Morreu no sábado, aos 77 anos, Jesus de Polanco, fundador do grupo Prisa, maior companhia de mídia em língua espanhola do mundo. Segundo nota divulgada pela empresa, Polanco, um dos homens mais ricos da Espanha, morreu em Madri por complicações de um câncer. O Prisa, que era presidido pelo empresário, publica o El País, jornal mais vendido em território espanhol.
O primeiro-ministro José Luis Zapatero afirmou que Polanco teve um papel importante no retorno da Espanha para a democracia, após o período de ditadura do general Francisco Franco. Como um dos fundadores do El País, em 1976, ele teria ajudado a restaurar a imprensa independente do país. ‘[Polanco] era um homem de muita coragem que teve um papel decisivo no processo de estabelecimento das liberdade políticas’, afirmou o premiê.
Gigante
O empresário usou o diário esquerdista como base para aumentar o Prisa, que hoje emprega 14 mil pessoas em 22 países. O grupo de mídia inclui a rádio Cadena Ser – que, assim como o El Pais, tem posição próxima ao governo socialista –, o jornal financeiro Cinco Dias e o canal de TV Cuatro. Também fazem parte do conglomerado estações de rádio na América Latina, uma parcela do jornal francês Le Monde e da empresa de TV por assinatura espanhola Sogecable. O grupo controla ainda a companhia Media Capital, em Portugal.
A família Polanco possui 64% do Prisa. O próprio Polanco apareceu na 11ª posição em uma lista das pessoas mais ricas da Espanha, feita pelo jornal El Mundo no fim de 2006. Sua fortuna é estimada em US$ 3,2 bilhões. Em março, a revista Forbes o classificou em 287º lugar no ranking dos maiores bilionários do mundo.
Vendendo livros
Polanco nasceu em novembro de 1929, em Madri, e vendia livros para se sustentar enquanto estudava Direito. Aos 29 anos, ele fundou a editora de livros escolares Santillana, que posteriormente se tornou o Prisa. Em sua longa carreira, o empresário defendia a importância de uma imprensa livre, que classificava de ‘um pilar da sociedade’.
No fim dos anos 90, Polanco entrou em conflito com o governo conservador do primeiro-ministro José Maria Aznar, que havia tentado parar a expansão do Prisa, especialmente em setores como televisão aberta e a cabo.
Três dos quatro filhos de Polanco de seu primeiro casamento têm posições de destaque na administração do grupo. O empresário determinou que seu filho Ignacio Polanco Moreno, vice-presidente do Prisa, o suceda como presidente do conglomerado de mídia. Informações da AFP [21/7/07].