Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Relação desgastada entre agência e jornais

A crise enfrentada pela indústria jornalística nos EUA tem servido como um verdadeiro teste para a relação entre a Associated Press e seus jornais-membros, opina Louis Hau [Forbes, 14/2/08]. Nas redações, diante da queda no número de anunciantes, o lema é fazer ‘mais com menos’. Os leitores dos impressos estão migrando para a internet, onde podem obter notícias nacionais e internacionais, resultados de jogos e fofocas de celebridades – (quase) tudo de graça e atualizado constantemente, em geral, pela AP. Ironicamente, a agência fornece pelo menos 40% do conteúdo de muitos diários americanos ao mesmo tempo em que faz parte da revolução online que tem prejudicado a indústria jornalística.

Editores de grandes jornais metropolitanos, como o Boston Globe, Philadelphia Inquirer e o Cleveland´s Plain Dealer, chegaram a enviar cartas à AP criticando-a por não respeitar o período de crise e reduzir as taxas anuais para seus jornais-membros. Além disso, eles acusam a agência de não fornecer informações suficientes para a cobertura regional, em um momento em que as redações locais estão menores. ‘A AP está mais preocupada com seu futuro do que com o de seus membros’, disparou David Shribman, editor-executivo do Pittsburgh Post-Gazette, que assinou uma das cartas. No começo do mês, o New York Daily News, quinto maior diário americano, revelou que cancelaria os serviços da AP em 2009, quando começam a valer os novos pacotes de notícias da agência. A AP funciona como uma cooperativa cujos proprietários são jornais e estações de rádio e televisão dos EUA, que contribuem com uma taxa para usar o conteúdo da agência.

Dean Singleton, presidente do conselho da AP, acredita que apenas uma minoria compartilha desta visão negativa. Segundo ele, que é executivo-chefe e presidente do MediaNews Group, publisher do San Jose Mercury News, do Denver Post e outros, a responsabilidade da agência é fornecer uma boa cobertura jornalística para seus membros. ‘A maioria dos clientes da AP acha que ela faz um trabalho incrível com a quantia cobrada aos membros’, diz.

Diversidade de fontes

Durante décadas, a indústria jornalística foi responsável pela maior parte da renda da AP. No entanto, durante os anos 90, a agência descobriu outros segmentos mais lucrativos, como vídeos online e recursos audiovisuais que passaram a complementar a cobertura financeira e de entretenimento. Desta forma, a AP tornou-se menos dependente dos meios impressos: em 2007, apenas 30% de sua receita veio de jornais-membros; 37% veio de clientes globais; 15% de iniciativas online e 18%, de fontes como venda de fotografias a não-membros.

A iniciativa fez com que a agência competisse melhor com rivais como a Reuters. Além disso, a diversificação das fontes de receita permitiu que ela sobrevivesse aos altos e baixos da indústria jornalística. Em 2004, por exemplo, foi lançado o serviço AP Financial News, com notícias financeiras, cujo primeiro cliente foi o portal Yahoo!.