Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Senado argentino vota hoje nova lei de mídia


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de outubro de 2009


 


ARGENTINA


Silvana Arantes


Senado argentino vota hoje nova lei de mídia de Cristina


‘O Senado argentino vota hoje o projeto de Lei de Serviços Audiovisuais, com o qual o governo Cristina Kirchner afirma pretender ‘desmonopolizar o setor’, fixando limites à propriedade e ao volume de público de rádios e TVs.


A oposição enxerga no texto a intenção de prejudicar o Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia argentino e opositor do kirchnerismo desde meados de 2008, primeiro ano da gestão de Cristina.


Se forem valer as regras previstas no documento atual, o Clarín e outros grupos de mídia terão de se desprender de parte de seus negócios, num prazo de um ano, após a sanção da lei.


O projeto proíbe, por exemplo, o acúmulo de propriedade de TV aberta e a cabo por uma mesma empresa -o Clarín está em ambos os mercados.


O governo apressou a tramitação do projeto, para evitar que ele fosse votado depois de dezembro, quando assumem os legisladores eleitos em junho passado, e o Congresso passa a ter maioria opositora.


A aprovação pela Câmara dos Deputados, na madrugada do último dia 17, foi obtida sob protesto de boa parte da oposição, que se retirou sem votar, assinalando que a aceleração do trâmite era um atropelo ao regulamento da casa.


Ainda assim, o governo obteve ampla maioria entre os 257 deputados. Além dos 105 da bancada governista, outros 42 votaram a favor. A vitória no Senado também é dada como certa pelo governo, que calcula ter o apoio de 40 dos 72 senadores, sendo que três têm licença médica para não comparecer.


O desafio do governo é obter a maioria também na votação artigo por artigo, que se segue à votação geral. Há dois pontos que incomodam não apenas parlamentares da oposição:


1) O prazo de um ano para que as empresas se adaptem é visto como manobra do governo para proporcionar a empresários aliados a chance de montar grupos de mídia favoráveis ao kirchnerismo na campanha presidencial de 2011;


2) A composição da ‘autoridade de aplicação da lei’, órgão que decide sobre as concessões, esconde um artifício para garantir ‘maioria automática’ do governo no comitê, segundo avaliam muitos legisladores.


Ontem, os diários ‘Clarín’ e ‘La Nación’ denunciaram uma suposta nova ação intimidatória do governo ao ‘Clarín’ depois de, no último dia 10, cerca de 200 fiscais da Receita Federal fazerem uma operação-surpresa no jornal e em residências de diretores do grupo.


Essa ação está sob investigação judicial, por suposto ‘abuso de poder’ do diretor da Receita. O Grupo Clarín procurou o juiz encarregado da causa para denunciar o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, por ‘intimidação e abuso de autoridade’.


Moreno teria afirmado que o governo pretende fomentar uma rebelião sindical contra a empresa Papel Prensa, de produção de papel-jornal, da qual o Clarín detém 49% das ações -o ‘La Nación’ possui 22,49%, e o restante pertence ao Estado. A Papel Prensa produz 150 mil toneladas de papel por ano e é a fornecedora dos dois diários.


O objetivo do governo seria desestabilizar a Papel Prensa, provocando queda no valor de suas ações, para impor prejuízos ao Clarín e forçá-lo a se desfazer do negócio.


A raiz da desavença entre o casal Kirchner e o Grupo Clarín é um enigma. O governo anterior, de Néstor Kirchner, marido de Cristina, teve uma relação amistosa com o grupo.


Segundo a versão mais corrente, Cristina teria se enfurecido com a cobertura que os órgãos de imprensa do grupo fizeram do conflito entre seu governo e o agronegócio.


Há, porém, quem insinue que o embate vem do fracasso de negociações sigilosas entre os Kirchner e o Clarín, para a expansão do grupo à área de telefonia, numa operação que exigiria o aval do governo.’


 


 


JUSTIÇA ELEITORAL


Folha de S. Paulo


TRE-BA suspende jornal do PMDB com propaganda


‘A determinação, em caráter liminar, se deve a uma suposta campanha antecipada do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), pré-candidato a governador. A representação contra ele foi feita pela Procuradoria Regional Eleitoral da Bahia com base na denúncia de um eleitor.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Depois do golpe, o lobby


‘Na Folha Online, a OEA foi embora ‘sem avanço’. Ao fundo, o ‘New York Times’ deu ontem o relato ‘Líder derrubado, Honduras contrata lobistas’, com a ação que se seguiu ao ‘golpe de 28 de junho’.


Não por acaso, também o ‘Washington Post’ deu reportagem com os mesmos lobistas detalhando seus êxitos.


Abrindo o texto do ‘NYT’, ‘Primeiro, deponha o presidente. Depois, contrate um lobista’. No caso, ‘escritórios de advocacia e relações públicas dos EUA com laços estreitos com a secretária Hillary Clinton e John McCain, principal voz republicana em relações exteriores’. Espalhou-se de tais escritórios a ‘lista de argumentos minando o novo embaixador no Brasil’, por exemplo, entre outras listas ecoadas por aqui.


AJUSTES ESTRATÉGICOS


Sun Hongbo, da Academia de Ciências Sociais da China, publicou longa análise no ‘China Daily’ sobre a ‘série de ajustes estratégicos e iniciativas militares do Brasil, que devem acelerar a mudança na paisagem de segurança da América Latina’. Avalia que ‘os sinais de mudança são evidentes no Hemisfério Ocidental, conforme o mundo sai da ordem estabelecida, por causa da crise global’.


Destaca a cooperação militar com a França, contrasta com a volta da 4ª Frota e o pacto EUA-Colômbia e cita ‘o golpe em Honduras’, para concluir que ‘o maior desafio do Brasil é promover confiança estratégica’, estabelecendo ‘unidade regional e um novo sistema coletivo de segurança’.


