura que pertence a um tal de José Sarney;
Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue a TV na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney.
Se estiver no interior do Estado, ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário;
Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney (recém-batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei-maior que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor);
Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney e vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas ´maravilhosas` rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.
Não gostou de nada disso? Então quer reclamar? Pois vá ao Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney…
Paulo Patarra
O considerado amigo Myltainho Severiano da Silva, um dos jornalistas históricos deste país de memória fraca, escreveu em Caros Amigos sob o título Morreu um homo sapiens sapiens:
Revista Realidade, já ouviu falar? De meados da última década para cá, jornalistas da novíssima geração, professores das escolas de comunicações e, em conseqüência, formandos – gente nascida, portanto, depois que Realidade deixou de circular –, redescobriram a revista ´cult` da Editora Abril.
Para nós, sobreviventes daquela redação, o termômetro desse interesse vem sendo a crescente e constante procura anual de estudantes, empenhados em nos entrevistar para produzir seus TCCs, Trabalhos de Conclusão de Curso, mestrados e doutorados.Pois acaba de morrer, aos 74 anos, a 21 de janeiro de 2008, o principal responsável pela existência e pela fórmula do sucesso até hoje irrepetível de Realidade: meu muito querido amigo Paulo Patarra, o P. Pat.
Leia no Blogstraquis a íntegra do texto que faz justiça ao Patarra, raro profissional que reunia criatividade, honestidade, competência e, acreditem, humildade.
Palavras exportadas
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, instalada num edifício que já foi depósito de cartões de crédito corporativos, pois Roldão ignorou o noticiário carnavalesco, ocupou seu tempo em coisas úteis e expediu o seguinte despacho:
Sergio Correia da Costa registra em seu livro Palavras sem Fronteira, p. 791/795, as seguintes palavras portuguesas de uso universal:
Auto-de-fé, azulejo, barroco, bossa nova/Bossa Nova, cerrado, chapada, coco, fado, favela, macumba, mandarim, manga, samba, saudade, sertão e varanda.
O professor Cláudio Moreno aponta as seguintes palavras usadas em inglês vindas pelo português:
banana, caju/cashew, chimpanzé, curare, jaguar, macaco, mandarim, manga, mosquito, piranha, quimono e tapioca. Acrescento ´tapir` (anta)
E mais as realmente portuguesas:
albino, bucaneiro, cobra, casta, marmelada, negro e tanque.
A propósito, é curiosa a denominação dada em inglês à arara: macaw. Terá alguma coisa a ver com Macau?
(Leia no Blogstraquis novo artigo do Roldão sobre a má influência do inglês em nosso idioma.)
Deitar e rolar
Show de Bola, mais nova revista esportiva do Brasil, acaba de adentrar o gramado, levada em tabelinha pelos considerados Mário Marinho e Silvio Natacci. Corrijo: revista esportiva, não; revista de futebol, somente de futebol, que é o que interessa.
A nova revista tem assunto de sobra para deitar e rolar, com a competência dos dois editores, e não faltará emoção ao Show de Bola, com o Corinthians na Segundona do Brasileirão e o Santos a caminho da Segundona do Paulistão…
O número de estréia traz ainda uma entrevista com J. Hawilla, repórter de campo que sempre enxergou longe e ficou milionário com o marketing esportivo.
Igualdade racial
A perdulária botou o bloco na rua na véspera do carnaval, para desalento dos patusqueiros de plantão, mas o tresloucado gesto não invalida a nota que só não entrou na coluna passada por entrouxo no espaço:
Os considerados Alberto Silva Rodrigues, de Florianópolis; Eliete Rosa d´Almeida, de São Paulo, e mais oito leitores, enviam notícia que saiu por aí, segundo a qual a equipe da ministra Matilde Ribeiro insiste em que ela bata o pé e permaneça no cargo de qualquer maneira.
