Em Cuba, ter TV via satélite, telefone celular ou conexão de internet em casa é ilegal para a maior parte dos cidadãos cubanos. A proibição não impediu, entretanto, a disseminação destes serviços no mercado negro, para aqueles que querem acesso a mais que os quatro canais de TV cubanos – dois desses destinados a programação educacional.
‘Faço isto porque a TV cubana não me dá uma cobertura neutra das notícias mundiais. As TVs americanas também não, por isso eu assisto às duas e as comparo’, diz Pedro, cubano que não quis se identificar e tem como hábito assistir a canais internacionais. Ele estima que 90% de seus vizinhos usem o serviço de transmissão via satélite de maneira ilegal. ‘O processo começou a acelerar por volta de um ano’, conta. ‘Todos os vizinhos têm, sabem que os outros têm, mas ninguém fala sobre isso. A mulher que mora abaixo de mim é a presidente do CDR (Comitê para a Defesa da Revolução Cubana), e até ela tem’.
Operação policial
Nos últimos meses, o governo cubano intensificou os esforços para conter a prática ilegal, que cresce em proporção acelerada. Há dois meses, a polícia invadiu o local onde Pedro mora. Os agentes bloquearam as ruas, subiram nos telhados e começaram a cortar os cabos das antenas parabólicas. ‘Meu vizinho começou a fazer sinais com as mãos, da janela, para me dizer que a polícia havia subido o telhado e cortado meus cabos’, diz. Pedro escapou da detenção, mas decidiu retirar permanentemente todas as suas conexões a cabo, por temer que a polícia descubra que ele faz cópias ilegais de CDs para vender. Já seus vizinhos, dois dias depois, estavam recolocando os cabos no lugar.
Segundo Mauricio Barroso, funcionário de telecomunicações do Ministério do Interior, 37,6% das casas em Havana tinham conexão quando a operação teve início, em março. O governo tem multado – de US$ 450 a US$ 900 – aqueles que fornecem o serviço; em alguns casos, são aplicadas penas de prisão de três a cinco anos. Já os usuários são multados em US$ 67,50.
Atualmente, o acesso às TVs por satélite custa cerca de US$ 11 pela instalação e US$ 7,56 pela mensalidade. No entanto, o salário médio mensal em Cuba é de apenas US$ 15. Por isso, aqueles que têm acesso geralmente têm negócios ilegais ou parentes vivendo no exterior, em sua maioria nos EUA. Segundo o instituto de pesquisas britânico Economist Intelligence Unit, US$ 812 milhões foram enviados à Cuba por parentes no ano passado. Informações de Eloise Quintanilla [The Christian Science Monitor, 12/7/07].