VENCER FOI A PARTE FÁCIL


A ‘Economist’ retrata a má fase de Obama e toma por símbolo sua viagem a Copenhague. Em suma, ‘ele pode ser alto e atlético, mas não venceu nada e o ouro olímpico foi para o mais encorpado Luiz Inácio Lula da Silva’.


Em reportagem sobre a escolha do Rio, diz que ‘vencer a disputa para encenar os Jogos foi a parte fácil’. Realizar ‘requer esforço e gasto em escala que a cidade nunca viu’. E ‘não faltam céticos, como em São Paulo, onde o Rio é descartado como cidade de festa’. Porém ‘há razões para ter esperança de sucesso do Rio’, citando a economia em recuperação no país, o pré-sal e até a estrutura do Pan.


‘ACORDE A EUROPA!’


Na capa com Tony Blair e Europa, a revista diz que ‘é hora de a maior economia do mundo se levantar e interpretar um papel global’, com um líder forte. ‘No momento, a Europa é um ator fraco num palco dominado pelos EUA e pela China; Índia e Brasil estão nas coxias’.


O ELO PERDIDO


Ontem no ‘Wall Street Journal’, de Hong Kong, ‘Dados apontam para a retomada no comércio global’. Abre dizendo que foi encontrado o ‘elo perdido’ da recuperação econômica em alguns países exportadores: ‘Coreia do Sul, Taiwan e Brasil já relataram dados comerciais de setembro e mostram crescimento sobre o mês anterior’. Diz que a tendência corre risco ‘conforme o dólar se enfraquece’ e as moedas se tornam fortes para competir na China, que ‘manteve a taxa do yuan’.


DOS JUROS AO PALANQUE


Sob o título ‘Banqueiro brasileiro joga dinheiro na política’, o ‘WSJ’ diz que ‘o poderoso presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, tem algo além de taxas de juros na sua cabeça, nos dias que correm: lançar uma carreira política’. Relata sua origem no banco FleetBoston e o currículo no BC, com o ‘popular’ recorde de juros baixos.


E sublinha que a ideia de um ‘banqueiro central’ se preparando para uma campanha criaria ‘enorme controvérsia nos EUA’, mas não aqui. O jornal fecha com os nomes que ‘já estão circulando’ para a vaga, Alexandre Tombini e Luciano Coutinho, ‘do imenso banco de desenvolvimento’.


FORA DO ‘TOP 200’


O ‘Times Higher Education’ deu a lista das 200 melhores universidades do mundo, ressaltando que ‘o status de superpotência dos EUA está se perdendo’ com o ‘avanço da Ásia’.


Já ‘o Brasil, que tinha uma no ranking de 2008, caiu inteiramente’. Por aqui, nos sites e portais, ‘USP sai do ranking das melhores’.’


 


 


PROPAGANDA


Samantha Lima e Pedro Soares


Previ ataca publicidade da Vale; Funcef ameaça sair


‘Dois grandes fundos de pensão de estatais atacaram ontem a gestão da Vale. Integrante do grupo de controladores da Vale, a Funcef (fundo de pensão da Caixa Econômica Federal) afirmou em entrevista à agência Bloomberg que pode vender sua participação por insatisfação com a falta de influência nos rumos da mineradora.


A Funcef detém 11,65% da Litel, empresa que tem 48,79% do controle da Valepar. Já a Valepar detém 53% do capital votante da Vale. Segundo o presidente do fundo, Guilherme Lacerda, essa participação está estimada em R$ 5 bilhões. A Previ, fundo do Banco do Brasil, detém 81,15% na Litel.


Se quiser vender sua participação, o comprador terá que passar pelo crivo da Previ (fundo do Banco do Brasil) e dos demais acionistas da Valepar: BNDES, Bradesco e o grupo japonês Mitsui.


Maior acionista da Vale, a Previ está insatisfeita com a recente ofensiva de mídia da mineradora, que já fez merchandising no programa do Faustão, na TV Globo, e contratou por R$ 800 mil o galã José Mayer como garoto-propaganda.


Para o presidente da Previ, Sérgio Rosa, a Vale não tem ‘necessidade de tanto’ investimento em publicidade. Indagado se considerava exagerada a exposição da empresa na mídia, respondeu: ‘Eu acho’.


Rosa preside o Conselho de Administração da Vale. Como sua principal acionista, a Previ tem 58% da Valepar, holding que controla a mineradora.


Eike


A existência de um acionista controlador disposto a vender sua fatia na Vale poderia ser a porta de entrada ideal para o empresário Eike Batista. Há quase dois meses, ele levou ao Bradesco uma oferta para comprar sua participação na Valepar, por R$ 9 bilhões, mas o banco rejeitou a oferta.


O problema é que o objetivo do empresário de entrar na Vale é justamente o que falta às ações da Funcef na Vale: poder de decisão na estratégia da empresa. Por isso, a disposição da Funcef de negociar não seria capaz de levar Eike a assinar um cheque de R$ 5 bilhões, diz fonte próxima ao empresário.


O presidente da Funcef reconhece que a falta de voz na Valepar será um dos maiores entraves a uma possível venda.


Pela falta de opções que leve Eike a uma situação de poder de fato e direito, o plano de entrada do empresário na Vale encontra-se em um impasse.


A entrada por meio da aquisição da participação do Bradesco era adequada à sua estratégia porque lhe levaria à condição de terceiro maior acionista da Valepar, dando-lhe maior influência. Procurado, Eike Batista não comentou as declarações do presidente da Funcef.


A Vale intensificou seus investimentos em publicidade após receber uma sucessão de críticas do presidente Lula, descontente com demissões e cortes de investimentos na crise e com a falta de investimentos especialmente no setor de siderurgia.