Os leitores querem a demissão da criatura, embora achem normalíssima a reação da escumalha, pois ninguém na tal Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) está a fim de perder a boquinha.
Janistraquis leu os textos e adorou um que dizia: ´A ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) tem sido estimulada por auxiliares da secretaria e integrantes de movimentos sociais a não abrir mão do cargo, ´para demonstrar a resistência de uma mulher negra diante da elite brasileira.´
Resistência de uma mulher negra… É muito cinismo, né não?
(A propósito, leiam no Blogstraquis o texto de Janio de Freitas acerca de uma ministra sueca que entrou pelo cano porque pagou uma barrinha de chocolate com dinheiro do povo.)
Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra de A Intrusa, poema cujo excerto encima esta coluna. São versos que revelam antigos aconchegos.
Seu roubo, caramba!
O considerado Leônidas Amaral Lemgruber, arquiteto em Salvador, envia sua perplexidade junto a esta matéria da Folha Online:
Quadro de Leonardo da Vinci é achado quatro anos após seu roubo
da Efe, em Londres
Um quadro atribuído ao pintor renascentista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) foi encontrado pela Polícia britânica mais de quatro anos depois de ser roubado de um castelo escocês, informou hoje um porta-voz policial.
Lemgruber perguntou a si mesmo e aos botões do Datena:
´Por que ´após seu roubo´?!?!?! O que levou o jornalista a escrever uma coisa tão feia? Não ficaria melhor ´depois do roubo?´, somente isso, meu Deus?!?!´
Ficaria sim.
Grande Sunda!
Do seu escritório no bairro da Liberdade, SP, o considerado Fausto Osoegawa despacha estes versos tremebundos, recolhidos em página da revista piauí, todos com rima em unda, nascidos na generosa lavra do não menos considerado Roberto Pompeu de Toledo.
Dona Raimunda,
ao dar no zôo com a cara infacunda
do camelo, pálpebras caídas
como gente moribunda,
pensou em livrá-lo de sina tão nauseabunda
e sugeriu:
—Afunda para dentro essa primeira corcunda,
afunda com jeito também a segunda,
acomode-as atrás, dá-lhes
acolchoada consistência e forma rotunda,
e verás que a felicidade te inunda,
pois…
…terás ganhado uma bunda!
A travessura fez Janistraquis recordar-se do Sunda, aquele inseparável amigo do Lôxa. O mais-que-prezado leitor não conhece o Sunda!?!?!? Pois é aquele que passou a mão na sua bunda.
Nota dez
O considerado Augusto Nunes, craque do texto que bate com as duas e brinca nas onze, escreveu no Jornal do Brasil:
Quem ignora a picada certa, ensinam os nativos da Amazônia, não deve sair de onde está. Mas Lula não consegue ficar parado. Depositado pelo levantamento do Inpe no meio de uma inóspita clareira, transformou a garganta em foice e começou a desmatar com palavras a trilha na mata. ´Não dá para culpar ninguém´, tropeçou já no primeiro passo.
Leia no Blogstraquis a íntegra do indispensável artigo intitulado Um homem perdido na floresta.
Errei, sim!
´PERIGO VERMELHO – Incrível, fantástica, extraordinária e exclusiva notícia publicada pela Folha da Tarde, de São Paulo, no calor do fracassado golpe anti-Gorbachev na União Soviética: ´O ministro do Interior da URSS, Boris Pugo, um dos integrantes do Comitê de Emergência, suicidou-se e atirou duas vezes contra sua mulher ontem pela manhã.´
Fascinado, Janistraquis comentou: ´Considerado, o ministro era um comunista excepcional; não é qualquer um que primeiro se suicida para só depois matar a mulher´. Informado acerca do fenômeno policial-ideológico, o coronel-deputado Erasmo Dias, ex-secretário de Segurança de São Paulo, vociferou: ´Pode-se mesmo esperar qualquer coisa de um stalinista miserável!´(setembro de 1991)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ´Carta a Uma Paixão Definitiva´.’
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