Um dos focos da ação publicitária foi justamente exaltar os projetos siderúrgicos da mineradora. Nos anúncios, a Vale sustenta o apoio ao desenvolvimento do setor e seus investimentos no país.


A Vale gasta cerca de R$ 50 milhões ao ano em toda a sua área de comunicação -o que inclui os investimentos em publicidade. A Folha apurou que o valor será bem maior neste ano.


Procurada, a Vale informou que não se pronunciaria sobre as declarações da Funcef e da Previ nem sobre publicidade.’


 


 


SEXO E TABU


Barbara Gancia


David Letterman, nunca mais!


‘QUEM MANDOU ser exibido? A Justiça da Arábia Saudita condenou nesta semana Mazen Abdul-Jawad, 32, a cinco anos de reclusão e a mil chibatadas. Além disso, ele terá de passar por tratamento psiquiátrico e não poderá deixar o país por outros cinco anos depois de sair da prisão.


Tudo isso porque o infeliz resolveu se vangloriar sobre as peripécias sexuais que teve antes do casamento (ele é divorciado e pai de quatro filhas) e contar suas técnicas de sedução diante das câmeras de um canal de TV libanês.


O vídeo com cenas do moderninho Abdul-Jawad mostrando seus brinquedos sexuais (desfocados por recursos digitais), andando de conversível e ouvindo música disco está na internet. Aqui seria tranquilamente transmitido no programa do Silvio Santos.


O Abdul-Jawad que se vê no vídeo é uma espécie de Borat (ou Brüno) do Oriente Médio, inspira compaixão e muitas gargalhadas. Mas a polícia religiosa do rei Abdullah viu nele uma ameaça e o declarou culpado por ‘estender o vício através dos meios de comunicação’.


Seu irmão admitiu que, depois de cumprir sentença, ele dificilmente será reintegrado à sociedade: ‘Jawad foi despedido, e, por ter sido condenado por desacato moral, nunca mais conseguirá emprego nos setores privado ou público’.


Bem, resta sempre o mercado informal, não é mesmo? Quem sabe ele não possa arrumar uma boquinha fornecendo pés avulsos de calçados para o jornalista que atirou o sapato em George W. Bush?


O caso de Jawad é um pouco como o de Salman Rushdie. O sujeito que cutuca wahabitas ou xiitas com vara curta não pode dizer que foi colhido de surpresa. Vai pisar no rabo do leão ou xingar a mãe do Mike Tyson para ver o que é bom para a tosse.


Mas, quer saber? Chibatada, mesmo, merece o David Letterman.


Nesta semana não se falou de outra coisa nos jornais, sites, no rádio e na TV norte-americana e no mundo. O apresentador do ‘Late Show’, paradigma de todos os talk shows do mundo, foi chantageado por um colega de trabalho e acabou revelando em seu programa ter mantido um caso com uma assistente.


Até aí morreu neves. Acontece que o apresentador, solteirão convicto desde os tempos da Inquisição, casou-se recentemente com sua companheira de muitos anos. Claro que Roman Polanski deve ter respirado aliviado com a história toda.


Com o pedido de desculpas de Letterman ao vivo na TV, o imbróglio da extradição do diretor polonês perdeu interesse.


Mas, por enquanto, só se ouviu o lado do apresentador. Por que alguém ia querer US$ 2 milhões para não revelar que ele teria dormido com sua assistente? E daí? É o tipo de informação que vale, no máximo, meia dúzia de picolés de limão. Será que quando o caso for aos tribunais não veremos o apresentador ser acusado de ‘sexual harassment’ -abuso de poder para obter favores sexuais de funcionários?


Seja como for, meu problema com Letterman não é de ordem moral, mas estética. Como posso assistir ao seu programa agora que sei que Letterman faz sexo? A mim, a magnésia bisurada e o chicote!’


 


 


TELEVISÃO


Rodrigo Russo


Estudo mostra efeito placebo para TV sem alta definição


‘Um estudo holandês divulgado nesta semana no site da revista ‘New Scientist’ concluiu que há algo similar ao efeito placebo no consumo dos aparelhos de TV em alta definição. Usando o mesmo televisor, mas em metade dos 60 casos colocando cartazes, publicidade e cabos mais finos no aparelho, além de informar esse grupo que as imagens seriam mais claras e nítidas graças à nova tecnologia, a pesquisa demonstrou que essas pessoas disseram ter percebido que as imagens tinham melhor qualidade.


O estudo, conduzido pela Universidade de Twente, não questiona que há diferenças técnicas entre a TV tradicional e a de alta definição, mas mostra que a expectativa do consumidor -e a necessidade de justificativa para seu investimento- influenciam a experiência. Rafael Porto, professor da UnB e membro do grupo de estudos e pesquisas em comportamento do consumidor da universidade, diz que o ambiente que envolve o consumo -tanto físico quanto social- de fato influencia as pessoas, mas ressalva que a pesquisa não pode ser generalizada.


Para o professor, a necessidade interna de justificar um investimento é mais forte quando as pessoas ao redor do comprador não percebem utilidade no item adquirido. Porto ainda sugere uma pesquisa parecida no Brasil, comparando a percepção dos consumidores em cidades em que a publicidade feita pelas redes de TV sobre melhorias na imagem tenha sido divulgada, mas a alta definição ainda não tenha chegado, com cidades em que o sistema já esteja implantado.


À LA CARTE


Na semana do aniversário de 19 anos da MTV, a audiência poderá escolher o que vai passar em quatro faixas diárias do horário. Em votação na rede, programas antigos do canal disputarão a preferência dos espectadores. O menu inclui os antigos ‘TV Leezão’, de Rita Lee, e ‘Teleguiado’, de Cazé.


DEPOIS DE RONALDO…


O Conar enquadrou o comercial da Brahma em que o jogador Cafu aparecia como ‘brahmeiro’. Em reunião no fim de setembro, o conselho decidiu vetar a peça – que já havia, àquela altura, saído do ar – por considerar que associava o consumo da cerveja a êxito profissional. Ainda assim, a cervejaria diz que vai recorrer.


CAMINHOS DA ALBÂNIA


As novelas ‘A Favorita’ e ‘Beleza Pura’ estréiam no fim deste mês na Albânia. A Globo continua assim sua expansão pelo leste europeu – já exibe ‘Celebridade’ e ‘Duas Caras’ na Geórgia.


DA ÍNDIA AO CARIBE


Depois da dança típica de Bollywood ter invadido a novela ‘Caminho das Índias’, agora ‘Viver a Vida’ experimenta ritmos caribenhos. No capítulo desta terça, a personagem de Bárbara Paz passou mal depois de muito ensaio.


NA ONDA DO ‘CQC’


O ‘Caldeirão do Huck’ abriu na internet concurso em busca de um novo humorista para o ‘Zorra Total’.’


 


 


LITERATURA


Marcos Strecker e Raquel Cozer


Alemã Herta Müller leva Nobel de Literatura


‘Nome em ascensão na Alemanha, pouco conhecida fora da Europa, a alemã de origem romena Herta Müller ganhou ontem o Prêmio Nobel de Literatura de 2009, anunciado pela Academia Sueca. A escolha surpreendeu tanto pela notoriedade limitada como por ela ser jovem -tem 56 anos. A 12ª mulher a levar o prêmio, que é entregue desde 1901, chamou a atenção após lançar na Romênia ‘Niederungem’ (terras baixas), coletânea de contos, em 1982.


Nascida e criada na comunidade alemã daquele país, na cidade de Nitchidorf, Müller foi crítica da ditadura de Nicolau Ceausescu, tendo sido censurada e perseguida pela polícia secreta. Em 1987, fugiu para a Alemanha com o marido. Durante o anúncio, Müller foi definida como ‘alguém que, com a concentração da poesia e a franqueza da prosa, retrata a paisagem dos abandonados’.


‘Estou muito surpresa e ainda não consigo acreditar’, limitou-se a comentar a autora ontem, em nota. ‘Não posso dizer mais nada no momento.’ Na véspera do resultado, no entanto, ela já aparecia, com o israelense Amós Oz, como a mais cotada para o prêmio, segundo a casa de apostas inglesa Ladbrokes. Os dois estavam à frente de nomes como Joyce Carol Oates e Philip Roth.


Embora as indicações -feitas por professores, escritores laureados e membros de academias de letras do mundo todo- sejam secretas, neste ano uma dinamarquesa quebrou o protocolo ao revelar que indicara o cantor Bob Dylan, o que o deixou bem colocado nas apostas. Müller teve um único romance publicado no Brasil, ‘O Compromisso’. O livro saiu em 2004 pela editora Globo, com tradução de Lya Luft. Até junho, vendera 285 exemplares da tiragem de 2.090. Ontem foram vendidas para livrarias todas as unidades restantes.


‘Esperamos que o interesse aumente’, diz o coordenador editorial da Globo, Joaci Furtado, que voltará a negociar com a agente de Müller. ‘Veremos em Frankfurt’, diz, referindo-se à feira literária na próxima semana. Luft disse à Folha por e-mail que tinha ‘esquecido’ o título. ‘Não deve ter sido um livro muito interessante.’


A obra retrata uma mulher que é intimada pelo serviço secreto romeno a depor, sem saber por quê. Por aqui, ela teve também o conto ‘A Canção de Marchar’ publicado na antologia ‘Escombros e Caprichos: O Melhor do Conto Alemão no Século 20’ (L&PM).


Política e migrantes


Como nos últimos tempos, o prêmio é também um gesto político. Ao premiar uma escritora perseguida pela ditadura comunista, a Academia Sueca volta a dar suporte a autores que usaram a literatura como elemento transformador. Doris Lessing (crise pós-colonial na África), em 2007, J.M. Coetzee (apartheid na África do Sul), em 2003, e Imre Kertész (holocausto e ditadura comunista na Hungria), em 2002, são exemplos. O turco Orhan Pamuk, em 2006, estava ameaçado de morte em seu país.


Num sentido mais literário, é uma premiação à ‘Migrantenliteratur’ (literatura de migrantes), dos autores expatriados, um gênero que tem raízes históricas e é forte na Alemanha. Müller ainda se associa a uma seleta linhagem de autores exilados de origem romena.


Emil Cioran (1911-95) e Paul Celan (1920-70), que também escrevia em alemão, são os dois nomes mais conhecidos. O prêmio, de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 2,5 mi), será entregue em 10/12, em Estocolmo.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 9 de outubro de 2009


 


ARGENTINA


Ariel Palacios


Kirchners tentam limitar papel-jornal


‘Na véspera da decisiva votação da Lei de Mídia – com a qual o governo da presidente Cristina Kirchner pretende restringir a atuação dos canais de TV e estações de rádio privados -, o Clarín e o La Nación, os dois maiores jornais do país, denunciaram ontem que o governo também pretende controlar diários impressos por meio da intervenção na empresa Papel Prensa, única fábrica de papel-jornal na Argentina.


A Papel Prensa é controlada pelo Grupo Clarín (49% das ações), o La Nación (22,49%) e o Estado argentino (27,46%). A empresa abastece a maior parte dos jornais argentinos. Segundo os dois jornais, o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, numa reunião com os diretores da Papel Prensa, no dia 14, afirmou que o governo pretende intervir a empresa. Segundo ele, o governo ‘tentará achar a maneira de reduzir o valor (da Papel Prensa) para comprá-la ou desapropriá-la’.


Uma das alternativas do governo, segundo Moreno disse aos diretores, seria a de derrubar o preço das ações. Além disso, poderia baixar um decreto ou utilizar os sindicatos ‘mais agressivos’ para pressionar a empresa. A medida seria tomada por ‘expressas instruções da presidente da república’.


Moreno – conhecido por colocar seu revólver sobre a mesa durante reuniões com empresários e por manipular o índice de inflação – advertiu que ninguém deveria divulgar o conteúdo da conversa. ‘Tenho meus rapazes, especialistas em quebrar colunas e arrancar os olhos de quem falar’, disse.


A denúncia de tentativa de controlar o papel-jornal – uma tática usada no Brasil durante o período do Estado Novo (1937-1945), quando o produto só podia ser importado pelo getulista Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) – tumultuou o cenário político argentino poucas horas antes do início do debate da Lei da Mídia no Senado. Estimativas indicam que a discussão pode durar 20 horas – o que a estenderia a votação até amanhã de manhã. Tudo indicava ontem que o governo já tinha votos para aprovar o projeto.


A medida determinaria que uma empresa que tenha um canal de TV aberta e outro de TV a cabo deverá desfazer-se de um dos dois. Além disso, estipula que um canal não poderá abranger mais de 35% da população do país. No entanto, permite que o Estado argentino possa operar em todo o território, fato que tornará o canal estatal um dos poucos nacionais. Os outros serão os dos sindicatos,universidades públicas e Igreja Católica.


O principal alvo da lei é o Grupo Clarín, com o qual o governo está em pé de guerra desde o ano passado. A nova lei abre o caminho para o surgimento de novos pequenos grupos de mídia aliados do casal Kirchner.


A jornada também foi tumultuada pelo anúncio de dois senadores da oposição que mudaram seu voto a favor do governo. A senadora Dora Sánchez, da União Cívica Radical (UCR) de Corrientes, confirmou que tinha mudado de ideia e votaria pela aprovação da lei da mídia. A oposição acusou o governo de ‘comprar votos’.’


 


 


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‘Amigos do poder controlarão a mídia argentina’


‘Hilda de Duhalde: Senadora peronista dissidente


Quem é:


Hilda de Duhalde, 63 anos


Uma das principais vozes do peronismo dissidente, ela tem criticado duramente a Lei de Mídia proposta pelos Kirchners


É mulher do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde


A senadora Hilda Chiche de Duhalde, mulher do ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003) e peronista dissidente, é uma das mais combativas críticas da Lei de Mídia da presidente argentina, Cristina Kirchner. Virtual candidata ao governo da Província de Buenos Aires, recebeu o Estado para expressar suas preocupações com o poder que o casal Kirchner conseguiria se o projeto for aprovado.


Quais aspectos da lei mais a preocupam?


Há vários aspectos chocantes. Um dos que mais preocupam é que nas cidades de mais de 500 mil habitantes não serão realizadas licitações públicas para a concessão de rádio e TV. Essa decisão caberá à chefia do gabinete do executivo. Além disso, um terço das licenças será entregue a ONGs. E como elas vão se manter? Vão sobreviver com a publicidade oficial. E, dessa forma, 33% dos meios ficarão nas mãos dos privados, enquanto o restante estará nas mãos do Estado por vias diretas ou indiretas. Se essas licenças pelo menos pudessem ser distribuídas de acordo com uma avaliação justa, com a fiscalização de organizações prestigiadas. Mas não será assim. O problema é que esta lei foi feita para formar a terceira base do tripé do governo, que já controla a Justiça e os recursos financeiros, e agora controlarão a mídia. E também é chocante o fato de existir um prazo de apenas um ano para a venda das empresas, coincide com o início da campanha para as eleições presidenciais de 2011. E como Néstor Kirchner quer ser presidente novamente…


Há algum lado positivo dessa lei?


É uma lei que, por mais que tenha algumas coisas boas, possui vícios de legalidade enormes. O projeto deixa a porta aberta para empresas telefônicas. Além disso, a mídia tem apenas um ano para desfazer-se dos canais e estações de rádio. Não serão os extraterrestres que comprarão os meios de comunicação, mas os amigos do poder.


O projeto visa especificamente ao Grupo Clarín?


É o resultado de uma briga entre os Kirchners e o Clarín. O problema é que todos os grupos de comunicação pagarão o pato. Eles (os Kirchners) fazem como os jogadores compulsivos, jogam tudo ou nada. E especialmente ele (Néstor), que é quem manda.


Como definiria a virada da esquerda e da centro-esquerda, que tinham criticado os Kirchners durante as eleições parlamentares, mas ficaram ao lado do governo para aprovar a lei da mídia na Câmara?


Não acredito na ingenuidade de nenhum deles. Acho que ocorreram os mais variados acordos. Os governos provinciais estão com problemas financeiros e precisam da ajuda do governo central. E por isso é provável que os senadores votem a favor da lei dos Kirchners de forma geral. Mas nos pontos específicos a coisa poderia ser diferente. A oposição tentará mudar alguns pontos do projeto. Dessa forma, teria de voltar a ser debatido na Câmara.


Antes das eleições parlamentares, quando as pesquisas indicavam que o governo poderia perder e despontava um cenário no qual Cristina Kirchner teria um governo limitado. A sra. achava que eles tentariam dar essa virada e recuperar o protagonismo?


Os Kirchners são verdadeiros jogadores de truco. Eles têm uma vontade de enfrentar situações que, por um lado, dá garantias que eles não irão embora sem concluir o mandato. Mas, por outro lado, causa muita preocupação, pois são capazes de fazer tudo isso que estão fazendo. A partir da posse do novo Parlamento, em dezembro, quando o governo será minoria, em alguns casos circunstanciais, poderá ter maioria para aprovar leis. Mas a presidente sempre terá a possibilidade do veto, ferramenta que ela utilizará muito, com certeza. Eles são absolutamente autoritários. É um casal que tem um acordo político muito forte. No ano passado, eles perderam no Senado o ‘tarifaço agrário’. Depois disso, ficaram alertas e tentam não perder mais.


Os Kirchners são paranoicos?


São complicados, né? Existem características esquisitas neles. Algumas pessoas falam em bipolaridade. Quando houve a crise com os ruralistas, ele estava descontrolado. São atitudes psicologicamente complicadas.


Cristina Kirchner estava preparada para ser presidente?


De jeito nenhum. Ela não tinha experiência nenhuma de gestão.


Os Kirchners são de esquerda, centro-esquerda? Como os definiria?


Tentam se mostrar como progressistas. Mas são de um progressismo picareta, pois a brecha entre ricos e pobres durante o período deles no poder na Argentina continua enorme.’


 


 


ELEIÇÕES


O Estado de S. Paulo


PSDB critica propaganda petista na TV


‘O PSDB subiu o tom das críticas ao PT e atacou o presidenciável do PSB e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Ciro Gomes. Em nota, o presidente estadual do PSDB, Mendes Thame, criticou propaganda petista na TV e chamou Ciro de ‘neopaulista’ e de ‘nanico da Dilma’.


‘O PT paulista parece ter perdido a noção das coisas’, disse Thame, que chamou a peça de ‘fantasiosa’. A propaganda diz que o PAC em São Paulo investirá um montante de R$ 100 bilhões até 2010. Os tucanos questionam o fato de o PT computar no montante financiamentos obtidos pelo Estado junto a instituições ligadas ao governo federal. ‘Ora, quem está gastando de fato é quem vai pagar os empréstimos: o governo de São Paulo.’


 


 


INTERNET


O Estado de S. Paulo


STF vai decidir onde devem tramitar ações sobre internet


‘Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirão em breve onde devem tramitar as ações que pedem indenização por supostos danos sofridos em decorrência de informações divulgadas na internet. O STF definirá se esses processos devem tramitar na cidade do suposto ofensor ou na da vítima.


A decisão servirá de parâmetro para outros processos que tramitam na Justiça contra veículos de comunicação e jornalistas. Esse é um problema recorrente na Justiça. Num país com dimensões continentais, a falta de regras sobre onde essas ações devem tramitar pode inviabilizar o direito de defesa, principalmente de veículos de pequeno porte, e funcionar como instrumento de intimidação.


Em 2008, o jornal Folha de S. Paulo sofreu com esse problema. Fiéis da Igreja Universal protocolaram dezenas de ações na Justiça, em diversas partes do País. Os processos eram independentes, ou seja, cada um tramitava numa cidade ou Estado diferente. Os fiéis se diziam ofendidos por reportagem na qual era relatada a história de como a igreja tinha construído um conglomerado empresarial.


No mês passado, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal decidiu transferir de Brasília para a Justiça Federal no Maranhão ação na qual o Estado foi censurado. Em 31 de julho, o jornal foi proibido de divulgar reportagem sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP). A censura persiste até agora.


O STF tomará a decisão sobre o local de tramitação das ações ao julgar um recurso envolvendo dois jornalistas e o grupo empresarial COC, que atua no setor educacional. Os jornalistas publicaram no portal eletrônico da ONG Escolas sem Partido críticas sobre apostilas produzidas pelas empresas Sistema COC de Educação e Comunicação Ltda. e Editora COC Empreendimentos Culturais Ltda.


Inconformado com as críticas, o grupo pediu à Justiça reparação por supostos danos morais. No julgamento do STF, será discutido se a ação deve tramitar em Ribeirão Preto, onde é a sede da empresa, ou em Brasília, onde funciona a ONG.’


 


 


Gerusa Marques


Governo quer parceria com teles


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse ontem que é ‘absolutamente impossível’ colocar em prática o Plano Nacional de Banda Larga sem a participação das grandes empresas privadas de telefonia fixa e celular. Segundo ele, para construir a infraestrutura necessária para levar internet ao interior do País e interligar escolas rurais, postos de saúde, hospitais e delegacias, por exemplo, serão necessários R$ 10 bilhões, dinheiro que o governo não tem.


Numa manobra divergente de setores do governo que querem basear o programa na criação de uma estatal da banda larga, Costa se reuniu ontem com os presidentes das empresas de telefonia e pediu aos executivos que apresentem em 30 dias uma proposta de como essas operadoras podem contribuir com o programa. ‘Nós vamos precisar da infraestrutura de todas as empresas, de todos os recursos que elas possam ter e de enormes investimentos.’


Os empresários se mostraram disponíveis a fazer uma parceria com o governo, mas já sinalizaram que vão reivindicar desoneração fiscal para serviços e equipamentos e liberação de recursos de fundos setoriais. Participaram da reunião os presidentes da Telefônica, Antonio Carlos Valente, da Oi, Luiz Eduardo Falco, da Embratel, José Formoso, da TIM, Luca Luciani, e da Claro, João Cox.


Antes de se reunir com os empresários, Costa foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também estaria ‘convencido’, segundo o ministro, de que não é possível implantar o projeto sem as grandes teles. ‘O presidente da República está consciente de que um projeto dessa magnitude tem de envolver sim as empresas’, afirmou.


Para implantar o projeto de banda larga, o governo pretende usar redes da Petrobrás, Eletrobrás e Eletronet, que formariam a estrutura principal. Faltariam as ramificações para chegar ao usuário final e, segundo Costa, o governo não investirá nisso.


O presidente da Oi avaliou que a participação das teles pode minimizar a necessidade de investimento público. Segundo ele, não faz sentido ficar duplicando redes. ‘Estamos dispostos a entrar neste projeto, assim como entramos em todos os outros projetos para os quais fomos chamados’, afirmou Falco.’


 


 


ITÁLIA


AP, AFP, Efe e Reuters


Berlusconi se defenderá na TV


‘O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, prometeu ontem governar com ‘bravura’ e rejeitou as acusações de suborno e fraude feitas contra ele. Um dia depois de o Tribunal Constitucional ter revogado a polêmica Lei Laudo Alfano, que garantia imunidade judicial para as quatro maiores autoridades do Estado – o chefe de governo, o presidente da república e os titulares da Câmara e do Senado -, o premiê disse que irá à TV e à Justiça provar que as acusações contra ele são falsas.


‘O governo avançará calmamente, com mais bravura do que antes, porque isso é absolutamente indispensável para a liberdade e democracia neste país’, afirmou Berlusconi.


Após a revogação da lei, dois casos contra o premiê devem ser reabertos. Em um deles, Berlusconi é acusado de ter pago US$ 600 mil para o advogado britânico David Mills não revelar em julgamento detalhes sobre suas transações comerciais. Outro processo está relacionado com irregularidades na compra e venda de direitos de transmissão na TV pelo grupo de comunicação Mediaset, de propriedade de Berlusconi.


‘Os dois julgamentos contra mim são falsos, motivos de piada, absurdos e eu comprovarei isso para os italianos visitando TVs’, disse. ‘Vou me defender em tribunais, fazer meus acusadores parecerem ridículos e mostrarei para todos do que sou capaz.’


A decisão do tribunal de tirar a imunidade de Berlusconi foi o mais recente de muitos golpes que ele vem recebendo – o premiê está no centro de um escândalo sexual, segundo o qual ele teria realizado festas com garotas de programa. Berlusconi reconheceu que não é ‘nenhum santo’, mas negou ter pago prostitutas para manter relações com ele.


Além disso, na semana passada dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Roma em um protesto contra suas supostas tentativas de reduzir a liberdade de imprensa na Itália.’


 


 


PRÊMIO


O Estado de S. Paulo


‘Estado’ é eleito jornal do ano pela Aberje


‘O Estado de S. Paulo recebeu ontem o Prêmio Especial Aberje 2009, na categoria Mídia do Ano – Jornal, concedido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). A premiação, criada há 35 anos, é um reconhecimento às empresas que mais se destacaram no universo da comunicação.


O presidente do conselho deliberativo da Aberje, Rodolfo Guttilla, afirmou que o prêmio ao Estado tem um caráter de desagravo, uma vez que o jornal completa hoje 70 dias sob censura. Desde 28 de julho, o Estado está impedido de publicar reportagens que contenham informações sobre a Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica, por ordem do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e a pedido do empresário Fernando Sarney, filho de José Sarney.


‘Em solidariedade ao Estado, também temos feito a contagem, no site da Aberje, dos dias em que o jornal tem sido mantido sob censura, o que é inconcebível em uma democracia’, disse Guttilla.


LIBERDADE


O diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, que recebeu o prêmio ao lado de outros editores do jornal, ressaltou a importância de que a liberdade de expressão acompanhe a prosperidade econômica. ‘O fato de estarmos há mais de dois meses impedidos, por decisão judicial de primeira instância, de publicar determinados assuntos nos deixa preocupados e com a sensação de que há ameaças no horizonte à liberdade de imprensa’, disse Gandour.


Além do Estado, receberam o prêmio especial Mídias do Ano a Rede Globo, pelos 40 anos do informativo Jornal Nacional, a Época Negócios, na categoria revista, o portal UOL, em mídia digital, o jornal Valor Econômico, na categoria mídia especializada, e a Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, na categoria rádio. Também foram homenageados como personalidades do ano Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, o desenhista Mauricio de Souza, criador da Turma da Mônica, o antropólogo e colunista do Estado Roberto Da Matta e o cineasta Luiz Carlos Barreto.


EMPRESAS


Nas categorias de comunicação empresarial foram inscritos 341 trabalhos de 151 empresas, que foram julgados por 230 jurados. Entre as empresas premiadas em 19 diferentes categorias estão Usiminas (comunicação de marca e empresa do ano na categoria regional Minas Gerais e Centro Oeste), Kraft Foods (regional Sul e mídia digital), Banco do Nordeste (categoria regional Norte e Nordeste), Grupo Pão de Açúcar (regional São Paulo e comunicação e relacionamento com a imprensa) e Endesa Brasil (regional Espírito Santo e Rio de Janeiro). As empresas Bunge Fertilizantes, Petrobrás, Ampla Energia, Natura e Alcoa também estão entre as contempladas.


‘Apesar do freio da crise econômica, a comunicação corporativa registrou avanços importantes em 2009’, disse Guttilla, que ressaltou a importância da transparência nas informações divulgadas pelas empresas.’


 


 


OLIMPÍADAS


Talita Figueiredo


Rio lança um site para mostrar seus passos


‘O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), lançou ontem o portal Transparência Olímpica, no qual será possível acessar todos os contratos, decretos e projetos referente à preparação para a Olimpíada de 2016. Segundo Paes, o conteúdo não está todo definido e não há ainda valores exatos do custo de obras, nem prazos definidos de execução. Os acertos deverão ser feitos a partir da visita de delegados do COI, para a primeira reunião de trabalho, marcada para início de novembro.


‘Só ali teremos clareza das responsabilidades da prefeitura, dos custos e dos prazos. Tudo entrará em detalhes no site para que o trabalho seja monitorado pelo cidadão.’ Paes disse que também estará traduzido o contrato assinado com o COI que lista todas as obrigações das esferas municipal, estadual e federal no projeto.


O prefeito acredita que o ícone mais importante do site é o monitoramento. ‘A parte importante é a da coluna que diz respeito ao monitoramento, que ainda está sem o nível de detalhes que queremos colocar, com a descrição do projeto, o valor, início e término e status do projeto. O internauta vai poder saber, por exemplo, os desembolsos que vão acontecendo mês a mês.’’


 


 


LITERATURA


Ubiratan Brasil


Voz das minorias


‘Narradora do desamparo e voz das minorias alemãs que vivem nos países da Europa central – tais qualidades garantiram à escritora alemã nascida na Romênia Herta Müller o prêmio Nobel de literatura, divulgado ontem pela manhã, em Estocolmo, na Suécia. ‘Sua obra desenha as paisagens dos desamparados com a concentração da poesia e a objetividade da prosa’, justificou a Real Academia de Ciências, que tentou inutilmente manter o sigilo da escolha – Herta escalou posições de forma vertiginosa na bolsa de apostas britânica Ladbrokes nos últimos dias, até ficar em segundo lugar, atrás do israelense Amós Oz.


No ano passado, a mesma casa fechou as previsões para o Nobel de literatura horas antes do anúncio da decisão, graças a um aumento espetacular nas apostas pelo francês Jean-Marie Le Clézio, que saiu vencedor. As especulações sobre vazamento de informações aumentaram com o fato de novamente a editora de cultura do jornal sueco Dagens Nyheter, Maria Schottenius, acertar sua previsão sobre o ganhador, lançada há dias – no ano passado, ela cravou Le Clézio. Questionada, ela respondeu, rindo, que foi ‘bruxaria’, negando o privilégio da notícia.


Surpresa mesmo estava Herta Müller, segundo informaram representantes de sua editora, Carl Hanser Verlag. ‘Estou feliz e nem consigo acreditar’, afirmou ela, por meio de um comunicado. Aos 56 anos, Herta é a 12ª mulher a receber o Nobel de literatura (e 13º autor de língua alemã). A cerimônia de entrega acontece no dia 10 de dezembro, na Suécia, onde lhe será entregue o prêmio de US$ 1,4 milhão.


Com apenas uma obra publicada em português, O Compromisso, editada pela Globo em 2004 (veja abaixo), Herta vive em Berlim desde 1987, quando fugiu devido aos excessos do regime comunista da Romênia, que exigia sua participação no serviço secreto além de impedi-la de publicar seus livros. Ela nasceu na cidade de Nytzkydorf em 1953, em uma família alemã, minoria no país. Como muitos alemães que viviam na Romênia, sua mãe foi deportada para a antiga União Soviética, onde passou cinco anos em um campo de trabalho na Ucrânia.


A experiência inspirou o mais recente livro de Herta, Atemschaukel, uma tentativa de revelar os motivos do silêncio de sua mãe e de outros romenos-alemães de sua geração, que não se atreviam a falar sobre o tempo que passaram na antiga URSS.


Estabelecer uma ponte entre essas duas culturas é o que move a literatura de Herta Müller que, ainda jovem, estudou filologia germânica e romena, na Universidade de Timisoara, onde teve seu primeiro contato com jovens escritores que falavam alemão, opostos ao regime de Nicolae Ceausescu.


Aos poucos, alimentou sentimentos de revolta que inspiraram seus livros iniciais. Niederungen, o primeiro, esperou quatro anos até ser publicado, em 1982 , sob censura. O livro, assim como em Drückender Tango, retrata a vida em um pequeno povoado onde se fala alemão e mostra a corrupção, a intolerância e a opressão que encontra. Uma cópia da história original, sem os cortes promovidos pelo governo, chegou na Alemanha dois anos depois, onde foi assim publicada.


As críticas publicadas pela imprensa romena contrastaram com os elogios divulgados pela alemã – Niederungen, aliás, recebeu o Prêmio Aspekte de melhor estreia em língua alemã do ano, em 1984.


Sentindo a pressão aumentar, Herta mudou-se para a Alemanha ao lado do marido, Richard Wagner. Lá, sentiu-se livre para retratar de forma detalhada a vida cotidiana em uma ditadura estagnada em obras como Der Fuchs War Damals Schon der Jäger.


Aos poucos, tornou-se conhecida pela militância literária em histórias como A Terra das Ameixas Verdes (veja trecho abaixo), que dedica aos amigos romenos assassinados pelas forças do ditador Ceausescu; e O Compromisso, que acompanha a trajetória de uma mulher que costura bilhetes com dizeres amorosos (‘Case comigo’) nos trajes de homens que viajam para a Itália.


Tão logo a conquista de Herta Müller foi divulgada, começou a comemoração. ‘É inspirador que agora, quando se comemoram os 20 anos da queda do Muro de Berlim, seja premiada uma obra marcada pela resistência contra a opressão e o totalitarismo’, disse a primeira-ministra alemã Angela Merkel.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Bastidor de novela


‘Uma sátira afiada à indústria das novelas e aos bastidores da gravação de um folhetim. Parece improvável, mas esse é o tema de um dos especiais de fim de ano da Globo, com chance de emplacar na grade fixa da emissora em 2010. Batizada inicialmente de Odeio Você – título que caiu porque a emissora temia espantar o público – a série de Cláudio Paiva começa a ser gravada em novembro e será exibida na semana do Natal.


Na série, Fernanda Torres e Andréa Beltrão serão atrizes de uma novela sobre traição e vingança, dirigida pelo personagem de Otávio Miller. ‘Uma é a vilã e a outra é a mocinha da novela, mas nos bastidores elas invertem os papéis’, conta Cláudio Paiva. ‘Ainda teremos um ator que fará o papel de galã da novela, mas ainda não está certo.’


Se emplacar, a série, que faz graça em cima da fama, terá sua primeira temporada gravada em fevereiro/março de 2010.


‘A série vai na contramão desse culto às celebridades. O bastidor da TV é feito por gente solitária e insegura, apesar da fama’, fala Paiva, prometendo um roteiro nada chapa branca. ‘Não vou encher a bola de nós mesmos’, diz ele.’


 


 


 


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